quinta-feira, 31 de março de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 9



Misericórdia não é uma virtude apenas para ser celebrada

Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho.

Francisco, por não ter palavras diante desta Misericórdia Encarnada, busca a inspiração no salmista para compor seu Ofício da Paixão e nele exalta o Deus misericordioso:

“ Naquele dia, o Senhor enviou sua misericórdia e de noite seu cântico “ Sl 41,9 (OP 5,5)
“Os que me afligem exultarão, se eu for derrubado, eu, porém, esperei em vossa misericórdia!” Sl 12,6 ( OP 4,5)
“Atendei-me, Senhor, pois vossa misericórdia é benigna, olhai para mim segundo a grandeza de vossa comiseração” Sl 68,17 (OP 7).
“A vós, salmodiarei, ó meu auxílio, pois sois o Deus que me acolhe, meu Deus, minha misericórdia!” Sl 58,18 ( OP 9)
“ Porque engrandecida foi a vossa misericórdia até aos céus e a vossa verdade até as nuvens!” Sl 56,11 (OP 11)

A exaltação da Misericórdia de nosso Deus em Francisco, em todos os místicos, santos, textos e cultos é exaltação de uma virtude moral; uma postura nobre de quem compreende o sofrimento, a dor, a infidelidade, as fragilidades de outrem e assume como própria. É o “sofrer com” e o “sofrer como” através de um vínculo afetivo e de um comprometimento. A identificação é psicológica, espiritual e social. Os males de outrem são a minha experiência de compaixão. Por isso, Francisco, em seu Testamento, diz: “eu fiz, eu tive misericórdia com eles”. É o ponto de partida para a prática. A misericórdia não é uma bela virtude apenas para ser celebrada, como de praxe se faz; mas é para ser praticada! Benevolência, benignidade, beneficência, solicitude são expressões que povoam as Fontes Franciscanas. A partir do amor que se transforma em caridade e solidariedade procura-se sanar uma miséria real.

Continua


Fonte : http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

quarta-feira, 30 de março de 2016

Especial - Teresa de Calcutá, santa do Ano da Misericórdia



Cidade do Vaticano – Madre Teresa de Calcutá será inscrita no álbum dos Santos no domingo, 4 de setembro. Foi o que anunciou o Papa na manhã desta terça-feira, (15/03), durante um Consistório. Francisco dispôs ainda as datas para a canonização de outros novos quatro futuros santos: Em 5 de junho: Estanislau de Jesus Maria (João Papczynski) e Maria Elisabeth Hesselblad. Em 16 de outubro: José Sánchez Del Río e José Gabriel Del Rosario Brochero.

Anjezë Gonxhe Bojaxhiu nasceu em 1910, em Skopje, atual capital da República da Macedônia (situada na antiga Iugoslávia), e faleceu em setembro de 1997. João Paulo II a beatificou em 19 de outubro de 2003.

O milagre que abriu caminho para a canonização de Madre Teresa de Calcutá – atestado pela Congregação das Causas dos Santos – é atribuído à intercessão da Beata no caso de um homem brasileiro de 35 anos, natural de Santos (SP),  curado de oito abscessos no cérebro. Ele é um engenheiro paulista Marcilio Haddad Andrino. Hoje, com 42 anos, vive com a família no Rio de Janeiro e trabalha como funcionário público federal, algo que não pensou que pudesse ser possível.
Outro milagre em sua vida aconteceu quando o médico disse que não tinham possibilidade de ter filhos porque os medicamentos que ele tomou interfeririam nisso. Mas eles pediram a Madre Teresa e têm dois filhos perfeitos.


O Padre Caetano Rizzi, promotor de Justiça no processo diocesano que avaliou o caso do miraculado por intercessão de Madre Teresa, afirmou que o homem está bem de saúde, leva uma vida normal, tem dois filhos e até passou em 1º lugar num concurso público. “O miraculado estava nesta época do ano, em 2008, passando lua de mel em Gramado (RS), que é a minha cidade natal. Lá em Gramado, ele se sentiu mal e foi levado às pressas a Santos, a sua cidade, onde foi internado praticamente em coma, com morfina porque sentia muitas dores.

O médico levou-o imediatamente ao centro cirúrgico porque a tomografia acusava oito abcessos no cérebro. Enquanto ele estava na mesa cirúrgica, o médico constatou a falta de um dreno para retirar o líquido que estava se acumulando. Enquanto o médico buscava o dreno, o paciente voltou a si e perguntou: “o que estou fazendo aqui?”. Porque antes de ser internado, a sua esposa, que é catequista da paróquia e que é muito católica, chamou o pároco para administrar o sacramento da Unção. O Padre Almiran foi até o hospital, administrou o Sacramento e deu a eles uma medalhinha de Madre Teresa e disse: rezem a Madre Teresa que ela vai alcançar a graça para vocês. Eles imediatamente rezaram e colocaram a medalhinha embaixo do travesseiro do paciente, do miraculado. No dia seguinte, ele foi embora: quem deveria sair de lá morto… Porque o médico disse à esposa: vá para a sua casa, traga os documentos e as roupas porque infelizmente não temos mais o que fazer. E o médico, constatado tudo, no Tribunal, disse: eu não sei explicar. A ciência não tem uma palavra para explicar o que aconteceu. De 17 pacientes que eu tratei nesta área, 16 morreram. Somente este sobreviveu. E o médico não é cristão”, contou o padre.

A Fundadora das Missionárias da Caridade absorveu o estilo de vida bengali e se dedicou aos pobres e doentes de hanseníase trabalhando nas ruas de Calcutá sempre com seu sari branco debruado de azul, a imagem com que o mundo se habituou a vê-la.

A Congregação cresceu rapidamente e hoje conta cerca de 4,5 mil religiosas em mais de 130 países, nos quais mantém cerca de 700 casas dedicadas a ajudar os mais desfavorecidos.

Após o assassinato das quatro missionárias em Áden, no Iêmen, na sexta-feira (04/03), as Missionárias da Caridade comunicaram na segunda-feira que não abandonarão sua obra no país do Oriente Médio, e continuarão a servir os pobres e necessitados. Além das quatro irmãs, outros 10 colaboradores locais da comunidade foram mortos. Duas das missionárias mortas eram de Ruanda, outra da Índia e a quarta do Quênia. A superiora do convento conseguiu escapar com vida, como também todos os idosos e deficientes que eram hospedados e atendidos na comunidade.

“Madre Teresa sempre esteve nos rincões mais remotos do mundo, independentemente da situação”, recordaram em Calcutá, na Casa-mãe da Congregação, onde as religiosas celebraram uma Eucaristia em sufrágio de suas 4 irmãs mortas no ataque dos fundamentalistas islâmicos.

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

Santo franciscano do dia - 30/03 - São Pedro Regalado



Sacerdote da Primeira Ordem (1390-1456). Canonizado por Bento XIV no dia 29 de junho de 1746 

Pedro Regalado nasceu em Valladolid em 1390. Aos nove anos seu pai morreu. A mãe o educou piedosamente. Muito jovem ingressou na Ordem dos Frades Menores e logo se distinguiu por sua piedade, mortificação e pobreza, bem como pelo amor de silêncio e solidão. Começava na Espanha a Reforma franciscana buscando o florescimento da primitiva austeridade de vida religiosa.

Pedro, ao estudar a Regra franciscana, convenceu-se de que a vida real dos frades não correspondiam às suas exigências. Enquanto na Itália São Bernardino de Sena promoveu reformas, na Espanha Pedro Villacreces fazia o mesmo no eremitério de Aguilera. Em 1405 ele se uniu a Pedro Regalado, um colaborador eficaz. Em 1415 rezou a sua primeira Missa. Em Abrojo fundou uma nova ermida, onde Pedro Regalado era mestre superior dos noviços. Os dois eremitérios de Abrojo e de Aguilera logo adquiriram grande fama pelo zelo de seus fundadores e pelos estatutos contendo prescrições extremamente severas. Isso só fez aumentar as vocações na Espanha, florescendo a vida franciscana e de santidade.

Padroeiro dos toureiros

São Francisco de Assis foi o padroeiro dos lobos e São Pedro Regalado o padroeiro dos toureiros. Dele se conta que indo um dia por um caminho, encontrou um enorme e bravo touro que havia escapado ferido de uma corrida em Valladolid, atacando e ferindo viajantes e todos aqueles que por ali passavam e se punham à sua frente, fazendo jus à sua herança natural.

Passava por ali São Pedro Regalado com um discípulo quando o touro bravo os atacou, correndo e investindo na sua direção, refugiando-se o seu acompanhante por de trás dele com enorme e natural receio. São Pedro, olhando e implorando ao céu, mostrou-lhe o seu bastão e disse-lhe: ”pare touro”.

O touro bravo e ferido, deteve-se e São Pedro acariciou-o e curou as suas feridas, depois benzeu-o e mandou de volta para o campo. São Pedro Regalado foi a partir deste episódio considerado o “padroeiro dos toureiros”.

São Pedro morreu em 1456 no convento de “La Aguilera“ em Aranda del Duero.
Foi canonizado em 1746 pelo Papa Bento XIV e é desde então “ patrono “ de Valladolid e todas as suas dioceses

terça-feira, 29 de março de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 8



Misericórdia tem muito a ver com a nossa minoridade

Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

O acontecimento do Ano Santo da Misericórdia, que interessa a todas as expressões de vitalidade da Igreja não pode deixar de não tocar de perto a alma franciscana e o seu modo de servir a vida. O Ano Santo nos convida a atuar dentro dos valores nele descobertos. São valores que estão há séculos dentro de nossa herança franciscana. Misericórdia tem muito a ver com a nossa minoridade e pobreza evangélica. 

A conversão interior comporta mudanças exteriores no espírito da metanoia e de mudança de lugar. A inserção cada vez mais profética na catolicidade, na doutrina, na unidade e na caridade fraterna. O ecumenismo, o diálogo inter-religioso, o testemunho e a evangelização, são temas que estão na dinâmica universal do Ano Santo e nos pilares da nossa permanente formação.

Vejamos também como São Francisco tece louvores ao Deus Misericordioso. Nos Louvores a Deus ele exclama: “Vós sois nossa vida eterna: grande e admirável Senhor, Deus onipotente, misericordioso Salvador” (LD,6). Temos também a invocação: “ Onipotente, eterno, justo e misericordioso Deus, dai-nos a nós míseros(...)” (Carta a toda Ordem,50). E no Comentário ao Pai Nosso: “E perdoai as nossas dívidas: pela vossa inefável misericórdia” (PN7).

Os louvores de Francisco ao modo misericordioso de Deus nos remetem ao jeito bíblico de mostrar a inspiração presente na tradição judaica, o Amor (hesed) e a  fidelidade (emet) que se fundem. O grande amor e fidelidade de Deus para com seu povo instaura uma relação afetiva que explode na prece. 

Misericórdia tem a ver com a espiritualidade que brota do faminto e do sedento: ter sede de Deus, ter fome de afetos. Isto estabelece uma reação afetiva na hora de extrema necessidade. Sentimentos e desejos que vêm das entranhas do humano gritam a Deus no momento de miséria e carência. A consciência da miséria traz à tona o grito do miserável. O afeto provocado tem que transformar-se em atos em favor do mísero. Há uma criatura que clama por socorro e isto tem que chegar ao coração compassivo de Deus. 

A misericórdia é a ação do coração de Deus que olha com olhos solidários, com clemência, graça, compaixão, cuidado e ternura. O mísero (miseri, do latim ) evoca o coração (cor, cordis) sem cessar. A misericórdia é um clamor contínuo, todos os dias (“dia”, através de). Linda palavra esta que revela esta experiência. Podemos transcrevê-la de modo silábico: MISERI – COR – DIA! No coração, no corpo, nas entranhas de uma Mulher, Deus assumiu o nosso limite humano (Fl 2,6-11). Assim, o amor e a fidelidade do Pai estabeleceram-se para sempre, através do Filho, sob o filtro do Espírito do Amor. Maria concebe pela força espiritual do Amor. E a Misericórdia está entre nós! Definitivamente! É o Magnificat!

Continua...

Fonte : http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

sábado, 26 de março de 2016

Sábado Santo - Um grande silêncio: o Rei está dormindo



Estamos no dia do silêncio. Aquele que viera da parte de Deus e se aninhara no seio de Maria, aquele que veio beber as águas de nossas fontes, cantar nossos cantares, chorar nossas lágrimas, depois de morto, foi tirado da cruz e colocado num sepulcro em que ninguém ainda havia sido sepultado. Os apóstolos já haviam abandonado a cena. A desolação havia tomado conta dos corações.

A missão de Jesus ainda não tinha terminado. Conhecidíssima uma antiga Homilia no grande sábado santo faz Jesus nos falar de coisas bonitas e delicadas: “Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Grande silêncio porque o Rei está dormindo; mas a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos”. Sim, ele foi buscar Adão e Eva cativos que agora seriam libertados de seus sofrimentos.

O autor da Homilia conversa com os que Adão.

“Por ti, eu, teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor tomei a condição de escravo. Por ti, eu que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim, fui entregue aos judeus e, num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê em minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme a minha imagem a tua beleza corrompida (…). Adormeci na cruz e a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai acordar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti”.

Depois que entregou o última suspiro ele foi à mansão dos mortos para tirar das trevas aquele todos que haviam se deixado iludir e se envolver pelas trevas….

Este é o grande sábado. O sábado do grande silêncio.

Estamos em estado de vigília para celebrar a festa da luz e da transfiguração…Mas hoje é dai de reflexão e de silêncio. O Rei dorme…

Pai, cheio de bondade, vosso Filho unigênito desceu à mansão dos mortos e dela surgiu vitorioso: concedei aos vossos fiéis, sepultados com ele no batismo, que, pela força de sua ressurreição, participem da vida eterna com ele.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

sexta-feira, 25 de março de 2016

Sexta-feira Santa – Celebração da Paixão do Senhor



Enquanto o Esposo dorme, a esposa se cala. Assim, na Sexta-feira Santa e no Sábado Santo, a igreja não celebra os Sacramentos. Debruça-se totalmente sobre o sacrifício da Cruz por meio de uma Celebração da Palavra de Deus. Neste dia, a Liturgia deseja beber diretamente da fonte. Abre a celebração num gesto de humildade. Os ministros prostram-se em silêncio diante do altar e, em seguida, o Presidente, sem mais, diz a oração do dia.


Segue-se a Liturgia da Palavra, onde se destaca a proclamação da Paixão de Jesus Cristo segundo João (Jo 18,1-19,42). Nela aparece o Cristo Senhor, o Cristo Rei, o Cristo vitorioso que vai comandando os diversos passos da Paixão. Entrega-se livremente, faz os guardas caírem por terra e, depois de tudo consumado, entrega o espírito ao Pai. Na morte ele é glorificado. Submete-se à morte para deixar-nos o exemplo de reconhecimento de nossa condição humana de criaturas mortais. Na Liturgia da Palavra, a Igreja curva-se sobre o mistério da Cruz.

A resposta é dada em três momentos. Temos, primeiramente, a Oração universal, realmente ecumênica. A Igreja pede que a fonte de graças que jorra da Cruz atinja a todos, Vai, então, alargando suas intenções. Reza pelo Papa, os bispos e todo o clero, os leigos e os catecúmenos; pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos que não crêem em Cristo, pelos que não crêem em Deus, mas manifestam boa vontade, pelos poderes públicos, por todos que sofrem provações.

Tendo acolhido a todos no amor reconciliador de Cristo, a Igreja enaltece a árvore da vida, que floriu e deu fruto, restituindo o paraíso à humanidade. É o ritoo da glorificação e adoração da Cruz, seguido do ósculo.

Finalmente, ela se atreve a comer do fruto da árvore, o Pão vivo descido do céu, a sagrada Comunhão como prolongamento da Missa da Ceia do Senhor.

Neste dia não há rito de bênção e envio. Cada participante é convidado a permanecer com Maria junto ao sepulcro, meditando a Paixão e Morte do Senhor até que, após a solene Vigília em que espera a ressurreição, se entregue às alegrias da Páscoa, que transbordarão por cinqüenta dias.
Na Liturgia das Horas e na piedade popular tem início a comemoração da Sepultura do Senhor. Temos o Descendimento da Cruz, seguido da Procissão do Senhor morto, na esperança da ressurreição. Na Liturgia das Horas, merece especial atenção a leitura patrística, em que se narra o enternecedor diálogo entre Cristo, que desceu à mansão dos mortos, e Adão.

Clima de silêncio

Já ao amanhecer da Sexta-feira Santa, sentimos um clima de silêncio, ajudando-nos ao recolhimento. Não são necessárias muitas palavras, pois as Sagradas Escrituras vão nos revelando o sentido da Paixão de nosso Senhor: O Cristo crucificado é, pois, o verdadeiro Cordeiro pascal; "ele é a nossa Páscoa Imolada" (1Cor 5,7). “... Levado à perfeição, tornou-se para todos os que lhe obedecem princípio de salvação eterna” (Hb 5,5-9). O Senhor, portanto, fazendo-se em tudo solidário com os irmãos... passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos, pois, confiantemente do trono da graça para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio oportuno (Hb 2,17; 4,15-16).

“Na Celebração da paixão de Cristo celebramos também a paixão da humanidade, na certeza de que em Cristo renascemos para a vida”.

Leituras (para meditar): 
1ªlt.:Is 52, 13-53, 12; Sl 30; 2ª lt.:Hb 4, 14-16; 5, 7-9; Ev: Jo 18, 1-19, 42

quinta-feira, 24 de março de 2016

Quinta Feira Santa: "A celebração da Ceia do Senhor"


Tríduo Pascal

“O tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, possui o seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as Vésperas do Domingo da Ressurreição. É o ápice do ano litúrgico porque celebra a Morte e Ressurreição do Senhor, “quando realizou a obra da redenção humana da perfeita glorificação de Deus pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida” (NALC, n.19; NALC, n.18; Guia liturgico Pastoral, 11).

Quinta Feira Santa: "A celebração da Ceia do Senhor"

“Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz também vós o façais”

Esse é um momento em que podemos reviver os gestos do Senhor Jesus no último encontro com os Apóstolos, quando ofereceu o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão e do vinho, instituindo, assim, a Eucaristia, memorial da nova aliança. Nós, portanto, só participamos autenticamente deste memorial, quando procuramos também fazer o memorial do nosso sacrifício, isto é, repartindo o nosso pão especialmente com os mais necessitados, evitando fazer discriminação de pessoas, promovendo a unidade e servindo a comunidade etc.

Na liturgia do “lava-pés” Jesus nos dá um exemplo, dizendo: “Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais de Mestre e de Senhor e dizeis bem, pois eu o sou. Se, portanto, eu, o Mestre e o Senhor vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz também vós o façais” (Jo 13,12-15).

Leituras (para meditar): 
1ª lt.: Ex 12,1-8.11-14; SI 115; 2ª lt.: 1Cor 11, 23-26; Ev: Jo 13, 1-15.

Pela Manhã celebra-se nas Igrejas Catedrais a Missa do Crisma. Nesta celebração “realiza-se a bênção e a consagração dos óleos para a celebração dos Sacramentos pelo Povo de Deus animado pelo Espírito Santo”.

quarta-feira, 23 de março de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 7



Viver a pobreza é para Francisco identidade e autenticidade de vida

Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

Um aspecto que precisamos dar destaque é a dimensão da Pobreza na caminha penitencial. A vocação de Francisco em assumir e casar com o Projeto de Vida, a Senhora Dama Pobreza, é abraçar a Pobreza e os pobres. Vimos nos relatos citados no início de nossas colocações que ele revestiu das vestes de um mendigo e se pôs a mendigar. É uma investidura, isto é, um sentir-se bem num outro jeito de ser, estar e viver. A vida e as escolhas da vida devem ser o que nos revestem.

Esposar-se com a Pobreza vai transformar-se em Regra de Vida: “Os irmãos não se apropriem de nada, nem de casa, nem de lugar, nem de coisa alguma. E como peregrinos e forasteiros neste mundo, servindo ao Senhor em pobreza e humildade, peçam esmola com confiança, e não devem envergonhar-se, porque o Senhor se fez pobre por nós neste mundo. Esta é aquela sublimidade da altíssima pobreza que vos constituiu, meus irmãos caríssimos, herdeiros e reis do reino dos céus, vos fez pobres de coisas, vos elevou em virtudes. Seja esta a vossa porção que conduz à terra dos vivos. Aderindo totalmente a ela, irmãos diletíssimos, nenhuma outra coisa jamais queirais ter debaixo do céu em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. E onde estão e onde quer que se encontrarem os irmãos, mostrem-se mutuamente familiares entre si. E com confiança um manifeste ao outro a sua necessidade, porque, se a mãe nutre e ama a seu filho carnal, quanto mais diligentemente não deve cada um amar e nutrir a seu irmão espiritual? E se algum deles cair enfermo, os outros irmãos devem servi-lo como gostariam de ser servidos” (Rb VI).

Viver a pobreza é para Francisco identidade e autenticidade de vida. É não ter nada por possuir um único tesouro. Amar a pobreza é amar os pobres e amar o irmão e a irmã, e amar a todos com um amor incondicional. Assim diz a Regra não Bulada: “Todos os irmãos se esforcem para seguir a humildade e a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo e recordem-se de que nenhuma outra coisa nos convém ter de todo o mundo, a não ser, como diz o Apóstolo, tendo os alimentos e com que nos cobrirmos com estas coisas estejamos contentes. E devem alegrar-se, quando conviverem entre pessoas insignificantes e desprezadas, entre os pobres, fracos, enfermos, leprosos e os que mendigam pela rua. E quando for necessário, vão pedir esmola” (RnB 9, 1-3).

Imagem: Alegoria do casamento de Francisco com a Dama Pobreza, de Giotto

Continua...

Fonte:   http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

segunda-feira, 21 de março de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 6



Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

Não podemos esquecer que Francisco fez sempre um caminho da conversão. Dividir generosamente o tempo, bens, esmolas, moedas, pedaços de roupas, faz parte de gestos penitenciais de eliminação de excessos. Precisa-se descobrir o que se tem demais e ir se desfazendo aos poucos. Conversão não é castigo, mas caminho de transformação através do despojamento. Passar para uma vida que leve às sendas do Evangelho não se dá sem renúncias. Os aspectos pontuais dos valores eclesiais que Paulo VI proclama ao declarar o Ano Santo de 1975 são muito parecidos com os de Francisco de Assis. 

Há uma correspondência entre a busca da unidade interior e exterior, a compreensão dos valores evangélicos e eclesiais; a fidelidade ao magistério, mesmo que a eclesiologia não corresponda à busca dos leigos pela vivência real da Palavra, e para ter em mãos a Sagrada Escritura. Francisco não contesta, mas se relaciona dentro da catolicidade. Ir em peregrinação traz para Francisco a força missionária e peregrina da Porciúncula (imagem acima), mais tarde abraçada por uma imensa basílica Papal.

Todo peregrino em seu processo de desapropriação e desprendimento faz um mergulho para dentro da Pobreza, que é uma resposta à vocação evangélica e consequentemente uma vocação eclesial. A peregrinação desperta para uma mais profunda comunhão com a Igreja. Isto faz com que seu Carisma vá se delineando como fraternidade, como família espiritual em comunhão com a eclesialidade. Os textos em questão mostram, de um modo muito simples, a prece, o apostolado, a essência, a identificação com uma espiritualidade que encontra inspiração e origem na Igreja Primitiva.

Numa peregrinação uma vocação pode iluminar-se. É uma visita “ad limina”, uma luz maior em meio as sombras e muitas interrogações. Um novo modo de ir e um novo modo de voltar, como vimos no relato acima mencionado da Legenda dos Três Companheiros: “Tomou suas próprias vestes, voltou a Assis pedindo devotamente ao Senhor que guiasse em seu caminho” (LTC 3,10). 

A peregrinação junto aos Santos Apóstolos exerce em Francisco uma missão de mediação e de purificação da sua escolha por uma vida evangélica, desprezar a glória do mundo e fazer passo a passo o caminho sublime da perfeição evangélica. Este conceito se faz presente numa narração mais tardia, a Liber de laudibus beati Francisci, de Bernardo de Brescia, que através de um conteúdo revelador, passa para a Ordem Franciscana, um amor muito particular ao modo de ser da Igreja dos Atos dos Apóstolos e da itinerância.

Continua...

Fonte:   http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

sábado, 19 de março de 2016

São José: aquele que guarda os mistérios de Deus



Solenidade de São José, Esposo da Virgem Maria

2Sm 7, 4-5.12-14.16;
Rm 4, 13.16-18.22;
Mt 1, 16.18-21.24

Não conseguimos, mesmo com toda iluminação do alto, penetrar nos amoráveis e santos desígnios do Pai. Estamos acostumados demais com as afirmações da fé e nem sempre conseguimos conservar o espirito de encantamento e de surpresa diante da obra do Senhor. Penso aqui na encarnação do Verbo.

Desde toda a eternidade esse Deus Uno e Trino projetou ser o Emanuel, o Deus conosco. Por seus insondáveis desígnios, por um amor sem outro igual, quis ser companheiro da caminhada dos homens que havia criado à sua imagem e semelhante e para os quais imaginara a comunhão eterna no seio da Trindade, numa ventura amorosa sem comparação a nada.

Nos seus desígnios o Senhor busca uma mulher. Pede o assentimento de Maria que estava prometida em casamento a José. Comunica-lhe que a força do Alto a cobrirá com sua sombra e ela será a Mãe da Esperança de Israel. A menina de Nazaré não compreende claramente o que lhe é proposto, mas aceita. Começa a se dar conta de que o Poderoso faz nela maravilhas.

Num determinado momento do tempo do noivado Deus, em sonhos, faz com que José vislumbre o inusitado que acontece com Maria. Então ele, acolhe aquela que já está grávida do mistério de Deus. E a partir desse momento ele, esse José, da descendência de Davi, será o guardião dos mistérios de Deus. Será efetivamente o esposo de Maria. Estará perto dela quando o menino cresce em idade, graça e sabedoria diante de Deus e dos homens. Leva-os para o Egito. Contempla com seus olhos esse que é prometido e o desejado das colinas eternas.

Terminamos estas reflexões sobre o mistério de José com um texto de Karl Rahner sobre São José: “Temos um padroeiro que nos convém admiravelmente. Convém a todos nós. José não é o padroeiro dos pobres, dos trabalhadores, dos exilados; modelo da oração e da santa disciplina do coração; modelo dos pais de família porque através de seus filho quem lhe foi confiado foi o Filho do Pai eterno? Os moribundos também se consideram seus protegidos, por esse que fica à sua cabeceira, ele que conheceu a morte e a aceitou. 

Nossos antepassados fizeram bem ao se colocarem sob a proteção de São José. Seremos nós dignos desta tradição que nos foi transmitida? Que fizemos para conservar e intensificar esse como que parentesco, ao mesmo tempo desejado e secreto que existe entre o povo de Deus e seu intercessor celeste? São José está bem vivo e bem perto de nós pela comunhão do santos.

Temos que afastar de nossa mente essa ideia de que os santos ficariam como que anestesiados na ofuscante luz eterna de Deus na qual penetraram ou submersos numa torrente que os tornam presentes lá nos séculos passados. Deus não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos, do que longe de viver de maneira neutra sua vida eterna, conservam de sua existência terrena a substância profunda que os define para sempre e que os integrou para sempre na fonte real da vida, precisamente ali onde se alimenta essa vida dos séculos a virem. Desta maneira haveremos de conceber a maneira como São José vive.

 Ele é nosso padroeiro. Somente poderemos experimentar os benefícios de sua proteção, evidentemente alimentados pela graça divina, se tivermos o cuidado de abrir nosso coração e nossa vida ao seu espírito e à força silenciosa de sua intercessão”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

sexta-feira, 18 de março de 2016

Santo franciscano do dia - 18/03 - São Salvador de Horta



Religioso da Primeira Ordem (1520-1567). Canonizado por Pio XI em 17 de abril de 1938. 


Este santo é realmente uma figura ímpar, um santo muito pobre, humilde, quase analfabeto, desprezado e até perseguido antes de ser reconhecido como o “grande taumaturgo do século XVI.”

Nascido na Espanha, em Santa Colomba de Farnés, perto de Gerona, em dezembro de 1520, de uma família pobre, pobre continuou ao longo de sua vida. Ele ficou órfão quando era adolescente, deixou sua terra natal para procurar trabalho em Barcelona, ??onde aprendeu sapataria e poderia se sustentar e também ajudar no sustento de sua irmã mais nova, Blasia. Uma vez casada, Salvador finalmente foi capaz de seguir sua vocação religiosa. De Barcelona foi para a Abadia de Montserrat, onde foi recebido pelos beneditinos, que esperavam tê-lo como um dos seus convertidos, mas a vocação de Salvador foi de extrema pobreza e humildade, por isso não vestiu o hábito beneditino, mas retornou a Barcelona e tomou o hábito franciscano.

Em 03 de maio de 1551 foi recebido no convento de Barcelona, ??onde ele rapidamente chamou a atenção dos religiosos para a sua grande piedade. A ele foram confiados os trabalhos mais simples e cansativos. Ao redor deste irmão humilde do convento, os milagres começaram a aparecer cada vez mais numerosos e barulhentos. Logo se viu diante da falta de compreensão de seus confrades e da hostilidade religiosa de seus superiores. Pensavam que o irmão estava endemoniado. Foi isolado e para liberar o demônio exorcizado. Mas os milagres continuaram e desconcertante caso foi levado para a Inquisição, que não se pronunciou. Ao contrário, o povo foi mais lúcido para reconhecer o sopro de santidade. Em torno do irmão desprezado se juntou uma multidão de carentes, doentes, aflitos, entre os quais se multiplicaram os feitos prodigiosos. Para removê-lo da curiosidade popular, Salvador foi transferido de convento para convento. Ele sempre manteve a calma em sua longa e humilhante peregrinação, feliz com seu trabalho e sua fervorosa oração.

De Tortosa foi enviado para Bellpuig, portanto há doze anos Horta, portanto, com outro nome, tinha a intenção de Reus, onde espera a perseguição ainda mais, um movimento adicional à Barcelona, ??casa da Inquisição. Uma vez que a Espanha não foi suficiente para esconder os seus milagres, com base na necessidade de irmãos na Sardenha, que então dependia da coroa espanhola, foi enviado para a ilha, o mosteiro de Santa Maria de Jesus, na temporada passada um calvário doloroso, onde para finalmente encontrei um verdadeiro paraíso de paz, nos últimos dezoito meses de sua vida. Ele morreu aos 47 anos no Cagliari, em 18 de março de 1567. Seu túmulo tornou-se famoso por seus milagres. A santidade que não foram capazes de reconhecer seus irmãos, sempre foi reconhecido pelo povo de Deus em todos os lugares onde ele foi enviado Frei Salvador. Seu corpo é venerado na igreja de Santa Rosália.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Franciscanos do dia - 17/03 - Mártires da Irlanda


Bem-aventurados O’Devany Connor († 1612), Bispo e John Kearney (1619-1653), sacerdote da Primeira Ordem, Mártires da Irlanda. 

Bem-aventurados O’Devany Connor, Bispo de Primeira Ordem, nascido em Rapphoe, Condado de Donegal, na sua juventude, tornou-se franciscano em 1550. Em 1582, o Papa Gregório XIII o consagrou Bispo de Down y Connor, na igreja de Santa Maria dell’Anima, em Roma, em 13 de maio. Em 1588 ele foi preso e passou vários anos na prisão. Liberado, ele continuou seu ministério, ignorando as dificuldades crescentes. Preso junto com P. Patrik O’Loughran, foram julgados em conjunto. Foram enforcados em 1º de fevereiro de 1612. Beatificado por João Paulo II em um grupo de 17 mártires irlandeses.

Beato John Kearney, sacerdote da Primeira Ordem, nascido em Cashel em 1619, filho de John e Elizabeth Creagh Nee. Killkenny tornou-se franciscano, estudou seis anos em Louvain, em Bruxelas, ordenou em 1642. Em 1644, ao voltar para a Irlanda, foi preso, torturado e condenado à morte. Ele escapou e voltou para a Irlanda através de Calais. Ele se dedicou ao ensino e à pregação. Preso na primavera de 1653, no processo em Clonmel, a acusação era que ele exerceu o ministério sacerdotal contra a lei. Enforcado em 21 de março de 1653. Beatificado por São João Paulo II em um grupo de 17 mártires irlandeses.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

quarta-feira, 16 de março de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 5



Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

De uma primeira leitura destes textos podemos pensar que não haja uma correspondência de fundo com o Ano Santo da Misericórdia. Porém, conseguimos ver neles os valores proclamados no Ano Santo. 

Vejamos alguns detalhes: Francisco, na sua juventude e mesmo já no maduro caminho de sua vida, ele é um peregrino. A Legenda dos Três Companheiros diz: “Ele andou não muitos dias depois disto a Roma (LTC 3,10) e em 2Cel: "Por isto, uma vez, tendo andado a Roma em peregrinação”; e na LM 1,6: “Tendo pois, naquele tempo, visitado com grande devoção a Igreja de São Pedro, em Roma”. Se olharmos bem os textos maiores que citamos acima, vemos as características bem nítidas da peregrinação: veneração da memória apostólica, estar numa basílica, fazer ofertas, dar esmolas, emoções interiores, impulsos, entusiasmo e testemunho evidente. 

A ligação com a Cátedra de Pedro está implícita na peregrinação medieval e na veneração dos túmulos dos apóstolos. É um senso de pertença, de unidade, de comunhão com a Igreja de Roma, é a Romaria; mesmo que a eclesiologia da época não empolgasse muito, pois estava mais preocupada com reinos e reis, Cruzadas e poder. Mas se há unidade com a Igreja a eclesiologia tem que mudar. 

 Esta atitude de Francisco de ir à Roma tem uma relação de contraste com os Movimentos Penitenciais de então. Alguns ao lado da Cúria Romana, outros nem tanto; pois havia uma contestação dos movimentos considerados heréticos, que eram anticlericais e anti-eclesiais na sua rebeldia e na oposição. Francisco vai à Roma e não abre mão da Igreja.

Não podemos esquecer os elementos fortes de uma piedade popular que estava na peregrinação: a grande devoção e religiosidade, a prece constante, o silêncio contemplativo e as vestes despojadas. Em Francisco podemos considerar peregrinação o seu projeto de chegar um dia a Santiago de Compostella, ao Monte Gargano, e à Terra Santa.

Continua...

Fonte:   http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

terça-feira, 15 de março de 2016

Franciscano do dia - 15/03 - Bem-aventurado Andrés Carlos Ferrari



Cardeal Arcebispo de Milão, da Terceira Ordem (1850-1921). Beatificado por São João Paulo II no dia 10 de maio de 1987. 


Andrés Ferrari nasceu em Lalatta, diocese de Parma, no dia 13 de agosto de 1850. De pais humildades, frequentou o seminário, ordenou-se padre a 19 de dezembro de 1873.

Como pároco, teve especial cuidado com a juventude. Pouco tempo esteve à frente do trabalho paroquial, pois foi nomeado professor e reitor do seminário de Parma. Distinguindo-se por sua piedade, doutrina e direção de almas, Leão XIII nomeou-o Bispo de Gustalla, no dia 23 de Junho de 1890, não contando ainda 40 anos de idade. Foi tal o seu proceder à frente da pequena diocese que o mesmo Sumo Pontífice resolveu transferi-lo para outra maior e mais importante, a de Como.

Nos anos em que permaneceu nessa diocese, percorreu-a de lés a lés, visitando todas as freguesias, por menores e remotas que fossem. Empenhou-se sobremaneira na formação do clero e desenvolvimento da Ação católica. No consistório de 18 de maio de 1894, Leão XIII, que estimava o Bispo de Como, inclui-o no número de Cardeais, e três anos depois confiou-lhe o governo da Arquidiocese de Milão.

No dia em que foi nomeado Arcebispo dessa cidade, o Servo de Deus acrescentou o nome de Carlos ao de André, que recebera no batismo, para honrar S. Carlos Borromeu, Pastor imortal e glória da igreja milanesa. O que ele fez neste novo campo de apostolado, é-nos referido por São João Paulo II na homilia que proferiu no dia da beatificação do Cardeal, a 10 de maio de 1987; «Cristo foi a “porta” da santidade para o cardeal André Carlos Ferrari que, depois de ter sido Bispo de Guastalla e de Como, dirigiu por cerca de 27 anos a Arquidiocese de Milão, seguindo com fervor apaixonado as pegadas dos grandes predecessores, Ambrósio e Carlos.

Sustentado por fé robusta e zelo iluminado, ele soube indicar com tino seguro o caminho a percorrer entre novas e difíceis realidades emergentes no contexto religioso e social do seu tempo. Soube ver os problemas pastorais, que as circunstâncias históricas apresentavam, com o olhar do Bom Pastor, indicando os modos para os enfrentar e resolver.

Visitou quatro vezes a vasta arquidiocese ambrosiana, indo às localidades mais distantes e inacessíveis, mesmo a cavalo e a pé, onde deste tempo imemoriável não se tinha visto um Bispo. Por esta razão, ante a sua pastoral incansável, alguns diziam: “S. Carlos voltou”. A solicitude do Pastor foi expressa também na promoção de formas novas de assistência, adequadas às mudanças dos tempos e aos jovens abandonados, os trabalhadores e os pobres”.

O bem-aventurado André Carlos Ferrari faleceu em Milão, no dia 2 de Fevereiro de 1921. Amou a São Francisco e o franciscanismo, apreciou a carismática figura de P. Lino Maupas, e animou o Padre Agustín Gemelli na fundação da Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão. Tornou-se terceiro franciscano no dia 30 de junho de 1876 e um ano depois fez a sua profissão. Em 1965 foram exumados seus restos e se encontravam ainda intactos.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sábado, 12 de março de 2016

Santo franciscano do dia - 12/03 - São Luís Orione



Sacerdote da Terceira Ordem Franciscana (1872-1940). Fundador da Pequena Obra da Providência. 

Orione é um dos maiores e mais conhecidos dos apóstolos da caridade do nosso tempo, que nos deu um luminoso testemunho de amor a Cristo e aos irmãos, mediante uma profunda fidelidade e devoção à Santa Igreja de Roma e ao Papa.

Nascido em Pontecurone, em 23 de junho de 1872, de uma família muito pobre, mas de uma fé viva, grande honestidade e assíduo trabalho.

Muito cedo sentiu o impulso para a vocação sacerdotal e religiosa. Passou seis meses com os frades franciscanos de Voghera; porém, o Senhor, não lhe reservava a vocação de frade franciscano. Amava a São Francisco e seu ideal de pobreza evangélica. Em toda a sua vida procurou viver seus exemplos e a espiritualidade franciscana. Ingressou na Ordem Terceira.

Durante três anos foi aluno entusiasta de São João Bosco, estando com ele na hora de sua morte. Também o Senhor não o queria salesiano. No seminário diocesano de Tortona preparou-se para o sacerdócio. Aos vinte anos encontrou-se com um jovem expulso da catequese por indisciplina e daquele encontro nasceu sua congregação: a Pequena Obra da Divina Providência. Desta surgiu o ramo feminino com o nome de Pequenas Missionárias da Caridade.

Em 1903, Dom Orione recebeu a aprovação canônica aos “Filhos da Divina Providência”, Congregação Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família da Pequena Obra da Divina Providência. A Congregação e toda a Família Religiosa propunham-se a “trabalhar para levar os pequenos os pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de caridade”.

Dom Orione teve atuação heroica no socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908) e da Marsica (1915). Por decisão do Papa São Pio X, foi nomeado Vigário Geral da Diocese de Messina por 3 anos. Vinte anos depois da fundação dos “Filhos da Divina Providência”, em 1915, surgiu como novo ramo a Congregação das “Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade”, Religiosas movidas pelo mesmo carisma fundacional.

O zelo missionário de Dom Orione cedo se manifestou com o envio de missionários ao Brasil em 1913 e, em seguida, à Argentina, ao Uruguai e diversos países espalhados pelo mundo. Dom Orione esteve pessoalmente como missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai, tendo chegado até ao Chile.

Foi pregador popular, confessor e organizador de peregrinações, de missões populares e de presépios vivos. Grande devoto de Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana e ergueu santuários, entre os quais o de Nossa Senhora da Guarda em Tortona e o de Nossa Senhora de Caravaggio; na construção desses santuários será sempre lembrada a iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no trabalho braçal ao lado dos mais operários civis.

Em 1940, Dom Orione atacado por graves doenças de coração e das vias respiratórias foi enviado para Sanremo. E ali, três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de Março, aos 68 anos, sussurrando suas últimas palavras: “Jesus! Jesus! Estou indo.”

Vinte e cinco anos depois, em 1965, seu corpo foi encontrado incorrupto e depositado numa urna para veneração pública, junto ao Santuário da Guarda, em Sanremo na Itália.

O Papa Pio XII o denominou “pai dos pobres, benfeitor da humanidade sofredora e abandonada” e o Papa São João Paulo II depois de tê-lo declarado beato em 26 de outubro de 1980, finalmente o canonizou em 16 de maio de 2004.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Franciscano do dia - 11/03 - Bem-aventurado João Batista de Fabriano


Sacerdote da Primeira Ordem (1469-1539). Seu culto foi aprovado por Leão XIII no dia 7 de setembro de 1903. 


Nasceu em Fabriano, na nobre família Righi, por volta de 1470, João viveu a espiritualidade cristã no seio da família, num ambiente verdadeiramente medieval.

Professou na Ordem Franciscana e viveu no convento de Forano; mais tarde, para alcançar maior perfeição, fez-se eremita numa gruta chamada «La Romita», em Massaccio. Viveu na penitência e na austeridade, rezando, lendo os Padres da Igreja e entregando-se às pessoas com quem contatava.

Morreu em 1539 e está sepultado na igreja franciscana de São Tiago della Romita em Ancona, onde é venerado.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

terça-feira, 8 de março de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 4


Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

Continuemos lendo os relatos de Tomás de Celano e de São Boaventura: “Ama os pobres de maneira especial, os sagrados inícios já davam indicações daquilo que ele haveria de ser de maneira perfeita. Despindo-se frequentemente a si mesmo, vestia os pobres, aos quais procurava assemelhar-se, conquanto ainda não pela prática, mas já de todo coração”.

Numa ocasião, ao fazer uma peregrinação a Roma, Francisco depôs as vestes delicadas por amor da pobreza e, coberto com as vestes de um pobre, no átrio diante da igreja de São Pedro, que é um lugar cheio de pobres, sentou-se alegremente entre os pobres e, considerando-se como um deles, come avidamente com eles. Muitas vezes, ele teria feito semelhante coisa, se não tivesse sido impedido pela vergonha dos conhecidos. Quando se aproximou do altar do príncipe dos apóstolos, admirando-se de que aí os visitantes faziam tão módicas ofertas, lança dinheiro com a mão cheia no lugar, indicando que deve ser mais especialmente honrado por todos aquele que Deus honrou mais do que os outros” (2Cel 8). “Também a suavidade da compaixão brotara para o servo do Senhor com tanta profusão e plenitude da fonte da misericórdia que ele parecia ter vísceras maternas para aliviar a miséria das pessoas miseráveis, visto que tinha também uma clemência congênita que a compaixão de Cristo, infundida copiosamente sobre ele, duplicava. E assim seu espírito se liquefazia para com os enfermos e pobres, e aos que não podia oferecer a mão, oferecia o afeto; pelo fato de que referia a Cristo, com doçura de piedosa compaixão, tudo o que via de penúria, tudo o que via de necessidade em alguém. E ao ver em todos os pobres a imagem de Cristo, dava generosamente aos que vinham ao seu encontro não só as coisas necessárias à vida, que por acaso também lhe haviam sido dadas, mas também julgava que deviam ser-lhes restituídas, como se fossem próprias deles. Não poupava coisa alguma, nem capas nem túnicas, nem livros nem mesmo paramentos do altar sem dar, enquanto podia, tudo isto aos necessitados, desejando, para cumprir o ofício da perfeita compaixão, desgastar-se até a si próprio” (Lm 7).

Leiamos o belo relato de I Fioretti: “O maravilhoso servo e seguidor de Cristo, isto é, São Francisco, para se conformar perfeitamente com Cristo em todas as coisas, o qual, segundo diz o Evangelho, mandou os discípulos dois a dois a todas aquelas cidades e regiões aonde devia ir; depois que, a exemplo de Cristo, reunira doze companheiros, os enviou pelo mundo a pregar dois a dois. E, para lhes dar o exemplo da verdadeira obediência, começou ele primeiramente a fazer do que a ensinar (...) Tomando Frei Masseu por seu companheiro, seguiu para a província da França. E chegando um dia, com muita fome, a uma cidade, andaram, segundo a Regra, mendigando pão pelo amor de Deus; e São Francisco foi por uma parte, e Frei Masseu por outra. Mas, por ser São Francisco um homem muito desprezível e pequeno de corpo e por isso reputado um vil pobrezinho por quem não o conhecia, só recolheu algumas côdeas e pedacinhos de pão seco. Mas Frei Masseu, pelo fato de ser um homem alto e cheio de corpo, deram muitos e bons pedaços grandes de pães inteiros. Acabada a mendigação, reuniram-se fora da cidade para comer em um lugar onde havia uma bela fonte e junto uma bela pedra larga, sobre a qual cada um colocou as esmolas recebidas. E vendo São Francisco que os pedaços de Frei Masseu eram em maior número e mais belos e maiores que os dele, mostrou grande alegria e disse assim: “Ó Frei Masseu, não somos dignos deste grande tesouro”. E, repetindo estas palavras várias vezes, respondeu-lhe Frei Masseu: “Pai, como se pode chamar de tesouro, onde há tanta pobreza e falta de coisas que necessitamos? Aqui não há toalha, nem faca, nem garfo, nem prato, nem casa, nem mesa, nem criada, nem criado”. Então, disse São Francisco: "Isto é o que considero grande tesouro, porque não há coisa nenhuma feita por indústria humana, mas o que aqui existe é feito pela Providência divina, como se vê manifestadamente pelo pão mendigado, pela mesa de pedra tão bela e pela fonte tão clara: por isso quero que peçamos a Deus que o tesouro da santa pobreza tão nobre, o qual  tem Deus para servir, seja amado de todo coração”. E ditas estas palavras e rezada a oração e tomada a refeição corporal com aqueles pedaços de pão e aquela água, levantaram-se para ir à França (...). E feito isso disse São Francisco: “Companheiro caríssimo, vamos a São Pedro e São Paulo, e roguemos-lhe que nos ensinem e nos ajudem a possuir o desmesurado tesouro da santíssima pobreza” (I Fioretti 13).

"Francisco e Masseu na fonte", ilustração do livro de J.M. Dent & Sons Ltd, publicado em 1919, em Londres.

Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/frequentemente a si mesmo, vestia os pobres, aos quais procurava assemelhar-se, conquanto ainda não pela prática, mas já de todo coração”.

Numa ocasião, ao fazer uma peregrinação a Roma, Francisco depôs as vestes delicadas por amor da pobreza e, coberto com as vestes de um pobre, no átrio diante da igreja de São Pedro, que é um lugar cheio de pobres, sentou-se alegremente entre os pobres e, considerando-se como um deles, come avidamente com eles. Muitas vezes, ele teria feito semelhante coisa, se não tivesse sido impedido pela vergonha dos conhecidos. Quando se aproximou do altar do príncipe dos apóstolos, admirando-se de que aí os visitantes faziam tão módicas ofertas, lança dinheiro com a mão cheia no lugar, indicando que deve ser mais especialmente honrado por todos aquele que Deus honrou mais do que os outros” (2Cel 8). “Também a suavidade da compaixão brotara para o servo do Senhor com tanta profusão e plenitude da fonte da misericórdia que ele parecia ter vísceras maternas para aliviar a miséria das pessoas miseráveis, visto que tinha também uma clemência congênita que a compaixão de Cristo, infundida copiosamente sobre ele, duplicava. E assim seu espírito se liquefazia para com os enfermos e pobres, e aos que não podia oferecer a mão, oferecia o afeto; pelo fato de que referia a Cristo, com doçura de piedosa compaixão, tudo o que via de penúria, tudo o que via de necessidade em alguém. E ao ver em todos os pobres a imagem de Cristo, dava generosamente aos que vinham ao seu encontro não só as coisas necessárias à vida, que por acaso também lhe haviam sido dadas, mas também julgava que deviam ser-lhes restituídas, como se fossem próprias deles. Não poupava coisa alguma, nem capas nem túnicas, nem livros nem mesmo paramentos do altar sem dar, enquanto podia, tudo isto aos necessitados, desejando, para cumprir o ofício da perfeita compaixão, desgastar-se até a si próprio” (Lm 7).

Leiamos o belo relato de I Fioretti: “O maravilhoso servo e seguidor de Cristo, isto é, São Francisco, para se conformar perfeitamente com Cristo em todas as coisas, o qual, segundo diz o Evangelho, mandou os discípulos dois a dois a todas aquelas cidades e regiões aonde devia ir; depois que, a exemplo de Cristo, reunira doze companheiros, os enviou pelo mundo a pregar dois a dois. E, para lhes dar o exemplo da verdadeira obediência, começou ele primeiramente a fazer do que a ensinar (...) Tomando Frei Masseu por seu companheiro, seguiu para a província da França. E chegando um dia, com muita fome, a uma cidade, andaram, segundo a Regra, mendigando pão pelo amor de Deus; e São Francisco foi por uma parte, e Frei Masseu por outra. Mas, por ser São Francisco um homem muito desprezível e pequeno de corpo e por isso reputado um vil pobrezinho por quem não o conhecia, só recolheu algumas côdeas e pedacinhos de pão seco. Mas Frei Masseu, pelo fato de ser um homem alto e cheio de corpo, deram muitos e bons pedaços grandes de pães inteiros. Acabada a mendigação, reuniram-se fora da cidade para comer em um lugar onde havia uma bela fonte e junto uma bela pedra larga, sobre a qual cada um colocou as esmolas recebidas. E vendo São Francisco que os pedaços de Frei Masseu eram em maior número e mais belos e maiores que os dele, mostrou grande alegria e disse assim: “Ó Frei Masseu, não somos dignos deste grande tesouro”. E, repetindo estas palavras várias vezes, respondeu-lhe Frei Masseu: “Pai, como se pode chamar de tesouro, onde há tanta pobreza e falta de coisas que necessitamos? Aqui não há toalha, nem faca, nem garfo, nem prato, nem casa, nem mesa, nem criada, nem criado”. Então, disse São Francisco: "Isto é o que considero grande tesouro, porque não há coisa nenhuma feita por indústria humana, mas o que aqui existe é feito pela Providência divina, como se vê manifestadamente pelo pão mendigado, pela mesa de pedra tão bela e pela fonte tão clara: por isso quero que peçamos a Deus que o tesouro da santa pobreza tão nobre, o qual  tem Deus para servir, seja amado de todo coração”. E ditas estas palavras e rezada a oração e tomada a refeição corporal com aqueles pedaços de pão e aquela água, levantaram-se para ir à França (...). E feito isso disse São Francisco: “Companheiro caríssimo, vamos a São Pedro e São Paulo, e roguemos-lhe que nos ensinem e nos ajudem a possuir o desmesurado tesouro da santíssima pobreza” (I Fioretti 13).

"Francisco e Masseu na fonte", ilustração do livro de J.M. Dent & Sons Ltd, publicado em 1919, em Londres.

Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

sexta-feira, 4 de março de 2016

Reflexão desta sexta - Encontros de Jesus



A adúltera, uma mulher sem importância

Ao longo deste ano vamos tentar fazer algumas meditações em torno de encontros de Jesus nos evangelhos. Neles manifesta-se o grande do amor do Coração do Senhor. Começamos com o episódio da mulher de Samaria. No mês de janeiro refletimos sobre o episódio da mulher de Samaria e, em fevereiro, misericórdia do amor de Deus manifestada na vida de um homem chamado Zaqueu. 

Estamos vivendo o Ano da Misericórdia. Toda primeira sexta-feira é ocasião de comtemplar a misericórdia do Senhor Jesus manifestada no lado aberto em seu peito. Um coração que amou até o fim! O episódio da pecadora que estava para ser apedrejada pode servir para nossa meditação daquilo que é o essencial do cristianismo: casa e espaço de misericórdia.

Texto evangélico
Por aquela ocasião Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada voltou de novo ao templo. Todo o povo se reuniu à volta dele. Sentando-se começou a ensiná-los. Nesse ínterim, os mestres da lei trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, disseram a Jesus: “Mestre esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés, na lei, mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu os olhos e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. E tornando-se a inclinar-se, continuou a escrever no chão. E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho com a mulher que estava lá, no meio do povo. Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles. Ninguém te condenou?” Ela respondeu; “Ninguém, Senhor”. “Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais”. (João 8, 1-11)

Jesus costumava passar a noite no Monte das Oliveiras. Lá se encontrava mais uma vez. De manhãzinha volta ao Templo. Imediatamente numerosos judeus se reúnem em volta dele. À maneira dos mestres da época, Jesus se senta num canto no pátio do Templo e começa a ensinar. Certamente falava das coisas relativas a esse mundo novo e belo que ele designava de reino de Deus, proposto às pessoas que tivessem um coração simples e pobre. Sem dúvida andava falando da misericórdia e da boa acolhida a ser dada às pessoas. Quem sabe, nesta manhã, não havia ele contado a maravilhosa parábola do filho pródigo?

Seus ouvintes prestavam atenção em suas palavras. Nada se ouvia, a não ser o rumor das palavras. De repente, a calma foi quebrada com um grupo barulhento que chegava. Fariseus e escribas traziam uma mulher surpreendida em adultério e como que a lançaram perto de Jesus. Depois de instantes de estupor o silêncio se restabelece. Um daqueles que haviam chegado no grupo dirigiu-se a Jesus: “Moisés, na lei, mandou apedrejar tais mulheres. O que dizes?” Falavam assim, segundo João, “para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar”. Não queriam questionar o rigor do castigo e sua terrível aplicação. A mulher não contava. Não davam importância à sua pessoa. Era uma mulher sem importância. Nas mãos daqueles falsos justos ela era mero pretexto para acusar Jesus. Os motivos a levavam a se prostituir, seus sentimentos, suas reações contavam pouco. E lá estava ela no meio de pessoas hostis, tremendo de vergonha e de medo, já imaginando morrer de morte atroz e horrenda.

Num primeiro momento Jesus não dirige o olhar para a pecadora, mas começa a escrever na terra. Acontece um silêncio pesado. Os discípulos, certamente, se perguntavam como Jesus se livraria da armadilha. Se apoiasse o apedrejamento estaria em oposição à sua pregação sobre a misericórdia. Se impedisse o ato estaria contra a lei de Moisés, e assim, mesmo contra Deus.

Cessando de escrever, Jesus se ergue e diz: “Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. Volta, então, a curvar-se e continua a escrever na terra. Outro silêncio, mas não o mesmo. Agora, o silêncio daqueles que se interrogam e fazem uma viagem em seu interior. Esses “justiceiros” são homens como os outros, homens comuns e pecadores, cheios de falhas e de faltas. Quem ousaria afirmar que nunca tivesse pecado? Se alguém ousasse dizer impecável, certamente ouviria a voz de alguém provando o contrário.

A pergunta de Jesus fez com que eles passassem do papel de acusadores a acusados. Jesus interessa-se pela mulher ainda jogada no chão e pelos seus acusadores. O Mestre sai vencedor da armadilha que lhe havia sido estendida. Esses homens reconheceram sua verdade e, a partir dos mais velhos, foram saindo um após o outro. Seriam os mais idosos, os mais lúcidos ou os muitos anos vividos havia acumulado mais e mais pecados?

Jesus fica sozinho com a mulher. Levanta-se e, pela primeira vez dirige-se a ela, olhos nos olhos. Desde o começo da cena ela estava no coração de seu pensamento e no coração de seu coração. Jesus teve a preocupação de não humilhá-la diante dos outros. Agora o olhar do Mestre lhe devolve a dignidade, recria-a.

 Bem provavelmente é sorrindo que lhe diz: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” E ela respondeu: “Ninguém, Senhor?” E Jesus: “Eu também não te condeno. Podes ir e de agora em diante não peques mais”.

Eu não te condeno. Não vim para condenar, mas para salvar. Vim revelar ao pecador que, apesar de sua falta, ele é amado por Deus. Vim para dizer que o amor é maior do que a falta e o abismo provocado pela falta. Não te condeno. A partir de agora, no entanto, não peques mais. Fizeste hoje a experiência do amor de Deus para contigo. Que não venhas a trair esse amor.

Nesta manhã, uma mulher nova deixava o pátio do Templo. Naquela manhã para ela o ar estava menos pesado. Ela não era mais a mesma. Toda sua experiência de mulher estava orientada agora para outros caminhos. Depois de ter encontrado Jesus voltou para seu marido com um coração novo, reconciliado. Será que ela conseguiu se fazer junto dele testemunha do perdão possível e de uma vida no amor e na fidelidade?

François Montfort, Rencontres avec le Christ – Fêtes et Saisons, n. 312, p. 9

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

quinta-feira, 3 de março de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 3


Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

Vejamos algumas aproximações bem afinadas do Ano Santo com a nossa espiritualidade. Para o modo franciscano, o Ano Santo deve ser um chamado às aproximações, ao estar junto, ao “em saída”, ao ir junto, estar junto, a itinerância de peregrinos e forasteiros que nos remete à intimidade da realidade. São Francisco fez duas visitas à Basílica de São Pedro, em Roma.  Uma quando era bastante jovem e procurava soluções para as suas crises interiores; outra, já convertido mas não deixando nunca o processo de conversão, queria deixar mais clara ainda a sua escolha pelo Evangelho.

Vamos reler a Legenda dos Três Companheiros: “Transformado assim pela graça divina, embora ainda estivesse no hábito secular, desejava estar em outra cidade onde, como desconhecido, pudesse despir-se de suas próprias roupas e vestir-se com as vestimentas de algum pobre, recebidas em troca, e fazer a experiência de pedir esmolas por amor de Deus. Naquela época, aconteceu que, por motivo de peregrinação, chegou a Roma. E, entrando na igreja de São Pedro, considerou como eram pequenas as ofertas de alguns e disse consigo mesmo: "Como o príncipe dos apóstolos deve ser magnificamente honrado, porque esses fazem ofertas tão pequeninas na igreja onde o corpo dele repousa?” E assim, com grande fervor, colocou a sua mão na bolsa e tirou-a cheia de moedas e, lançando-as pela janela do altar, fez tanto barulho que todos os presentes ficaram admirados com tão magnífica oferta.

Saindo, porém, para diante da porta da igreja, onde estavam presentes muitos pobres para pedir esmolas, sigilosamente recebeu em troca as roupas de um homem  pobrezinho e, depondo as suas, as vestiu. E, postando-se nos degraus da igreja com os outros pobres, pedia esmola em francês, porque de bom grado falava a língua francesa, embora não a soubesse falar corretamente.

Mas depois, despindo-se das ditas roupas e retomando as suas, retornou para Assis e começou a rezar ao Senhor para que dirigisse seu caminho. A ninguém revelava o seu segredo e, neste ponto, não se servia do conselho de ninguém, a não ser somente do de Deus, que começara a dirigir seu caminho e, de vez em quando, do conselho do bispo de Asssis, porque naquele tempo não se encontrava em ninguém a verdadeira pobreza que ele desejava acima de todas as coisas deste mundo, querendo nela viver e morrer”  Legenda dos Três Companheiros 3,10 )

São duas posturas que este relato nos propõe. Uma postura ir e fazer uma ressonante oferta na convicção de que para Deus se dá o melhor e o máximo; para o Apóstolo e sua Basílica dar o muito como reconhecimento e restituição. A outra postura é vestir a roupa do pobre não para chamar a atenção, como um autêntico ritual de investidura para assumir o espírito da misericórdia e da prodigalidade, vestir-se da humildade e da simplicidade para renunciar todas as pompas possíveis, saber pedir e saber oferecer.

Imagem: Estátua de São Francisco na praça em frente à Basílica de São João Latrão

Continua...

Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/