sábado, 30 de janeiro de 2016

Santa franciscana do dia - 30/01 - Santa Jacinta de Marescotti



Religiosa da Terceira Ordem Regular (1585 – 1640). Canonizada por Pio VII no dia 24 de maio de 1807. 


Jacinta era uma das filhas da nobre família do príncipe Marco Antonio Marescotti e estava ligada, por parentesco, com os príncipes Orsini. Esses nobres, da alta aristocracia romana, possuíam fortes vínculos com a Igreja Católica e a educação cristã era a mais preciosa herança a ser deixada aos filhos. E, com certeza, foi para Jacinta e seus irmãos.

Jacinta foi batizada com o nome de Clarice, nasceu em Viterbo, perto de Roma, em 1585. Recebeu uma educação refinada, digna da nobreza, como todos os irmãos. Ainda menina, foi entregue pelos pais a religiosas franciscanas, onde sua irmã mais velha, Inocência, seguia a vida religiosa com o fervor de uma santa. Os pais desejavam que Jacinta tivesse esse mesmo futuro. Mas, ela não demonstrava o mesmo desejo.

Muito bonita, culta e independente, Jacinta levava uma vida fútil, cheia de luxo e vaidades. Sonhava com um matrimonio e não com a vida religiosa. Sua primeira decepção foi quando sua irmã mais nova se casou com um marquês, que ela pretendia conquistar. Logo depois, outro casamento não se realizou. Depois disso, Jacinta assumiu uma atitude mais altiva, insuportável e fútil, frequentando todas as diversões que a alta sociedade oferecia. Nessa ocasião, seu pai a enviou para o convento das Irmãs da Ordem Franciscana Secular, junto de sua irmã Inocência, em Viterbo.

Embora à contra gosto, vestiu o hábito, trocou o nome de Clarice por Jacinta, iniciando sua experiência religiosa. Infelizmente levou para o convento muitas de suas vaidades e durante dez anos não deu bom exemplo às suas irmãs de hábito. Não respeitou o voto de pobreza, vivendo num quarto decorado com luxo e usando roupas de seda. Mas Deus havia reservado o momento certo para a conversão definitiva de Jacinta.

A notícia do assassinato de seu pai foi o início da sua transformação interior, começando a questionar o valor dos títulos de nobreza e da riqueza. Depois, adoecendo gravemente, o capelão do convento não atendeu seu pedido de confissão, se recusando entrar no seu quarto luxuoso. Percebendo o escândalo que causara durante tantos anos, Jacinta sinceramente se arrepende pedindo perdão a toda a comunidade, publicamente. Nesse momento se converteu verdadeiramente, passando a partir daí a ser exemplo heroico de mortificação e pobreza, atingindo os cumes da mais alta santidade.

Mesmo contra sua vontade foi eleita mais tarde mestra das noviças e superiora do convento. Suas prolongadas orações e severas penitências eram em favor dos pecadores. Com sua orientação muitos, depois de convertidos, chegaram a fundar instituições religiosas, asilos e orfanatos. Faleceu em 30 de janeiro de 1640 e foi enterrada na igreja do convento onde se converteu, em Viterbo. Foi declarada Santa pelo papa Pio VII em 1807.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sábado, 16 de janeiro de 2016

PROFECIA DA FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL - Final



Sejamos loucos e castos como Francisco e Clara!

Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

CONCLUSÃO

Viver a vida tendo por base uma espiritualidade original e própria que ilumina as práticas. Mesmo na diversidade de  Carismas, ofícios e profissões, de carreira e competência, viver a vida com uma forte motivação da espiritualidade franciscana e clariana. Em tudo dar exemplo de vida e valor.

Sejamos loucos e castos como Francisco e Clara! Ser casto é dizer: é possível ser profundamente humano, responsável e livre sem este circo todo que está aí! Tenhamos consciência dos valores que carregamos. Mais cuidado com a Formação! Que ela seja o confiar em quem constrói subjetividades fortes e não indivíduos feitos bichinhos acuados.

O capitalismo vive de pessoas que estão devendo, prende as pessoas que estão comprometidas com conta a pagar. O jeito franciscano e clariano vive de pessoas livres e que não são superadas, porque continuam a ser promessa de Realização Humana. Esta é a força profética que nos ajuda a resistir!

Estar na  vida de maneira heroica: se tem que ser, ser pra valer, ser o melhor modo de ser e estar. Não diminuir a qualidade; ir pelo mundo mostrando a pérola conquistada. Levar o desejo que habita o coração. Estar no mundo de um modo pessoal e comunitário sem perder a alma e o espírito da vida e da ação. Viver intensamente o tempo que nos é dado. O tempo nos dá a beleza, mas o cronômetro tira o nosso olhar contemplativo. Tempo tornou-se ritmo de produção e não o gosto de existir. Do bilhete único à tarefa única. O tempo não é decidido pela pessoa; ele tirou autonomia de nossa vida. Somos escravos da pressa e da ansiedade. O tempo é a máquina do nosso tormento e não o nosso alimento. Com Francisco o tempo é Cântico das Criaturas, com Clara o tempo é silencio, contemplação e convivência.

Queremos uma lógica solidária: ninguém pode ficar esquecido ou ficar para trás. Precisamos viver em comunhão e não em solidão. Comunhão é um nível mais profundo de Fraternidade! É Família Franciscana do Brasil!

PAZ E BEM!

Frei Vitório Mazzuco OFM

Fonte: Blog Carisma Franciscano de Frei Vitório

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Santos franciscanos do dia - 16/01 - Santos protomártires da Ordem Franciscana - Santos Berardo, Pedro, Acursio, Adjuto e Oton


Santos protomártires da Ordem Franciscana

Memória litúrgica: 16 de janeiro

Mártires  (+1220). Canonizados por Sixto IV em 7 de agosto de 1481.


Assim como a Igreja universal e as Igrejas particulares sempre manifestaram especialíssima devoção por seus protomártires, da mesma forma a Ordem dos Frades Menores festeja seus confrades que, por primeiro, verteram o sangue em testemunho da fé cristã. Estes constituem os primeiros missionários enviados por São Francisco na terra dos sarracenos . 

São eles Berardo de Leopardi da Carbio, perto de Narni, Acúrcio Vacuzio e Adjuto da diocese de Narni, Pedro de Bonanti de Sangemini e Otão de Petricchi de Stroncone.

Depois de duas tentativas malsucedidas de partir para a Síria e Marrocos, Francisco continuou a alimentar o desejo de conseguir a coroa do martírio. Uma vez que a Ordem estava organizada em Províncias (1217), procurou enviar missionários a todas as nações européias. No famoso Capítulo Geral das Esteiras, celebrado na Porciúncula em Pentecostes de 1219, deu licença aos frades Otão sacedote, Berardo sub-diácono, Vital, Pedro, Acúrcio e Adjuto de pregarem o Evangelho aos sarracenos do Marrocos, enquanto ele se dirigiria com os cruzados à Palestina para visitar os Lugares Santos e converter os infiéis do lugar, mesmo ignorando sua língua.

Depois de terem recebido a bênção do Fundador, os seis missionários se dirigiram à Espanha, a pé. Quando chegaram ao Reino de Aragão, Frei Vital, o superior da expedição, cai doente e deve se afastar da empreitada, o que não impediu que os outros cinco continuassem o caminho sob a direção de Berardo.

Em Coimbra, Portugal, a rainha Urraca, mulher de Afonso II, os recebeu em audiência. Descansaram uns dias em Alenquer, onde os frades já tinham uma casa. Ali foram tratados com atenções especiais por parte da infanta Sancha, que lhes deu trajes civis que facilitassem a atividade juntos aos muçulmanos.

Dirigiram-se, então, à suntuosa cidade de Sevilha, capital do reino árabe do mesmo nome. Imprudentes, segundo nosso modo de ver, dirigiram-se eles à mesquita e começaram a pregar o Evangelho contra o islamismo. Evidentemente que foram tidos como loucos e mal tratados. Estes, no entanto, não desanimaram e se dirigiram ao palácio do rei e pediram para falar com ele. O monarca os ouviu de má vontade. Ouviu esses que diziam que Maomé era um falso profeta. Mandou ele que os frades fossem colocados numa prisão escura para depois serem julgados. O filho do monarca lembrou que eles não deviam ser decapitados sem mais. 

Melhor seria cumprir algumas formalidades. Passados alguns dias, o soberano os chamou diante de seu tribunal. Ficou sabendo que eles tinham o propósito de se dirigirem à Africa. Realizou esse seu desejo. Eles embarcaram num navio pronto a zarpar para o Marrocos. Seu companheiro de viagem foi o infante português Dom Pedro Fernando, irmão do rei Afonso II.

Desde o momento de sua chegada ao Marrocos, Berardo, que conhecia a línguan começou imediatamente a pregar a fé cristã diante do rei e a tecer críticas contra Maomé e o Corão. O sultão do Marrocos, Abu Yacub, conhecido como Miramolino, os expulsou de sua cidade de Marrakech, ordenando que fossem reenviados a terras cristãs. Os frades não obedeceram, voltaram à praça e continuaram sua pregação. O rei enfurecido fez com que fossem lançados em valas para que morressem de fome e tormentos. Passadas três semanas, os frades foram encontrados em melhores condições do que no momento em que tinham ali sido lançados.

 Um tanto admirado com o fato, o Miramolino ordenou que partissem para a Espanha. Novamente conseguiram escapar e voltaram a pregar. O infante de Portugal temia acolhê-los porque por seu excessivo zelo cristão prejudicassem até os cristãos que compunham o seu séquito. Acolheu-os mas eles foram colocados sob vigilância estrita.

Aconteceu que o Miramolino, para fazer calar alguns rebeldes, foi obrigado a pedir auxílio ao príncipe português com o qual estavam os cinco frades franciscanos. Um dia tendo faltado água para o exército, Berardo tomou uma enxada e cavou um buraco fazendo brotar abundante fonte de água fresca, o que provocou maravilhamento por parte dos muçulmanos. Continuando a pregar, mesmo com a proibição do rei, os frades foram novamente presos, submetidos à flagelação e colocados em prisão. O povo queria que fossem vingadas as ofensas proferidas por eles contra Maomé. Foram flagelados nas encruzilhadas das estradas, arrastados sobre pedaços e cacos de vidro e em suas feridas foram derramados sal e vinagre misturados com óleo fervente. Os frades suportaram tudo com imensa paciência e pareciam impassíveis o que fez com o sultão Abud Yacub, admirado com tanta paciência e resignação, tentasse com muito doçura, fazer com que eles abraçassem o Islã, prometendo riquezas, honrarias e prazeres. Os frades não fizeram caso de suas proposições e continuaram a exaltar a fé cristã. Nesse ponto, o Miramolino, enfurecido, decapitou ele mesmo os cinco valentes defensores da fé na sua corte de Marrakech. Era 16 de janeiro de 1220. No mesmo instante em que sua alma se dirigia ao céu apareceram à infanta Sancha, sua benfeitora, recolhida esta em oração em seu quarto em Coimbra.

O povo se apoderou dos corpos e das cabeças dos mártires depois de lançados do palácio imperial e, em meio urros e ultrajes de todo tipo, arrastaram-os pelas ruas da cidade para expor-lhes numa estrumeira para os cães e pássaros. Um providencial temporal fez com que a gente fanática se dispersasse, permitindo que os cristãos recuperassem os restos dos frades e os transportassem à residência do infante Pedro de Portugal. Seus restos, depois de secos, foram colocados em urnas de prata. O infante os transportou a Portugal, à Igreja da Santa Cruz de Coimbra, onde foram acolhidos pelo rei e pela rainha bem como pelo povo. Neste lugar ainda são venerados.

O martírio dos seus franciscanos fez com que amadurecesse no jovem sacerdote Antonio de Lisboa, conhecido também como Santo Antônio de Pádua, a ideia de passar da Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho à Ordem dos Frades Menores com a finalidade de ser missionário e conseguir o martírio. São Francisco, por sua vez, tomando conhecimento da noticia do martírio dos cinco frades exclamou: “Agora posso dizer que tenho cinco verdadeiros frades menores”.

Os seis franciscanos foram canonizados por Sisto IV com a bula Cum alias animo de agosto de 1481.
( Este texto é uma tradução livre do livro Frati Minori Santi e Beati, publicado pela Portulação Geral da Ordem dos Frades Menores, p. 19-22)

ORAÇÃO - Ó Deus, que consagrastes os primórdios da Ordem dos Menores pelo glorioso martírio dos vossos santos mártires Berardo e seus companheiros, concedei que possamos viver firmes na fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

PROFECIA DA FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL - XII



Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

A Encíclica chama a atenção do uso técnico, científico e catastrófico dos recursos naturais. Destruir o natural é cultura de morte e gera uma insensibilidade cosmovital. Existe ética na técnica que explora? Destruir rios e florestas é sentir-se parte do cosmo? A Encíclica nos dá uma responsabilidade moral de defender a vida, de evitar a dessacralização da natureza. O Papa propõe mudança de vida, rever o modo de produção, a produção exagerada de lixo, a atenção urgente para com a radical mudança climática, as injustiças socioambientais, efeito estufa, e o controle destes modelos globais de desenvolvimento. Por que os países ricos defendem a natureza só de modo utilitário, isto é, defender para usar e produzir, o que gera uma relação viciada entre humanidade e ambiente?

A Encíclica fala de estilo novo de vida, de educação para respeitar o ambiente, fala de conversão ecológica, de colocar um freio no consumismo. O que seria tudo isto? É a proteção que deixa ser o natural, para que o natural possa se decompor e não virar pedreiras e montanhas sucateadas e inertes. É preciso dar tempo e cuidado ao natural. Ecologia não é mera militância de barulhentos ambientalistas, mas sim luta profética para melhorar a qualidade de vida. Tecnologia e progresso não devem ser processos de destruição. Estilo de vida não é gastar excessivamente os recursos de energia e suas fontes.

Que a nova Encíclica nos leve para uma comunhão de bens e não acúmulo. Que crie a consciência de que tecnologia criativa não causa danos, mas sim respeita a dignidade humana e o ciclo natural da nossa Mãe e Irmã Terra. Que cuidemos da evolução das espécies e da evolução do humano. Somos guardiães do habitat. Se cresce a densidade demográfica, que cresçam também os recursos e a melhor distribuição dos bens. Violência física contra a espécie humana e a violência contra a natureza povoam os noticiários, mas nós estamos mais preocupados com os quatro melhores colocados no campeonato. Precisamos de um desenvolvimento justo e conservação da vida, mas escolhemos políticos e partidos como se torce para times da série A e B. As pessoas e a natureza caíram para a série C. Brigamos por igrejas e liturgias e esquecemos de pregar uma democracia ecológica que respeite todas as formas no templo sagrado da vida. Todos os seres estão em relação uns com os outros, por que ficar então de fora? A vida é um valor por si só; ela é o presente de Deus e merece todos os louvores, toda proteção e todo respeito! Laudato Sí, mio Signore!

No próximo post, a conclusão.

Fonte: Blog Carisma Franciscano de Frei Vitório

Link - http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Santo franciscano do dia - 12/01 - São Bernardo de Corleone


Religioso da Primeira Ordem (1605-1667). Beatificado por Clemente XII no dia 15 de março de 1768 (Decreto de canonização julho 1/2000). 

Bernardo nasceu na pequena cidade de Corleone, na Sicília, Itália, aos 6 de fevereiro de 1605 e recebeu o nome de Filipe Latino ao ser batizado. Seus pais tinham cinco filhos, e eram bastante respeitados por todos, pelos princípios rígidos morais e de cristandade, com um dos filhos sacerdote. 

Consta que seu pai era um sapateiro e curtidor de peles, muito justo, bondoso e caridoso, que acolhia em sua casa os necessitados, dando-lhes condições de banharem-se para depois alimentá-los e vesti-los. Foi nesse ambiente que o jovem Filipe, alto forte e de caráter violento, amante das lutas e armas, se desenvolveu.


Certo dia, ele foi provocado por um rapaz e num momento de ira, bruscamente com a espada arrancou o braço do agressor. Nesse momento, nasceu um novo homem que arrependido pediu perdão ao rapaz, atitude que foi aceita. Depois disso, os dois se tornaram amigos. Desde então modificou sua personalidade encontrando na vida religiosa sua verdadeira vocação, conforme a vontade de Deus, como disse até o momento de sua morte.

Ele deixou sua cidade natal e ingressou para o noviciado no convento de Caltanissetta em Palermo. Alí abraçou plenamente seu novo caminho tornando-se irmão leigo da Ordem terceira dos frades menores capuchinhos, no dia 13 de dezembro de 1631, adotando o nome de frei Bernardo.

Trabalhando como cozinheiro, viveu no mosteiro uma existência simples e humilde. Mas além dessa função, Bernardo se dedicava aos doentes como enfermeiro e tratava inclusive dos animais enfermos, pois na sua época eles eram muito úteis para a sobrevivência das famílias. Bernardo enriquecia ainda mais sua vida espiritual, fazendo penitências, mortificações e longos períodos de orações para o bem da comunidade, demonstrando assim sua personalidade forte, agora impregnada de um profundo amor por toda a humanidade.

Ele desenvolveu, uma forte paixão pela Eucaristia, que recebia todos dias. Quando se encontrava diante do Sacrário, concentrado em oração, o tempo, para ele, deixava de existir e não raro as pessoas se comoviam com a pureza de sua atitude. Além disso, ajudava o sacristão em suas tarefas diárias, para ficar ainda mais perto de Jesus Eucarístico.

Bernardo era muito solidário com seus companheiros frades e com toda a comunidade. Assim, quando ocorria uma catástrofe na cidade, como um terremoto ou furacão, típicos da região, Bernardo ajoelhava-se orando em penitência diante do Sacrário dizendo essas palavras: “Senhor, desejo essa graça!”. O resultado sempre era favorável, pois as calamidades cessavam, poupando uma desgraça maior.

A sua simplicidade se assemelhava aos primeiros e genuínos capuchinhos, nostálgico das origens e fascinado pela experiência da vida de ermitão. Um grande júbilo acompanhava esta sua devoção mariana, cheia de calor, fantasia e festividade, de fato contagiante. O seu amor a Nossa Senhora era incontestável e sublime.

Bernardo, comovia não só por sua extraordinária penitência. Mas porque tinha grande delicadeza e doçura na atenção para com os outros, uma alegria e plenitude de vida que impressionava. Aos frades forasteiros fazia festa, para os pobres estava sempre disponível e para os doentes tinha um coração materno. Assistir-lhes e servir-lhes era a sua felicidade.

Após trinta e cinco anos de vida religiosa, faleceu no dia 12 de janeiro de 1667, em Palermo, onde seus restos mortais repousam na igreja dos Capuchinhos, dessa cidade na Sicília, Itália. Tinha 62 anos de idade. O Papa Clemente XIII o elevou ao altar da Igreja como Beato em 1768. Mais tarde, o Papa João Paulo II declarou Santo Frei Bernardo de Corleone em 2001.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

PROFECIA DA FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL - XI




CONTINUAMOS A REFLEXÃO NO ITEM 3:  A FAMÍLIA FRANCISCANA E SEU MODO PROFÉTICO DE SER RESPONSÁVEL

Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

Surpreendeu o mundo a Encíclica do Papa! Profecia e Ecologia! Eco-teologia, eco-espiritualidade. Com esta Encíclica sentimos uma grande alegria por causa de dois olhares: o olhar franciscano sobre a realidade e o olhar do Papa Francisco na amplidão do olhar de Francisco de Assis, que antecipou há oito séculos um modo peculiar e comprometido de ver a Irmã e Mãe Terra, de querer ser colocado nu sobre a terra nua no momento de seu Transitus, para sentir bem a intimidade da casa. Diz a Encíclica:  “Nós somos terra. Todo o nosso corpo é constituído de elementos do planeta, se ar é aquele que respiramos, sua água vivifica e restaura” (n.2)

Devemos ler esta Encíclica sob o olhar da poética e da mística, para argumentar comprometimentos. Olhar poético enquanto emoção, admiração, gratidão, encantamento, consanguinidade criatural e o ver e fazer perfeitos. Olhar místico enquanto desvelamento da verdade de todas as coisas;  a vida movida por uma Força Maior que tudo sustenta e tudo governa. É maravilhoso que um Papa conclame o dom de existir e estar casa comum. Conviver e não usar. Estar no mundo, fazer do mundo um itinerário, ir para a criação como quem escreveu o Gênesis. Em nosso planeta Terra, tudo é um caminho que sai e retorna para seu único lugar: o lugar sagrado! É a metafísica de São Boaventura que nos diz que tudo sai do Todo, revela a sua face e retorna ao Sagrado. A origem de Deus como causa eficiente, manifestando suas imagens e vestígios, Deus como causa exemplar e causa final. Oprimir e devastar a terra, é fazê-la gemer em dores de parto (Rm 8), é matar o Sagrado que nela habita e a irmanação universal de todas as criaturas, de todos os homens e mulheres que preenchem esta casa.

Que esta Encíclica nos ajude a pensar um modo singular de estar na existência; que ela faça uma ponte entre o mundo vivencial, a realidade conjuntural e a fala. A Encíclica provoca uma mística das relações, uma espiritualidade ecológica ( 6, 202). Viver na terra é presença, unidade, vida, morte, amor e tempo. É a união de todos os seres, não na passividade, mas na profecia do cuidado, e ir contra todos os mecanismos de morte que geram uma cultura de morte que já regou com sangue de Josimo, Chico Mendes, Ezequiel e Doroty, a sonhada justiça deste chão.

Continua...

Fonte: Blog Carisma Franciscano de Frei Vitório


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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

PROFECIA DA FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL - X


Depois da pausa para o tempo de Natal, retomamos a reflexão sobre o tema "Profecia da Família Franciscana" - item 3.

Na experiência religiosa do mundo e das pessoas, onde está Deus? Deus está muito nas religiões das pessoas e menos na espiritualidade. Não aceite o poder da religião que para mostrar a glória de Deus diz que você não vale nada. Não acredite numa religião que joga Deus contra o humano. Isto pode ser uma espécie de pedagogia religiosa, mas não é espiritualidade franciscana e clariana. Tem muita gente se arvorando em santidade, mas não quer nada com a humanidade. Não adianta ser santo enquanto o mundo vai à breca. Indivíduo é um burguês espiritual. Sujeito é o Evangelho feito profecia!

Produza uma cultura de originalidade e não de clones. Seja político de um modo verdadeiro, no verdadeiro sentido da política: arranjo existencial para o bem comum; capaz de sacrifícios em vista do bem comum. A política não é tudo, mas tudo tem uma dimensão política. A classe política nos representa sim: nós a colocamos lá a través da nossa covardia e alienação. O sujeito ama e pensa o social na medida do amor; não herda uma política, mas sim a conquista. Seja uma presença de ação forte e simbólica: cultivo de identidade que se apresenta e fala. A ação simbólica tem consequências políticas.  Apresente-se! O que não tem visibilidade não existe! Indivíduo se esconde em cópias, sujeito é presença e diferença muito original. A humanidade precisa de nossa sadia originalidade.

Seja uma identidade plena e não vazia. Hoje há uma extrojeção compulsória de uma identidade vazia. É o big brother brasil e sua gritante audiência. É a morte da naturalidade, da sensualidade, da banalização das convivências. Não somos androides feitos para copular sob edredons! Isto embrutece os espíritos que sonham ser mais sadios.

Seja um serviço voltado para as minorias ameaçadas. Ir onde ninguém quer ir, fazer o que ninguém quer fazer. Isto a FFB tem que ter coragem de pegar!

continua