sexta-feira, 6 de outubro de 2017

A ternura do Poverello pelo Coração do Senhor.



Reflexão sobre o Sagrado Coração de Jesus para a primeira sexta-feira do mês.

Aprendemos, ao longo de nossa vida, a nos colocar reverentes diante do Cristo Jesus, sol, caminho, verdade, vida, pão de nossas vidas.  Temos plena convicção de que Jesus, o Filho de Deus feito homem na carne de Maria, hoje vive entre nós na qualidade de Ressuscitado.  Cada vez que pensamos em Jesus, recordamo-nos de seu amor que foi até o fim, até o esvaziamento de tudo que nele existia pela fresta do coração, pela cavidade de seu peito aberto. Francisco de Assis demonstrou um imenso amor pelo Cristo que ama até o fim.

 Cristo é o Bom Pastor. “Irmãos, todos prestemos atenção ao Bom Pastor que, para salvar suas ovelhas, suportou a Paixão da cruz. As ovelhas no Senhor seguiram-no na tribulação e na perseguição, na vergonha e na fome, na enfermidade e na tentação e em outras coisas mais e a partir disso receberam a glória eterna” (Adm n.VI).  Esse Jesus tão puro e tão belo é o Pastor que dá a vida pelos seus.

 A devoção ao Coração de Jesus está vinculada ao amor de Jesus manifestado na Eucaristia. Os que contemplam o peito aberto de Cristo recebem com  cortesia e humildade o corpo do Senhor: “Pois eu lhes peço humildemente a todos vocês, meus irmãos, beijando-lhes os pés, e com todo o amor de que sou capaz: testemunhem toda reverência e toda honra tão grande como lhes é possível, ao Corpo e ao Sangue santíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo, em quem foi pacificado e reconciliado com Deus todo poderoso, tudo o que há no céu e na terra” (Carta enviada a toda a Ordem 12-13).

 Tomás de Celano não encontra palavras adequadas para descrever o amor do Poverello por Jesus. Francisco estava sempre sorvendo as águas límpidas que jorravam da fonte do puro amor, ou seja, do Coração do Redentor. “Os irmãos que viveram com ele sabem com quanta ternura e suavidade, cada dia e continuamente, falava-lhes de Jesus. Sua boca falava da abundância do seu coração e a gente teria dito que a fonte do puro amor, que enchia sua alma, jorrava de sua superabundância. Quantos encontros entre Jesus e ele. Levava Jesus em seu coração, Jesus em seus lábios, Jesus nos ouvidos,  Jesus nos seus olhos, Jesus em suas mãos, Jesus em toda parte.  Durante as viagens também, muitas vezes, de tanto meditar e cantar Jesus, esquecia-se de caminhar e convidava todos os elementos a louvar Jesus com ele (1Celano 115).

 Em toda a vida, após o encontro com o leproso, Jesus ocupou todo o lugar de sua vida. E o amor apaixonado foi de tal monta que, no final da caminhada, no alto do rude e solene Monte Alverne, o Poverello ganha em suas carnes os sinais de Cristo. Quem desceu do Alverne não era mais Francisco, mas “um outro Cristo”.  Boaventura descreve assim seu amor por Cristo: “Um dia, no princípio de sua conversão,  ele rezava na solidão e, arrebatado por seu fervor, estava totalmente absorto em Deus e apareceu-lhe o Cristo crucificado. Com esta visão  sua alma se comoveu e a lembrança da Paixão de Cristo penetrou nele tão profundamente que, a partir deste momento, era-lhe impossível reprimir o pranto e suspiros quando começava a pensar no Crucificado (Legenda Maior I,5). Ora, os que contemplam o Coração do Redentor também se comovem diante da Paixão do Amado que precisa ser amado.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

Nenhum comentário:

Postar um comentário