sábado, 30 de julho de 2016

Franciscano do dia - 30/07 - Bem-aventurado Antônio Lucci

Bispo de Bovino, da Primeira Ordem (1682-1752). Beatificado por João Paulo II no dia 18 de junho de 1989. 

Angelo Nicolau Lucci nasceu em Agnone, Molise, Itália, a 2 de Agosto de 1682. Entrou na Ordem dos Frades Menores Conventuais em 1698, distinguindo-se pelo estudo e pelo ensino da Teologia que inspirou sempre a generosa busca da sua perfeição, o exercício cheio de zelo do seu ministério apostólico e a colaboração humildemente oferecida à Sé Apostólica.

Eleito bispo de Bovino, nas Apúlias, demonstrou ser, no decurso de 24 anos, autêntico pai e pastor dos fiéis da diocese, não medindo esforços para confirmar seu povo na fé e na vida cristã e para socorrer os numerosos pobres do seu povo que amava com evangélica opção preferencial. Morreu em Bovino, a 25 de Julho de 1752. Tinha 70 anos. Foi inscrito no Álbum dos Bem-aventurados pelo Papa João Paulo II, a 18 de Junho de 1989.


ORAÇÃO - Ó Deus que cumulastes o bispo Bem-aventurado Antônio Mucci com o espírito de sabedoria e caridade, a fim de confirmar o vosso povo na fé e socorre-lo com imenso amor nas necessidades, concedei-nos, por sua intercessão, perseveramos na fé e na caridade, para que sejamos dignos de participar da glória celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Especial - Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula: Jubileu do 8º centenário do Perdão de Assis


O testemunho das Fontes Franciscanas


Diversos textos, das assim chamadas “Fontes Franciscanas”, falam do sentido e do valor que este lugar passou a ter na vida de São Francisco, e posteriormente considerado “cabeça e mãe dos Frades Menores”.



Legenda Perusina, cap. 8

• “Vendo o bem-aventurado Francisco que o Senhor queria aumentar o número de seus frades, disse-lhes um dia: ‘Caríssimos irmãos e meus filhinhos, vejo que o Senhor quer fazer crescer a nossa família. Parece-me que seria prudente e próprio de religiosos irmos pedir ao Senhor Bispo ou aos cônegos de S. Rufino ou ao abade do mosteiro de São Bento uma igreja pequena e pobre onde os frades posssam recitar as horas e, ao lado, uma casa pequena e pobre, de barro e de vimes, onde os frades possam descansar e fazer o que lhes for necessário.O lugar que agora habitamos já não é conveniente e a casa é exígua demais para nos abrigar, visto que aprouve ao Senhor multiplicar-nos. Foi então apresentar ao bispo o seu pedido, que lhe respondeu assim: “Irmão, não tenho igreja para vos dar”. Dirigiu-se em seguida aos cônegos de S. Rufino. Estes deram-lhe a mesma resposta. Foi dali ao mosteiro de São Bento do Monte Subásio. Falou ao abade como fizera ao bispo e aos cônegos, relatando-lhe a resposta que deles obtivera. O abade compadecido, depois de se aconselhar com os seus monges, resolveu com eles, como foi da vontade de Deus, entregar ao bem-aventurado Francisco e seus frades a igreja de Santa Maria da Porciúncula, a mais pobre que eles possuiam. Para o bem-aventurado Francisco era tudo quanto de há muito desejava. …



Não cabia em si de contente, com o benefício recebido: porque a igreja era dedicada à Mãe de Cristo; porque era muito pobre; e também pelo nome que era conhecida. Era com efeito chamada de Porciúncula, presságio seguro de que viria a ser cabeça e mãe dos pobres frades menores. O nome de Porciúncula tinha sido dado a esta igreja por ter sido construída numa porção acanhada de terreno que de há muito assim era chamada”



T.Celano, Vida I, cap. 9,21

• “Depois que o santo de Deus trocou de hábito e acabou de reparar a Igreja de São Damião, mudou-se para outro lugar próximo da cidade de Assis, … chamado Porciúncula, onde havia uma antiga igreja de Nossa Senhora Mãe de Deus, mas estava abandonada e nesse tempo não era cuidada por ninguém. Quando o santo de Deus a viu tão arruinada, entristeceu-se porque tinha grande devoção para com a Mãe de toda bondade, e passou a morar ali habitualmente. No tempo em que a reformou, estava no terceiro ano de sua conversão”



Espelho da Perfeição, cap. 83

• “Embora o Seráfico Pai soubesse que o reino dos céus é estabelecido em todos os lugares da terra… sabia, no entanto, por experiência, que Santa Maria dos Anjos havia sido contemplada com bençãos especiais… Por isso recomendava sempre os frades: ‘Meus filhos, tende cuidado de jamais abandonar este lugar. Se vos expulsarem por uma porta, entrai pela outra. Este lugar é sagrado, morada de Cristo e da Virgem Maria, sua bendita Mãe. Aqui, quando éramos apenas um pequeno número, o bom Deus nos multiplicou. Aqui ele iluminou a alma destes pequeninos com a luz de sua sabedoria, abrasou a nossa alma com o fogo de seu amor”



Espelho da Perfeição, cap. 84

• “Neste tempo nasceu a Ordem dos Frades Menores, multidão de homens que, então, começou a seguir o exemplo do Seráfico Pai. Clara, esposa de Cristo, recebeu nesta igreja a tonsura, despojando-se das pompas do mundo para seguir a Cristo. Aqui, para Cristo, a Santa Virgem Maria gerou os frades e as Pobres Damas, e, por meio deles, deu Cristo ao mundo. Aqui, estrada larga do mundo antigo tornou-se estreita e a coragem dos que foram chamados tornou-se maior. Aqui foi composta a Regra, a santa pobreza foi reabilitada, a vaidade humilhada e a cruz alçada às alturas. Se algumas vezes o Seráfico Pai sentiu-se conturbado e aflito, neste lugar reanimou-se, o seu espírito recuperou a paz interior. Aqui desaparece toda a dúvida. Por fim, aqui se concede aos homens tudo que o pai pediu por eles”.

Franciscano do dia - 29/07 - Bem-aventurado Nevolone de Faenza


Penitente da Terceira Ordem (1200-1280). Aprovou seu culto Pio VII no dia 4 de junho de 1817. 

A Ordem Terceira foi fundada por São Francisco para os leigos que não podiam ou não queriam renunciar à sua condição no mundo, e queriam seguir a Regra franciscana e “o segredo da santidade”, e semear em todos os estratos da população os ideais de pobreza, castidade e obediência.

Para dar uma ideia da vitalidade do movimento franciscano é o suficiente para mencionar os nomes dos terceiros, como Bem-aventurados Luquésio, São Luís, rei da França, Santa Isabel, da Turíngia, o rei de Castela São Fernando, Santa Rosa de Viterbo, São Ivo da Bretanha, Santa Margarida de Cortona, a Beata Humiliana de Cerchi, o Beato Contardo Ferrini e também figuras pitorescas como Pedro Pettinaio e Bartolo Bompedoni. A Estes nomes são adicionados o curioso e simpático Novelón ou Nevolone, terceiro franciscano de Faenza.

Filho de artesãos, o também artesão Nevolone de Faenza exercia o ofício de sapateiro em sua juventude e viveu uma vida que os biógrafos definem como “desordenada”, mas talvez fosse apenas negligente, uma vida gasta a trabalhar para ganhar tanto quanto possível para continuar a usufruir dos prazeres do mundo: um bom vinho, boa comida, mulheres bonitas e muita diversão.

Uma doença grave levou este sapateiro despreocupado a se unir à Terceira Ordem Franciscana e não foi um gesto meramente simbólico. De fato, sem sair de seu escritório, mudou o seu modo de vida e tornou-se caridoso, incansável penitente e rigorosamente pobre.

Muitas vezes peregrinou a pé descalço, apesar de sua profissão de sapateiro, e converteu sua esposa, antes companheira de suas aventuras. Acima de tudo trabalhava fazendo sapatos e mais sapatos, agora não mais para ganhar dinheiro, mas para dar tudo aos pobres, até ficar na pobreza extrema. Ao ficar sozinho, viveu como eremita pobre e devoto.

Onze vezes foi em peregrinação a Santiago de Compostela. Caridade, oração e penitência foram a síntese de sua vida. Ele morreu por volta de meia-noite de 27 de julho de 1280 com 80 anos. Seu corpo foi levado com grande pompa à catedral de São Pedro de Faenza e foi enterrado em um túmulo de mármore. Numerosos milagres o fizeram conhecido em todo o mundo. Tal era a afluência de peregrinos ao seu túmulo, que, para manter a ordem era necessário colocar guardas em 1282. Os faentinos o veneram com o culto público, que foi aprovado pelo Papa Pio VII em 4 de junho de 1817.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Franciscana do dia - 28/07 - Santa Afonsa da Imaculada Conceição




Virgem da Terceira Ordem Regular (1910-1946). Clarissa Terceira de São Francisco de Malabar. Beatificada em Kottayam, Índia, por São João Paulo II no dia 8 de fevereiro de 1986.

Annakutty (diminutivo de Ana) Muttathupadathu nasceu em uma aldeia de Kudamalur, na Índia, a 19 de agosto de 1910. Seu batismo foi feito no rito católico siro-malabar.
Foi ela a última de cinco filhos, em uma família cristã de origem nobre. Tendo ficado órfã de mãe aos três meses de idade, foi criada por uma tia materna, recebendo a educação de um tio sacerdote. A avó materna a iniciou na fé, incutindo-lhe o amor pela oração já na primeira infância, pois com a idade de 5 anos já conduzia aos orações noturnas em sua casa, costume do rito oriental ao qual a família pertencia. Aos sete anos recebeu a Primeira Eucaristia, e gostava de comentar com as amigas: “sabem por que estou tão feliz hoje? É porque tenho Jesus no coração”.

A irmã de sua falecida mãe, que a criava, insistia com ela para que se casasse aos 13 anos com um notário (na Índia eram — e continuam sendo — muito comuns os casamentos programados por familiares sem que os nubentes participem da decisão). Porém seu coração já estava entregue a Deus: queria tornar-se religiosa. Chegou a pôr o pé sobre brasas incandescentes (queimando-se gravemente) ao concluir que tornando-se parcialmente desfigurada o nenhum homem se interessaria por ela. O incidente teve o resultado esperado: sua tia desistiu da intenção de casá-la.

Ajudada pelo Pe. James Muricken, que a introduziu na espiritualidade franciscana, ingressou Annakutty no noviciado das religiosas clarissas em 1927, e em 1936 fez a profissão perpétua, tendo por nome religioso Afonsa da Imaculada Conceição (alusão a Santo Afonso Maria de Ligório cuja festividade se comemorava no dia).

Sua constituição orgânica frágil levou-a a passar por muitos sofrimentos físicos, os quais enfrentava com resignação. Um dos calvários pelos quais passou foi o desejo de suas superioras para que ela voltasse para casa, já que sua delicada saúde era considerada um obstáculo para a vida religiosa, mas com a ajuda celeste esse problema foi superado.

A despeito de suas limitações físicas, a penitência era-lhe motivo de admiração: “para cada pequena falta pedirei perdão ao Senhor e a expiarei com uma penitência; sejam quais forem os meus sofrimentos, não me lamentarei jamais, e quando tiver de enfrentar qualquer humilhação procurarei refúgio no Sagrado Coração de Jesus”, registrou Afonsa em seus escritos. A pequena via de Santa Teresinha do Menino Jesus foi o caminho que seguiu, porém em meio a grandes sofrimentos orgânicos que se abateram sobre sua frágil saúde.
Faleceu em 28 de julho de 1946 em Bharananganam (Kerala), no convento das clarissas, pronunciando os nomes de Jesus, Maria e José. Foi ela beatificada por João Paulo II em 8 de fevereiro de 1986 e canonizada por Bento XVI em 12 de outubro de 2008. No momento da canonização, ocorrida no Vaticano, numerosos cristãos, hindus e muçulmanos reuniram-se junto a seu túmulo em Bharananganam.

A sepultura da beata Alfonsa, em Bharananganam, perto de Kottayam, recebe a visita de numerosíssimos fiéis durante o ano.

O primeiro santo da Índia – recorda a CBCI – é o jesuíta Gonzalo García, nascido em Vasai, perto de Bombaim. Foi canonizado em 1862. Morreu mártir em Nagasaki (Japão) em 1597, com São Paulo Miki e outros companheiros.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Especial - Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula: o perdão de Assis


Apresentação

Jubileu do Perdão de Assis

No calendário litúrgico franciscano, o dia 2 de agosto é dedicado à celebração da Festa de Nossa Senhora dos Anjos, popularmente conhecida como “Porciúncula”. Na introdução do texto litúrgico do missal e da liturgia das horas, se diz o seguinte:

“O Seráfico Pai Francisco, por singular devoção à Santíssima Virgem, consagrou especial afeição à capela de Nossa Senhora dos Anjos ou da Porciúncula. Aí deu início à Ordem dos Frades Menores e preparou a fundação das Clarissas; e aí completou felizmente o curso de seus dias sobre a terra. Foi aí também que o Santo Pai alcançou a célebre Indulgência , que os Sumos Pontífices confirmaram e estenderam a outras muitas igrejas. Para celebrar tantos e tão grandes favores ali recebidos de Deus, instituiu-se também esta Festa Litúrgica, como aniversário da consagração da pequenina ermida”.

Particularmente solenes e festivas, como em todos os anos, serão as celebrações na Basílica Santa Maria dos Anjos, onde os Franciscanos preparam-se para celebrar no próximo dia 2 o Grande Jubileu do Perdão no oitavo centenário (1216-2016) do pedido do Pobre de Assis na Porciúncula, em “feliz e providencial” concomitância com o Jubileu extraordinário da Misericórdia convocado pelo Papa Francisco.

Como parte dessas celebrações, o Papa Francisco visitará a Porciúncula na tarde de 4 de agosto por ocasião do Jubileu do Perdão de Assis.

O Pontífice se fará peregrino de forma simples e privada na Basílica papal de Santa Maria dos Anjos, onde se deterá em oração e oferecerá o dom da sua palavra.

A propósito da Porciúncula, o Santo Padre se expressou recentemente nos seguintes termos: “O caminho espiritual de São Francisco teve início em São Damião, mas o verdadeiro lugar amado, o coração pulsante da Ordem, onde a fundou e onde, por fim, entregou sua vida a Deus, foi a Porciúncula, a ‘pequena porção’, o cantinho junto à Mãe da Igreja; junto a Maria que, por sua fé tão firme e por seu viver tão inteiramente do amor e no amor com o Senhor, todas as gerações a chamarão bem-aventurada.”

Por Frei Régis Daher, OFM

Franciscana do dia - 27/07 - Bem-aventurada Mattia de Nazarei



Virgem religiosa da Segunda Ordem (1236-1320). Aprovou seu culto Clemente XII no dia 27 de julho de 1765. 

Mattia, nascida no ano de 1235 em Matelica, nas Marcas – Itália, pertencia à família nobre De Nazarei. Cresceu rodeada dos amorosos cuidados familiares, que fizeram tudo para prepará-la para um brilhante porvir. Seu pai sonhava para ela um matrimônio digno de sua categoria. Porém, um fato inesperado transtornou todos os seus planos. O exemplo das duas santas irmãs Clara e Inês de Assis também se repetiu em Matelica. Um dia Mattia sem avisar a ninguém, fugiu de casa e foi bater às portas do mosteiro de Santa Maria Madalena das Irmãs Clarissas, pedindo à abadessa que a recebesse entre suas co-irmãs. Esta a fez notar que isto era impossível sem o consentimento de seus pais. Pouco depois, o pai e alguns parentes, irritadíssimos, irromperam no mosteiro decididos a levá-la de novo para casa à força. Porém, tudo foi inútil. O pai foi vencido pela insistência da sua filha, que assim pôde realizar seu sonho de seguir a Cristo pelo caminho da perfeição. Tinha dezoito anos quando começou o noviciado e antes da profissão, distribuiu parte de seus bens aos pobres e parte reservou para urgentes trabalhos de restauração do mosteiro.

Atrás de seu exemplo, outras moças a seguiram pelo caminho da vida evangélica que haviam traçado São Francisco e Santa Clara. Depois de oito anos de vida religiosa foi eleita abadessa unanimemente. Durante quarenta anos Mattia foi a zelosa superiora das Clarissas, iluminada guia espiritual e ao mesmo tempo sagaz administradora. Possuía as qualidades aparentemente contraditórias de uma grande mística e de uma sábia organizadora. Confiando na divina Providência, com ofertas da população e de sua família, reconstruiu desde os fundamentos da igreja até o mosteiro.

A vida interior da Beata Mattia se modelou sobre a Paixão do Senhor. Por muitos anos todas as sextas-feiras sofreu dores e numerosos arroubamentos. Foi uma mulher de governo que as virtudes contemplativas unia às virtudes práticas. Manteve-se também em contato com o mundo, sabendo dizer uma palavra de consolo, ajuda e exortação aos muitos que ajudava na medida das possibilidades e ainda a indigentes e pobres. Um menino estava a ponto de morrer como conseqüência de uma queda. A mãe, desesperada, o levou à Beata Mattia que, depois de rezar o tocou com a mão e o restituiu são e salvo à sua mãe. E se contam dela muitos outros prodígios.

Em 28 de dezembro de 1320, depois de ter exortado e abençoado pela última vez a suas queridas coirmãs, morreu serenamente aos 85 anos, deixando atrás de si uma doce recordação, que logo se transformaria em culto, o qual confirmaria Clemente XIII, ao beatificá-la em 27 de julho de 1765.

Milagre recente – cura de câncer

Em 1987 constatou-se a cura milagrosa de um farmacêutico e doutor napolitano, Alfonso de D’Anna. O diagnóstico do Instituto Pascal de Nápoles, confirmado pelo Instituto Nacional de Tumores de Milão, era carcinoma, um tumor maligno. Em 6 de março de 1987 tinha que iniciar o tratamento de quimioterapia, porém a Beata Mattia apareceu em sonhos à senhora Rita Santoro, da ordem Franciscana Secular e Ministra da Fraternidade de Santa Maria Francisca de Nápoles. A senhora Rita então não conhecia o Dr. D’Anna, porém, a Beata Mattia lhe proporcionou informações detalhadas, para que pudesse identificá-lo. A senhora Rita tinha que dar-lhe uma de suas relíquias e o azeite bento de sua lâmpada, que arde sempre em seu convento, e que as clarissas oferecem aos fiéis em pequenos frascos.

Em 7 de março de 1987, o Dr. Alfonso D’Anna dirigiu-se à sua farmácia, para retomar o trabalho. As revisões periódicas estiveram precedidas, muitas vezes, por um forte odor de jasmim, como havia predito o sonho, e confirmaram a incrível e completa cura do Dr. D’Anna.

A última revisão, um TAC realizado no hospital Cardarelli de Nápoles, confirmou a perfeita ventilação de seus pulmões e a ausência de lesões tumorais.

Toda a documentação foi posta à disposição das autoridades eclesiásticas, a fim de proceder a canonização da Beata Mattia.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Santa Clara de Assis : Uma espiritualidade evangélica.


"Por meio de devotos pregadores, Clara cuidava de alimentar as filhas com a Palavra de Deus e não ficava com a parte pior" (LegCl 37).

Francisco jamais foi um "ouvinte surdo da Palavra" (2Cel 22); por sua vez, "Clara gostava muito de ouvir a Palavra de Deus" (ProcC 10, 8), vive-a, "espelha-se" nela, deixa-se transformar por ela e a reflete sobre as Irmãs e sobre o mundo, consciente de que esta é a missão própria das Damas pobres (cf. TestCl 21).

Francisco e Clara são criadores de uma espiritualidade construída a partir da escuta e da imediata obediência à Palavra. Desarmados, deixam-se surpreender por esta Palavra; deixam-se "desestabilizar" para iniciar caminhos sempre novos, sem saber, como Abraão, para onde levarão (cf. Hb 11,8).

Deixam-se atrair (ad trahere), plasmar pela Palavra para se conformarem a suas exigências, sem se deixar distrair (dis-trahere) por nada; finalmente tornam-se eles próprios palavra viva e profética para o mundo em que vivem.

Um dos sinais mais evidentes destes anos pós-conciliares é certamente a redescoberta da centralidade da Palavra de Deus para uma experiência espiritual que queira chamar-se de cristã. A Igreja exorta-nos continuamente a entrar nesta riqueza e nos convida a formar-nos e a renovar-nos nesta fonte de água viva. "O primado da santidade e da oração não é concebível senão a partir de uma renovada escuta da Palavra de Deus" (João Paulo II, Novo Millennio Ineunte, 39).

Os fiéis leigos, sobretudo os movimentos jovens, as novas comunidades religiosas nascidas nos últimos anos, puseram como estrutura básica de sua vida espiritual a escuta e o confronto com a Palavra de Deus. Para nós deveria ser uma volta às nossas origens: "nutrido" com esta Palavra, o coração tornar-se-ia uma "fornalha ardente" como o de Frei Junípero, e nossas palavras readquiririam uma força "incendiária".

A Palavra de Deus provoca sempre uma reestruturação espiritual pessoal: obriga-nos a rever nossos hábitos, nossos esquemas; cria uma dinâmica de busca e de adesão que muda nosso estilo de vida no Espírito, como aconteceu com Francisco e Clara. Talvez por isso, com freqüência, em nossos ambientes é possível notar uma certa resistência e, assim, continuamos na rotina, sepultura de todo o entusiasmo. 

Tememos que Deus exija demais, tudo! Tememos perder certas estruturas "de segurança" também quando são empecilho à nossa caminhada contemplativa. Amamos mais a conservação que a contemplação! Continuamos a confiar nos meios mais tradicionais, mais imediatos, sem nos perguntarmos se tais meios têm necessidade de um novo espírito. Este é um campo em que a ajuda recíproca entre irmãos e irmãs poderia devolver força e entusiasmo à nossa vida e, sobretudo, reavivar o desejo de busca e de adesão ao Senhor, que só uma profunda espiritualidade bíblica pode oferecer. Acolher, conceber, guardar, gerar a Palavra, a exemplo da Virgem Maria, são elementos indispensáveis para uma vida consagrada vivida em profundidade e autenticidade.

( Clara de Assis, um hino de louvor - Frei Giacomo Bini, ofm)

Franciscano do dia - 26/07 - Bem-aventurado Arcanjo de Calatafino

Sacerdote, ermitão da Primeira Ordem (1390-1470). Aprovou seu culto Gregório XVI no dia 9 de setembro de 1836. 

Arcanjo nasceu em Calatafimi, na província de Trapani, na Sicília, no extremo oeste da ilha, em torno de 1390. Nesta pitoresca cidade de origem árabe, nasceu na nobre família Piacentini, ou Piacenza e ainda era muito jovem quando, deixando a casa da família foi criado em uma caverna nas montanhas. Permaneceu escondido durante algum tempo em solidão, mas depois a fama das suas virtudes e sua austeridade cada vez mais atraíram muitas pessoas do bairro ao seu abrigo, ansiosas para conhecê-lo e consultá-lo.

Para recuperar a solidão, Arcanjo deixou aquele lugar e foi para Alcamo, onde novamente se refugiou em um só eremitério. Mas não pôde fugir por muito tempo dos habitantes da região. Estes foram mais hábeis para cercar seu ermitão devoto e atraí-lo para sua cidade: pediram a ele para que dirigisse um hospital em Alcamo, que estava abandonado e que cidade sentia muito a sua necessidade.

Assim, Arcanjo foi pressionado entre sua vocação de eremita e o dever da caridade. E é claro que ele não podia recusar. Colocou-se no trabalho organizando o hospital para que tudo corresse bem, com total respeito ao dever da caridade para os necessitados. Quando o hospital começou a ir bem, Arcanjo retornou à sua solidão predileta, entrou em uma nova caverna. Desta vez, o fez sair fora da caverna um decreto do Papa Martinho V, no qual eram suprimidos os eremitérios da Sicília.

Arcanjo, obediente, deixou sua caverna novamente, mas não retornou para o mundo. Ele foi para Palermo, onde moravam os Frades Menores e aí recebeu o hábito da pobreza nas mãos do Beato Mateus de Agrigento. Depois do noviciado, foi enviado para Alcamo, onde fundou um convento franciscano, ao lado do hospital que já havia dirigido.

Para a austeridade com que ele viveu na mais estrita regra franciscana por sua sabedoria e prudência, ele foi ordenado sacerdote. Mais tarde, ele foi eleito Ministro Provincial da Ordem, e se destacou como um administrador e organizador. Mas ele preferiu a pregação nas várias cidades e vilas da Sicília para o governo dos religiosos; por meio da evangelização converteu muitos pecadores.

Ele morreu em Alcamo no dia 10 de abril de 1460 no convento de Santa Maria de Jesus, que ele fundou. Ele tinha 70 anos. Sua memória e o eco de muitos milagres perduraram entre Alcamo e Calafatimi.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Cartas de Santa Clara de Assis.



Carta a Ermentrudes de Bruges

Introdução

A carta a Ermentrudes de Bruges representa um problema maior. Só a conhecemos através dos Annales Minorum de Lucas Wading. Ele, além de não citar a fonte de onde a copiou, diz que encontrou duas cartas de Santa Clara a essa co-irmã, mas apresenta só uma, que tem muitos indícios de ser um resumo das originais. Por isso, os críticos não a aceitam como autêntica. Decidimos incluí-la em nossas Fontes porque os pensamentos são evidentemente clarianos. 
Estaremos usando a sigla CtEr para este trabalho na internet.



Carta a Ermentrudes de Bruges

1. Clara de Assis, humilde serva de Jesus Cristo, deseja saúde e paz a sua querida irmã Ermentrudes. 


2. Soube, irmã querida, que você teve a felicidade de fugir da lama do mundo, pela graça de Deus.

3. Alegro-me por isso e me congratulo com você, como me alegro porque você e suas filhas seguem com valor os caminhos da virtude. 


4. Querida, seja fiel até a morte àquele com quem você se comprometeu, pois é ele que vai coroá-la com o louro da vida. 


5. Nossa fadiga aqui é breve, eterno é o prêmio. Não a iludam os rumores do mundo que passa como sombra. 


6. Não perca a cabeça com as imagens vazias do mundo enganador; tape os ouvidos aos assobios do inferno e, forte, quebre seus assaltos. 


7. Suporte por bem as adversidades e não se deixe exaltar pela prosperidade, porque esta pede fé, mas aquelas a exigem. 


8. Entregue fielmente a Deus o que prometeu, e ele retribuirá. 


9. Querida, olhe para o céu que nos convida, tome a cruz e siga o Cristo que vai à nossa frente. 


10. Na realidade, depois de muitas e variadas tribulações, vamos entrar por meio dele na sua glória. 


11. Ame com todo coração a Deus e a seu filho Jesus, crucificado por nós pecadores, sem permitir que ele saia de sua recordação. 


12. Trate de meditar sempre nos mistérios da cruz e nas dores de sua Mãe que estava ao pé da cruz. 


13. Ore e vigie sempre. 


14. Complete apaixonadamente a obra que você começou bem e dê conta do serviço que você assumiu na santa pobreza e na humildade sincera. 


15. Não se assuste, filha. Deus, fiel em todas as suas palavras e santo em todas as suas obras, vai derramar sua bênção sobre você e suas filhas. 


16. Vai ser o seu auxílio e o seu melhor consolador, porque ele é o nosso redentor e a nossa recompensa eterna. 


17. Oremos mutuamente a Deus, pois assim uma carregará o peso da outra e vamos cumprir com facilidade a lei de Cristo. Amém.

Franciscano do dia - 25/07 - Bem-aventurado Pedro de Mogliano

Sacerdote da Primeira Ordem (1442-1490). Aprovou seu culto Clemente XIII no dia 10 de agosto de 1760. 

Pedro nasceu em Mogliano, província de Macerata em 1442. De Mogliano foi para Perugia para estudar na universidade. Aos 25 anos foi persuadido por um pregador franciscano, padre Domingo de Leonissa. Não o seguiu imediatamente, mas depois de madura reflexão, ele também decidiu abraçar a vida de pobreza e o apostolado propostos pelos franciscanos.

Suspendeu sua carreira inicial de advogado, cuja láurea tinha obtido na Universidade de Perugia. Tomou o hábito de São Francisco em 1467 no eremitério de Carceri, dos Frades Menores.

Depois do noviciado e ordenado sacerdote se dedicou com especial atenção à pregação, inicialmente como um companheiro de São Tiago das Marcas por não menos de 20 anos, nos quais sua palavra culta, clara e fervorosa ecoou nas principais cidades da região central da Itália.

O objetivo principal dos franciscanos da época era a pregação popular, em que muitos se destacaram com sucessos estrondosos. Basta pensar em São Bernardino de Sena, São João Capistrano, São Tiago das Marcas, e os beatos Alberto de Sarteano, Mateus Agrigento, Marcos Fantuzzi de Bolonha e muitos outros.

Precisamente com São Tiago, meio século mais velho e chefe de uma verdadeira equipe de pregadores volantes, Pedro de Mogliano foi colaborador e discípulo antes de chegar a pregador e afetuoso diretor de almas.

Nesta ocasião, ele fez amizade com o Senhor de Camerino, Júlio César Varano e sua filha Camilla Varano Batista, clarissa pobre do mosteiro Santa Clara na cidade, a quem Frei Pedro orientou com santos conselhos.

Suas palavras eruditas e persuasivas penetrou nas mentes e tocou os corações mais duros, para induzi-los à conversão. Pregador na ilha de Creta, três vezes ministro provincial dos franciscanos das Marcas, ministro provincial uma vez em Roma, teve uma vida rica de satisfações humanas, bem como a alegria espiritual. Um dia esteve a ponto de morrer sufocado em meio a uma multidão festiva que queria expressar sua simpatia.

Doente em 2 de julho de 1490, morreu na noite entre 24 e 25 do mesmo mês, murmurando os nomes de Jesus e Maria, sereno e feliz, com o sorriso que acompanha na terra e no céu os passos dos justos. A primeira biografia e mais célebre dele foi escrita pela Beata Camilla Batista Varano, a mais preciosa glória espiritual de Camerino. Ela enfatiza a serenidade do Beato ao estar próximo da morte, que o levou após uma doença muito dolorosa, que ele suportou com paciência e alegria, enquanto um colega seu exclamou: “Pai Pedro, tu morres rindo!”.

domingo, 24 de julho de 2016

Cartas de Santa Clara de Assis



Carta 4 a Inês de Praga

 Introdução

Não há nenhuma dúvida de que esta é a última carta. Clara já tem junto de si Inês de Assis, que voltou de Monticelli no início de 1253. E se despede "até o trono da glória!". Nesta carta, além de chegar ao ponto mais alto em todas as suas propostas de espiritualidade e de contemplação, Clara toca o extremo de seu carinho por Inês de Praga, com expressões surpreendentes e muito originais. Para citar a Segunda Carta a Inês de Praga, vamos usar a sigla 4 CtIn seguida pelos números de 1 a 40, que são os parágrafos da carta.



Carta 4 a Inês de Praga

1. À outra metade da minha alma, singular sacrário do meu cordial amor, à ilustre rainha, esposa do Cordeiro, Rei eterno, dona Inês, minha caríssima mãe e filha, especial entre todas as outras,

2. eu, Clara, serva indigna de Cristo e inútil servidora das suas servas que vivem no mosteiro de São Damião em Assis,

3. desejo saúde e que possa cantar o cântico novo diante do trono de Deus e do Cordeiro, juntamente com as outras santas virgens, e seguir o Cordeiro onde quer que ele vá (Ap 14,3-4).

4. Ó mãe e filha, esposa (cfr. Mt 12,50; 2Cor 11,2) do Rei de todos os séculos, embora não tenha escrito mais vezes, como a minha alma e a sua igualmente desejam e de certa forma até necessitariam, não estranhe

5. nem pense que o fogo do amor está ardendo menos no coração de sua mãe.

6. A dificuldade é esta: faltam portadores e o perigo nas estradas é conhecido.

7. Mas agora, podendo escrever à minha querida, alegro-me e exulto com você, ó esposa de Cristo, na alegria do espírito (cfr. 1Ts 1,6).

8. Pois, como Inês, a outra virgem santa, você desposou de modo maravilhoso o Cordeiro imaculado (1Pd 1,19) que tira o pecado do mundo (Jo 1,29), deixando todas as vaidades desta terra.

9. Feliz, decerto, é você, que pode participar desse banquete sagrado para unir-se com todas as fibras do coração àquele

10. cuja beleza todos os batalhões bem-aventurados dos céus admiram sem cessar,

11. cuja afeição apaixona, cuja contemplação restaura, cuja bondade nos sacia,

12. cuja suavidade preenche, cuja lembrança ilumina suavemente,

13. cujo perfume dará vida aos mortos, cuja visão gloriosa tornará felizes todos os cidadãos da celeste Jerusalém,

14. pois é o esplendor da glória (Hb 1,3) eterna, o brilho da luz perpétua e o espelho sem mancha (Sb 7,26).

15. Olhe dentro desse espelho todos os dias, ó rainha, esposa de Jesus Cristo, e espelhe nele, sem cessar, o seu rosto,

16. para enfeitar-se toda, interior e exteriormente, vestida ecingida de variedade (Sl 44,10),

17. ornada também com as flores e roupas das virtudes todas, ó filha e esposa caríssima do sumo Rei.

18. Pois nesse espelho resplandecem a bem-aventurada pobreza, a santa humildade e a inefável caridade, como, nele inteiro, você vai poder contemplar com a graça de Deus.

19. Preste atenção no princípio do espelho: a pobreza daquele que, envolto em panos, foi posto no presépio (cfr. Lc 2,12)!

20. Admirável humildade, estupenda pobreza!

21. O Rei dos anjos, o Senhor do céu e da terra (cfr. Mt 11,25) repousa numa manjedoura.

22. No meio do espelho, considere a humildade, ou pelo menos a bem-aventurada pobreza, as fadigas sem conta e as penas que suportou pela redenção do gênero humano.

23. E, no fim desse mesmo espelho, contemple a caridade inefável com que quis padecer no lenho da cruz e nela morrer a morte mais vergonhosa.

24. Assim, posto no lenho na cruz, o próprio espelho advertia quem passava para o que deviam considerar:

25. ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há outra dor igual à minha (Lm 1,12).

26. Respondamos a uma voz, num só espírito, ao que clama e grita: Vou me lembrar para sempre e minha alma vai desfalecer em mim (Lam 3,20).

27. Tomara que você se inflame cada vez mais no ardor dessa caridade, ó rainha do Rei celeste!

28. Além disso, contemplando suas indizíveis delícias, riquezas e honras perpétuas,

29. proclame, suspirando com tamanho desejo do coração e tanto amor:

30. Arrasta-me atrás de ti! Corramos no odor dos teus bálsamos (Ct 1,3), ó esposo celeste!

31. Vou correr sem desfalecer, até me introduzires na tua adega (Ct 2,4),

32. até que tua esquerda esteja sob a minha cabeça, sua direita me abrace (Ct 2,6) toda feliz, e me dês o beijo mais feliz de tua boca (Ct 1,1).

33. Posta nessa contemplação, lembre-se de sua mãe pobrezinha,

34. sabendo que eu gravei sua feliz recordação de maneira indelével nas tábuas do meu coração (cfr. Pr 3,3; 2Cor 3,3)porque você, para mim, é a mais querida de todas.

35. Que mais? No amor por você, cale-se a língua de carne, fale a língua do espírito.

36. Filha bendita, como a língua do corpo não pode expressar melhor o afeto que tenho por você,

37. peço que aceite com bondade e devoção isto que eu escrevi pela metade, olhando ao menos o carinho materno que me faz arder de caridade todos os dias por você e suas filhas.

38. Minhas filhas também, de modo especial a virgem prudentíssima Inês, minha irmã, recomendam-se no Senhor, quanto podem, a você e suas filhas.

39. Adeus, filha querida, a você e a suas filhas, até o trono de glória do grande Deus (cfr. Tt 2,13). Rezem por nós (cfr. 1Ts 5,25).

40. Pela presente, recomendo quanto posso à sua caridade os portadores desta carta, nossos caríssimos Frei Amado, querido por Deus e pelos homens (cfr. Sir 45,1), e Frei Bonagura. Amém.

Franciscanos do dia - 24/07 - Bem-aventurada Luísa de Sabóia e Bem-aventurado Modestino de Jesus e Maria



Bem-aventurada Luísa de Sabóia

Viúva, religiosa da Segunda Ordem (1462-1503). Aprovou seu culto Gregório XVI no dia 12 de agosto de 1839 

“Em 24 de julho, em Orbe, na Sabóia, a beata Luísa, viúva, da ordem segunda de S. Francisco (clarissa). Se ilustre era pela nobreza de linhagem, mais ilustre se tornou pela santidade de vida. Seu culto foi confirmado pelo sumo pontífice Gregório XVI (do martirológio franciscano). Efetivamente Ludovica (ou Luísa, em português) nasceu em 28-12-1462, filha do duque Amadeu IX de Sabóia e Iolanda de França. Em 1479 casou-se com Hugo de Châlon-Arlay, senhor de Château-Guyon.

Toda a sua vida, desde a juventude, na corte e depois como esposa, foi sempre marcada por uma grande austeridade e uma profunda piedade. Mas em 1490, com 11anos de casada, ficou viúva. Passados dois anos, retirou-se para o mosteiro das clarrissas de Orbe (Vaud) doando à Igreja do mosteiro todos os seus bens. No claustro atingiu rapidamente o vértice das virtudes cristãs, decorrendo a sua vida na prática do exercício da oração, do silêncio e da pobreza mais austera, conforme a regra de Santa Clara. A irmã morte a alcançou no dia 24 de julho de 1503 nesse mosteiro.

Recordamos esta beata porque a sua família veio a reinar no Piemonte e Sardenha e foi exatamente com a sua família que se deu a unificação da Itália em 1870. Aliás a família da casa de Sabóia sempre foi muito dedicada à Igreja, e entre as mulheres sempre houve grandes santas, algumas a caminho dos altares.

O famoso sudário de Turim também pertenceu à casa de Sabóia que governou a Itália até o final da segunda guerra mundial, quando foi proclamada a república. O último rei da Itália, ao morrer, deixou o sudário de Turim para a Santa Sé.



   
Bem-aventurado Modestino de Jesus e Maria


Sacerdote da Primeira Ordem (1802-1854). Beatificado por São João Paulo II em janeiro de 1995.

A Ordem Franciscana também celebra neste dia a memória do bem-aventurado Modestino de Jesus, sacerdote professo da Ordem dos Frades Menores Alcantarinos.  Ele sempre foi um homem de vida humilde e piedosa. Grande devoto da Virgem no ministério sacerdotal destacou-se pelo seu zelo na pregação e pela celebração do sacramento da reconciliação, bem como na prestação de serviços aos pobres e doentes. Morreu vítima da cólera, que contraiu  ao atender às vítimas da epidemia.

Modestino nasceu em Frattamaggiore, Província de Nápoles, diocese de Aversa, no dia 5 de setembro de 1802. Vestiu o hábito franciscano no dia 3 de novembro de 1822, quando ingressou no noviciado do Convento de Santa Lucia do Monte, em Nápoles.

Foi ordenado sacerdote no dia 22 de dezembro de 1827. Faleceu no dia 24 de julho de 1854.

Fonte: “Santos franciscanos para cada dia”, edizioni Porziuncola

sábado, 23 de julho de 2016

Cartas de Santa Clara de Assis.



Carta 3 a Inês de Praga

Introdução

Esta carta deve ser de 1238. Aos 9 de fevereiro de 1237, Gregório IX publicou o decreto "Licet velut ignis", impondo a todos os mosteiros da Ordem de São Damião total abstinência de carne, a exemplo dos cistercienses. A confusão foi grande. Sabendo que em São Damião as normas eram diferentes, Inês pede a orientação de Clara. Mas a Santa parece estar incluindo outro assunto, relacionado com a bula papal "Pia credulitate tenentes", de 15 de abril de 1238, em que Gregório IX tinha aceitado a renúncia de Inês ao hospital de São Francisco para se entregar com suas Irmãs à vida de contemplação. Clara se aprofunda em magníficas considerações sobre a vida de contemplação e de pobreza e sobre sua missão na Igreja. Em todo caso, a carta deve ser anterior ao conhecimento de Clara de que, no dia 11 de maio de 1238, Gregório IX, impôs a Inês a regra hugoliniana. Antes disso, ela observou as normas de São Damião e até pediu uma Regra própria, para a qual queria as orientações de São Francisco sobre o jejum. Para citar a Segunda Carta a Inês de Praga, vamos usar a sigla 3 CtIn seguida pelo números de 1 a 42, que são os parágrafos da carta.

Carta 3 a Inês de Praga

1,2. Clara, humílima e indigna servidora de Cristo e serva das damas pobres, à reverendíssima senhora em Cristo, sua irmã Inês, a mais amável de todos os mortais, irmã do ilustre rei da Boêmia e, agora, irmã e esposa (cfr. Mt 12,50; 2Cor 11,2) do sumo Rei dos céus. Desejo-lhe as alegrias da salvação e o melhor que se possa desejar no autor da salvação (cfr. Hb 2,10).

3. Tenho a maior alegria e transbordo com a maior exultação no Senhor ao saber que está cheia de vigor, em boa situação e obtendo êxitos no caminho iniciado para obter o galardão celeste.

4. Ouvi dizer e estou convencida de que você completa maravilhosamente o que falta em mim e nas outras Irmãs para seguir os passos de Jesus Cristo pobre e humilde.

5. Eu me alegro de verdade, e ninguém vai poder roubar-me esta alegria,

6. porque já alcancei o que desejava abaixo do céu: vejo que você, sustentada por maravilhosa prerrogativa de sabedoria da própria boca de Deus, já suplantou impressionante e inesperadamente as astúcias do esperto inimigo: o orgulho que perde a natureza humana, a vaidade que torna estultos os corações dos homens.

7. Vejo que são a humildade, a força da fé e os braços da pobreza que a levaram a abraçar o tesouro incomparávelescondido no campo do mundo e dos corações humanos, com o qual compra-se (cfr. Mt 13,44) aquele por quem tudofoi feito (cfr. Jo 1,3) do nada.

8. Eu a considero, num bom uso das palavras do Apóstolo, auxiliar do próprio Deus, sustentáculo dos membros vacilantes de seu corpo inefável.

9. Quem vai me dizer, então, para não exultar com tão admiráveis alegrias?

10. Por isso, exulte sempre no Senhor (cfr. Fp 4,4) também você, querida.

11.Não se deixe envolver pela amargura e o desânimo, senhora amada em Cristo, gozo dos anjos e coroa (Fp 4,1) das Irmãs.

12. Ponha a mente no espelho da eternidade, coloque a alma no esplendor da glória (cfr. Heb 1,3).

13.Ponha o coração na figura da substância (cfr. Heb 1,3) divina e transforme-se inteira, pela contemplação, na imagem (cfr. 2Cor 3,18) da divindade.

14. Desse modo também você vai experimentar o que sentem os amigos quando saboreiam a doçura escondida(cfr. Sl 30,20), que o próprio Deus reservou desde o início para os que o amam.

15. Deixe de lado tudo que neste mundo falaz e perturbador prende seus cegos amantes e ame totalmente o que se entregou inteiro por seu amor,

16. aquele cuja beleza o sol e a lua admiram, cujos prêmios são de preciosidade e grandeza sem fim (Sl 144,3).

18. Prenda-se à sua dulcíssima Mãe, que gerou tal Filho queos céus não podiam conter (cfr. 3Re 8,27),

19. mas que ela recolheu no pequeno claustro do seu santo seio e carregou no seu regaço de menina.

20. Quem não tem horror das insídias do inimigo do homem que, pela tentação de glórias passageiras e falazes, tenta aniquilar o que é maior do que o céu?

21. Pois é claro que, pela graça de Deus, a mais digna das criaturas, a alma do homem fiel, é maior do que o céu.

22. Pois os céus, com as outras criaturas, não podem conter(cfr. 2Par 2,6; 3Rs 8,27) o Criador: só a alma fiel é sua mansão e sede. E isso só pela caridade que os ímpios não têm, pois,

23. como diz a Verdade: Quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei (Jo 14,21), e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada (Jo 14,23).

24. Assim como a gloriosa Virgem das virgens o trouxe materialmente,

25. assim também você, seguindo seus passos (cfr. 1Pd 2,21), especialmente os da humildade e pobreza, sem dúvida alguma, poderá trazê-lo espiritualmente em um corpo casto e virginal.

26. Você vai conter quem pode conter você e todas as coisas(cfr. Sb 1,7; Cl 1,17), vai possuir algo que, mesmo comparado com as outras posses passageiras deste mundo, será mais fortemente seu.

27. Nisso enganam-se certos reis e rainhas deste mundo:

28. sua soberba pode chegar ao céu e sua cabeça pode tocar as nuvens mas, no fim, serão reduzidos ao esterco (Jó 20,6-7).

29. Quanto às coisas sobre as quais você pediu a minha opinião,

30. acho que posso responder o seguinte. Você pergunta que festas nosso glorioso pai São Francisco nos aconselhou a celebrar especialmente, pensando, se entendi bem, que é possível variar os pratos.

31. Em sua prudência você certamente saberá que, com exceção das fracas e das doentes, para quem exortou-nos e até mandou usar de toda discrição possível com respeito a qualquer alimento,

32. nenhuma de nós que fosse sadia e forte deveria comer senão alimentos quaresmais, tanto nos dias feriais como nos festivos, jejuando todos os dias,

33. com exceção dos domingos e do Natal do Senhor, em que deveríamos comer duas vezes.

34. Também nas quintas-feiras, em tempo ordinário, fica à vontade de cada uma; quem não quiser não é obrigada a jejuar.

35. Mas nós, sadias, jejuamos todos os dias, exceto nos domingos e no Natal.

36. Mas não somos obrigadas ao jejum, de acordo com um escrito do beato Francisco, por todo o tempo da Páscoa e nas festas de Santa Maria e dos santos Apóstolos, a não ser que essas festas caiam em sexta-feira.

37. Mas, como disse, as que somos sãs e fortes sempre comemos alimentos quaresmais.

38. Entretanto, como não temos carne de bronze nem a robustez de uma rocha (Jó 20,6-7),

39. pois até somos frágeis e inclinadas a toda debilidade corporal,

40. rogo e suplico no Senhor, querida, que deixe, com sabedoria e discrição, essa austeridade exagerada e impossível que eu soube que você empreendeu,

41. para que, vivendo, sua vida seja louvor (cfr. Is 38,19; Sir 17,27)do Senhor, e para que preste a seu Senhor um culto racional (cfr. Rom 12,1) e seu sacrifício seja sempre temperado com sal (Lev 2,13; Col 4,6).

42. Eu lhe desejo tudo de bom no Senhor, como desejo a mim mesma. Lembre-se de mim e de minhas Irmãs em suas santas orações.

Santa Franciscana do dia - 23/07 - Santa Brígida da Suécia

Viúva, religiosa da Terceira Ordem (1302-1373). Fundadora da Ordem das Irmãs de São Salvador. Canonizada por Bonifácio IX em 7 de outubro de 1392. 

Conhecemos bem os acontecimentos da vida de Santa Brígida, porque os seus pais espirituais redigiram a sua biografia para promover o processo de canonização logo após sua morte, ocorrida em 1373. Brígida nasceu setenta anos antes, em 1303, em Finster, na Suécia, uma nação do Norte europeu que, já fazia três séculos, havia acolhido a fé cristã com o mesmo entusiasmo com que a santa a tinha recebido de seus pais, pessoas muito piedosas, pertencentes a nobres famílias próximas à Casa real.

Podemos distinguir dois períodos na vida desta santa.
O primeiro é caracterizado pela sua condição de mulher alegremente casada.

 O marido chamava-se Ulf e era governador de um importante distrito do reino da Suécia. O matrimônio durou 28 anos, até a morte de Ulf. Nasceram oito filhos, dos quais a segunda, Karin (Catarina), é venerada como santa. Isso é um sinal eloquente do compromisso educativo de Brígida em relação a seus próprios filhos. Além disso, a sua sabedoria pedagógica foi apreciada a tal ponto que o rei da Suécia, Magnus, chamou-a à corte durante um certo período, com a missão de introduzir a sua jovem esposa, Bianca de Namur, na cultura sueca.

Brígida, espiritualmente conduzida por um douto religioso que a iniciou no estudo das escrituras, exerceu uma influência muito positiva sobre a sua família que, graças à sua presença, tornou-se uma verdadeira “igreja doméstica”. Juntamente com o marido, adotou a Regra dos Terciários franciscanos. Praticava com generosidade obras de caridade em favor dos indigentes; fundou também um hospital. Próximo à sua esposa, Ulf aprendeu a melhorar o seu caráter e a progredir na vida cristã. Ao retornar de uma longa peregrinação a Santiago de Compostela, feita em 1341 juntamente com outros membros da família, os esposos amadureceram o projeto de viver em continência; mas, pouco tempo depois, na paz de um mosteiro ao qual havia se retirado, Ulf concluiu a sua vida terrena.

Esse primeiro período da vida de Brígida ajuda-nos a apreciar aquela que hoje podemos definir como uma autêntica “espiritualidade conjugal”: unidos, os esposos cristãos podem percorrer um caminho de santidade, sustentados pela graça do Sacramento do Matrimônio. Não poucas vezes, exatamente como aconteceu na vida de Santa Brígida e Ulf, é a mulher que, com a sua sensibilidade religiosa, com a delicadeza e a doçura pode fazer o marido percorrer um caminho de fé. Penso com reconhecimento em tantas mulheres que, dia após dia, ainda hoje iluminam as próprias famílias com o seu testemunho de vida cristã. Possa o Espírito do Senhor suscitar também hoje a santidade dos esposos cristãos, para mostrar ao mundo a beleza do matrimônio vivido segundo os valores do Evangelho: o amor, a ternura, o auxílio recíproco, a fecundidade na geração e na educação dos filhos, a abertura e a solidariedade com relação ao mundo, a participação na vida da Igreja.


Quando Brígida torna-se viúva, inicia-se o segundo período da sua vida. Renunciou a outras núpcias para aprofundar a união com o Senhor através da oração, penitência e obras de caridade.

Também as viúvas cristãs, portanto, podem encontrar nessa santa um modelo a seguir. Com efeito, Brígida, com a morte do marido, após ter distribuído os seus bens aos pobres, mesmo sem ter feito a consagração religiosa, estabeleceu-se junto ao mosteiro cisterciense de Alvastra. Ali começaram as revelações divinas, que a acompanharam durante todo o resto de sua vida. Essas foram ditadas por Brígida a seus secretários-confessores, que as traduziram do sueco para o italiano em uma edição de oito livros, intitulados Revelationes (Revelações). A esses livros, une-se também um suplemento, que é intitulado precisamente Revelationes extravagantes (Revelações suplementares).

As Revelações de Santa Brígida apresentam um conteúdo e um estilo muito variado. Às vezes, a revelação apresenta-se sob a forma de diálogos entre as Pessoas divinas, a Virgem, os santos e também os demônios; diálogos nos quais também Brígida intervém. Outra vezes, ao contrário, trata-se do relato de uma visão particular; e, em outras, é narrado ainda aquilo que a Virgem Maria lhe revela acerca da vida e dos mistérios do Filho. O valor das Revelações de Santa Brígida, por vezes objeto de algumas dúvidas, foi precisado pelo Venerável João Paulo II na Carta Spes Aedificandi: “Não há dúvida que a Igreja, ao reconhecer a santidade de Brígida, mesmo sem se pronunciar sobre cada uma das revelações, acolheu a autenticidade do conjunto da sua experiência interior” (n. 5).

De fato, lendo as Revelações, somos interpelados sobre muitos temas importantes. Por exemplo, retornam frequentemente as descrições, com detalhes bastante realistas, da paixão de Cristo, pela qual Brígida teve sempre uma devoção privilegiada, contemplando nessa o amor infinito de Deus pelos homens. Na boca do Senhor que fala, ela coloca com audácia estas comoventes palavras: “Ó meus amigos, amo tão ternamente as minhas ovelhas que, se fosse possível, desejaria morrer tantas outras vez, por cada uma dessas, por aquela mesma morte que sofri para a redenção de todas” (Revelationes, Livro I, c. 59). Também a dolorosa maternidade de Maria, que a tornou Mediadora e Mãe de misericórdia, é um argumento que aparece frequentemente nas Revelações.

Recebendo esses carismas, Brígida era consciente de ser destinatária de um grande dom de predileção da parte do Senhor: “Filha minha – lemos no primeiro livro das Revelações –, escolhi a ti para mim, ama-me com todo o teu coração [...] mais do que tudo o que existe no mundo” (c. 1). De resto, Brígida bem sabia, e estava firmemente convencida, de que todo o carisma é destinado a edificar a Igreja. Exatamente por esse motivo, não poucas das suas revelações eram destinadas, sob a forma de admoestações também severas, aos fiéis de seu tempo, incluídas as Autoridades religiosas e políticas, para que vivessem coerentemente a sua vida cristã; mas fazia isso sempre com uma abordagem respeitosa e de fidelidade plena ao Magistério da Igreja, em particular ao Sucessor do Apóstolo Pedro.

Em 1349, Brígida deixou para sempre a Suécia e foi em peregrinação a Roma. Não somente buscava participar do Jubileu de 1350, mas desejava também obter do Papa a aprovação da Regra de uma Ordem Religiosa que pretendia fundar, em honra ao Santo Salvador, e composta por monges e monjas sob a autoridade da abadessa. Esse é um elemento que não deve surpreender-nos: na Idade Média, existiam fundações monásticas com um ramo masculino e um ramo feminino, mas com a prática da mesma regra monástica, que previa a direção da Abadessa.

De fato, na grande tradição cristã, à mulher é reconhecida uma dignidade própria, e – sempre sob o exemplo de Maria, Rainha dos Apóstolos – um lugar próprio na Igreja, que, sem coincidir com o sacerdócio ordenado, é igualmente importante para o crescimento espiritual da Comunidade. Além disso, a colaboração dos consagrados e consagradas, sempre no respeito da sua específica vocação, reveste-se de grande importância no mundo de hoje.
Em Roma, na companhia da filha Karin (Catarina), Brígida dedicou-se a uma vida de intenso apostolado e de oração. E, de Roma, partiu em peregrinação a diversos santuários italianos, em particular a Assis, pátria de São Francisco, pelo qual Brígida nutriu sempre grande devoção. Finalmente, em 1371, coroou o seu maior desejo: a viagem à Terra Santa, para onde foi em companhia dos seus filhos espirituais, um grupo que Brígida chamava de “os amigos de Deus”.

Durante aqueles anos, os Pontífices encontravam-se em Avignon, distante de Roma: Brígida dirigiu-se severamente a eles, a fim de que voltassem à sé de Pedro, na Cidade Eterna.
Morreu em 1373, antes que o Papa Gregório XI retornasse definitivamente para Roma. Foi sepultada provisoriamente na igreja romana de San Lorenzo in Panisperna, mas, em 1374, os seus filhos Birger e Karin a levaram de volta para a pátria, ao mosteiro de Vadstena, sede da Ordem religiosa fundada por Santa Brígida, que teve subitamente uma notável expansão. Em 1391, o Papa Bonifácio IX canonizou-a solenemente.

A santidade de Brígida, caracterizada pela multiplicidade dos dons e das experiências que desejei recordar nesse breve perfil biográfico-espiritual, tornam-na uma figura eminente na história da Europa. Proveniente da Escandinávia, Santa Brígida testemunha como o cristianismo havia profundamente permeado a vida de todos os povos deste Continente.

Declarando-a copadroeira da Europa, o Papa São João Paulo II desejou que Santa Brígida – que viveu no século XIV, quando a cristandade ocidental não era ainda ferida pela divisão – pudesse interceder eficazmente junto a Deus para obter a graça tão desejada da plena unidade de todos os cristãos. Por essa mesma intenção, que tanto está presente em nossos corações, e para que a Europa saiba sempre alimentar-se das próprias raízes cristãs, desejamos rezar, queridos irmãos e irmãs, invocando a poderosa intercessão de Santa Brígida da Suécia, fiel discípula de Deus e copadroeira da Europa.


Papa Bento XVI