quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Especial - A mística franciscana no Mês da Bíblia.


Francisco, Homo totus Evangelicus

Francisco entrou na intimidade do Evangelho e percebeu-o puro e sem retoques. Por isso, a Igreja o chamará de Homo totus Evangelicus, quer dizer, que “se evangelizou” na totalidade do ser e na radicalidade das exigências. E mostrou, ao mesmo tempo, que o Evangelho, no seu todo, é algo possível de ser traduzido em vida.

O próprio Papa, Inocêndo III, observara que a norma de vida da primitiva comunidade era por demais árdua para compor um programa de vida, mas a tempo foi advertido que não poderia declará-la impossível, pois declararia impossível o Evangelho de Cristo.

Para Francisco a afirmação do Papa significava a impossibilidade de seguir os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois vinham eles retraçados, concretamente, nas páginas do Evangelho. Esta com certeza, com que percebia o Evangelho fazia com que Francisco a ele recorresse com a simplicidade e a confiança de quem recorre a um “diretor espiritual”.
Com naturalidade, colocava os livros dos Evangelhos à sua frente e os abria, a esmo, encontrando exatamente a Palavra que lhe servia de resposta. Não argumentava, não discutia, não duvidava. Deus acabara de lhe falar. E feliz partia para executar as ordens que acabara de ler.

Assim fala Celano, na vida I (n° 92-93): que abrindo o Evangelho, pôs-se de joelhos e pediu a Deus que lhe revelasse qual a sua vontade. “Levantando-se, fez o sinal da cruz, tomou o livro do altar e o abriu com reverência e temor. A primeira coisa que deparou, ao abrir o livro, foi a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, no ponto em que anunciava as tribulações por que haveria de passar. Mas, para que ninguém pudesse suspeitar de que isso tivesse acontecido por acaso, abriu o livro mais duas vezes e o resultado foi o mesmo.

Compreendeu, então, aquele homem cheio do espírito de Deus, que deveria entrar no reino de Deus depois de passar por muitas tribulações, muitas angústias e muitas lutas…”

Texto de Frei Hugo Baggio (extraído do livro “São Francisco Vida e Ideal, da Editora Vozes)

Franciscano do dia - 31/08 - Bem-aventurado Pedro de Ávila



Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (1592-1622). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.


Pedro de Ávila nasceu em Palomero, perto de Ávila, Espanha. Em 1515, em Ávila, nascia Santa Teresa de Jesus, virgem e doutora da Igreja, carmelita ilustre, que fez grandes progressos no caminho da perfeição. Teve revelações místicas. Sofreu muitas dificuldades por causa da reforma de sua Ordem, mas saiu vitoriosa. Escreveu livros de doutrina profunda, fruto de suas experiências místicas. Ela morreu em 4 de outubro de 1582. Dez anos depois, em 1592, perto de Ávila nascia Pedro, que seguiu o ideal franciscano a exemplo de São Pedro de Alcântara, conselheiro espiritual de Santa Teresa.

Eram evidentes na criança e no adolescente Pedro os dons especiais de inteligência e bondade de espírito, que, ainda muito jovem, decidiu seguir o chamado do Senhor, que o queria frade menor na Província de São José. Na vida de oração rígida e ascética, de acordo com as diretrizes do São Pedro de Alcântara, viveu seu franciscanismo. Ordenado sacerdote, dedicou-se ao apostolado da pregação, à direção espiritual, às atividades caritativas e à formação espiritual dos fiéis.

Muitas vezes meditava sobre o mandamento do Senhor aos apóstolos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado”. E nas palavras de São Francisco a seus irmãos: “Agora irmãos, ide a todos os lugares pregar o evangelho da paz e do bem.”

Frei Luís Sotelo, um dos mártires mais eminentes do Japão, eleito bispo, convenceu a Frei Pedro a segui-lo em uma grande expedição missionária. Em 1617, 30 franciscanos partiram da Espanha em direção às Filipinas. Eram muito comuns essas expedições dos pioneiros do Evangelho, plenos de ardor seráfico e de valor apostólico.

Dois anos durou a permanência nas Filipinas. Pedro se dedicou a todos os ministérios entre os cristãos filipinos. Em 1619, junto com outros confrades, Pedro foi para o Japão, decidido a consagrar toda sua atividade à evangelização, apesar das duras dificuldades impostas pela perseguição religiosa.

Seu catequista e precioso colaborador foi Frei Vicente Ramirez de São José, irmão leigo franciscano. Ele demonstrou grande zelo em converter e incentivar os vacilantes fiéis. Com prudência e astúcia soube fugir das perguntas dos guardas. No dia 17 de setembro de 1620, os dois missionários foram descobertos na casa do Domingo e Clara Yamanda, que generosamente lhes haviam dado hospitalidade. Eles passaram quase dois anos na prisão de Suzuta, insalubre, estreita, e expostos ao frio inclemente. Seu consolo foi a presença de outros irmãos, com quem viveram em oração e conversas piedosas. Na espera do martírio, com 23 confrades, foram transferidos para as prisões em Nagasaki. A 10 de setembro de 1622, na colina dos mártires, o bem-aventurado Pedro, cantando o salmo “Louvai ao Senhor, todas as nações”, imolou sua vida em meio a uma fogueira ardente. Ele tinha 30 anos.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Franciscanos do dia - 29/08 - Bem-aventurados João de Perugia e Pedro Sassoferrato


Religiosos, mártires da Primeira Ordem (+ 1231). Aprovou seu culto Clemente XI no dia 31 de janeiro de 1705. 

João de Perugia, sacerdote, e Pedro de Sassoferrato das Marcas, irmão leigo, entraram na história de santidade da Ordem Franciscana entre os discípulos do seráfico Pobrezinho. Recebido na Ordem dos Frades Menores, antes de 1221, não sabemos detalhes sobre sua vida antes de ser religioso. Todos heroísmo dele e a veneração dos fiéis partem do martírio vivido por ele.

Em 1221, São Francisco enviou um grupo de discípulos como missionários para a Espanha, então invadida pelos mouros. Entre esses pioneiros do Evangelho, São Francisco escolheu também os bem-aventurados João de Perugia e Pedro de Sassoferrato.

Ao chegar à terra de Espanha, os dois santos confrades foram separados do outro grupo religioso e se dirigiram para Aragão, fixando residência em Teruel. O povo desta cidade se interessou por estes virtuosos franciscanos de Assis, que trouxeram o verdadeiro espírito evangélico do Seráfico Pobrezinho. Para eles construíram um convento com duas celas (pequenos quartos), ao lado da pequena igreja do Santo Sepulcro.

Sua permanência em Teruel se prolongou por 10 anos, nos quais evangelizaram com o bom exemplo, pregando o Evangelho com simplicidade, próprio dos primeiros seguidores de São Francisco. Esta pregação simples e incisiva produziu grandes resultados para a santificação dos fiéis.

Movido pelo Espírito Santo, um dia decidiram sair de Teruel e ir para Valência pregar a fé em Cristo para os seguidores de Maomé. Em seu coração, tinham a dupla esperança de converter os muçulmanos e alcançar a palma do martírio.

Em Valência, exerceram seu ministério entre os escravos cristãos. Um dia, inflamados com santo zelo, começaram a pregar a verdade do Evangelho e a refutar os erros do Islamismo em praça pública. Ao chegar a notícia aos ouvidos do rei Azoto, ordenou que os dois franciscanos fossem presos e detidos na prisão. Com mil promessas tentaram fazê-los abandonar sua fé católica e abraçar o profeta Maomé. Mas eles se recusaram absolutamente em se mancharem com tal delito.

Eles foram decapitados em praça pública no dia 29 de agosto de 1231. Segundo se conta, o governador que assinou a execução dos mártires se converteu depois disso e doou o seu próprio palácio para ser transformado em um convento dos Frades Menores. Suas relíquias foram transportadas para a catedral de Teruel, onde são venerados como padroeiros da cidade.

sábado, 27 de agosto de 2016

Franciscano do dia Bem-aventurado Ricardo de Sant’Ana


Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (1585-1622). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.

Ricardo de Santa Ana nasceu em Ham-sur-Heure, na Bélgica, em 1585. A seu nome de batismo acrescentou o nome de Santa Ana, pois, por intercessão da santa, muito venerada nos países do Norte da Europa, havia sido curado de ferimentos graves quando era criança e foi atacado por um lobo. Durante vários anos, ele exerceu o ofício de alfaiate em Bruxelas. Em 1604, a morte trágica de um jovem conterrâneo determinou uma crise religiosa e levou a abandonar sua profissão para entrar na Ordem dos Frades Menores no convento de Nivellesi, onde a 22 de abril de 1605, fez sua profissão solene.

Ele foi enviado por seus superiores a Roma para realizar alguns negócios. Lá ele conheceu João dos Pobres, que tinha como uma de suas principais atividades encontrar homens generosos para enviar como missionários para o Japão. Ricardo concordou e com o consentimento de seus superiores pôde partir para as terras de missão.

O primeiro passo foi viajar para o México; de lá, em 1611 desembarcou nas Filipinas, onde os superiores o enviaram para estudar filosofia e teologia. Em 1613 foi ordenado sacerdote e, no mesmo ano, pôde viajar para o Japão. No ano seguinte, as autoridades japonesas começaram a perseguir os cristãos. Entre as medidas adotadas uma foi a expulsão de missionários estrangeiros. Ricardo foi capaz de retornar ao Japão, disfarçado de comerciante. Desenvolveu uma atividade incansável entre os cristãos oprimidos pela perseguição violenta e em meio a perigos constantes. Em 1621, um dominicano informou que as autoridades tinham evidência da sua atividade religiosa, severamente proibida pelas leis, e aconselhou-o a buscar proteção.

Como um bom pastor não quis fugir do perigo e foi descoberto quando atendia confissão na casa da viúva Lucia Freitas. Primeiro foi trancado na prisão sob escolta pesada em Nagasaki. Ele passou a noite antes do martírio preso numa gaiola sob uma forte chuva. Na manhã de 22 de setembro foi amarrado a um poste, na colina de Nagasaki e queimado vivo. Ele tinha 37 anos. Com ele morreram outros 21, queimados vivos, 30 decapitados.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Franciscano do dia - 26/08 - Bem-aventurado João de Santa Marta


Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (1578-1618). Beatificado pelo Papa Pio IX no dia 7 de julho de 1867. 

João de Santa Marta nasceu perto de Tarragona, na Espanha. Aos 8 anos, era um coroinha cantor da Catedral de Saragoza: ele estudou latim e era conhecido por seu amor à música. Mais tarde, ele se tornou parte da Schola Cantorum da Catedral de Zamora. Logo ele entrou para a Ordem Franciscana.

O bem-aventurado se mostrou fiel à graça da vocação, buscou a perfeição e se tornou um modelo de virtudes religiosas. Ordenado sacerdote, Deus inspirou-o a se consagrar ao apostolado entre os povos pagãos. Ele partiu para as Filipinas com Frei Sebastian de São José e outros 30 missionários franciscanos, muitos dos quais dariam logo a vida depois de Cristo.

João passou das Filipinas para o Japão, onde abriu uma escola de música que reuniu mais de 400 alunos, aos quais ensinava órgão, canto e outros instrumentos. No Japão, exerceu durante 10 anos um intenso apostolado, evangelizando várias províncias. Ele foi coordenador da Missão de Fuscimi, onde ele se mostrou um verdadeiro apóstolo de Cristo, incansável no trabalho de evangelização. Amante da pobreza seráfica, vestindo uma túnica remendada, caminhava descalço, sem sandálias, mesmo no inverno. Sua virtude valeu-lhe a veneração dos cristãos e mesmo dos pagãos.

No momento da promulgação do decreto de perseguição, em 1614, Frei João de Santa Marta foi banido, mas logo voltou no Japão e, disfarçado de japonês, visitou as províncias de Arima e Omura, onde a perseguição foi mais violenta. O santo missionário visitava os cristãos em suas casas, fortalecia os inseguros, administrava os sacramentos, celebrava a Missa diariamente, mudando de lugares. À noite, ele se retirava a uma montanha, onde repousava.

Ele foi colocado na prisão, onde permaneceu por três anos com um sofrimento incalculável. O confessor de Cristo viu chegar o dia da última batalha. Enquanto estava sendo levado ao matadouro ainda falou do Evangelho e cantou o “Te Deum”. À chegada do local do martírio orou por seus perseguidores, levantou os olhos ao céu e ofereceu a cabeça para o machado do carrasco. Foi em 16 de agosto de 1618 e tinha 40 anos. Algumas partes de seu corpo foram recolhidas por cristãos e passaram a ser veneradas, realizando prodígios.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Audiência Geral: Papa reza o Terço pelas vítimas do terremoto



Cidade do Vaticano (RV) – O Papa encontrou, nesta manhã de quarta-feira (24/8), na Praça São Pedro, os peregrinos e fiéis, provenientes de diversas partes do mundo, para a tradicional Audiência Geral. Ao saudar os presentes, Francisco disse:

“Havia preparado a catequese de hoje, como todas as quartas-feiras deste Ano da Misericórdia, sobre o tema da “proximidade de Jesus”. Mas, diante da notícia do terremoto, que atingiu o centro da Itália, devastando inteiras regiões e causando mortos e feridos, não posso deixar de expressar a minha grande dor e a minha proximidade a todas as pessoas presentes nos lugares atingidos pelo terremoto”.

Comoção

O Papa recordou ainda todas as pessoas, que perderam seus entes queridos e os que ainda estão abalados pelo medo e pelo terror.

O Pontífice expressou sua grande comoção ao citar as palavras do Prefeito de Amatrice - epicentro do terremoto – que disse: “Amatrice não existe mais” e ao saber que entre os mortos havia tantas crianças.

Por isso, o Santo Padre assegurou a todas as pessoas de Amatrice e circunvizinhanças e outras regiões – diocese de Rieti, de Ascoli Piceno e em todas as outras no Lácio, na Úmbria e nas Marcas – as suas preces, assegurando-lhes o carinho e o abraço de toda a Igreja. A todos, neste momento, a Igreja se une com seu amor materno. O Papa enviou ainda a todos os que sofrem pelo terremoto o seu abraço e o dos presentes na Praça São Pedro.

Por fim, Francisco agradeceu a todos os voluntários e os agentes da Defesa Civil, que estão socorrendo as populações atingidas:
“Peço-lhes que se unam a mim, na oração, para que o Senhor Jesus, que sempre se comoveu diante da dor humana, console estes corações entristecidos e lhes dê a paz, por intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria”.

Ao pedir aos presentes, para que “se comover como Jesus”, adiou a sua catequese da Audiência geral desta quarta-feira para a próxima semana.

Depois, Francisco convidou os fiéis a rezar com ele parte da Santo Rosário – os mistérios dolorosos - pelos irmãos e irmãs atingidos pelo terremoto.

No final da Audiência Geral, o Santo Padre passou a cumprimentar os presentes na Praça São Pedro em diversas línguas. Eis o que disse em português:
“Saúdo os peregrinos de língua portuguesa do Brasil e de Portugal. Jesus os convida a levar aos outros a alegria do Evangelho, que nos ensina que ‘homens e mulheres partilham da mesma dignidade’, porque todos somos a mesma coisa em Cristo. Que Deus os abençoe”.

A seguir, falando em italiano, o Papa recordou que, nestas últimas semanas, os Observadores internacionais expressaram preocupação pela degeneração da situação na Ucrânia oriental, pela qual fez um premente apelo:
“Hoje, enquanto aquela querida nação celebra a sua festa nacional, que coincide com o 25° aniversário da Independência, asseguro as minhas orações."

Por fim o Papa concedeu a todos a sua Bênção Apostólica. (MT)

Franciscano do dia - 24/08 - Bem-aventurado Pedro da Assunção


Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (+1617). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.

Pedro da Assunção, mártir no Japão, nasceu na pequena cidade de Cuerba, Arquidiocese de Toledo. Tendo entrado na Ordem dos Frades Menores, depois da ordenação foi Mestre de Noviços por um longo tempo. Encorajado pela animação missionária de João, o Pobre, decidiu partir para o Extremo Oriente, na companhia de muitos confrades. Após uma breve estadia nas Filipinas, desembarcou no Japão em 1601, desenvolvendo um intenso apostolado na região de Nagasaki, onde mais tarde dirigiu o convento franciscano.

Por sua santidade de vida era muito estimado e procurado. Em seu confessionário recorreram muitos fiéis, prendendo-o neste ministério por horas e horas todos os dias. Em 1611, a situação religiosa no Japão tornou-se crítica: por ordem das autoridades, missionários estrangeiros tiveram que deixar o território japonês. Frei Pedro preferiu permanecer com roupas comuns para ajudar e encorajar os cristãos em um momento difícil. Mas por prudência se mudou para o lugar vizinho a Nagasaki; Chichitzu, um apóstata, o traiu, por que ele foi capturado e levado às prisões de Omura e depois para Cori.

Ali teve como companheiro João Batista Machado; juntos estiveram na prisão por mais de um mês, de 20 abril a 22 maio, em penitência, oração e conversa espiritual. O anúncio da sentença de morte foi recebida com alegria: “Esta é a graça que eu pedi a Deus nestes últimos nove dias, celebrando a Santa Missa”.

Em 21 de maio, festa da Santíssima Trindade, o Senhor revelou ao bem-aventurado Pedro, enquanto celebrava a Missa, que aquela seria a última Missa a ser presidida. Os dois mártires, Pedro e João Batista cantaram o “Te Deum” para agradecer a Deus por uma graça tão grande, se confessaram um ao outro entre em lágrimas, e passaram a noite em oração. Ao entardecer, eles foram obrigados a caminhar para o local da execução. Padre Pedro estava segurando um crucifixo e a Regra de São Francisco. Durante a viagem, eles cantaram a Ladainha da Virgem; então, ao encontrarem com os cristãos, exortaram-nos à perseverança.

Ao chegar ao local da execução, o bem-aventurado Pedro pediu para ser autorizado a falar com pessoas que assistiam a sua morte. Então, os dois se abraçaram e se ajoelharam, com as mãos postas e os olhos voltados para o céu esperando o momento supremo em que o carrasco cortou a cabeça dele. Era 22 de maio de 1617.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Franciscano do dia - 23/08 - Bem-aventurado Bernardo de Ofida


Religioso da Primeira Ordem (1604-1694). Beatificado por Pio VI no dia 25 de maio de 1795. 

O Beato Bernardo de Ofida nasceu aos 7 de novembro de 1604, em Ofida, nas Marcas de Ancona, na diocese de Áscoli (Itália), da humilde família dos Parani. Na infância dedicou-se a guardar rebanhos. Aos 22 anos foi recebido na Ordem dos Capuchinhos, no convento de Corinaldo, onde fez a profissão religiosa em 1627. Depois, no Convento, exerceu o ofício de enfermeiro, esmoleiro, cozinheiro, encarregado do quintal e porteiro, servindo seus irmãos. Distinguiu-se sempre pela sua caridade alegre e generosa, que lhe permitiu transformar todo seu trabalho no mais eficaz dos apostolados.

Aos 65 anos foi enviado para o convento de Ofida, onde prosseguiu seu trabalho de esmoleiro com muita alegria, vendo esse encargo como penitência e atividade apostólica muito proveitosa para as pessoas. O bispo de Áscoli, tendo sabido que os superiores pensavam mudá-lo de convento, foi ter com eles pedindo que o deixassem ali, pois, com sua vida de irmão simples e com vida tão evangélica e franciscana, fazia mais do que muitos missionários.

Frei Bernardo visitava os doentes para quem tinha sempre palavras de conforto. Quando dizia a algum doente que era preciso estar disposto a fazer a vontade do Senhor, era quase certa sua morte. Quando, pelo contrário, dizia que não tivesse receio porque a situação não tinha importância, era sinal de que o doente se curaria. Tinha como modelo São Félix de Cantalício. O encargo de esmoleiro era o campo do seu apostolado.

Partia, por longos caminhos, de povoação em povoação, com o alforje aos ombros, umas vezes coberto de pó e ensopado em suor debaixo do sol escaldante, outras vezes, coberto de neve com os pés intumescidos e a sangrar. Porém, sempre feliz e a prosseguir a sua missão, dócil na obediência, que considerava o único guia seguro na sua vida religiosa. Um dia, quando esmolava, recebeu apenas um bocado de pão e um frasco de vinho.

No convento, não havia mais nada. Aquilo, porém, foi o suficiente para toda a comunidade. Por vezes, quando recebia insultos em vez do pão e do vinho, continuava sereno e dizia a si mesmo: “Mantém-te alegre, Frei Bernardo, porque o pão e as demais esmolas são para o convento e os insultos são para ti”. Quando ouvia criticar qualquer pessoa, interrompia e dizia: “A verdadeira caridade compreende todas as faltas. Não julgueis e não sereis julgados”. À medida que ia envelhecendo, redobrava suas orações e penitências. Quando tinha 84 anos, seus superiores, vendo que este irmão velhinho se ia extinguindo, dispensaram-no dos seus encargos.

Era edificante vê-lo, então, prostrado diante de Jesus sacramentado em profunda adoração. Aos 22 de Agosto de 1694 recebeu o sagrado Viático e a Unção dos enfermos. Depois, dirigindo-se ao seu guardião, disse-lhe: “Irmão guardião, dai-me vossa bênção e mandai-me partir para o Céu”. Respondeu-lhe o guardião: “Espera, frei Bernardo, quero que antes me abençoes e abençoes também os teus irmãos”. Em nome da obediência, nosso irmão levantou a mão, que apertava o crucifixo, e traçou sobre os presentes grande sinal da cruz.

Antes de morrer, recomendou aos seus irmãos a observância fiel da Regra, o amor fraterno, a paz e a caridade para com os pobres. Após ter recebido a bênção e a obediência do seu guardião, expirou docemente. Tinha 90 anos. Foi beatificado por Pio VI a 25 de maio de 1795.

ORAÇÃO:

Deus de infinita bondade, que resumistes todos os mandamentos da Lei no vosso amor e no amor ao próximo, fazei que, à imitação do Beato Bernardo de Ofida, consagremos a nossa vida ao serviço dos que mais sofrem e dos que mais precisam, para sermos contados entre os vossos eleitos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Especial - São Luís IX, Rei da França - Padroeiro da Ordem Franciscana Secular


 São Luís IX e os Franciscanos - I

Frei Sandro Roberto da Costa, ofm

O século XIII é um dos mais fecundos na história da Idade Média. O surgimento das universidades testemunha a sede de saber e a efervescência do pensamento filosófico e teológico. A ebulição religiosa se traduz  na construção das magníficas catedrais, onde a fé transforma pedras em arte, beleza, e luz. 

No século XIII são fundadas também algumas das mais importantes Ordens religiosas da Igreja, os dominicanos e os franciscanos em particular, com seus respectivos santos: Francisco de Assis, Domingos de Gusmão, Antônio de Pádua, Clara de Assis, Boaventura, Tomás de Aquino, entre outros. 

Por outro lado, é um século marcado pela inquietude religiosa, pelo espocar das heresias, marcadamente em território francês, pela luta entre papado e império, pelo recrudescimento da inquisição, pela ameaça constante do islã, pelas cruzadas, e pelas lutas internas entre os reinos, que aos poucos vão configurando o espaço geográfico que mais tarde seria conhecido como Europa. 
A França ocupa um lugar de destaque neste cenário. Na passagem do século XII para o século XIII, seus monarcas estão entre os mais célebres e respeitados do Ocidente.

Um dos pressupostos da história é a capacidade de fazer “memória”, de tornar vivo e presente fatos, personagens e acontecimentos que, de outro modo, seriam relegados ao baú do eterno esquecimento. No presente artigo, nosso objetivo é fazer memória da vida de Luís de França. 

Queremos conhecer um pouco mais sobre este personagem medieval, leigo, homem de governo, pai de família, cristão fiel. 
Queremos fazer isso nos questionando sobre o papel desempenhado pelos frades franciscanos em sua vida, suas mútuas relações e interações, que o fizeram ser alçado ao posto de Patrono da Ordem Franciscana Secular.

Apresentar um texto a respeito de um personagem que viveu há oitocentos anos atrás, sobre o qual, aparentemente tudo já foi dito, pode parecer uma temeridade. Temeroso também é se aventurar a retratar a vida de um sujeito histórico envolto em polêmicas, fruto, em alguns casos, de uma compreensão descontextualizada de sua vida, de seu tempo e da própria história. 

Mesmo assim, dados os múltiplos contextos e as múltiplas relações nas quais esteve envolvido este soberano medieval, acreditamos que seja possível apresentar alguns enfoques particulares, que lancem luzes sobre alguns aspectos de sua vida, e que podem, ao mesmo tempo, iluminar a história que estamos vivendo, escrevendo e construindo. 

Por isso, não vamos nos ocupar exaustivamente da vida de São Luís. Embora façamos um breve sobrevoo sobre sua biografia, seus feitos em geral, nosso foco é específico: a influência do movimento franciscano na vida de Luís IX.    

  
Continua...

Franciscano do dia - 22/08 - Bem-aventurado Timoteo de Monticchio


Sacerdote da Primeira Ordem (1444-1504). Aprovou seu culto Pio IX no dia 10 de março de 1870. 

Timóteo nasceu em Monticchio a poucos quilômetros de Aquila, precisamente no mesmo ano em que São Bernardino de Siena voou para o céu em Aquila. No céu de santidade seráfica foi extinta uma estrela em torno da qual surgiram muitas estrelas, incluindo também nosso bem-aventurado.

De família de camponeses, viveu inteiramente entregue à oração. Temendo os perigos do mundo se propôs a evitá-los e, junto com seu irmão, entrou para a Ordem dos Frades Menores, que naqueles dias tinha alcançado o ápice da celebridade pela santidade de muitos dos seus filhos.

Ordenado sacerdote, foi enviado para Campli, província de Teramo, como mestre de noviços. Sua vida foi mais celestial do que terrena, animada com visões freqüentes da Virgem Maria e São Francisco e favorecida com o dom dos milagres. Fielmente refletem o espírito daqueles santos religiosos que renovaram a observância da Regra da Ordem Seráfica, São Bernardino de Siena, São Tiago das Marcas, São João de Capistrano, bem-aventurado Bernardino de Fossa, bem-aventurado Marcos Fantuzzi de Bolonha e muitos outros.

De Campli foi convento de Santo Angelo de Ocre, na cidade de Fossa, onde permaneceu muitos anos até sua morte. Sua vida inteira foi tecida de oração e contemplação, por exemplo sacerdotal e fidelidade heroica à Regra franciscana.

As virtudes que brilharam nele foram especialmente o desapego do mundo, a exata observância da Regra professada, o fervor no serviço divino, a meditação sobre a Paixão de Cristo e uma devoção filial à Virgem e ao Pai Seráfico. Seu amor pela solidão era tanto que suas conversas eram sempre curtas, mas sempre cheias de calor e bondade.

Tal era a sua humildade, que se dizia ser sempre o menor de todos; sua obediência era tão perfeita, que ele obedecia ao último dos seus confrades; para preservar intata a sua pureza, mortificava seus corpo com cilícios. Era caridoso com todos, paciente com os moribundos, era assíduo nas confissões e direção espiritual. Com a pregação anunciou nas cidades e aldeias vizinhas a mensagem do Evangelho.

Em 22 de agosto de 1504, com 60 anos de idade, no solitário convento de Santo Angelo de Ocre, dormia serenamente no Senhor.

domingo, 21 de agosto de 2016

Especial Santa Clara de Assis : O Primeiro Amor


A menina Clara, mesmo vivendo em um ambiente de riqueza e ostentação, aos poucos foi cultivando a vida piedosa e simples, uma característica que mais tarde ficaria evidente como mulher consagrada a Deus.

Quando estava próxima de completar 18 anos, os pais já começaram a pensar no seu casamento. Clara não concordava com a idéia de se casar tão jovem e estava sempre adiando a decisão. Na realidade, ela começava a se interessar pelo projeto de vida de um jovem de Assis: Francisco. Tomás de Celano explica assim: “Quando ouviu falar do então famoso Francisco que, como homem novo, renovava com novas virtudes o caminho da perfeição, tão apagado no mundo, quis logo vê-lo e ouvi-lo, movida pelo Pai dos espíritos, de quem, embora de modo diferente, tinham recebido os primeiros impulsos”.

Clara sempre esteve bem informada sobre os passos de Francisco em Assis, isso porque Frei Rufino e Frei Silvestre eram seus parentes. Não poucas vezes ela escutou as pregações de Francisco, que costumava falar na Igreja de São Rufino ou na Catedral de São Jorge.

A pregação de Francisco impressionava porque era diferente dos “sermões”. Em suas palavras e em seu modo de ser havia alguma coisa nova. Era certamente a força do Evangelho que transparecia. Francisco se apresentava vestido com muita simplicidade, sem aparato nem ostentação. Suas palavras são inflamadas de amor a Deus. Clara fica sabendo que a vida dos irmãos é extremamente pobre.

Segundo Celano, Francisco a visitou, e ela o fez mais vezes ainda, moderando a freqüência dos encontros para evitar que aquela busca divina fosse notada pelas pessoas e mal interpretada por boatos.

“A moça saía de casa levando uma só companheira e freqüentava os encontros secretos com o homem de Deus. Suas palavras pareciam flamejantes e considerava suas ações sobre-humanas”. A companheira de Clara nos encontros com Francisco foi Bona de Guelfúcio, testemunha em seu Processo e irmã de Pacífica de Guelfúcio, uma das primeiras religiosas de São Damião.

 Já com 18 anos, Clara tinha consciência de que não seria compreendida por seus pais quando desse passo decisivo. Havia confiado a Francisco como desejava realizar sua vocação e ele a guiaria para cumprir os desígnios de Deus. “Então se submeteu toda ao conselho de Francisco, tomando-o como condutor de seu caminho, depois de Deus. Por isso, sua alma ficou pendente de suas santas exortações, e a acolhia num coração caloroso tudo que ele lhe ensinava sobre o bom Jesus.

Já tinha dificuldade para suportar a elegância dos enfeites mundanos, e desprezava como lixo tudo que aplaudem lá fora, para poder ganhar a Cristo”, completa o seu biógrafo.


Texto de : http://www.franciscanos.org.br/

sábado, 20 de agosto de 2016

Franciscano do dia - 20/08 - Bem-aventurado Francisco Galvez


Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (1576-1623). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.

Francisco Galvez, mártir no Japão, nasceu em Utiel, não muito longe de Valência, Espanha, filho de Tomás e Mariana Pellicer, em 1576. Após a graduação em filosofia e teologia e a ordenação diaconal, ele tomou o hábito franciscano no convento de São João Batista de Ribera.

Em 1612, depois de três anos nas Filipinas, chegou como missionário no Japão, mas foi expulso em 1614, no início da grande perseguição. Então, refugiou-se em Manilla, nas Filipinas, onde compôs e publicou as obras “Flos Sanctorum” em três volumes, contendo as vidas dos Santos, traduzidas para o japonês. “A explicação da doutrina cristã” e outros opúsculos.

Dois anos mais tarde, tingindo seu corpo para parecer um marinheiro negro, pôde novamente desembarcar no Japão e retomar com zelo a evangelização. Enquanto isso, procurava não ter residência fixa para fugir dos seus perseguidores. Mas foi traído por um renegado cristão e foi preso na cidade de Yedo.

Com ele estavam 50 confessores da fé, condenados a serem queimados vivos em uma colina perto da cidade. Em 4 de dezembro, os executores conduziram amarrados os religiosos pelas ruas da cidade até o local da execução. Ao longo do caminho, o bem-aventurado Galvez e o bem-aventurado Gerônimo dos Anjos pregaram a fé a muitos cristãos e pagãos que os rodeavam.

Um incidente memorável levou à comoção o povo na praça. No momento da execução, se apresentou na praça um senhor, seguido de numerosos servos: os juízes, crendo se tratar de um portador da mensagem imperial, pediram para o povo dar passagem a ele. Ele desceu do cavalo e, dirigindo-se ao chefe de justiça, perguntou por que aqueles homens estavam sendo cruelmente executados. A resposta foi simples: por serem cristãos. 

O senhor, disse, então: “Eu também sou cristão como eles, e peço para me associar ao grupo”. Os juízes consultaram o Imperador e o intrépido herói foi associado aos santos mártires. Trezentos cristãos comovidos por aquele heroico exemplo correram para ajoelhar-se perante os juízes e proclamar a sua fé, implorando a graça do martírio. Foram retirados à força. O santos mártires mostraram heroísmo no meio das chamas, enquanto seus olhos se voltaram para o céu e não cessaram de falar com a multidão e glorificar a Deus.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Santo franciscano do dia - 19/08 - São Luís de Anjou


Bispo da Primeira Ordem (1274-1297). Canonizado por  João XXII no dia 7 de abril de 1317. 

Ludovico de Anjou, embora de descendência francesa, nasceu na Itália, provavelmente na Sardenha, em 1274. Era o mais velho entre os quatorze irmãos. Sua mãe era Maria, sobrinha de santa Isabel da Hungria e irmã de três príncipes que também chegaram a ser reis e santos: Estêvão, Ladislau e Henrique. Seu pai era Carlos II de Anjou, rei de Nápoles, Sicília, Jerusalém e Hungria, e filho do papa Inocêncio II. Ludovico também era sobrinho-neto de São Luiz IX, rei da França.

Em 1284, começou a crise da Casa Real de Anjou, na Itália meridional. O pai de Ludovico tornou-se prisioneiro dos reis de Aragão da Espanha, e sua liberdade foi concedida, depois de três anos, mediante troca de reféns. O rei espanhol Afonso III exigiu que esses fossem os três sucessores diretos do rei Carlos II: Ludovico, Roberto e Raimundo.

Eles foram muito maltratados e Ludovico em especial, pois era o mais velho e tinha treze anos de idade. Tratado com aspereza e crueldade, pagando pelo rancor que o rei de Aragão nutria pela política do papa e do rei de Anjou. Motivo que o levou a quebrar todos os acordos firmados antes da troca dos reféns. O cativeiro dos príncipes durou sete anos.

Ludovico aceitou a longa prisão com abnegação e paciência. Mas já estava acostumado com a vida de penitência. Desde pequeno, ele não dormia na sua cama real, preferindo o chão duro e frio. Assim, aquele período no cárcere só cristalizou a santidade do jovem príncipe. Era tratado cruelmente e deixado junto com os leprosos, os quais cuidava com zelo e carinho. Não temia o contágio, que seria motivo de felicidade, pois poderia sofrer um pouco e imitar o sofrimento de Cristo.

Esse seu período de cativeiro foi acompanhado pelos frades da Ordem de São Francisco, principalmente pelo frei Jacques Deuze, depois eleito papa. Foi ele que presenciou e registrou as curas prodigiosas feitas por intercessão de Ludovico. Também acompanhou o jovem príncipe quando ele adoeceu gravemente, testemunhando a sua milagrosa cura e a decisão de tornar-se um simples frade franciscano.

Finalmente, a paz voltou entre as famílias reais de Aragão e Anjou. Em janeiro de 1296, os três príncipes foram libertados Assim que chegaram a Nápoles, Ludovico renunciou ao trono real em favor do seu irmão Roberto.

Ingressou na vida religiosa no Convento de Ara Coeli, dos franciscanos, em Roma. Em maio do mesmo ano, voltou para Nápoles, onde recebeu as sagradas ordens. Mas foi chamado pelo papa Celestino V, que o queria bispo da diocese de Toulouse, na França, que estava vaga. Ludovico, devendo obediência, aceitou.

Porém, sendo um frade franciscano, dispensou a luxuosa residência episcopal, preferindo a pobreza dos conventos da irmandade. Todavia, muito enfraquecido, pegou tuberculose. Apesar disso, foi a Roma assistir à canonização de Luiz IX, rei da França, seu tio-avô. A fadiga da viagem agravou a doença e ele acabou morrendo, no dia 19 de agosto de 1297, aos vinte e três anos de idade.

O bispo Ludovico de Toulouse foi proclamado santo em 1317 pelo papa João XXII, frei Jacques Douze, que presenciou sua penitência e suas curas milagrosas durante o cativeiro. As famílias da realeza de Anjou e de Aragão, unidas, presenciaram a cerimônia.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Franciscana do dia - 18/08 - Bem-aventurada Margarida Maria Caiani


Virgem da Terceira Ordem Regular (1863-1921). Fundadora das Irmãs Mínimas do Sagrado Coração na Terceira Ordem Franciscana. Beatificada por São João Paulo II no dia 23 de abril de 1989.

Natural de Poggio de Caiano (Itália), veio à luz do dia a 2 de Novembro de 1863. Na devida altura, seus pais matricularam-na numa escola particular, que ela frequentou com grande proveito durante três anos. A menina ia assim crescendo em idade, ciência e piedade, que se alimentava diariamente com a santa Missa e comunhão, apesar da igreja ficar longe de casa.
Esta vida de genuína piedade cristã levou-a ao amor do próximo. Visitava os doentes e preparava os agonizantes para o desenlace final. A morte e a doença também bateram à porta da sua casa. Em 1884 perdeu repentinamente o pai. Sete anos depois, morreu-lhe a mãe. Seu irmão Gustavo foi vítima de prolongada doença que ela acompanhou com fraternal desvelo e caridade sobrenatural.

Enriquecida com tão sólidas virtudes, era natural que sentisse vocação para a vida consagrada. E assim, em 1893, aos trinta anos, bateu às portas dum mosteiro de beneditinas, mas decorrido um mês regressou a casa, convencida de que não tinha vocação para a vida de clausura. O seu coração inclinava-a para o apostolado direto com as almas. Por esta razão entregou-se ao trabalho de ensinar e educar as crianças da sua terra.

Com uma companheira, a 19 de Setembro de 1894, abriu uma escola onde se ensinava o catecismo e as letras. Dois anos depois, juntaram a elas mais duas jovens dispostas a levar o mesmo teor de vida. Desta forma, a obra, que nascera na pobreza e simplicidade, começou a crescer. Em 1901, a Serva de Deus redigiu umas Regras ou Constituições, que foram aprovadas pelo Bispo de Pistoia, e inscreveu a nascente família das Irmãs Mínimas do Sagrado Coração na Terceira Ordem Franciscana.

A 15 de Dezembro de 1902 vestiu o hábito com cinco companheiras, tornando o nome de Irmã Maria Margarida do Sagrado Coração. A 17 de outubro de 1905 fez a profissão perpétua. Estavam, portanto, lançados os alicerces de uma nova família religiosa, que iria desenvolver-se prontamente. Em 1910 já se estendia por várias dioceses. Em Outubro de 1915 realizou-se o primeiro Capítulo Geral e a Irmã Maria Margarida foi eleita Superiora Geral vitalícia.

Dotada de bondade, humildade, caridade e amor materno, governou o Instituto com sabedoria e prudência. Dizia às suas Filhas: «A glória é para Deus, a utilidade para o próximo e o trabalho para nós». Recomendava-lhes com frequência que rezassem muito pela santificação do clero.

Preocupou-se mais com a solidez do Instituto do que com o seu crescimento, cuja finalidade é a educação da juventude, a assistência aos doentes nos hospitais e em casa, o cuidado dos anciãos em pensionatos e casas de repouso. As suas religiosas cooperam ainda nos trabalhos apostólicos das paróquias e nas obras sociais das missões. Em 1977, o Instituto contava 60 casas e 606 professas em Itália, Egito e Israel.

A bem-aventurada teve de passar pelo cadinho das provações, mas nunca perdeu a paz interior. A 8 de Agosto de 1921, com 58 anos incompletos, partiu para os braços do Pai.
Na homilia da beatificação, a 23 de Abril de 1989, o Santo Padre elogiou a Bem-aventurada com estas palavras:

«O poder da mensagem da caridade foi compreendido por Maria Margarida Caiani, mediante a contemplação de Cristo e do seu Coração trespassado. À luz do amor divino, que se revelou no divino Salvador, Margarida aprendeu a servir os irmãos entre a gente humilde da sua terra da Toscana, e quis ocupar-se dos mais necessitados, dos últimos: as crianças marginalizadas, os meninos do campo, os anciãos e os soldados vítimas da guerra, internados nos hospitais militares…».

No Brasil, a Congregação fundada pela bem-aventurada está presente em Teresina e Maranhão. As irmãs chegaram ao país em 1979, trazidas pelos frades Franciscanos Capuchinhos para a Região Nordeste.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Santa franciscana do dia - 17/08 - Santa Beatriz da Silva


Virgem religiosa da Segunda Ordem (1424-1490). Fundadora das Monjas Concepcionistas Franciscanas, canonizada por Paulo VI no dia 3 de outubro de 1976.

Dona Beatriz da Silva nasceu na vila de Campo Maior, em Portugal, por volta de 1437. Ela foi da linhagem dos reis de Portugal, filha de Rui Gomes da Silva, alcaide-mor de Campo Maior, e de sua mulher dona Isabel de Meneses, filha natural de dom Pedro de Meneses, 1.º conde de Vila Real e 2.º conde de Viana do Alentejo. Teve pelo menos doze irmãos: Pedro Gomes da Silva (alcaide-mor de Campo Maior); Fernando da Silva de Meneses (alcaide-mor de Alter do Chão), dom Diogo da Silva de Meneses (aio do rei dom Manuel de Portugal, que o fez 1.º conde de Portalegre e senhor de Gouveia), Afonso Teles (alcaide-mor de Campo Maior), João de Meneses (chamado frei Amadeu Hispano ou Beato Amadeu, secretário e confessor do papa Sisto IV, e fundador da Congregação dos Amadeítas, da Ordem de São Francisco), Aires da Silva (cavaleiro em Ceuta, falecido com fama de santo de e mártir), dona Branca da Silva (donzela da corte régia), dona Guiomar de Meneses, dona Maria de Meneses (donzela da rainha dona Isabel, mulher do rei dom Afonso V de Portugal), dona Mécia de Meneses (donzela da infanta dona Joana, mulher do rei dom Henrique IV de Castela), dona Leonor de Meneses (donzela de Santa Joana Princesa) e dona Catarina de Meneses.

Ainda pequena, dona Beatriz da Silva partiu para a corte régia de Castela, em 1447, como donzela da rainha Isabel, segunda mulher do rei João II de Castela. A presença de dona Beatriz na corte não passou despercebida. Sua formosura cativante encantou a todos. A rainha, dominada por uma mistura de ciúme e inveja, fechou dona Beatriz em um cofre, mas uma invisível proteção da Virgem Maria a salvou. Após este triste episódio deixa Tordesilhas, onde a corte régia então estava instalada, e vai para Toledo, onde se recolheu no Mosteiro de São Domingos, o Real, de monjas dominicanas. Por devoção, decidiu manter sempre seu rosto coberto com um véu branco, de forma que, enquanto viveu, nenhum homem e nenhuma mulher viu seu rosto. Permanece neste mosteiro por cerca de 30 anos.

Em 1484, a rainha dona Isabel, a católica, doa-lhe os Palácios de Galiana onde existia uma Igreja antiga que tinha o nome de Santa Fé. Dona Beatriz, passada a esta casa, começou a adaptá-la para a forma de mosteiro. Levou consigo dona Filipa da Silva, sua sobrinha e outras onze mulheres, todas de hábito religioso e honesto embora não pertencessem a Ordem alguma. E, uma vez instalada na nova casa, querendo dar fim à sua determinação, estabeleceu a maneira de viver que queria e enviou-a a Roma, numa súplica conjunta com a rainha. Foi tudo aprovado e outorgado pelo Papa Inocêncio VIII pela bula “Inter Universa” em 1489. O Mosteiro já estava fundado e tudo já fora preparado para entregar o hábito a ela e às monjas que ela havia instruído, quando Nosso Senhor quis chamá-la. Morreu no ano de 1492. 

Na hora de sua morte, foram vistas duas coisas maravilhosas. Uma foi que, quando lhe levantaram o véu para administrar-lhe a unção foi tal o esplendor de seu rosto que todos ficaram admirados. A segunda, foi que em sua fronte viram uma estrela, que lá ficou até que ela expirou, e que emitia uma luz e um esplendor igual à luz quando mais brilha. Faleceu com fama de santidade.

Em 1511 o Papa Júlio II atribui à ordem nascente Regra Própria.

Dona Beatriz foi beatificada pelo Papa Pio XI em 26 de julho de 1926 e solenemente canonizada em 03 de outubro de 1976 pelo Papa Paulo VI. Sua Festa é celebrada no dia 17 de agosto.

Santa Beatriz da Silva se destacou por sua fé inquebrantável, por sua pureza, que lhe permitiu ser Lírio Alvíssimo escondida no coração de Jesus no Canteiro da Imaculada, por sua paciência alicerçada na esperança, por sua caridade, por sua simplicidade, pobreza, humildade, generosidade em oferecer um perdão sincero, enfim, adornada de todas as virtudes indica-nos o caminho mais curto, fácil e seguro para chegar a Cristo: Maria.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Franciscano do dia - 15/08 - Bem-aventurado Cláudio Granzotto


Religioso da Primeira Ordem (1900-1947). Beatificado por São João Paulo II no dia 18 de setembro de 1994. 

Claudio Granzotto (Ricardo no batismo) nasceu em S. Lucia di Piave (Treviso) em 23 de agosto de 1900, filho de Antônio Granzotto e Joana Scotta. Até 17 anos era um pedreiro, em seguida, durante três anos, foi militar, depois, por 7 anos, estudante na Academia de Belas Artes de Veneza, onde se especializou em escultura. Desde 1939, ao se tornar um franciscano, viveu nos conventos do Veneto.

 Ele morreu de um tumor cerebral na manhã da Assunção de 1947, no hospital de Pádua. Seu corpo repousa em Chiampo (Vicenza), ao lado da Gruta da Imaculada construída por ele.

Quando brilhava em sua mente uma ideia elevada, nunca a deixava, agarrava-a e já a transformava em mármore. Aos 22 anos, levado por um instinto profundo, teve a coragem de se aprofundar na arte. Abandonou seus instrumentos de pedreiro e se matriculou na Academia de Belas Artes de Veneza, deixando de lado qualquer inclinação juvenil. Dedicou-se ao estudo durante sete anos até que em 1929 recebeu o diploma de escultor com qualificação máxima. Tornou-se um escultor conhecido e ganhou muitos prêmios, ajudando com seus ganhos os mais necessitados.

Da mesma forma se comprometeu no campo da fé. A Ação Católica foi o primeiro terreno fértil: o incentivou várias iniciativas, como a comunhão frequente, a leitura de bons jornais, adoração noturna, várias formas de penitência, dormindo em terra e, finalmente, o voto privado de castidade.

Assim, arte e virtude, ótimas irmãs, empreenderam juntas o caminho para realizar uma obra-prima. Aos 33 anos, em pleno vigor físico, gozando de fama, dinheiro, fortuna e amor terreno, tomou uma decisão: ingressou no convento de São Francisco do Deserto (Veneza). E ele se tornou um artista diáfano e um religioso de sua vocação.

A arte sagrada se tornou para ele um meio de ação com todo o valor religioso de um apostolado espiritual. Construiu quatro Grutas de Lourdes, altares belos, anjos em adoração, santos em êxtase.

Como um frade, de acordo com seu espírito corajoso de humildade, renunciou ao acesso proposto para o sacerdócio. Ele escolheu os ofícios humildes e escondidos, exercitou-se em fervorosas orações e penitências, dando especial atenção aos pobres e necessitados, especialmente durante a guerra. Passou para a eternidade na aurora da Festa da Assunção de 1947.

sábado, 13 de agosto de 2016

Franciscano do dia - 13/08 - Bem-aventurado Santos de Montebarocchio

Religioso da Primeira Ordem (1343-1392). Aprovou seu culto Clemente XIV no dia 18 de agosto de 1770.

Santos Brancorsini, filho de João Domingo e Eleonora Ruggeri, nasceu em Montefabbri, perto de Urbino, em 1343, e foi batizado por João Santos. Ele estudou gramática e direito na Universidade de Urbino, mas não se formou porque resolveu dedicar-se à carreira militar.
Aos 20 anos, agredido por um parente e forçado a defender sua própria vida, desembainhou a espada e o feriu mortalmente. Aflito por essa morte involuntária, Santos renunciou à vida militar, e em 1362 entrou na Ordem dos Frades Menores como irmão leigo no convento de Scotaneto, próximo de Montebarocchio. A penitência e humildade foram suas virtudes particulares. Suas devoções, à Eucaristia, com a participação devota na Santa Missa e à Bem-aventurada Virgem Maria. Além das funções inerentes ao seu estado, por sua cultura e virtudes que o distinguiam, exerceu o cargo de mestre de noviços dos irmãos leigos.

Movido pelo espírito de expiação pediu a Deus para sofrer as dores que causou a seu parente no mesmo ponto que o havia ferido. Foi ouvido. Surgiu uma ferida ulcerada na perna direita, que nunca cicatrizou. Os biógrafos o atribuem muitos milagres e dons extraordinários.
Uma vez, encarregado de cortar madeira na floresta próxima, o burro do convento foi morto por um lobo. Na parte da manhã, o bem-aventurado se deu conta do que aconteceu e chamou até ele o lobo e, colocando uma corda no pescoço, ordenou da parte de Deus para reparar o mal feito submetendo-o a transportar a madeira da floresta para o convento. O lobo se tornou dócil e obediente, e por muitos anos continuou a prestar serviço aos religiosos.

Um dia, Francisco Malatesta, Duque de Urbino, encontrou-se com o bem-aventurado e pediu a ele que pedisse a intercessão do Senhor para livrar suas terras de uma verdadeira invasão de gafanhotos, ratos e outras pestes que devastavam os campos. O irmão dedicado ajoelhou, levantou os braços para o céu e rezou. E eis que estes insetos e pragas, em um curto espaço de tempo, foram mergulhar no mar vizinho.

A santidade de Santos atraiu multidões ao convento de Scotoneto, ansiosas para ver o homem de Deus, para ouvir sua palavra inspirada, para pedir graças e favores. Para todos tinha uma palavra de encorajamento e conforto. Devoto da Virgem, durante toda a sua vida espalhou seu culto. Pediu e a Virgem Maria o chamou no dia de sua gloriosa Assunção ao céu. Na verdade, a noite de 14 a 15 de agosto de 1392, depois de ter recebido a última bênção de seu superior, aos 49 anos de idade, sua santa alma voou alegremente para a glória do céu.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Especial Santa Clara - Clara, a face feminina e carinhosa do carisma franciscano.



Por  Vitório Mazzuco Fº

Santa Clara nasceu em Assis, no dia 16 de julho de 1193. Seu nome era Chiara di Messere Favarone, nome que evocava a força da família nobre. Nobre de nascença, nobre de costumes. Um pai, senhor feudal e cavaleiro. Família que tinha um palácio na cidade e um castelo no campo. Bela de rosto e rica de bolso. Uma mãe, Hortolana, mulher culta, sensível, líder e viajada. O pai morre cedo e a vida de Clara é conduzida por um tutor, seu tio Monaldo. Uma biografia simples com final previsto para o comum: arrumar um marido influente, rico e nobre para dar continuidade à estirpe dos Ofredducci Favarone.

Porém, aconteceu o oposto: a bela, e não despercebida Clara, é voltada para o espiritual, para a piedade, ama os pobres, é desapegada de sua herança, mistura-se com a vassalagem, acredita nos loucos sonhos de um jovem convertido que faz rumor em Assis, Francesco di Bernardone. Uma mulher prometida a cavaleiros, reis e príncipes, resolve prestar atenção num jovem deserdado pelo pai, que se desfaz do status de novo rico e resolve abraçar valores do Evangelho. Um mendigo penitente que vai criando um itinerário de vida. Mas não é o jovem que a atrai, mas sim o Evangelho percebido não como letra, mas como pessoa: Jesus, Francisco, leprosos, pequeninos, vermes do caminho e marginalizados. A Boa Nova não é só para monges, teólogos, clero, prelados e pregadores, a Boa Nova vale para todos os detalhes da bela Úmbria.

A menina Clara, com treze anos começa a perceber isto. O jovem Francisco, com 25 anos já está de carne e osso, hábito roto e calos nas mãos, olhos brilhando, e uma incontida alegria, totalmente envolvido no projeto de fazer o Amor ser amado. Clara tinha um primo, Rufino, que fez estrada com Francisco. Quando completou 18 anos, ajudada por uma governanta, fugiu de casa para ser livre na escolha. Se casar com um da mesma classe social era sonho da sua família; amar todas as classes sociais, incondicionalmente, era um sonho seu, atrelado a um acolhimento divino. Foi juntar-se com Francisco e seus companheiros em Santa Maria dos Anjos. Antes mandou apoio, ajuda e boas energias para o grupo que já estava lá. Quando se juntou à Fraternidade primitiva, cortou os cabelos e os cordões umbilicais do seu brilhante passado de moça rica.

Havia no ar a psicose da heresia que não a permitiu ser mulher entre homens penitentes. Foi viver um tempo num mosteiro de Beneditinas e depois, junto ao altar, presépio, cruz e eucaristia, ao Espírito Comum e Francisco, ao discernimento na prece, encontrou o seu lugar definitivo: cuidar da inspiração junto à Cruz de São Damião. Seu tio, cavaleiros a serviço da família procuraram, usando a força, levá-la de volta para a casa. Mulher que ama não conhece caminho de volta. Não tem retorno. Olha para a frente e abraça a vida de oração, silêncio, contemplação, ação, elementos de uma vocação que não diminuiu sua beleza e força de atração. Duas irmãs de sangue e sua mãe foram morar com ela no novo mosteiro. Nascia uma nova Ordem, as Damas Pobres, as Clarissas. Assim nasceu Clara de Assis, uma raiz forte da frondosa árvore que começou a ser semeada por Francisco de Assis.

Clara foi mais irmã que abadessa; encarnou humildade e sobriedade, paciência e serviço, cuidou com bênção e carinho das irmãs enfermas e fracas. Fez penitência sorrindo e caridade abrindo o mosteiro para os arredores. Assis e o mundo olhavam estarrecidos aquela jovem decidida que abriu mão de riqueza, de baú de jóias e vestes, valores do mundo, para seguir apaixonadamente Jesus. Transformou a sua condição social em força espiritual: ser cristã é casar com o Deus humilde, pobre, crucificado. Mostrou que beleza é Espelho do Sagrado. Que clausura não é fechamento, mas abertura para a escolha mais livre de Amor. 

Clara de Assis é uma heroína do desapego. Escondeu-se para deixar transparecer uma Verdade Maior. Hoje é para nós uma luz de personalidade forte, atitudes generosas, sensibilidade, este modo histórico de como o sagrado feminino se revela. Não renunciou o Amor, apenas purificou a escolha: tornou-se vassala do Grande Rei.

Muitos pensaram que era uma mulher frágil e manipulável por bulas, decretos, regras, protecionismo e propriedade curial. Ela mesma pediu um privilégio, garantido em 1228, de colocar tudo em comum sem acumular nada. Aprendeu com Francisco que ser pobre é pra valer: não ter nada mesmo para possuir a Única Riqueza que preenche o coração: Deus e a Fraternidade. Os dois foram os últimos da história a conseguir viver isto de um modo absoluto. Clara não ficou para a história como uma ex-rica. Permanece como uma mulher santa, irmã, esposa e mãe que guia vidas.

 Hoje tem mais de 21 mil seguidoras no mundo. O seu pobre mosteiro continua sendo uma mina de pedras preciosas lapidadas pelo Altíssimo. Nos últimos dias de sua vida escreveu uma Regra que muitos acham que é igualzinha a de Francisco; mas examinando bem é apenas um jeito de ser clara, de ser filha, de ser esposa, de ser irmã, de ser espelho do Evangelho. Não é apenas uma Regra de Vida Monástica, é um modo terno, forte e leal de organizar a vida seguindo o destino do Amado.

Franciscano do dia - 12/08 - Bem-aventurado Luís Sotello de Sevilha


Bispo eleito, mártir no Japão da Primeira Ordem (1574-1624). Foi beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867. 

Sotelo, filho de Diego e Catarina Niño, nasceu em Sevilha, Espanha, no dia 6 de setembro de 1574, e estudou na Universidade de Salamanca antes de ingressar no convento “Calvário” dos Frades Menores. Ele foi enviado, em 1600, para as Filipinas, para suprir as necessidades espirituais do povoado filipino de Dilao, até sua destruição pelas forças espanholas e portuguesas em 1608, depois de uma luta intensa.

Em 1608, o papa Paulo V autorizou ordens religiosas menores (dominicanos e franciscanos) para pregar no Japão, até então pelos jesuítas. Sotelo imediatamente foi para o Japão e assumiu um posto de liderança da sua comunidade.

Sotelo então tentou fundar uma igreja franciscana na região de Tóquio. A igreja foi destruída em 1612, seguindo-se a interdição do cristianismo nos territórios dos Tokugawa em 21 de abril de 1612 (os editos de proibição foram uma reação a um escândalo de suborno entre um colaborador próximo do xogun, Okamoto Daihachi, e o daimyo cristão Arima Harunobu).

Sotelo fugiu para a parte norte do Japão, na área controlada pelo daimyo de Sendai, Date Masamune, onde o cristianismo ainda era tolerado. Ele voltou para Tóquio no ano seguinte e construiu e inaugurou uma nova igreja em 12 de maio de 1613, na área de Asakusa Torigoe. O Bakufu reagiu prendendo os cristãos, e o próprio Sotelo foi colocado na prisão de Kodenma-chō. Sete japoneses cristãos, presos junto com Sotelo, foram executados em 1º de julho, mas Sotelo foi libertado por um pedido especial de Date Masamune.

Sotelo planejou e acompanhou uma embaixada japonesa enviada por Date Masamune para a Espanha em 1613. A embaixada foi chefiada por Hasekura Tsunenaga e cruzou o Pacífico a bordo do galeão construído no Japão San Juan Bautista. Ele conduziu os japoneses para receberem o batismo em Madrid, antes de acompanhá-los para ver o papa Paulo V em Roma.

A embaixada era um produto de ambições políticas de Sotelo e Date Masamune. Sotelo tentou estabelecer uma diocese no norte do Japão, independente da diocese de Funai (Nagasaki), controlada pelos jesuítas. Sua campanha foi obstruída pelos portugueses, apesar de que na altura estavam sob o jugo dos Filipes de Espanha, e falhou em conseguir apoio dos franciscanos por estar ligada à sua ambição pessoal pelo posto de bispo. Date Masamune queria fazer comércio com a Nova Espanha, (México), mas logo se percebeu que seria um comércio muito custoso.

Sotelo acompanhou a embaixada japonesa de volta às Filipinas em 1618, onde ele ficou por algum tempo, devido à repressão do cristianismo no Japão. Ele teve problemas com a Igreja, porque ele tinha vendido suas posses no Japão. Entretanto, o Conselho Católico das Índias o mandou para a referida Nova Espanha, em 1620, para desempenhar lá suas atividades missionárias.

Sotelo então tentou se infiltrar no Japão em 1622, a bordo de um barco chinês, mas foi descoberto e preso. Depois de dois anos na prisão, Luís Sotelo foi queimado vivo, junto com dois franciscanos, um jesuíta e um dominicano, aos 50 anos. Ele foi beatificado pelo papa Pio IX em 1867.