sexta-feira, 31 de julho de 2015

Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula: O Perdão de Assis.


Condições para receber a indulgência plena do Perdão de Assis (para si mesmo e para os defuntos)

No dia 2 de agosto de cada ano (das 12 horas do dia 1º de agosto até as 24 horas do dia 2), pode se adquirir a Indulgência Plenária, com as seguintes condições:

Visitando uma igreja paroquial, onde se reza o Credo, para afirmar a própria identidade cristã; e o Pai Nosso, para afirmar a própria dignidade de filhos de Deus recebida no Batismo;
Confissão sacramental para estar em graça de Deus (oito dias antes ou depois);
Participação na Missa e comunhão eucarística;
Uma oração nas intenções do Papa. A indulgência só pode ser lucrada uma vez.

Veja neste Especial as Orações próprias.

Orações

CREDO
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis.Creio em um só Senhor: Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não feito; consubstancial com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas;que, por nós e por nossa salvação, desceu dos céus, e se encarnou, por obra do Espírito Santo, da virgem Maria, e se fez homem. Foi também crucificado, sob o poder de Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. Virá outra vez com glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu Reino não terá fim.Creio no Espírito Santo, o Senhor que dá vida, e procede do Pai e do Filho; que, com o Pai e o Filho, é juntamente adorado e glorificado; Ele, que falou pelos profetas.
Creio na Igreja una, santa, universal e apostólica. Confesso que há um só Batismo para remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.

PAI NOSSO
Pai Nosso que estais no céu,
santificado seja o vosso nome,
vem a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade
assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
não nos deixei cair em tentação
mas livrai-nos do mal.
Amém

UMA ORAÇÃO NAS INTENÇÕES DO PAPA
No mês de agosto, o Papa pede:
Intenção Geral: Para que todos os que atravessam momentos de dificuldade interior e de provação, encontrem em Cristo a luz e o sustento que os levem a descobrir a felicidade autêntica.
Intenção Missionária: a fim de que a Igreja na China dê testemunho de uma coesão interna cada vez maior e possa manifestar a comunhão concreta e visível com o Sucessor de Pedro.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DOS ANJOS
Ó Nossa Senhora dos Anjos, na pequena Igreja da Porciúncula,
São Francisco recebeu as vossas bênçãos generosas juntamente com sua Ordem.
Ele depositara na vossa presença materna uma grande confiança e devoção, sendo atendido em seus pedidos. Continuai a dispensar os vossos favores sobre nós e sobre nossas necessidades particulares.
Nós vos suplicamos, dai-nos a graça da penitência dos pecados, a correção de nossas más inclinações e fortalecimento nos momentos de fraqueza. Quantos recusam a salvação e preferem caminhar nas trevas do erro! Tudo é possível para aquele que crer, para aquele que se arrepender!
Vós, ó Mãe, manifestastes a São Francisco o grande desejo de reconciliar os pecadores com Jesus, que se entregou em uma cruz para nos salvar. Rogai por nós, agora e na hora de nossa morte. Por isso, com todos os anjos do céu, vos saudamos: Ave Maria …

ORAÇÃO A VIRGEM MARIA
Santa Virgem Maria,
entre as mulheres do mundo, não nasceu nenhuma semelhante a ti,
ó filha e serva do altíssimo e sumo Rei e Pai celeste,
mãe de nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo,
esposa do Espírito Santo:
roga por nós, com São Miguel Arcanjo
e com todas as virtudes dos céus e com todos os santos,
junto a teu santíssimo e dileto Filho, Senhor e Mestre.
Bendigamos o Senhor Deus vivo e verdadeiro (Ts 1,9);
Rendamos-lhe sempre louvor, glória, honra e bênção (Ap 4,9) e todos os bens.
Amém. Amém. Assim seja. Assim seja.

Franciscano do dia - 31/07 - São Tomás Moro (também celebrado no dia da sua morte, 22/06)


Mártir da Terceira Ordem Franciscana (1477-1535). Canonizado por Pio XI em 1935.

Tomás Moro nasceu em Chelsea, Londres, na Inglaterra, no ano de 1478. Seus pais eram cristãos e educaram os filhos no seguimento de Cristo. Aos treze anos de idade, ele foi trabalhar como mensageiro do arcebispo de Canterbury, que, percebendo a sua brilhante inteligência, o enviou para a Universidade de Oxford. Seu pai, que era um juiz, mandava apenas o dinheiro indispensável para seus gastos.

Aos vinte e dois anos, já era doutor em direto e um brilhante professor. Como não tinha dinheiro, sua diversão era escrever e ler bons livros. Além de intelectual brilhante, tinha uma personalidade muito simpática, um excelente bom humor e uma devoção cristã arrebatadora. Chegou a pensar em ser um religioso, vivendo por quatro anos num mosteiro, mas desistiu. Tentou tornar-se um franciscano, mas sentiu que não era o seu caminho. Então, decidiu pela vocação do matrimônio. Casou-se, teve quatro filhos, foi um excelente esposo e pai, carinhoso e presente. Mas sua vocação ia além, estava na política e literatura.

Contudo Tomás nunca se afastou dos pobres e necessitados, os quais visitava para melhor atender suas reais necessidades. Sua casa sempre estava repleta de intelectuais e pessoas humildes, preferindo a estes mais que aos ricos, evitando a vida sofisticada e mundana da corte. Sua esposa e seus filhos o amavam e admiravam, pelo caráter e pelo bom humor, que era constante em qualquer situação. A sua contribuição para a literatura universal foi importante e relevante. Escreveu obras famosas, como: “O diálogo do conforto contra as tribulações”, um dos mais tradicionais e respeitados livros da literatura britânica. Outros livros famosos são “Utopia” e “Oração para o bom humor”.

Em 1529, Tomás Moro era o chanceler do Parlamento da Inglaterra e o rei, Henrique VIII.

No ano seguinte, o rei tentou desfazer seu legítimo matrimônio com a rainha Catarina de Aragão, para unir-se em novo enlace com a cortesã Ana Bolena. Houve uma longa controvérsia a respeito, envolvendo a Igreja, a Inglaterra e boa parte do mundo, que acabou numa grande tragédia. Henrique VIII casou com Ana, contrariando todas as leis da Igreja que se baseiam no Evangelho, que reconhece a indissolubilidade do matrimônio. Para isso usou o Parlamento inglês, que se curvou e publicou o Ato de Supremacia, que proclamava o rei e seus sucessores como chefes temporais da Igreja da Inglaterra.

A seguir, o rei mandou prender e matar seus opositores. Entre eles estavam o chanceler Tomás Moro e o bispo católico João Fisher, as figuras mais influentes da corte. Os dois foram decapitados: o primeiro foi João, em 22 de junho de 1535, e duas semanas depois foi a vez de Tomás, que não aceitou o pedido de sua família para renegar a religião católica, sua fé e, ainda, fugir da Inglaterra.

Ambos foram mártires na Inglaterra, os quais, com o testemunho cristão, combateram a favor da unidade da Igreja Católica Apostólica Romana, num tempo de violência e paixão. Suas lembranças continuam vivas em verso e prosa, nos teatros e nos cinemas. Seus exemplos são reverenciados pela Igreja, pois eles foram canonizados na mesma cerimônia pelo papa Pio XI, em 1935, que indicou o dia 22 de junho para a festa de ambos.

São Tomás Moro deixou registrada a sua irreverência àquela farsa real por meio da declaração pública que pronunciou antes de morrer: “Sedes minhas testemunhas de que eu morro na fé e pela fé da Igreja de Roma e morro fiel servidor de Deus e do rei, mas primeiro de Deus. Rogai a Deus a fim de que ilumine o rei e o aconselhe”. O papa João Paulo II, no ano 2000, declarou são Tomás More Padroeiro dos Políticos.

Fonte: “Santos franciscanos para cada dia”, edizioni Porziuncola.


quinta-feira, 30 de julho de 2015

Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula: o perdão de Assis


O testemunho das Fontes Franciscanas

Diversos textos, das assim chamadas “Fontes Franciscanas”, falam do sentido e do valor que este lugar passou a ter na vida de São Francisco, e posteriormente considerado “cabeça e mãe dos Frades Menores”.

Legenda Perusina, cap. 8
“Vendo o bem-aventurado Francisco que o Senhor queria aumentar o número de seus frades, disse-lhes um dia: ‘Caríssimos irmãos e meus filhinhos, vejo que o Senhor quer fazer crescer a nossa família. Parece-me que seria prudente e próprio de religiosos irmos pedir ao Senhor Bispo ou aos cônegos de S. Rufino ou ao abade do mosteiro de São Bento uma igreja pequena e pobre onde os frades posssam recitar as horas e, ao lado, uma casa pequena e pobre, de barro e de vimes, onde os frades possam descansar e fazer o que lhes for necessário.O lugar que agora habitamos já não é conveniente e a casa é exígua demais para nos abrigar, visto que aprouve ao Senhor multiplicar-nos. Foi então apresentar ao bispo o seu pedido, que lhe respondeu assim: “Irmão, não tenho igreja para vos dar”. Dirigiu-se em seguida aos cônegos de S. Rufino. Estes deram-lhe a mesma resposta. Foi dali ao mosteiro de São Bento do Monte Subásio. Falou ao abade como fizera ao bispo e aos cônegos, relatando-lhe a resposta que deles obtivera. O abade compadecido, depois de se aconselhar com os seus monges, resolveu com eles, como foi da vontade de Deus, entregar ao bem-aventurado Francisco e seus frades a igreja de Santa Maria da Porciúncula, a mais pobre que eles possuiam. Para o bem-aventurado Francisco era tudo quanto de há muito desejava. …

Não cabia em si de contente, com o benefício recebido: porque a igreja era dedicada à Mãe de Cristo; porque era muito pobre; e também pelo nome que era conhecida. Era com efeito chamada de Porciúncula, presságio seguro de que viria a ser cabeça e mãe dos pobres frades menores. O nome de Porciúncula tinha sido dado a esta igreja por ter sido construída numa porção acanhada de terreno que de há muito assim era chamada”

T.Celano, Vida I, cap. 9,21
“Depois que o santo de Deus trocou de hábito e acabou de reparar a Igreja de São Damião, mudou-se para outro lugar próximo da cidade de Assis, … chamado Porciúncula, onde havia uma antiga igreja de Nossa Senhora Mãe de Deus, mas estava abandonada e nesse tempo não era cuidada por ninguém. Quando o santo de Deus a viu tão arruinada, entristeceu-se porque tinha grande devoção para com a Mãe de toda bondade, e passou a morar ali habitualmente. No tempo em que a reformou, estava no terceiro ano de sua conversão”

Espelho da Perfeição, cap. 83
“Embora o Seráfico Pai soubesse que o reino dos céus é estabelecido em todos os lugares da terra… sabia, no entanto, por experiência, que Santa Maria dos Anjos havia sido contemplada com bençãos especiais… Por isso recomendava sempre os frades: ‘Meus filhos, tende cuidado de jamais abandonar este lugar. Se vos expulsarem por uma porta, entrai pela outra. Este lugar é sagrado, morada de Cristo e da Virgem Maria, sua bendita Mãe. Aqui, quando éramos apenas um pequeno número, o bom Deus nos multiplicou. Aqui ele iluminou a alma destes pequeninos com a luz de sua sabedoria, abrasou a nossa alma com o fogo de seu amor”

Espelho da Perfeição, cap. 84
“Neste tempo nasceu a Ordem dos Frades Menores, multidão de homens que, então, começou a seguir o exemplo do Seráfico Pai. Clara, esposa de Cristo, recebeu nesta igreja a tonsura, despojando-se das pompas do mundo para seguir a Cristo. Aqui, para Cristo, a Santa Virgem Maria gerou os frades e as Pobres Damas, e, por meio deles, deu Cristo ao mundo. Aqui, estrada larga do mundo antigo tornou-se estreita e a coragem dos que foram chamados tornou-se maior. Aqui foi composta a Regra, a santa pobreza foi reabilitada, a vaidade humilhada e a cruz alçada às alturas. Se algumas vezes o Seráfico Pai sentiu-se conturbado e aflito, neste lugar reanimou-se, o seu espírito recuperou a paz interior. Aqui desaparece toda a dúvida. Por fim, aqui se concede aos homens tudo que o pai pediu por eles”.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

A formação na Ordem Franciscana Secular



Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

O que me importa na vida de Francisco é o que ela nos traz, sua mensagem para hoje. Numa vida, nem tudo tem a mesma importância. Nem tudo é igualmente original e criador. Há na vida de Francisco aspectos que refletem pura e simplesmente seu tempo. Ele pertenceu a uma época e por ela foi marcado. Mas o que me interessa nele é o homem do futuro, o homem que vê além do seu tempo. É a amplitude de sua visão que ultrapassa os limites de uma época. Tomás de Celano, seu primeiro biógrafo, escreveu: “Parecia um outro homem, um homem de outro mundo” (1Cel, 82). É este homem que me interessa profundamente. Que luz traz Francisco para os graves problemas que vivemos hoje? Ele cuja vida inteira foi inspirada por um grande impulso de fraternidade, o que tem a dizer-nos, a ensinar-nos sobre a questão essencial: como chegar a uma verdadeira comunidade humana? Por que nossa civilização parece ter fracassado até hoje? E isto apesar de sua inspiração cristã e humanista ( Éloi Leclerc, O sol nasce em Assis, p.52-53).

1. Em sua origem da palavra “formar” significa dar uma forma, esculpir algo segundo um modelo preestabelecido. Os objetos copiados de um modelo são iguais uns aos outros. Tratando-se de pessoas, as coisas são diferentes. Não fazermos clones. Cada pessoa é única em seu patrimônio genético, em sua história, única aos olhos de Deus. Formar uma pessoa, no caso um franciscano secular, é, antes de tudo acompanhá-la em seu crescimento humano, espiritual e franciscano. Será fundamental que se respeite seu ritmo próprio. Não pode forçar uma planta a que cresça da noite para o dia. Será preciso dar tempo ao tempo. Na formação se transmitem conhecimentos. A formação, no entanto, passa pela vida, atinge a vida e é vida. Requer a partilha de experiências. Uma séria e sólida iniciação à oração faz parte da formação. A pessoa precisa “domiciliar” o que aprendeu pelo conhecimento e experimentou na partilha através da oração. Assim, ensino, partilha e oração são os elementos fundamentais da formação. Vale lembrar que a formação inicial tem como primeiro escopo o discernimento da vocação. Disto cuidarão os formadores.

2. Os que buscam seguir o Evangelho à maneira de Francisco são pessoas que andam antes de tudo desejosas de seguirem Jesus. Querem responder a um apelo do Mestre. Em nossos dias, na formação inicial e permanente não se pode fazer economia de um sério estudo do Documento de Aparecida (CELAM). Ali se insiste na formação do discípulo missionário: encontro pessoal e profundo com o Cristo ressuscitado; enveredar pela trilha da conversão, da transformação a tal ponto que o amargo seja doce e o doce, amargo; viver em íntima comunhão com Cristo ressuscitado e presente na Igreja e o mundo; sair em missão. Todo cristão haverá de percorrer estas etapas que, muitas vezes, se entrelaçam. Os franciscanos seculares não fazem economia desta formação de base. Os que se aproximam da Ordem são pessoas que desejam ser discípulos missionários à maneira de Francisco e de Clara (cf. Documento de Aparecida: O processo de formação dos discípulos missionários, 276- 285, particularmente n. 278).

3. Desnecessário dizer que vivemos um tempo de instabilidade e de mudanças profundas na sociedade, a Igreja, em nossa Ordem. É sempre uma decisão de bravura querer hoje dar orientações na formação humana, cristã, franciscana e missionária. No momento em que vivemos as coisas parecem ter gosto do provisório. Precisamos aprender a viver na intempérie. Quais as configurações de nossa fraternidade secular amanha? Um autor, refletindo sobre a temática da vida religiosa consagrada, assim se exprime: “Nosso destino nesses tempos fragilizados de transição e de incerteza é aprender a viver a espiritualidade do êxodo e da intempérie. Nossa atitude de base é a de sofrer a incerteza, perseverar na insegurança. Sinal de maturidade que aprendamos a suportar a perplexidade, sem adotarmos uma posição de defesa, nem de incorrer na resignação e amargura. É sadio aprender a viver na intempérie, na incerteza, sem ceticismo nem desespero. É sinal de maturidade desaprender muitas coisas, deixar cair o que não tem futuro e não os aferrarmos ao passado. É sadio viver abertos e dispostos ao futuro de Deus no mundo, na Igreja, na Vida Religiosa. É sadio, sobretudo, reaprender a simplicidade da confiança simples, a esperança nua” (José Arregui, OFM, Ante el futuro de la vida religiosa, in Lumen (Espanha) 2001, p. 201-202). Não existe diploma para os que fizeram parte da caminhada. Tudo precisa ser refeito. A formação é permanente. Trata-se, como se disse, de uma espiritualidade do êxodo e da intempérie. Necessário é seguir em frente. Uma palavra forte: coragem. Uma preocupação: procurar águas mais profundas. Quais as marcas características da OFS nos próximos anos.

4. Numa sociedade que duvida de tudo e de si mesma, que tem uma visão “desencantada” do mundo, exprimindo indiferença e por vezes mesmo menosprezando os valores morais e cristãos será fundamental mostrar confiança no futuro. O Evangelho não pode ser um texto que descansa em folhas de papel ou arquivos do computador. Formandos e formadores ficarão atentos para descobrir em direção o Espírito anda soprando.

5. Nutrimos uma paixão esponsal pelo Senhor. Não podemos deixar de ter o cuidado de alimentar uma vida de intimidade com o Senhor: oração sólida e suculenta, contato carinhoso com a Palavra do Senhor, a presença onde dois ou três estão reunidos, na Eucaristia, retiros bem feitos que sejam retiros, leituras de mestres de oração, familiaridade com os salmos. Normalmente, depois de um certo tempo de vida em fraternidade, os franciscanos deveriam compreender que vivem no mundo, mas não são do mundo. Esta seria a prova de que a formação foi ou está sendo bem dada. Necessário instaurar-se o hábito da leitura espiritual da vida e de um regular exame de consciência. Até que ponto nossas fraternidades fazem uma profunda experiência de Deus.

6. Cada irmão que ingressa na Fraternidade precisa ter em mãos as rédeas de sua vida. Ele é o primeiro responsável por sua formação.
 Os que nos procuram desejam buscar o seguimento de Cristo e de seu Evangelho, e consequentemente, perseguem a santidade de vida. Não querem a superficialidade e a mediocridade.

7. No campo da formação não basta apenas ilustrar a mente com elementos doutrinários da fé e da tradição franciscana. Os que chegam (e os que já estão) se identifiquem com esse movimento de renovação evangélica. Nunca é demais, nesse contexto, voltar ao tema da identidade franciscana.

8. Será importante trabalhar valores humanos: maturidade, coragem, clara consciência do que vem a ser assumir compromissos, superar o universo dos melindres e suscetibilidades, capacidade de conviver com o diferente. Os formadores atentarão para que não seja feita uma formação marcada por meros “devocionalismos”. Será preciso estudar, e estudar de verdade, ler, inventar tardes de estudo, ler os textos franciscanos fundamentais.

9. A formação franciscana vai na linha da impregnação de valores que marcaram Francisco e Clara: postura de simplicidade, vida despojada, gosto pela fraternidade, vontade de não se sobrepor aos outros, senso de partilha, trabalhar sem perder o espírito das devoção, não perder o Espírito do Senhor, ir pelo mundo e ter saudade do eremo, exercitar-se constantemente na práxis da desapropriação, ter o gosto pelas coisas modestas, tomar distância do consumismo, saber degustar as coisas interiormente.

10. Ponto importante na vida dos franciscanos seculares é a qualidade de seus reuniões mensais e gerais. Elas serão de excelente qualidade. A reunião é o sacramento de nossa estima em Cristo e Francisco. Ela será preparada com todo esmero. Os irmãos não podem perder a motivação para participarem de tais encontros. Cuidar-se-á que todos participem. Os que não se fazem presentes haverão de justificar sua ausência. Um Conselho local sábio valoriza cada irmão. Procura descobrir talentos, examina onde e quando cada um pode prestar serviços. O irmão precisa sentir que existe, que conta aos olhos dos outros. O Senhor se aproxima dos irmãos que chegam, de modo particular, pelo Ministro e a equipe de formação.

11. A Ordem Franciscana Secular não é uma piedosa associação de pessoas de boa vontade. São leigos que vão amadurecendo ao longo do tempo que passa e na corresponsabilidade com a missão da Igreja. Segundo as possibilidades de cada de cada um será fundamental o seu ir pelo mundo, para reconstruir a Igreja que está em ruinas conforme a ordem do Senhor a Francisco. Os irmãos não podem deixar de dar sua colaboração de qualidade à paróquia (catequese, liturgia, família, atividades de transformação da realidade. De modo particular, os irmãos deveriam se ocupar da pastoral dos doentes e no serviço da encomendação dos que deixam a terra. Os terceiros são leigos. No agir dos franciscanos seculares parece bom não se privilegiar os serviços ligados à liturgia. Campos de ação de um laicato maduro: mundo do trabalho, da educação, da família, das comunicações, ministério da catequese, desenvolvimento de consciência política, entre outros.

12. Nossas fraternidades terão a marca da alegria. Alegria não quer dizer baderna, barafunda. Sugestões para cultivar a alegria: cantos alegres e cantados com o coração, preparar espaços para a reunião que respirem beleza, contar com crianças e jovens em algumas reuniões ou em partes dos encontros. A alegria é boa mestra de formação.

13. Os assistentes acompanham a formação: presença discreta na fraternidade e no conselho; acompanhamento de todos, de modo especial antes da profissão, fomentadores de experiências de Deus, garantia de presença do carisma da Ordem primeira. Figuras importantíssimas no conjunto da formação.

Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula: O perdão de Assis.



Mensagem do Papa Paulo VI e Carta do Papa João Paulo II sobre a Porciúncula

Mensagem de Paulo VI

Ao Revmo. Padre Constantino Koser, Vigário Geral da Ordem dos Frades Menores, na passagem do 750º ano da “Indulgência da Porciúncula”, concedida pelo Papa Honório III a São Francisco.
Ao dileto filho, saudação e bênção apostólica. A sacrossanta igreja da Porciúncula, que São Francisco “amou acima de qualquer outro lugar no mundo” , tornou-se dia após dia mais célebre no mundo católico, porque ali o seráfico Pai maravilhosamente disse e fez muitas coisas, mas sobretudo porque foi enriquecida com especial indulgência, que por isso é chamada de “Indulgência da Porciúncula”, e que há muitos séculos é lucrada por aqueles que piedosamente visitam aquela igreja.
Nestes dias em que se celebra o 750º ano desta indulgência, segundo a tradição concedida a São Francisco por Honório III e muitas vezes confirmada, no decorrer dos séculos, por nossos Predecessores, é para Nós um prazer dirigir-nos aos fiéis cristãos que, continuando o costume e o uso dos antepassados, dirigem-se à Porciúncula, que refulge por insigne antigüidade, para ali procurarem uma mais perfeita e pronta reconciliação com Deus, onde “quem orar com devoção alcançará o que pedir” .
Para repetirmos as palavras que recentemente escrevemos movidos por solicitude pastoral, “somente podemos achegar-nos ao Reino de Cristo pela ‘metanoia’, isto é, mediante a íntima transformação de todo o homem, pela qual ele começa a pensar, a julgar e a regular sua vida sob o impulso da santidade e caridade de Deus, ultimamente manifestadas no Filho e plenamente comunicadas a nós” .
Ora, é exatamente aos fiéis, que levados pela penitência se esforçam por chegar a esta ‘metanoia’, para que, após o pecado, alcancem a santidade com a qual foram vestidos em Cristo pelo batismo, que a Igreja vai ao encontro também com a distribuição das indulgências, como que para sustentar com o materno abraço de sua ajuda a fragilidade de seus filhos enfermos.
Portanto, a indulgência não é o caminho mais fácil pelo qual possamos evitar a necessária penitência dos pecados; mas é antes um apoio que os todos os fiéis, humildemente conscientes de sua fraqueza, encontram no corpo místico de Cristo, que “colabora para a sua conversão com caridade, exemplo e orações” .
Um ensinamento claríssimo de tal vontade de penitência, unida à consciência da própria enfermidade nos foi deixado pelo próprio São Francisco, aquele que se apresenta a nós tão perfeitamente expresso como “o novo homem que foi criado por Deus em justiça e verdadeira santidade” . Com efeito, ele não só nos dá um exemplo de sua radical conversão a Deus e de uma vida verdadeiramente penitente, mas em sua Regra também manda que se admoestem os homens “a perseverarem todos na verdadeira fé e penitência, porque de outra forma ninguém poderá salvar-se” ; igualmente, na explicação da oração do Senhor, assim implora ao Pai que está nos céus: “perdoai-nos as nossas ofensas: por vossa inefável misericórdia e o inaudito sofrimento de vosso dileto Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e pela poderosa intercessão da beatíssima Virgem Maria, bem como pelos méritos e súplicas de todos os vossos eleitos”.
Com razão, cremos que estas exortações de São Francisco, como também a admirável caridade que o levou a pedir para todos os fiéis a indulgência da Porciúncula tenham nascido do desejo de comunicar aos outros a doçura de espírito que ele mesmo experimentou após pedir a Deus o perdão dos pecados. É o que Frei Tomás de Celano, o principal escritor da vida deste homem seráfico, nos narra com delicadíssimas palavras: “Admirando a misericórdia do Senhor nos muitos benefícios que executava por seu intermédio, e desejando que o Senhor se dignasse mostrar-lhe o progresso que ele e os seus fariam na perfeição, foi para um lugar de oração, como fazia com freqüência. Lá ficou bastante tempo rezando com temor e tremor, diante do Senhor de toda a terra. Relembrando com amargura os anos que aproveitara mal, repetia sem cessar: ‘Deus, tende piedade de mim que sou pecador’. O íntimo de seu coração começou a extravasar sensivelmente uma alegria incontável e uma suavidade sem tamanho. Sentiu-se desfalecer, dissipando-se os temores e as trevas que se tinham juntado em seu coração por medo do pecado, e lhe foi infundida uma certeza da remissão de todos os pecados e uma confiança de que viveria da graça” .
Ora, o primeiro fruto da penitência é a consciência dos nossos pecados: “Se queres que Deus te perdoe, reconhece-te pecador. Sê juiz de teu pecado, não advogado” .
Por isso, fazendo-nos acusadores de nós mesmos diante da Igreja, à qual Jesus Cristo entregou as chaves do reino dos céus , receberemos a remissão da culpa e da pena; todavia, isso não deve retardar o caminho de nosso retorno a Deus. Devemos assumir o jugo de Cristo, sua cruz que encontramos ou que abraçamos voluntariamente pela mortificação; pelas boas obras e sobretudo pelos frutos da caridade fraterna, é preciso que demonstremos a sinceridade de nosso retorno à casa do Pai e nossa mais plena e nova inserção no corpo de Cristo, que é a Igreja.
O fiel penitente que faz essa renovação do espírito, como dissemos acima, não está só, pois “de certo modo é purificado pelas obras de todo o povo e é lavado e limpo interiormente pelas lágrimas de todo aquele que é redimido do pecado pelas orações e lágrimas do povo. Porque Cristo deu à sua Igreja o poder de redimir um fiel por meio de todos, o deu a ela, que mereceu a vinda do Senhor para que todos fossem redimidos por meio de um” .
A indulgência que a Igreja concede aos penitentes é manifestação da admirável comunhão dos Santos, que une misticamente no vínculo da caridade de Cristo a Beatíssima Virgem Maria e o conjunto dos cristãos triunfantes no céu ou que permanecem no purgatório ou que peregrinam na terra. Com efeito, a indulgência que é concedida por ação da Igreja diminui ou abole totalmente a pena que, de algum modo, impede o homem de conseguir uma mais estreita união com Deus; por isso, nesta especial forma da caridade eclesial, o fiel penitente encontra um válido auxílio para despir-se do velho homem e revestir-se do novo, “que vai se renovando para o conhecimento segundo a imagem de quem o criou”.
Em base a estas reflexões, desejamos que o 750º aniversário da concessão desta indulgência seja de tal modo celebrado que a Porciúncula seja realmente o santuário do pleno perdão e da garantida paz com Deus.
Bem sabemos que no decorrer de tantos séculos grande número de peregrinos acorreram à igreja da Porciúncula, através de longas e difíceis viagens, para encontrarem nos braços da Rainha dos Anjos, a quem a capela e a basílica da Porciúncula é dedicada, a serenidade de espírito pelo perdão dos pecados e pela renovação da graça divina. Sabemos também que ainda hoje, mas especialmente na festa da dedicação da mesma capela, dia em que a indulgência da Porciúncula é estendida a todas as igrejas da Ordem Franciscana, muitos peregrinos chegam à Porciúncula, não levados pela curiosidade ou pelo prazer, mas somente para pedir a Deus o perdão dos pecados, para depois sentir-se mais na intimidade do Pai celeste. Realmente, são estes os peregrinos que verdadeiramente nos mostram o significado da grande peregrinação da vida do homem: uma longa e árdua caminhada que nos conduz a Deus.
Realmente, seria de desejar que as peregrinações, individuais ou de grupos, tornadas mais freqüentes pela facilidade dos meios de transporte, não perdessem o caráter de piedade e de penitência, mas conservassem este sentido de um esforço profundamente religioso.
Queira Deus que não seja interrompida a secular tradição da peregrinação à igreja da Porciúncula, devotamente empreendida por nosso imediato Predecessor João XXIII, mas antes cresça o número dos fiéis que, neste santuário vão ao encontro de Cristo, Senhor misericordioso, e de sua Mãe, que é poderosa intercessora junto a Ele.
Esperando que tudo aconteça conforme o nosso desejo, a ti, dileto filho, a toda a família franciscana e a todos que se reunirão no santuário da Porciúncula para celebrar solenemente este aniversário, com prazer concedemos no Senhor a bênção apostólica.
Dada em Roma, junto a São Pedro, no dia 14 do mês de julho, de 1966, quarto ano de nosso Pontificado.
PAPA PAULO VI

Carta do Papa João Paulo II sobre a Porciúncula

Ao Reverendíssimo Padre
Giacomo Bini
Ministro geral
da Ordem Franciscana dos Frades Menores

1. A reabertura da Basílica e da Capela da Porciúncula, após os restauros realizados em conseqüência do terremoto de 1997, oferece-me a agradável oportunidade de dirigir uma afetuosa saudação a você, Irmão amado, e à Comunidade franciscana que, em Assis, desempenha um precioso serviço eclesial e zela pelo decoro dos lugares caros à memória do Poverello de Assis e pelos fiéis e peregrinos que chegam à terra de Francisco e Clara para uma experiência espiritual intensa. Os pés dos fiéis se detêm às portas de Assis, que, por tantas maravilhas de misericórdia ali realizadas, com razão é definida como “cidade predileta do Senhor (LegSC 21).
Hoje, a Capela da Porciúncula e a Patriarcal Basílica que a guarda reabrem suas portas para receber as multidões de pessoas atraídas pela saudade e pelo fascínio da santidade de Deus, copiosamente manifestada no seu servo Francisco. O Poverello acreditava que “a graça divina podia ser concedida aos eleitos em todos os lugares; mas sabia, por experiência, que o lugar de Santa Maria da Porciúncula estava repleto de uma graça mais fecunda [...] e, por isso, muitas vezes dizia aos frades: [...]Este lugar é verdadeiramente santo, morada de Cristo e da Virgem, sua Mãe” (EspPf 83). Para Francisco, a humilde e pobre igrejinha tornou-se a imagem de Maria Santíssima, a “Virgem feita Igreja” (SaudVM 1), uma humilde e “pequena porção do mundo” (2Cel 18), mas indispensável para que o Filho de Deus se fizesse homem. Por isso o Santo invocava Maria como tabernáculo, casa, manto, serva e Mãe de Deus (cf. SaudVM 4-5).
Exatamente na Capela da Porciúncula, que ele havia restaurado com as próprias mãos, Francisco, iluminado pelas palavras do capítulo 10 do Evangelho de Mateus, decidiu abandonar a precedente breve experiência eremítica, para dedicar-se à pregação entre o povo, “com a simplicidade de sua palavra e a generosidade de seu coração”, como atesta o primeiro biógrafo, Tomás de Celano (1Cel 23). Assim, deu início a seu típico ministério itinerante. Mais tarde, é na Porciúncula que se dá a vestição de Santa Clara e se funda a Ordem das “Pobres Damas de São Damião”. Aqui também, Francisco impetrou de Cristo, mediante a intercessão da Rainha dos Anjos, o grande perdão ou “indulgência da Porciúncula”, confirmada por meu venerável Predecessor, o Papa Honório III, a partir de 2 de agosto de 1216. A partir de então teve início a atividade missionária, que levou Francisco e seus frades a alguns países muçulmanos e a várias nações da Europa. Aqui, enfim, cantando, o Santo recebeu “nossa irmã a Morte corporal” (CantS 12).

2. A igrejinha da Porciúncula conserva e difunde uma mensagem e uma graça muito especiais da experiência do Poverello de Assis; mensagem e graça que perduram até hoje e que constituem uma fonte de apelo espiritual para os que se deixam fascinar por seu exemplo. Nesse sentido, é importante o testemunho de Simone Weil, a filha de Israel fascinada por Cristo: “Enquanto estava sozinha na pequena capela românica de Santa Maria dos Anjos, incomparável milagre de pureza e onde Francisco rezou tantas vezes, pela primeira em minha vida, alguma coisa mais forte do que eu me obrigou a ajoelhar-me” (Autobiografia espiritual).
A Porciúncula é um dos lugares mais veneráveis do franciscanismo, caro não só à Ordem dos Menores, mas também a todos os cristãos que aqui, como que esmagados pela intensidade das memórias históricas, recebem luz e estímulo para uma renovação de vida, sob o sinal de uma fé mais enraizada e de um amor mais genuíno. Por isso, para mim é muito caro destacar a mensagem especial que brota da Porciúncula e da indulgência a ela ligada. É uma mensagem de perdão e de reconciliação, isto é, de graça, que, se estivermos bem dispostos, a bondade divina derrama sobre nós, porque Deus é verdadeiramente “rico em misericórdia” (Ef 2,4). Como não reavivar diariamente em nós a humilde e confiante invocação da redentora graça de Deus? Como não reconhecer a grandeza desse dom que ele nos ofereceu em Cristo “uma vez para sempre” (Hb 9,12) e nos repropõe continuamente com imutável bondade? É o dom do perdão gratuito, que nos dispõe à paz com Ele e com nós mesmos, infundindo-nos renovada esperança e alegria de vida. Considerando tudo isso, é fácil compreender a austera vida de penitência de Francisco e por que somos convidados a ouvir o apelo a uma constante conversão, que nos separe de uma conduta egoísta e, com decisão, oriente nosso espírito para Deus, ponto focal de nossa existência.

3. Tenda do encontro de Deus com os homens, o Santuário da Porciúncula é casa de oração. “Quem rezar com devoção neste lugar conseguirá o que pedir” (1Cel 106), gostava de repetir Francisco, depois que pessoalmente havia feito experiência disso. Dentro dos velhos muros da pequena igreja, todos podem saborear a doçura da oração em companhia de Maria, a mãe de Jesus (cf. At 1,14), e experimentar sua poderosa intercessão. Naquele edifício restaurado com suas mãos, o homem novo Francisco ouviu o convite de Jesus que o chamava a modelar a própria vida “segundo a forma do santo Evangelho” (Test 14) e a percorrer as estradas dos homens, anunciando o Reino de Deus e a conversão, em pobreza e alegria. Dessa forma, aquele lugar santo se tornara, para Francisco, “a tenda do encontro” com o próprio Cristo, Palavra viva de salvação. A Porciúncula é, particularmente, “terra do encontro” com a graça do perdão, que amadureceu numa íntima experiência de Francisco que, como escreve São Boaventura, “um dia, quando, [...] a chorar, deplorava amargamente os anos passados, sentiu-se invadido pela alegria do Espírito Santo e teve a certeza de que seus pecados tinham sido plenamente perdoados” (LegM III,6). Querendo que todos participassem de sua pessoal experiência da misericórdia de Deus pediu e obteve a indulgência plenária para aqueles que, arrependidos e confessados, peregrinassem à igrejinha para receber a remissão dos pecados e a superabundância da graça divina (cf. Rm 5,20).

4. A todos que, em autêntica atitude de penitência e reconciliação, seguem as pegadas do Poverello de Assis e recebem a indulgência da Porciúncula com as requeridas disposições interiores, desejo que experimentem a alegria do encontro com Deus e a ternura do seu amor misericordioso. Este é o “espírito de Assis”, espírito de reconciliação, de oração, de respeito mútuo que, de coração, espero que seja para todos um estímulo à comunhão com Deus e com os irmãos. É o mesmo espírito que marcou o encontro de oração pela paz com os representantes das religiões do mundo, que acolhi na Basílica de Santa Maria dos Anjos, a 27 de outubro de 1986; um acontecimento do qual guardo uma viva e grata recordação.Com estes sentimentos, também eu me dirijo em peregrinação espiritual para esta celebração da indulgência da Porciúncula na restaurada Basílica da Bem-aventurada Virgem, Rainha dos Céus, na iminência do Grande Jubileu da encarnação de Cristo. A Nossa Senhora, filha eleita do Pai, confio aqueles que em Assis e em todas as partes do mundo querem receber hoje o “Perdão de Assis”, para fazer do próprio coração uma morada e uma tenda para o Senhor que vem.

A todos a minha bênção, Castel Gandolfo, 1° de agosto de 1999, vigésimo primeiro de Pontificado.

Franciscano do dia - 29/07 - Bem-aventurado Nevolone de Faenza



Penitente da Terceira Ordem (1200-1280). Aprovou seu culto Pio VII no dia 4 de junho de 1817. 

A Ordem Terceira foi fundada por São Francisco para os leigos que não podiam ou não queriam renunciar à sua condição no mundo, e queriam seguir a Regra franciscana e “o segredo da santidade”, e semear em todos os estratos da população os ideais de pobreza, castidade e obediência.

Para dar uma ideia da vitalidade do movimento franciscano é o suficiente para mencionar os nomes dos terceiros, como Bem-aventurados Luquésio, São Luís, rei da França, Santa Isabel, da Turíngia, o rei de Castela São Fernando, Santa Rosa de Viterbo, São Ivo da Bretanha, Santa Margarida de Cortona, a Beata Humiliana de Cerchi, o Beato Contardo Ferrini e também figuras pitorescas como Pedro Pettinaio e Bartolo Bompedoni. A Estes nomes são adicionados o curioso e simpático Novelón ou Nevolone, terceiro franciscano de Faenza.

Filho de artesãos, o também artesão Nevolone de Faenza exercia o ofício de sapateiro em sua juventude e viveu uma vida que os biógrafos definem como “desordenada”, mas talvez fosse apenas negligente, uma vida gasta a trabalhar para ganhar tanto quanto possível para continuar a usufruir dos prazeres do mundo: um bom vinho, boa comida, mulheres bonitas e muita diversão.

Uma doença grave levou este sapateiro despreocupado a se unir à Terceira Ordem Franciscana e não foi um gesto meramente simbólico. De fato, sem sair de seu escritório, mudou o seu modo de vida e tornou-se caridoso, incansável penitente e rigorosamente pobre.

Muitas vezes peregrinou a pé descalço, apesar de sua profissão de sapateiro, e converteu sua esposa, antes companheira de suas aventuras. Acima de tudo trabalhava fazendo sapatos e mais sapatos, agora não mais para ganhar dinheiro, mas para dar tudo aos pobres, até ficar na pobreza extrema. Ao ficar sozinho, viveu como eremita pobre e devoto.

Onze vezes foi em peregrinação a Santiago de Compostela. Caridade, oração e penitência foram a síntese de sua vida. Ele morreu por volta de meia-noite de 27 de julho de 1280 com 80 anos. Seu corpo foi levado com grande pompa à catedral de São Pedro de Faenza e foi enterrado em um túmulo de mármore. Numerosos milagres o fizeram conhecido em todo o mundo. Tal era a afluência de peregrinos ao seu túmulo, que, para manter a ordem era necessário colocar guardas em 1282. Os faentinos o veneram com o culto público, que foi aprovado pelo Papa Pio VII em 4 de junho de 1817.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Meditação - Contemplar

“Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo, e o mundo aparece refletido dentro da gente” (Rubem Alves).

Os olhos são a janela da alma: ver é abrir-se diante da beleza da vida! E o olhar cria comunhão com o mistério quando ele é educado na arte de contemplar! Ver é mais do que enxergar; ver é ir além das aparência, é saber distinguir, é perceber sinais do amor… E isso se aprende com a con-vivência, com a partilhar dos momentos que marcam a alma e o coração…

Amar é aprender a distinguir os sinais que o AMOR vai deixando em nossos corações, sinais que vão marcando nossas vidas. Se você ama é porque aprendeu a orar, a colocar as pessoas no coração de Deus. Quem ama aprendeu a reclinar os joelhos, a vencer o egoísmo, a ir além dos limites humanos… Quem ama é capaz de acolher, de perdoar e de se alegrar nas conquistas daquele (a) que ama!



Frei Paulo Sérgio, ofm