domingo, 25 de fevereiro de 2018

PARA VIVER A QUARESMA - O tema da conversão



A partir de fevereiro, no seio da Igreja, vamos retomar  nossa caminhada quaresmal. Tempo de reforma da vida. Tempo de alimentar a vida do homem novo. Tempo de transformação do coração.  Simplesmente tempo de trabalhar nossa conversão ao Evangelho.

1. A palavra conversão evoca frescor, verdor e entusiasmo por um novo nascimento. Estas conotações verificam-se em qualquer idade em que venha acontecer seu começo ou se recomeço. A conversão é quase sempre descrita como experiência que plenifica, como encantadora descoberta na qual tudo parece correr de fonte. Ela pode provocar inebriamento,  euforia e, de outro lado,  serenidade, consolo, descanso que sucede a uma crise.  Através de sensações e sentimentos vividos, a experiência de conversão corresponde à busca de um caminho espiritual novo. Segundo o Novo Testamento, a palavra grega metanoia caracteriza uma mudança de rota, uma reviravolta interior que leva alguém a questionar todas as suas dimensões existenciais e todas as suas atividades. Com isso, a pessoa muda sua orientação fundamental de vida dispondo-se  ao seguimento de Cristo.

2. Somos cristãos. Fomos batizados no tempo da primeiríssima infância. Para a maioria de nós, tudo se deu num tempo em que de nada tínhamos consciência. Crescemos. Demos passos na vida e no seguimento do Senhor. A Quaresma vem nos lembrar que precisamos  alimentar e renovar nossos propósitos de conversão, de  profunda transformação da vida. Nada de mesmices e rotinas.  Nada de quaresma marcada apenas pela eventual privação do peixe na comida. Nada de piedade adocicada, sentimentalmente lamentoso, diante do Cristo na cruz.

3. Quaresma, tempo de fortalecer o homem novo. O velho homem, disto temos experiência, teima em renascer das cinzas. Sabemos que o  Senhor nos cerca, nos rodeia  e, no entanto, continuamos a viver como se ele não existisse, como se seu amor por nós não contasse, não tivesse a mínima importância.  Somos chamados a nos tornar santos como santo é o Pai celeste. Aceitamos, no entanto, a mediocridade, a fachada, a injustiça, e egoísmo e essas pulsões-forças que destroem a harmonia de nosso interior se tornam um caos insuportável à vida do mundo, com todos os desatinos. Quaresma, tempo de conversão. Um dia, esperamos firmemente, o amor de Deus nos invadirá totalmente. Até lá será preciso caminhar sem descanso na direção do Senhor.

4. A conversão é uma resposta pessoal ao amor de Deus. Ninguém se converte no lugar de ninguém. A cada um de examinar na vida aquilo que não está em consonância com o amor de Deus e dos irmãos. Particularmente, no tempo da Quaresma, somos convidados  a orientar o nosso coração para o Senhor. Urgente é feito esse convite no tempo da quaresma. A Igreja, nesse tempo de conversão,  insiste em nos dizer que ser cristão é  morrer com Cristo e com ele ressuscitar.

5. A primeira palavra do Evangelho resume a pregação de João Batista e a de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. O homem consciente de seu pecado pode se tornar outro e dar uma nova direção à sua vida.  Jesus oferece o primeiro lugar ao pecador que ele deseja cobrir de bens. Os pecadores, pensando bem, são os únicos que podem ser enriquecidos, porque não são os que gozam de boa saúde  que precisam de médico, mas os doentes.

6. Comentando esta passagem dos evangelhos, Lutero escrevia: “Somente é procurada a ovelha que estava perdida, somente é libertado o que estava preso, somente o enfermo  é fortalecido, é exaltado o que é humilhado,  cheio o que estava vazio, construído o que antes não estava”.

7. A pessoa converte-se ao longo do tempo da vida. Há pessoas que sabem datar o momento de sua transformação interior. Alguma coisa nova começou a surgir. A conversão modifica as operações conscientes. Dirige o olhar, invade a imaginação, enriquece a compreensão, orienta os julgamentos e  reforça as decisões.  O que entra num processo de conversão é criatura nova.

8. Cabe, neste contexto, evocar palavras de Francisco de Assis no seu Testamento. Fala da conversão como um processo de abandonar  o espírito mundano e das coisas debaixo.  Na verdade, foi depois do encontro com a dor e a miséria do leproso que começou o processo de conversão do Pobrezinho de Assis, homem de ontem e de sempre: “Foi assim  que o Senhor concedeu a mim, Frei Francisco,  começar a fazer penitência; como eu estivesse em pecados, parecia-me sobremaneira amargo ver leprosos. E o próprio Senhor me conduziu  entre eles e fiz misericórdia com eles. E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo; e depois demorei só um pouco e deixei o mundo”.


QUARESMA, TEMPO DE REVER A ROTA DA VIDA E RENOVAR A FÉ NO CRISTO VIVO E RESSUSCITADO.

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM


Fonte: http://www.franciscanos.org.br/


Um comentário:

  1. saludos CLAY MUCHAS GRACIAS POR COMPARTIR QUE TENGAS UN HERMOSO DIA BENDICIONES

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