quinta-feira, 20 de abril de 2017

Assis ganha Santuário do Despojamento de São Francisco.



“Uma nova pérola no panorama religioso de Assis”. 
Com estas palavras, o Papa Francisco define o novo Santuário do Despojamento, que será inaugurado em 20 de maio próximo. Para a ocasião, o Pontífice enviou este domingo uma mensagem ao Bispo de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino, Dom Domenico Sorrentino.

A conversão como despojamento dos bens terrenos

O Papa abençoa o novo Santuário e todos os peregrinos que apoiaram em oração, o local “onde o jovem Francisco despojou-se, até a nudez, de todos os bens terrenos, para doar-se inteiramente a Deus e aos irmãos”.

Recordando a emoção de sua primeira visita a Assis em 2013, o Papa ressalta a força evocativa do lugar em que São Francisco “se desvincula dos encantos do deus-dinheiro, que havia seduzido a sua família, em particular seu pai Pietro di Bernardone. Certamente, o jovem convertido não pretendia faltar com o devido respeito com o seu pai, mas recordou-se – escreve o Papa – que um batizado deve colocar o amor por Cristo acima dos afetos mais caros”.

E naquele local – recorda ainda o Papa Francisco de sua visita – o encontro com um representante de pobres, “testemunho da escandalosa realidade de um mundo ainda tão marcado pelo abismo entre o infinito número de indigentes, frequentemente despojados do mínimo necessário, e a minúscula porção de pessoas com posses, que detém a máxima parte da riqueza e pretendem determinar os destinos da humanidade”.

A partilha contra as iniquidades da economia

A iniquidade global, a economia que mata – sublinha o Papa – hoje como então, atingem os mais vulneráveis: os migrantes hoje, ontem os doentes de lepra. O novo Santuário em Assis – portanto – nasce como desejo de uma sociedade mais justa e solidária.

A própria Igreja – escreve o Papa – deve despojar-se da mundanidade e revestir-se dos valores do Evangelho.

Retomando as palavras pronunciadas em Assis, o Papa Francisco sublinha que “todos somos chamados a ser pobres, a despojarmo-nos de nós mesmos; e para isto, devemos aprender a estar com os pobres, compartilhar com quem é privado do necessário, tocar a carne de Cristo! O cristão não é alguém que se enche a boca com os pobres, não! É alguém que os encontra, olha em seus olhos, os toca”.

E, diante do fenômeno do afastamento da fé – sublinha – somos chamados a uma nova evangelização, que se baseie não tanto na força das palavras, mas no “fascínio do testemunho sustentado pela graça”.

O despojamento, mistério de amor

São Francisco, portanto, fez da pobreza o sinal mais evidente de penitência, de renovação e – recorda o Papa – da inspiração em Cristo, que é “o modelo original do despojamento”.

Jesus assume uma condição de servo, tonando-se igual aos homens, fazendo-se obediente até a morte de Cruz.

A Onipotência, de qualquer maneira, se oculta, para que a glória do Verbo feito carne se expresse sobretudo no amor e na misericórdia.

O despojamento é portanto – conclui Francisco – “um mistério de amor!”, mas despojamento – é a sua ressalva – não é desprezo pelo mundo, mas fruição sóbria e solidária das coisas materiais: é amor, não egoísmo. E esta é na prática a alegria evangélica do caminho cristão, que pode encontrar caminhos de saída à tristeza individualista de nosso mundo.

Na conclusão da carta, um aceno à sociedade do amanhã: os jovens. Eles – escreve o Papa – devem ser acompanhados pela luz destes valores.

Que novo Santuário do Despojamento – são os votos do Papa – seja um lugar de encontro entre jovens e adultos: uma família ideal, onde os jovens sejam ajudados no discernimento de sua vocação.

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