tag:blogger.com,1999:blog-28246864636770030522024-02-19T00:27:33.959-03:00Dia a Dia Franciscano.Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.comBlogger700125tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-83537401752619815412020-06-13T06:30:00.000-03:002020-06-13T08:14:33.503-03:00Santo Franciscano do dia -13/06 - Santo Antônio de Pádua<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyKTigaTilk6FTe5nOeHswBSrK4w-1u-LhV8yWkClHjOt-5Ftir6qk-gHOm4K9VFi0hEqXVpLLZZmiyTMQOyEr4ueyS1K0FO5Xv89cZMHW1aaFoBMoTUHM3eWf7Z49-27XdmM5Du8k_Xk/s1600/Santo+Ant%25C3%25B4nio+de+P%25C3%25A1dua+e+Lisboa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyKTigaTilk6FTe5nOeHswBSrK4w-1u-LhV8yWkClHjOt-5Ftir6qk-gHOm4K9VFi0hEqXVpLLZZmiyTMQOyEr4ueyS1K0FO5Xv89cZMHW1aaFoBMoTUHM3eWf7Z49-27XdmM5Du8k_Xk/s320/Santo+Ant%25C3%25B4nio+de+P%25C3%25A1dua+e+Lisboa.jpg" width="242" /></span></a></div>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Sacerdote, doutor Evangélico da Primeira Ordem (1191-1231). Canonizado por Gregório IX no dia 30 de maio de 1232 </span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Antônio de Pádua ou – como também é conhecido – de Lisboa, referindo-se à sua cidade natal. Trata-se de um dos santos mais populares de toda a Igreja Católica, venerado não somente em Pádua, onde se erigiu uma esplêndida basílica que recolhe seus restos mortais, mas no mundo inteiro. São queridas dos fiéis as imagens e estátuas que o representam com o lírio, símbolo da sua pureza, ou com o Menino Jesus nos braços, lembrando uma aparição milagrosa mencionada por algumas fontes literárias.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Antônio contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento da espiritualidade franciscana, com seus fortes traços de inteligência, equilíbrio, zelo apostólico e, principalmente, fervor místico.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Ele nasceu em Lisboa de uma família nobre, por volta de 1195, e foi batizado com o nome de Fernando. Começou a fazer parte dos cônegos que seguiam a regra monástica de Santo Agostinho, primeiro no mosteiro de São Vicente, em Lisboa, e depois no da Santa Cruz, em Coimbra, renomado centro cultural de Portugal. Dedicou-se com interesse e solicitude ao estudo da Bíblia e dos Padres da Igreja, adquirindo aquela ciência teológica que o fez frutificar nas atividades de ensino e na pregação.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em Coimbra, aconteceu um fato que marcou uma mudança decisiva em sua vida: em 1220, foram expostas as relíquias dos primeiros cinco missionários franciscanos que haviam se dirigido a Marrocos, onde encontraram o martírio. Este acontecimento fez nascer no jovem Fernando o desejo de imitá-los e de avançar no caminho da perfeição cristã: então ele pediu para deixar os cônegos agostinianos e converter-se em frade menor. Sua petição foi acolhida e, tomando o nome de Antônio, também ele partiu para Marrocos, mas a Providência divina dispôs outra coisa.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Por causa de uma doença, ele se viu obrigado a voltar à Itália e, em 1221, participou do famoso “Capítulo das Esteiras” em Assis, onde também encontrou São Francisco. Depois disso, viveu por algum tempo escondido totalmente em um convento perto de Forlì, no norte da Itália, onde o Senhor o chamou para outra missão. Convidado, por circunstâncias totalmente casuais, a pregar por ocasião da uma ordenação sacerdotal, Antônio mostrou estar dotado de tal ciência e eloquência, que os superiores o destinaram à pregação. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Ele começou assim, na Itália e na França, uma atividade apostólica tão intensa e eficaz, que levou muitas pessoas que haviam se separado da Igreja a voltar atrás. Esteve também entre os primeiros professores de teologia dos Frades menores, talvez inclusive o primeiro. Começou a lecionar em Bolonha, com a bênção de Francisco, o qual, reconhecendo as virtudes de Antônio, enviou-lhe uma breve carta com estas palavras: “Eu gostaria que você lecionasse teologia aos frades”. Antônio colocou as bases da teologia franciscana que, cultivada por outras insignes figuras de pensadores, teria conhecido seu zênite com São Boaventura de Bagnoregio e o beato Duns Scotus.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nomeado como superior provincial dos Frades Menores da Itália Setentrional, continuou com o ministério da pregação, alternando-o com as tarefas de governo. Concluído o mandato de provincial, retirou-se perto de Pádua, onde já havia estado outras vezes. Depois de apenas um ano, morreu nas portas da Cidade, no dia 13 de junho de 1231. Pádua, que o havia acolhido com afeto e veneração em vida, prestou-lhe sempre honra e devoção. O próprio Papa Gregório IX – que, depois de tê-lo escutado pregar, definiu-o como “Arca do Testamento” – canonizou-o em 1232, também a partir dos milagres ocorridos por sua intercessão.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No último período da sua vida, Antônio escreveu dois ciclos de “Sermões”, intitulados, respectivamente, “Sermões dominicais” e “Sermões sobre os santos”, destinados aos pregadores e professores de estudos teológicos da ordem franciscana. Neles, comentou os textos da Sagrada Escritura apresentados pela liturgia, utilizando a interpretação patrístico-medieval dos quatro sentidos: o literal ou histórico, o alegórico ou cristológico, o tropológico ou moral e o analógico, que orienta à vida eterna. Trata-se de textos teológicos-homiléticos, que recolhem a pregação viva, na qual Antônio propõe um verdadeiro e próprio itinerário de vida cristã. É tanta a riqueza de ensinamentos espirituais contida nos “Sermões”, que o venerável Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”, porque destes escritos surge a frescura e beleza do Evangelho; ainda hoje podemos lê-los com grande proveito espiritual.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nos “Sermões”, ele fala da oração como uma relação de amor, que conduz o homem a conversar docemente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que envolve suavemente a alma em oração. Antônio nos recorda que a oração precisa de uma atmosfera de silêncio, que não coincide com o afastamento do barulho externo, mas é experiência interior, que procura evitar as distrações provocadas pelas preocupações da alma. Segundo o ensinamento deste insigne Doutor franciscano, a oração se compõe de quatro atitudes indispensáveis que, no latim de Antônio, definem-se como: obsecratio, oratio, postulatio, gratiarum actio. Poderíamos traduzi-las assim: abrir com confiança o próprio coração a Deus, conversar afetuosamente com Ele, apresentar-lhe as próprias necessidades, louvá-lo e agradecer-lhe.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Neste ensinamento de Santo Antônio sobre a oração, conhecemos um dos traços específicos da teologia franciscana, da qual ele foi o iniciador, isto é, o papel designado ao amor divino, que entra na esfera dos afetos, da vontade, do coração, e que é também a fonte de onde brota um conhecimento espiritual que ultrapassa todo conhecimento. Antônio escreve: “A caridade é a alma da fé, é o que a torna viva; sem o amor, a fé morre” (Sermões Dominicais e Festivos II).</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Só uma alma que reza pode realizar progressos na vida espiritual: este foi o objeto privilegiado da pregação de Santo Antônio. Ele conhecia bem os defeitos da natureza humana, a tendência a cair no pecado; por isso, exortava continuamente a combater a inclinação à cobiça, ao orgulho, à impureza e a praticar as virtudes da pobreza e da generosidade, da humildade e da obediência, da castidade e da pureza.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No começo do século XIII, no contexto do renascimento das cidades e do florescimento do comércio, crescia o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres. Por este motivo, Antônio convidou os fiéis muitas vezes a pensar na verdadeira riqueza, a do coração, que, tornando-os bons e misericordiosos, leva-os a acumular tesouros para o céu. “Ó ricos – exorta – tornai-vos amigos (…); os pobres, acolhei-os em vossas casas: serão depois eles que os acolherão nos eternos tabernáculos, onde está a beleza da paz, a confiança da segurança e a opulenta quietude da saciedade eterna” (Ibid.).</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Antônio, na escola de Francisco, sempre coloca Cristo no centro da vida e do pensamento, da ação e da pregação. Este é outro traço típico da teologia franciscana: o cristocentrismo. Alegremente, ela contempla e convida a contemplar os mistérios da humanidade do Senhor, particularmente o do Natal, que suscitam sentimentos de amor e gratidão pela bondade divina.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Também a visão do Crucificado lhe inspira pensamentos de reconhecimento a Deus e de estima pela dignidade da pessoa humana, de forma que todos, crentes e não crentes, possam encontrar um significado que enriquece a vida. Antônio escreve: “Cristo, que é a tua vida, está pregado diante de ti, porque tu vês a cruz como em um espelho. Nela poderás conhecer quão mortais foram tuas feridas, que nenhum remédio teria podido curar, a não ser o sangue do Filho de Deus. Se olhas bem, poderás perceber quão grandes são tua dignidade e teu valor (…). Em nenhum outro lugar o homem pode perceber melhor o quanto vale, a não ser no espelho da cruz” (Sermões Dominicais e Festivos III).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Que Antônio de Pádua, tão venerado pelos fiéis, interceda pela Igreja inteira, sobretudo por aqueles que se dedicam à pregação. Que estes, inspirando-se em seu exemplo, procurem unir a doutrina sã e sólida, a piedade sincera e fervorosa e a incisividade da comunicação.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Papa Bento XVI</b></span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-37905902232205605262020-04-30T13:18:00.000-03:002020-04-30T08:55:07.798-03:00Artigo - Francisco de Assis e a alegria espiritual.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlo1OMfJwfDA8-HRiS9uaP6J6gyB_hhp_7kkFzlYoxOyCdewCa78stiUWvZh57qCwDlYAQpcfUmdcGCAKJjqifICyr42o9j5uQfIFqXIW0DBFQNBaSvklzfgf97UjrPgD8T3yuUySOLjU/s1600/francisco_560.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="560" data-original-width="560" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlo1OMfJwfDA8-HRiS9uaP6J6gyB_hhp_7kkFzlYoxOyCdewCa78stiUWvZh57qCwDlYAQpcfUmdcGCAKJjqifICyr42o9j5uQfIFqXIW0DBFQNBaSvklzfgf97UjrPgD8T3yuUySOLjU/s320/francisco_560.jpg" width="320" /></a></div>
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>POR FREI VITÓRIO MAZZUCO FILHO</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na segunda vida de Tomás de Celano temos o relato: “Este santo afirmava que o remédio mais seguro contra as mil insídias e astúcias do inimigo é a alegria espiritual (...) O demônio exulta, acima de tudo, quando pode surrupiar ao servo de Deus a alegria do espírito. Ele leva um pó que possa jogar, o mais possível, nas pequenas frestas da consciência e sujar a candura da mente e a pureza da vida. Mas, quando a alegria espiritual enche os corações, em vão a serpente derrama o veneno letal (...) Quando, porém, o espírito está choroso, desolado e tristonho, é facilmente absorvido pela tristeza ou levado a alegrias vãs. Por conseguinte, o santo esforçava-se por manter-se sempre na alegria do coração, por conservar a unção do espírito e o óleo da alegria. Com o máximo cuidado evitava a péssima doença da tristeza, de modo que, quando a sentia a penetrar na mente, ainda que um pouquinho, corria o mais depressa possível à oração” (2Cel 125).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Numa marchinha de carnaval antiga, pedia-se que o guarda colocasse para fora do salão quem jogasse pós de mico na alegria dos outros. O demônio, isto é, a contrariedade da vida, a encarnação do espírito do mal em alguns detalhes da vida, gosta de sujar a serenidade. Nós gostamos de jogar o pó da negatividade na fluência natural da vida. Levantamos com notícias tristes e trágicas e deixamos que elas sejam a opaca lente de nosso olhar. No café da manhã trocamos receitas de psicotrópicos; almoçamos fazendo uma atualização das mortes acontecidas; jantamos notícias de uma cidade alerta contra um onipresente perigo. Vemos o mal no porteiro, na cuidadora, no rapaz que veio instalar a Net, no cachorro da vizinha e em todas as comidas que saboreamos porque acreditamos que tudo faz mal! Se damos espaço a isso sufocamos a alegria espiritual.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco nos ensina que diante da doença, da tristeza, possamos correr o mais depressa possível à oração. Dividir preocupações de um modo orante é o salmo da cura em meio a tormentos. Almas que rezam têm a serena alegria dos que confiam. Na oração do salmista tem sempre uma saída para as tristezas do mundo. Alegria vã é alegria vazia. Os vãos são espaços vazios que precisam ser preenchidos. Que tal encher o vazio com preces?</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Extraído de</b>: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Imagem do artista plástico carioca Vagner Aniceto <a href="http://www.vagneraniceto.com.br/">http://www.vagneraniceto.com.br/</a></span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-8906472357840789152020-04-30T07:06:00.000-03:002020-04-30T16:47:50.558-03:00Santo franciscano do dia - 30/04 - São José Benedito Cottolengo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-7I85zkukCpFzF8aEgPi8HmcQN9rMy9ipZsND1iXfi3Mqrs6ZxLAZEPM3TO1rAbStGHfJM0-RBlqxWLOT6Zk_OGd-K9wweKg6h6ouXvJx9AM8U5Vr0VSg_BauI_M_YxAjijK3QIlHOQs/s1600/S%25C3%25A3o+Jos%25C3%25A9+Benedito+Cottolengo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-7I85zkukCpFzF8aEgPi8HmcQN9rMy9ipZsND1iXfi3Mqrs6ZxLAZEPM3TO1rAbStGHfJM0-RBlqxWLOT6Zk_OGd-K9wweKg6h6ouXvJx9AM8U5Vr0VSg_BauI_M_YxAjijK3QIlHOQs/s320/S%25C3%25A3o+Jos%25C3%25A9+Benedito+Cottolengo.jpg" width="215" /></a></div>
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<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Sacerdote da Terceira Ordem (1786-1842). Fundador de Congregações masculinas e femininas. Canonizado por Pio XI no dia 19 de março de 1934. </span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nasceu no dia 3 de Maio de 1786 em Bra, na região de Piedmonte, Itália, de uma família da classe média e estudou em um seminário em Turim. Ordenou-se em 1811. Foi pároco em Bra e em Corneliano. Em Turim, graduou-se em Teologia e se inscreveu na Terceira Ordem Franciscana.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Uma noite foi chamado à cama de uma mulher pobre e doente em trabalho de parto. A mulher necessitava desesperadamente de ajuda médica, mas para todos os lados que ia não encontrava ajuda por falta de dinheiro. José ficou com ela durante todo trabalho e ouviu dela a confissão, deu sua absolvição e a comunhão e a unção dos enfermos. Batizou a pequena criança e os olhava boquiaberto enquanto ambos morriam na cama. O trauma mudou a sua vida e a sua vocação.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em 1827 ele, fundou um abrigo para os doentes e pobres, alugando uma casa e enchendo os quartos com camas e procurando homens e mulheres voluntárias. O local se expandiu e ele recebeu ajuda dos Irmãos de São Vicente e das Irmãs Vicentinas. Durante a cólera de 1831, a polícia local fechou o hospital pensando que era a origem da doença.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em 1832, ele transferiu a operação para Valdocco e chamou o Abrigo de Pequena Casa da Divina Providência. A Casa começou a receber apoio e suporte e cresceu em asilos, orfanatos, hospitais, escolas, casa de aprendizado para pobres e capelas. Vários programas para o pobres, doentes e necessitados de todos os tipos foram criados. Esta pequena Vila dependia totalmente das almas caridosas e José não aceitava ajuda oficial do Estado. A casa ainda funciona até hoje, servindo a oito mil pessoas ou mais por dia. Ele fundou ainda 14 comunidades para os residentes, inclusive as Filhas da Companhia do Bom Samaritano, os Eremitas do Santo Rosário e os Padres da Santíssima Trindade.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Faleceu em 30 de abril de 1842 de tifo em Chieri, Itália. Foi canonizado em 1934 pelo Papa Pio XI.</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-86697594937628069882020-04-06T07:47:00.000-03:002020-04-06T07:56:21.000-03:00Artigo - Seis dias antes da Páscoa…<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_ogx4YgYBmykUORz5SicvyXVgSOrL3iCCcK7MOa0spz39_hQFoY5B309sNDkNcGkMxqixZCFglcTd6MqpGZ6MFGBEmkimxA9YEoBeLqbkbh7svMMA16DHpoT9alUXEhVZkKxECk43TH8/s1600/Seis+dias+antes+da+P%25C3%25A1sco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><img border="0" height="283" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_ogx4YgYBmykUORz5SicvyXVgSOrL3iCCcK7MOa0spz39_hQFoY5B309sNDkNcGkMxqixZCFglcTd6MqpGZ6MFGBEmkimxA9YEoBeLqbkbh7svMMA16DHpoT9alUXEhVZkKxECk43TH8/s320/Seis+dias+antes+da+P%25C3%25A1sco.jpg" width="320" /></span></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Segunda-feira Santa</span></b><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Estamos em plena semana santa. Nossa atenção se volta para os últimos momentos da vida do Senhor Jesus, nossa esperança, nosso redentor e esposo de nossos corações. Sabemos perfeitamente que evocando os momentos da vida do Senhor, mormente, o que está ligado à sua paixão e morte, automaticamente, nosso pensamento voa para a noite da luminosidade, para o dia que o Senhor fez para nós, para páscoa. Não somos discípulos do Cristo morto, mas do que reviveu para sempre.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Aquele que amamos, aquele que vai ocupando, aos poucos, todos os espaços do que chamamos de vida espiritual é o eleito do Pai, o Filho muito amado, no qual o Pai se compraz. Esse servo descrito por Isaías tem tudo a ver com o Esposo e Amado de nosso coração. “Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas… não esmorecerá nem se deixará abater…. eu o constitui como centro da aliança do povo, como luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No final dessa semana, uma claridade banhará a terra. Aquele que vai ser transfixado será luminosamente transfigurado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O salmo de meditação (Sl 26) pode ser colocado nos lábios e no coração de Jesus: “O Senhor é minha luz e minha salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida, perante quem eu tremerei? (…) Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!”. Na silenciosa meditação desses dias escutamos a voz do Amado: “O Senhor é minha luz e minha salvação!”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Seis dias antes da Páscoa o Senhor foi a Betânia. Tinha o coração cheio de interrogações e de apertos. Antes de subir para Jerusalém queria ter a alegria do conforto do encontro com amigos de verdade: Marta, Maria e Lázaro. Estes ofereceram-lhe um jantar, esse momento de calma em que os corações tinham tempo para escutar os sons do interior: apreensão, incentivo e desejo de coragem, vontade de estar com gente fiel. E uma mulher inopinadamente resolve quebrar um frasco de perfume. Judas se mostrou incomodado com tal desperdício. Onde se viu? Tantos necessitados e aquele gasto à toa. O peito de Jesus quase que a estalar de dor teve ainda força de dizer energicamente: “Deixa-a, ela fez isto em vista da minha sepultura. Pobres sempre tereis convosco, enquanto a mim nem sempre me tereis”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Tudo isso se passou seis dias antes da Páscoa…</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Frei Almir Ribeiro Guimarães</span></b>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-23736268585055213032018-10-19T07:21:00.000-03:002018-10-19T07:21:01.327-03:00São Pedro de Alcântara - O “Padroeiro do Brasil”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMmyo8RtCORwPEl2-Yu1hG4hoIpNWD0pzB6TgNYClVTtNumN3FYmNxkLNHa7-3nyLn9LtGBNtDwY8_ca4wowDwCCauZLRr6R3kg42-x_1X39sANzh-BWBusY0spHFErPuBWGXjSN6_-XY/s1600/alcantara_181016_g1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="439" data-original-width="820" height="171" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMmyo8RtCORwPEl2-Yu1hG4hoIpNWD0pzB6TgNYClVTtNumN3FYmNxkLNHa7-3nyLn9LtGBNtDwY8_ca4wowDwCCauZLRr6R3kg42-x_1X39sANzh-BWBusY0spHFErPuBWGXjSN6_-XY/s320/alcantara_181016_g1.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Frei Pedro nasceu em Alcântara (Cáceres, Espanha) em 1499. Filho de Alonso Garabito e de Maria Vilela, recebeu no batismo o nome de Juan de Sanabria. Depois de três anos de estudos em Salamanca (1511-1515), entrou na Ordem Franciscana, na Custódia do Santo Evangelho (1516), que mais tarde, em 1520, se converteria em Província de São Gabriel. Em Majarretes (Badajoz), lugar de seu noviciado, nasceu um novo homem: Juan de Sanabria se transformou em Pedro de Alcântara.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Pouco depois, em 1519, um pouco antes de ser ordenado sacerdote, foi enviado como superior para fundar o Convento de Badajoz. Completados os estudos de filosofia, teologia, direito canônico, moral e homilética, conforme as determinações da época, foi ordenado sacerdote em 1524. Tornou-se superior em Robledillo, depois em Placencia e novamente em Badajoz, até que em 1532 obteve permissão para recolher-se a uma vida mais contemplativa no convento de Santo Onofre da Lapa. Em 1538 foi eleito Ministro Provincial da Província de São Gabriel.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Durante o período em que foi ministro provincial redigiu para seus religiosos estatutos muito severos, aprovados no Capítulo de Placencia, em 1540. Mas o começo de sua reforma teve lugar em 1544 quando, com o consentimento de Julio III, retirou-se para a pequena igreja de Santa Cruz de Cebollas, próximo de Coira. Em 1555 construiu o célebre convento de Pedroso, seguido de outros. A partir deste momento, a reforma prosperou amplamente e, em 8 de maio de 1559, obteve a aprovação de Paulo IV, que permitiu sua difusão também no exterior.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Pedro de Alcântara, com sua reforma, queria trazer de volta a Ordem Franciscana à genuína observância da Regra. Mediante a suma pobreza, a rígida penitência e um sublime espírito de oração alcançou os mais altos graus de contemplação e pode atrair numerosos franciscanos por aquele caminho de reforma que se propunha fazer reviver em seu século o franciscanismo dos primeiros tempos.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Foi confessor e diretor espiritual de Santa Teresa de Ávila e ajudou na reforma da Ordem Carmelita. Santa Teresa escreveu sobre ele: “Modelo de virtudes era Frei Pedro de Alcântara! O mundo de hoje já não é capaz de uma tal perfeição. Este homem santo é de nosso tempo, mas seu fervor é forte como de outros tempos. Tem o mundo a seus pés. Que valor deu o Senhor a este santo para fazer durante 47 anos tão rígida penitência!”.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Depois de uma grande atividade eremítica e apostólica, morreu em Arenas de San Pedro (Ávila), no dia 18 de outubro de 1562, aos 63 anos. Em 1622 foi beatificado por Gregório XV e, em 1669, foi canonizado por Clemente IX. Em 1826 foi declarado Padroeiro do Brasil.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Logo após a Independência, Dom Pedro I entendeu que o Brasil precisava ter um santo padroeiro oficialmente autorizado pelo Papa, embora ele, Dom Pedro I, já tivesse feito a consagração do Brasil a Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, em sua vinda de São Paulo para o Rio, logo após o 7 de Setembro. Assim, solicitou ao Papa que fizesse de São Pedro de Alcântara o Padroeiro do Brasil, tendo o Papa concordado.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Com a proclamação da República, São Pedro de Alcântara foi discretamente esquecido, provavelmente porque seu nome lembrava o dos imperadores e, além disso, mostrava o quanto havia de positiva ligação entre o Império e a religião. Porém, seu nome ainda continuou, por muito anos a ser lembrado nos missais mais tradicionais. E foi num destes missais, mais tradicionais, que se encontra a oração transcrita a seguir, a São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil, conforme consta no índice do missal citado (“Adoremus – Manual de Orações e Exercícios Piedosos” – Por Dom Frei Eduardo, O.F.M. – XX Edição Bahia – Tipografia de São Francisco – 1942).</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Oração a São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">(pág.284 do missal citado)</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ó grande amante da Cruz e servo fiel do divino Crucificado, São Pedro de Alcântara; à vossa poderosa proteção foi confiada a nossa querida Pátria brasileira com todos os seus habitantes. Como Varão de admirável penitência e altíssima contemplação, alcançai aos vossos devotos estes dons tão necessários à salvação. Livrai o Brasil dos flagelos da peste, fome e guerra e de todo mal. Restituí à Terra de Santa Cruz a união da fé e o verdadeiro fervor nas práticas da religião.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">De modo particular, vos recomendamos, excelso Padroeiro do Brasil, aqueles que nos foram dados por guias e mestres: os padres e religiosos. Implorai numerosas e boas vocações para o nosso país. Inspirai aos pais de família uma santa reverência a fim de educarem os filhos no temor de Deus não se negando a dar ao altar o filho que Nosso Senhor escolher para seu sagrado ministério.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Assisti, ó grande reformador da vida religiosa, aos sacerdotes e missionários nos múltiplos perigos de que esta vida está repleta. Conseguí-lhes a graça da perseverança na sublime vocação e na árdua tarefa que por vontade divina assumiram.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Lá dos céus onde triunfais, abençoai aos milhares de vossos protegidos e fazei-nos um dia cantar convosco a glória de Deus na bem-aventurança eterna. Assim seja!</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-89803662964110938682018-10-03T06:46:00.000-03:002018-10-03T06:57:25.006-03:00Especial São Francisco de Assis <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5jddyYKSZkEW4x3Sp-bH_77TMhFXuDLpT1rI0OWWxilFuR8Qz7P2BxyqCOtsynm06Esljc-v2NJV0-6Nfn2LxFqjIFYD5ROkb5ejPoNi_1Zd5wrYZv4ynF-xRYz_JMlC3-O3ONwiUnqY/s1600/Sa%25CC%2583o-Francisco-700x525.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="525" data-original-width="700" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5jddyYKSZkEW4x3Sp-bH_77TMhFXuDLpT1rI0OWWxilFuR8Qz7P2BxyqCOtsynm06Esljc-v2NJV0-6Nfn2LxFqjIFYD5ROkb5ejPoNi_1Zd5wrYZv4ynF-xRYz_JMlC3-O3ONwiUnqY/s320/Sa%25CC%2583o-Francisco-700x525.jpg" width="320" /></a></span></b></div>
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<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O fascínio que Francisco exerce há oito séculos.</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Do outro lado deste encontro emerge um homem impressionante. O fascínio que ele exerce sobre os homens, séculos depois de sua morte, transpõe as fronteiras do Cristianismo. Grandes e pequenos reverenciam-no com palavras de invulgar admiração. O que o torna assim tão simpático aos olhos dos homens não é tanto o fato de ser ele um santo da cristandade católica, o inspirador de inúmeras comunidades religiosas. Destes, há vários outros exemplos, também admiráveis. Antes, a razão precípua é sua humanidade, simplesmente. Efetivamente, nele vemos o que é o ser humano, quando, historicamente, se realizam as suas mais belas possibilidades: não um conglomerado de egoísmos, rigidez, baixezas e pecados, mas uma figuração de bondade, fineza, cortesia, ternura e compaixão, sim, uma imagem e semelhança de Deus mesmo. Sua humildade desfeita de toda sofisticação, sua afabilidade sincera para com todos, sua singela inocência, sem prepotências e maldade, sua largueza de alma pela qual acolhe a todos como irmãos e irmãs, seu reverente entusiasmo para com o mundo e suas criaturas, o jeito pacífico e portador da paz que o faz próximo de todos, o respeito com que trata todos os seres, do sol magnífico à inexpressiva erva, com gestos e palavras tão poéticas, enfim, seu amor sem fronteiras, é isso, sobretudo, que faz de Francisco esse homem notável e a razão do fascínio que ele exerce sobre todos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“Há neste homem algo de límpido e de luminoso que se impõe como uma presença… Alguns são seduzidos pela criança e pelo poeta ingênuo, simples, fraterno, entre os seres vivos. Move-se entre os homens e as coisas como homem livre, desapegado, despretensioso, com um desembaraço e uma ternura que deixa a cada um a liberdade de viver. Irmão de todos, provoca-os ao melhor de si mesmo. Sem dominação e sem pretensão alguma, ensina-lhes como tornar-se homens de reconciliação, servidores uns dos outros. Atento, por intuição e por afinidade secreta, a seu tempo e aos acontecimentos, que os atinge e lhes traz com facilidade surpreendente, uma resposta ao nível mais profundo” (T. Matura, O projeto evangélico de Francisco de Assis…, 13).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Dele diz o renomado ensaísta e literato inglês Gilberto Keith Chesterton: “Podemos descrever este divino demagogo como o único e verdadeiramente sincero e conseqüente democrata do mundo…”(Cf. G. K. Chesterton, Franziskus, der Heilige von Assis, 1923)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A seu amigo Vittorio Bodo, Wadimir I. Lênin, o grande líder da Revolução Russa, do seu leito de morte, teria confessado: “Eu me enganei. Sem dúvida era necessário libertar a massa dos oprimidos. Mas nossos métodos tiveram como conseqüência outras opressões e terríveis massacres. Tu sabes que estou mortalmente doente. Meu pesadelo é sentir-me num oceano de sangue de incontáveis vítimas. Para salvar nossa Rússia – agora é tarde demais para voltar atrás – precisaríamos de dez Francisco de Assis” (Lênin, am Ende seines Lebens – 1924).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Pannaghiotis Kanellopoulos, intelectual e político grego: “Hoje, depois de oito séculos de história… podemos afirmar que Francisco representa a mais doce figura humana que a Europa gerou. A sua vida e a sua poesia são qualquer coisa de único na história. Mas é possível distinguir a vida de Francisco de sua poesia? A sua própria vida, como a apresentam os imortais Fioretti é uma contínua poesia” (P. Kanellopoulos, La storia dello spirito europeo, vol. I Atenas 1958, 208).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Deste homem, Sigmund Freud, um dos mais argutos e contumazes críticos da Religião afirma: “Talvez São Francisco de Assis tenha sido quem mais longe foi na utilização do amor para beneficiar um sentimento interno de felicidade… o amor universal pela humanidade e pelo mundo representa o ponto mais alto que o homem pode alcançar” (S. Freud. S. O mal-estar na civilização, in Obras Completas, Vol XXI [1927-1931], Rio de Janeiro: Imago, 1974, 122).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“Tão perfeita imagem de Cristo! Quase um Cristo redivivo” – Pio XI, Papa</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“O mais italiano dos santos, o mais santo dos italianos” – Mussolini</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Há homens que, vivendo profundamente a problemática do seu tempo e de seu povo, são tão humanos que permanecem como inspiração para todos os tempos e todos os povos. Francisco de Assis é um desses homens raros que, ao longo dos séculos, das latitudes e longitudes, interpelam, questionam, desinstalam” - Dom Hélder Câmara</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“Esse, talvez, o maior segredo de São Francisco de Assis. Onde outros dariam ou deram o seu saber, a sua astúcia, a sua coragem, ele deu apenas isso: seu coração. E com isso revolucionou a história. Com a fé de uma criança, renovou a alma de um mundo”. Alceu Amoroso Lima</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“São Francisco, pela amigável união que estabeleceu com todas as coisas, parecia ter voltado ao primitivo estado de inocência matinal” - S. Boaventura</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“Homem inútil e indigna criatura de Deus, nosso Senhor” – ele mesmo, São Francisco.</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-78232595043794603142018-10-02T07:15:00.000-03:002018-10-02T07:18:34.202-03:00Especial São Francisco de Assis<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGsJU2T3nwtE3uYwD3mz4ie86oMn5Q1dXcD02-3Nm5ijYJk4rCZRZxSEKiT2cTT9q2ORKEL378Rk72_y-N1CzZN5Y912uohYgB2kEqUlHjR3Bdzo4xJN-O7_4LcWY1BeDCc7P0i4fttQc/s1600/3415_210912.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="431" data-original-width="830" height="165" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGsJU2T3nwtE3uYwD3mz4ie86oMn5Q1dXcD02-3Nm5ijYJk4rCZRZxSEKiT2cTT9q2ORKEL378Rk72_y-N1CzZN5Y912uohYgB2kEqUlHjR3Bdzo4xJN-O7_4LcWY1BeDCc7P0i4fttQc/s320/3415_210912.jpg" width="320" /></a></div>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">São Francisco: pregação pelo exemplo e pelas obras</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Rg Nb 17, 3: Todos os irmãos podem pregar pelas obras.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Rg Nb 16, 6-10: Dos que quiserem ir para entre os sarracenos e outros infièis:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">E os irmãos que partirem poderão proceder de duas maneiras espiritualmente com os infiéis: O primeiro modo consiste em abster-se de rixas e disputas, submetendo-se ‘a todos os homens por causa do Senhor’ (1Pd 2,13) e confessando serem cristãos. O outro modo é anunciarem a palavra de Deus quando o julgarem agradável ao Senhor.”</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Adm 22, 2: Ai do religioso que não conserva no fundo do seu coração os bens que o Senhor o favorece e aos outros não os manifesta por suas obras, mas antes, na esperança de alguma recompensa, procura mostrá-los aos homens por palavras.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">1C 36: Francisco já se havia convencido primeiro na prática das coisas que estava dizendo aos outros em palavras.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">1C 93: Sabia que era melhor fazer as coisas perfeitas do que louvá-las, e empenhou esforço e ação nas boas obras, não apenas nas palavras, que mostram o que é bom mas não o realizam.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">1C 97: Enchia toda a terra com o Evangelho de Cristo, anunciando a todos o reino de Deus, e edificando os ouvintes tanto pela palavra como pelo exemplo, pois pregava com toda a sua pessoa.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">LP, 74: Tanto possui um homem de ciência, quanto aquilo que realiza nas suas obras; e tanto possui um religioso de oração, quanto aquilo que na vida põe em prática.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">LP 115: Este privilégio quero ter eu do Senhor: não ter privilégio algum vindo dos homens, a não ser o de para com todos ser reverente e, pela obediência à Santa Regra, mais pelo exemplo do que pela palavra, a todos converter”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">LM 8, 2: Por isso dizia que se deveria deplorar como destituído de verdadeira piedade todo pregador que na pregação procura mais a própria glória do que a salvação das almas, ou que destrói com seu mau exemplo aquilo que ele edifica com a verdade de sua doutrina. Por isso afirmava que se deve preferir sempre um irmão simples e iletrado a semelhante pregador, pois aquele por sua simplicidade e santidade de vida move os outros a praticar o bem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Abreviaturas:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Rg Nb - Regra Não-bulada (1ª Regra)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Adm - Admoestações</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">1C – Vida I - Biografia de Tomás de Celano</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">LP - Legenda Perusina (biografia)</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-35874270558947294272018-09-21T12:25:00.000-03:002018-09-21T12:25:03.585-03:00Especial - A mística franciscana no Mês da Bíblia.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5QZL0WVQhx7Fs0PxBZjV6pvvNurFX7eFK0JyV7bRUOydyqxgIv0rfSw3W0Y93nMzc_MnKHroDdTot8NDv3q5oMwc2AolbBupDFEh8gzPJQHJTvSdxxYEXbPiqY5WRVppyzi0nZLnjW94/s1600/mes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5QZL0WVQhx7Fs0PxBZjV6pvvNurFX7eFK0JyV7bRUOydyqxgIv0rfSw3W0Y93nMzc_MnKHroDdTot8NDv3q5oMwc2AolbBupDFEh8gzPJQHJTvSdxxYEXbPiqY5WRVppyzi0nZLnjW94/s320/mes.jpg" width="320" /></a></div>
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Francisco e o estudo acadêmico.</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Talvez a mais clara e firme intervenção de Francisco sobre os estudos tenha acontecido por ocasião de uma assembléia de cerca de 5 mil frades em Assis (11.6.1223). Entre os frades, muitos deles notáveis por seu saber e grau de instrução, encontrava-se também o cardeal Hugolino, cardeal-referência ou protetor da Ordem e, pouco depois, Papa Gregório IX. Na ocasião, um grupo de frades, ao que tudo indica composto pelos aludidos doutos e por ministros provinciais, dirigiu-se ao cardeal Hugolino, rogando que intercedesse junto a Francisco a fim de que este concordasse em introduzir na Regra de vida elementos das normas de vida de São Bento, de Santo Agostinho, de São Bernardo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Ouvida a peroração e tomando o cardeal pela mão, Francisco dirigiu-se à multidão de frades reafirmando-lhes redondamente que “o Senhor convidou-me a seguir a vida da humildade e mostrou-me o caminho da simplicidade”; que este mesmo Senhor o queria qual “um novo louco no mundo”. É por meio desta sabedoria que Ele nos quer conduzir, afirmava. Contraponto a supraproclamada simplicidade a possíveis pretensões de doutos, arremata: “Pela vossa ciência e sabedoria, Ele vos confundirá”. Não é difícil imaginar a reação dos ouvintes(..).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Se, por um lado, como acima foi aludido, assinalamos a prevenção de Francisco em relação aos estudos, por outro, é evidente que esta prevenção não se refere ao estudo propriamente dito, mas sim, à postura dos frades em relação ao mesmo. Na verdade, era o modo como os frades poderiam conceber o estudo que estava diretamente ligado à limpidez, seja da escola de Francisco, ou seja, em última instância, da escola de Jesus Cristo. Por outro lado, embora Francisco “não tivesse tido nenhum estudo”, tinha o bom senso do comerciante.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Foi este bom senso que o ajudou a buscar e a reter o essencial. Com efeito, iluminado pela luz eterna e através de assídua leitura, audição e memorização de textos bíblicos, “penetrava os segredos dos mistérios, e, onde ficava fora a ciência dos mestres, entrava seu afeto cheio de amor”. Resumindo esta intuição do essencial, dizia Francisco, pelo final da vida, a um frade, que tinha aprendido tanta coisa na Bíblia que já lhe bastava meditar e recordar: já sei que o pobre Cristo foi crucificado. Desejava um conhecimento profundo, vale dizer, “da medula e não da casca, do conteúdo e não do invólucro, não das muitas coisas, mas daquele bem que é o grande, o maior, o estável”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Se Francisco, por um lado, exigia dos literatos, juristas, teólogos, pregadores e doutos em geral que, ao ingressar na Ordem, renunciassem à própria ciência para se apresentarem inteiramente disponíveis ao Crucificado, manifestava, por outro, o maior apreço aos mesmos doutos, bem como a outros sábios. E de se notar que em seus Escritos só apareça uma única vez o termo “teólogo”. Mas aparece em sentido positivo: “a todos os teólogos e aos que nos ministram as santíssimas palavras divinas devemos honrar e venerar, como a quem nos ministra espírito e vida”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Finalmente, um texto expressivo para indicar a atitude de Francisco em relação aos estudos: a brevíssima carta, quase bilhete, dirigida a Santo Antônio: “Eu, Frei Francisco, saúdo a Frei Antônio, meu bispo. Gostaria muito que ensinasses aos irmãos a sagrada teologia, contanto que nesse estudo não extingas o espírito da santa oração e da devoção, segundo está escrito na Regra”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Aqui, Francisco manifesta sua satisfação, através da expressão: meu bispo dirigida a Santo Antônio e da outra: placet – me apraz, gosto, me alegro, aprovo. O motivo da satisfação de Francisco estaria no seguinte: em Santo Antônio, teria acontecido a admirável confluência do sábio e do teólogo, do santo e do homem de ciência, do ideal e de sua concatenação às exigências práticas da vida ao estudo, portanto. A cláusula condicionante contanto que está em perfeita sintonia com a ambigüidade ou tentação que Francisco percebia poder esconder-se no estudo ou no saber.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Portanto, do ponto de vista da sabedoria ou do “espírito do Senhor” ou da inspiração de Francisco não se trata de uma cláusula restritiva. Ela coloca, sim, o estudo que se deseja em relação à atitude do estudioso, em relação de servo da sabedoria, em outras palavras, em relação à promoção da vida. A mesma ressalva consta na Regra onde, com respeito ao trabalho (embora não especificado, se braçal ou intelectual), se estabelece a mesma ressalva.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em suma, em relação à ciência e aos estudos, na função acima lembrada, podemos constatar o seguinte: Francisco os apoiou, seja acolhendo pessoas eruditas na fraternidade, seja acolhendo os serviços que estavam em condições de prestar (elaboração da Regra, funções administrativas da Ordem), seja reverenciando as pessoas doutas, seja alegrando-se pela teologia que Santo Antônio se dispôs ministrar em Bologna.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Não se portou, porém, como um incentivador ingênuo. Expressou prevenção e cautela, compreensíveis a partir da percepção que ele tinha da ambigüidade do uso da ciência e dos estudos. Ambigüidade, não pela ciência ou pelo estudo em si mesmos, mas por aqueles que neles estariam envolvidos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Como lembramos, o próprio Francisco estudou, no sentido de se ter dedicado, de se ter consagrado durante toda vida a uma busca e a uma fruição do Amor. A própria Sagrada Escritura lhe forneceu os meios para conhecer, admirar e amar a ciência sagrada. Pressentia, porém, o risco que o estudo, que a busca do saber – também bíblico ou teológico-pastoral – poderia acobertar: ser utilizado como um umento de domínio, de orgulho, de poder, de distinção de classes, de discriminação social – poder que se torna cego em relação ao ideal de simplicidade, de pobreza, de fraternidade e que, enfim, o menospreza. Isto significa que Francisco, embora tivesse apreço pelo saber e por seus caminhos, relativizava tanto a um a outro em função da sabedoria do viver.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O fato de relativizar a importância de conhecimentos acadêmicos como instrumento essencial para a evangelização significa questionar a fundo algumas tendências eclesiais do tempo que consideravam a ciência como chave e arma para governar a Igreja, iluminar as inteligêcias e lutar contra os hereges. A postura de Francisco é questionadora e iluminadora ao mesmo tempo, tanto no âmbito secular como religioso, tanto para ontem para hoje.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Talvez hoje em dia se tenha até melhores condições para avaliar tanto os motivos de regozijo como de precaução de Francisco devido à magnitude de situações sociais e ecológicas de risco, frutos, não de um uso sábio do saber, mas do abuso do mesmo. Francisco navegava com liberdade nas águas das mediações: “ia direta, espontânea e vitalmente à realidade”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Portanto, estas alusões parecem demonstrar ou sugerir que Francisco foi um criador de cultura, foi à fonte e trouxe o eternamente novo e antigo. Por isso, descortina horizontes. A Escola Franciscana nele se inspira. Pensa e traduz na cultura de cada tempo e em sistema filosófico-teológico sua inspiração. A ele deve a existência.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Texto do livro “Herança Franciscana”; capítulo “Os franciscanos e a ciência”, de Frei Elói Dionísio Piva, ofm</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-30618215607305035762018-09-19T06:54:00.000-03:002018-09-19T06:54:07.236-03:00Especial - A mística franciscana no Mês da Bíblia.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKGQLYc16QSM4ug7KGle6fm4j6uE-Dwwi-z54J2mhpGPKKfjuulbVgqIuIb0E6iGmH8VnehCbQ5rSiDBMeHm4uq9JYx77vGOCkSrwY00mD5khoQpzTRoz1PcTq7m7c2Ix_YLWgD7Vcj00/s1600/mes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKGQLYc16QSM4ug7KGle6fm4j6uE-Dwwi-z54J2mhpGPKKfjuulbVgqIuIb0E6iGmH8VnehCbQ5rSiDBMeHm4uq9JYx77vGOCkSrwY00mD5khoQpzTRoz1PcTq7m7c2Ix_YLWgD7Vcj00/s320/mes.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O adubo que fez crescer a semente da Bíblia.</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Não é qualquer chão que serve para que uma árvore possa crescer. O canteiro, onde a semente da Bíblia criou raízes e de onde lançou os seus 73 galhos em todos os setores da vida, foi a celebração do povo oprimido, ansioso de se libertar. A maior parte da Bíblia começou a ser decorada para poder ser usada nas celebrações, e foi escrita ou colecionada por sacerdotes e levitas, os responsáveis pela celebração do povo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Além disso, as romarias e as peregrinações, os santuários com as suas procissões, as festas e as grandes celebrações da aliança, o templo e as casas de oração (sinagogas), os sacrifícios e os ritos, os salmos e os cânticos, a catequese em família e o culto semanal, a oração e a vivência da fé, tudo isso marca a Bíblia, do começo ao fim!</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O coração da Bíblia é o culto do povo! Mas não qualquer culto. É o culto ligado à vida do povo, onde este se reunia para ouvir a palavra de Deus e cantar as suas maravilhas; onde ele tomava consciência da opressão em que vivia ou que ele mesmo impunha aos irmãos; onde ele fazia penitência, mudava de mentalidade e renovava o seu compromisso de viver como um povo irmão; onde reabastecia a sua fé e alimentava a sua esperança; onde celebrava as suas vitórias e agradecia a Deus pelo dom da vida.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">É também no culto que deve estar o coração da interpretação da Bíblia. Sem este ambiente de fé e de oração e sem esta onsciência bem viva da opressão que existe no mundo, não é possível agarrar a raiz de onde brotou a Bíblia, nem é possível descobrir a sua mensagem central.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Trecho da “Bíblia Sagrada”, da Editora Vozes.</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-13122511424341052302018-09-17T07:13:00.000-03:002018-09-17T07:13:08.818-03:0017/09 - Impressão das Chagas de São Francisco - Uma relíquia viva descia da montanha.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNdyzOZu2JraLmFnVITn2U90Y_fvVvlHYzg9NDhM6ZLgZxiT81nIIVcUwIgK8PsMDYrWy9ta18vGikMNt9ypRkLK51kx52jdOBDlZmos0fAhE-kPljPUAFBQz_u2mj6cN155W7dNBpLps/s1600/estigmas_g17.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="307" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNdyzOZu2JraLmFnVITn2U90Y_fvVvlHYzg9NDhM6ZLgZxiT81nIIVcUwIgK8PsMDYrWy9ta18vGikMNt9ypRkLK51kx52jdOBDlZmos0fAhE-kPljPUAFBQz_u2mj6cN155W7dNBpLps/s320/estigmas_g17.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>No dia 17 de setembro a Família Franciscana celebra, em todo o mundo, a festa da impressão das Chagas, também chamada de Estigmas de São Francisco de Assis. </b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A introdução litúrgica da Missa e Liturgia das Horas diz o seguinte:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>“O Seráfico Pai Francisco, desde o início de sua conversão, dedicou-se de uma maneira toda especial à devoção e veneração do Cristo crucificado, devoção que até a morte ele inculcava a todos por palavras e exemplo. Quando, em 1224, Francisco se abismava em profunda contemplação no Monte Alverne (foto abaixo), por um admirável e estupendo prodígio, o Senhor Jesus imprimiu-lhe no corpo as chagas de sua paixão. O Papa Bento XI concedeu à Ordem dos Frades Menores que todos os anos, neste dia, celebrasse, no grau de festa, a memória de tão memorável prodígio, comprovado pelos mais fidedignos testemunhos.”</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A vida de Francisco no Alverne é oração e ininterrupta penitência. Sente-se pobre e pecador. Quer despojar-se de tudo. Renuncia até mesmo a um manto que tinha sido salvo do fogo, a única coisa que tinha para cobrir-se durante o breve repouso da noite. Francisco voltará muitas vezes ao Alverne para encontrar a paz em Deus que a situação da Ordem e o fato de estar no meio dos homens não lhe davam e entregar-se de corpo e alma à oração.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No verão de 1224, última vez que esteve no Alverne, Francisco procura um lugar ainda mais “solitário e secreto” no qual possa mais reservadamente fazer a quaresma de São Miguel Arcanjo. Na manhã de 14 de setembro de 1224 os céus se abrem e Cristo crucificado desce ao Monte Alverne na forma de uma serafim.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>Uma relíquia viva descia da montanha.</b></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Desde a infância muitos de nós fomos aprendendo a gostar desse Francisco. Francisco das coisas pequenas, simples, irmão do sol, das estrelas, da água, do leproso e de frei Leão, Francisco, cheio de carinho para com o Menino das Palhas e o Jesus bondoso e pobre que morre na cruz, esse Jesus que é o amor que precisa ser amado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">São Boaventura escreve: “Francisco, servo verdadeiramente fiel e ministro de Cristo, dois anos antes de devolver o espírito ao céu, como tivesse começado num lugar alto, à parte que se chama Monte Alverne e, um jejum quaresmal em honra do Arcanjo São Miguel, inundado mais profusamente pela suavidade da contemplação do alto e abrasado pela chama mais ardente dos desejos celestes, começou a sentir mais copiosamente os dons da ação do alto. Então, enquanto se elevava a Deus pelos seráficos ardores e o afeto se transformava em compassiva ternura para com aquele que por caridade excessiva quis ser crucificado, numa manhã, pela festa da Exaltação da Santa Cruz, rezando na parte lateral do monte, ele viu como que a figura de um Serafim que tinha seis asas tão fúlgidas, tão inflamadas a descer da sublimidade dos céus, o qual chegando com um vôo rapidíssimo num lugar próximo ao homem de Deus, apareceu não somente alado, mas também crucificado, tendo as mãos e os pés estendidos, e pregados à cruz e as asas de modo tão maravilhoso dispostas de uma e outra parte que elevava duas sobre a cabeça, estendia duas para voar e com as outras duas velava o corpo, envolvendo-o todo (…). Depois de um certo colóquio secreto e familiar, ao desaparecer, a visão inflamou-lhe interiormente o espírito com ardor seráfico e marcou-lhe exteriormente a carne com a imagem do Crucificado, como se ao poder prévio de derreter o fogo seguisse uma impressão do selo” ( Legenda Menor – Os sagrados estigmas, n.1).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Dois anos antes de morrer, Francisco vai ao Monte Alverne. O santo vinha do Oriente, cansado, doente, vendo que, talvez seus irmãos, numerosos, estavam perdendo o ardor dos começos. Francisco, sem amargura, sente vontade de tomar certa distância dos fatos e dos acontecimentos. O Santo se dava conta que estava no final de sua caminhada. Tinha dores em todo o corpo. Estava tomado por estas febres loucas e enxergava mal. Não podia mais suportar a luminosidade do Irmão Sol. Era o tempo da festa da Exaltação da Santa Cruz. Quer fazer a quaresma de São Miguel no silêncio, na meditação, ao lado de seu Frei Leão. Quer estar mais perto de seu Senhor.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Toda sua vida fora busca de Cristo. Um dia ele teria formulado uma oração no seguinte teor: “Senhor, gostaria de ser digno de receber duas graças de vossa parte: experimentar em meu coração o amor que tiveste para com os homens e sentir a dor de tua acerbíssima paixão”. Esta súplica foi sento atendida pelo Senhor ao longo do tempo da vida de seu servo Francisco. Durante anos e anos, depois de sua conversão, ele sempre buscar entrar na intimidade do Senhor Jesus na grutas, nos caminhos, contemplando o rosto dos leprosos. Aos poucos esse Francesco foi “tendo os mesmos sentimentos de Cristo Jesus”. Foi se abrasando no amor de Cristo. Cristo é o Vivo que queima e arde. Estamos diante da mística. Do amado que seduz a amada. Francisco e Cristo se tornam uma unidade. Há uma identificação mística. Francisco continua Francisco e Cristo continua Cristo. Nasce no coração do assisiense o desejo de viver também as dores e os sofrimentos de Cristo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Eloi Leclerc tenta descrever esse momento: “… a alma de Francisco se rasgava e sentimentos contraditórios se debatiam dentro dele. A inefável beleza do serafim e seu olhar benevolente e cheio de graça o fascinavam e o enchiam de alegria. Ao mesmo tempo, no entanto, o sofrimento do crucificado o aterrorizava. Perguntava-se, então: Como um espírito glorioso, imortal e tão belo podia sofrer a mais cruel agonia? Não sabia o que pensar. A agonia estava junto com o êxtase. A Paixão e a Glória, associadas de maneira estranha, pareciam cair sobre ele como um pássaro de rapina” ( in Francisco de Assis. O retorno ao Evangelho, p. 108).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco não é mais dono de si. Aos poucos, ao longo dos anos da vida, ele foi se despedindo de si, se despojando, esvaziando-se de si mesmo e no espaço do vazio veio o êxtase. O amado ganha a força do amor do Amante. Quem puder compreender, que compreenda. Talvez esse Francisco pudesse dizer com Paulo: Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Paul Claudel, tentando penetrar no Francisco que desce do monte, escreve: “Francisco tinha dado sua alma de tal forma que nem mesmo seu corpo conserva mais. Quando se lhe pede uma explicação, nada tem a nos dizer. Ele é propriedade de alguém que não explica, mas plenifica. É todo inteiro doação, como um esposo ou um recém-nascido. Caminha ao olhar de todos os homens como alguém que está inebriado, como um esposo que geme e que sorri, cambaleante e ferido de uma glória da qual ele é o inexplicável consorte. Quem desce trôpego do Alverne e mostra chaga e cicatriz secretamente a Clara é Jesus Cristo com Francisco, fazendo uma única realidade viva, sofredora e redentora” (cf. E.Leclerc, op. cit. p. 109).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A partir desse momento Francisco tem o selo do Amado gravado em seu coração e em sua carne. Agora era uma relíquia viva descendo a montanha. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nós, filhos de Francisco das chagas e das transfigurações, nos recolhemos no silêncio e tentamos pedir a Deus que pela intercessão do Francisco das Chagas nos leva ao Cristo iluminado, transfigurado e ressuscitado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Francisco da minha vida</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">pequeno e grande Francisco,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">tu continuas vivo entre nós.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Tu és o meu irmão, meu irmão mais velho,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">meu irmão modelo,meu irmão da roupa marrom,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">das chagas douradas na mão</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">nos pés e no coração,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">apaixonado pelo Senhor Jesus.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Gosto de te contemplar</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">erguendo os braços ébrio de amor,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">cantando os louvores do Altíssimo, Onipotente</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">e grande Senhor!</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Acompanho-te pelas ruas de Assis</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">com o irmão sol que te aquece o rosto,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">pegando nas mãos a irmãzinha água</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">tão casta e tão transparente,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">pisando na terra mãe</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que produz variedade de flores e frutos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Gosto de ver teu olhar acompanhar os irmãos,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">os irmãos leprosos que chamavas de irmãos cristãos,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">olhando os irmãos que te seguem,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">todos eles que são filhos do Altíssimo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Espreito-te ao jogares tuas roupas</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">nas mãos de teu pai e a proclamares solenemente</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que o teu Pai está nos céus.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Aplaudo-te quando dizes</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que os teus seguidores serão menores</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">e nunca hão de se alegrar, a não ser com</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">o último de todos os lugares.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Vejo-te percorrendo as ruas e ruelas</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">da meiga Assis dizendo a todos que o Amor</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">não é amado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Aprecio a tua coragem de partir sem segurança,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">sem sacola e sem dinheiro</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">para dizer a todos os homens</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que chegou o Reino novo</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">do Filho de Virgem Maria.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Recolho-me num cantinho</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">e vejo que sais da contemplação</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">com as chagas de Cristo Jesus</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">nas mãos, nos pés e no coração.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Morro e renasço contigo</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">quando cantas o salmo que fala que é preciso</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que Deus nos tire desta prisão.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco de ontem e de sempre,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco da roupa marrom,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco da minha vida!</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-27986287597686580042018-09-16T08:18:00.000-03:002018-09-16T08:18:06.351-03:00Especial - Impressão das Chagas de São Francisco. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9i5RXKkPzDHYg2lODqZKqzs5wJ9YEWA6UIvLxEVZ7bAvseQHjg04Cj3k0I_4okuOekO-zGBnuYqqPK01twITPQBsOova3hVm2-dGIThA79MjSiSJayhvOZuo3UjzQqPT5NpgYARSYoKU/s1600/fracico_xto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9i5RXKkPzDHYg2lODqZKqzs5wJ9YEWA6UIvLxEVZ7bAvseQHjg04Cj3k0I_4okuOekO-zGBnuYqqPK01twITPQBsOova3hVm2-dGIThA79MjSiSJayhvOZuo3UjzQqPT5NpgYARSYoKU/s320/fracico_xto.jpg" width="252" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Os estigmas de Francisco de Assis e o segredo da suprema felicidade</span></b></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Dom Laurence Freeman, OSB (*)</span></b><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Queridos amigos:</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Sessenta e cinco meditantes de vários continentes se reuniram recentemente em um Retiro silencioso de uma semana, no Monte Alverne, o lugar de peregrinação na Toscana, onde São Francisco de Assis (1182-1226) recebeu os estigmas em 1224, dois anos antes de sua morte. Passamos a noite do primeiro dia de viagem ao pé do monte e logo cedo, no ar fresco e ensolarado da manhã seguinte, fizemos vagarosamente e em silêncio o caminho da forte subida que leva ao santuário.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Paramos na Capela dos Pássaros para escutar o sublime canto que recebeu Francisco e seus três companheiros quando ali chegaram e ele se viu cercado alegremente pelos pássaros, confirmando que tinha vindo ao lugar certo. Francisco fora ao monte para um jejum de quarenta dias em preparação à chegada da Irmã Morte cuja rápida aproximação pressentia.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Depois de nos alojarmos na simples Casa Franciscana de Retiros, e começarmos a sentir o ambiente desse lugar intenso e sagrado, concordamos em nos fazer uma pergunta preliminar simples. Por que tínhamos ido para lá? Como a maioria das perguntas simples, ela foi uma chave que abriu muitas portas. Afinal, no silêncio em que estávamos então entrando, a pergunta levou a outras perguntas igualmente básicas, relacionadas à consciência e à vida espiritual, que nos levaram ao limite do pensamento e, assim, à luz de Deus dentro de nós: Quem sou eu? Quem é Deus?</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A história da experiência de oração de Francisco no lugar sagrado do Monte Alverne nos enriqueceu, desafiou e guiou dia após dia. Ficamos sabendo como ele se aprofundou cada vez mais na solidão, durante sua estadia ali, alternadamente fustigado por seus demônios interiores e consolado por visitas angélicas. Nisto, ele perseverou até que chegou à experiência que culminou na união com a humanidade de Cristo, o que tornou esse lugar tão sagrado, não somente para seus seguidores franciscanos, mas também de grande significado para toda a tradição cristã de oração.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na noite de 14 de setembro, Festa da Santa Cruz, seu fiel amigo e companheiro, Frei Leão, desobedeceu às instruções de Francisco e penetrou na solidão de sua reclusão para ver como ele estava. À luz do luar, Frei Leão viu Francisco de joelhos em oração, repetindo com todo o fervor as perguntas que se encontram no centro de toda oração cristã: “Quem és tu, meu doce Deus… Quem sou eu, teu servo inútil?”“E somente estas palavras repetiu e nada mais disse” – conta-nos São Boaventura, seu biógrafo. Frei Leão viu o fogo que descia sobre a cabeça de Francisco, envolvendo-o por muito tempo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Quando Francisco afinal o notou, Frei Leão perguntou o que significava tudo aquilo. Francisco respondeu que ele tinha recebido duas luzes para a sua alma; o conhecimento e a compreensão de si mesmo, e o conhecimento e a compreensão de Deus. Nesta oração no fogo, Deus lhe pediu três dádivas e ele buscou em sua pobreza até encontrar uma bola de ouro que ofereceu três vezes: a doação dos seus votos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Após dizer a Frei Leão que não o espionasse mais, Francisco dirigiu-se à Bíblia para saber a que estaria sendo preparado – e em cada consulta ele foi encaminhado para a Paixão de Jesus Cristo. Retornou então à oração solitária, “tendo muita consolação na contemplação”. Sentiu-se depois impelido a pedir não somente a graça de sentir a dor de Cristo, mas também o amor que possibilitou a Cristo suportá-la por nós. Começou a contemplar a Paixão com profunda devoção até que “se transformou completamente em Jesus por meio do amor e da compaixão”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na manhã seguinte, ele viu um serafim aproximar-se na forma de Jesus Crucificado. Ele se sentiu repleto, simultaneamente, de medo e alegria, deslumbramento e tristeza. E foi-lhe dada a percepção de que sua transformação em Cristo não aconteceria por sofrimento físico, mas “por uma elevação da mente” – a transformação da consciência em amor. Entretanto, o sinal desta transformação seria a marca permanente das cinco chagas divinas de Cristo no corpo de Francisco. Pouco depois, Francisco deixou o Monte Alverne e retornou à cidade de Assis, para morrer “com a chama do amor divino em seu coração e as marcas da Paixão em sua carne”. Com humildade, perguntou a seus irmãos se deveria tornar pública a informação sobre seus estigmas, e convenceu-se de que deveria quando lhe disseram que a experiência deveria ter um significado não somente para ele, mas também para os outros.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>MISTÉRIO E SIGNIFICADO</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Houve diversas reações entre nós ao ouvir esta história. O elemento de ligação de todas foi um reverente senso de mistério – a experiência que não pode ser aplicada adequadamente pela razão – e a necessidade de expressar reverência pela busca de um significado para a experiência. As experiências mais profundas das histórias de nossas vidas também merecem a mesma reverência e impelem à busca de significados. E o significado não aparece com rapidez ou facilmente.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Não dar o tempo ou a quietude de atenção necessários, para tornar plenamente consciente o que nos acontece, é uma característica de nossa época, veloz e impaciente. Tempo e atenção são necessários se não quisermos tratar a vida superficialmente.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A superficialidade desperdiça o precioso sentido do sagrado que dá profundidade e propósito a nossos encontros com a alegria e o sofrimento intensos, freqüentemente cheios de perplexidade. Mistérios como esses são dons valiosos, realidades que exigem tempo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Quanto à experiência de Francisco, precisávamos, em primeiro lugar, perguntar: o que significava e para quem? Para o próprio Francisco, para a Igreja, para nós, hoje? Talvez o significado para Francisco fosse de foro íntimo e inacessível, só dele mesmo – este é o significado solitário e único de toda experiência única. Podemos supor, pelo que sabemos de Francisco, que os seus estigmas simbolizam um alto grau de realização da sua união com a pessoa do Cristo Crucificado e Ressuscitado, a quem amou com tanta persistência e paixão.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O desejo que consome os místicos – e amantes – é sempre o de despojar-se de sua identidade egocêntrica e unir-se de forma permanente com o Bem- Amado, em uma maneira de ser em que o “eu” e o ‘tu”, apesar de não obliterados, deixam de ser entidades fixas. “Não sou mais eu quem vive; mas é o Cristo quem vive em mim”. O abismo da separação (das individualidades) se fecha quando transcendemos o ego. “Uma consumação a ser desejada devotamente”, mas algo que, ao mesmo tempo, causa horror ao ego e doloroso pressentimento. À diferença de Francisco, a maioria de nós recua, sistematicamente, no exato momento em que a satisfação do nosso desejo de plena união nos é oferecido.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A vida de Francisco foi uma ascensão, freqüentemente uma peregrinação vertiginosa em direção a esta união de sua humanidade com a humanidade de Cristo. Ao contrário dos seus seguidores, que o veneravam como santo, Francisco via a história de sua própria vida repleta de inúmeros fracassos e retrocessos, provocados por sua natureza pecaminosa. Como acontece com a maioria dos fundadores, ele morreu com um sentimento de fracasso.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Ao mesmo tempo, ele também sentia e manifestava uma alegria cada vez mais intensa, o que seria uma prova, em nível mais profundo de percepção, de que sua evolução era constante. A coexistência, a mistura de alegria e sofrimento, dor e paz, amor e solidão, tornaram-se, com crescente clareza, o tema unificador – se não, mesmo, a experiência – do nosso Retiro. Até o clima variável durante a semana foi expressão disso, ao passarmos de dias fechados com nevoeiro úmido e frio para outros dias de céu claro, com sol quente e panoramas abertos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Independentemente do que possa ter significado a mais para Francisco, por causa da extinção, pelo amor, da sua identidade separada, os estigmas selaram também sua vocação e sua missão na Igreja. A experiência de Francisco influenciou decisivamente o curso da Espiritualidade cristã. Sua união com Cristo, ocorrida no Monte Alverne, iniciou uma nova era e uma mudança na consciência cristã. Ficou a cargo de São Boaventura – pois Francisco não era teólogo – formular a devoção ao Jesus histórico, especialmente a que focalizou a Cruz – que abriu uma nova dimensão no pensamento e no sentimento cristãos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">E o que podem os estigmas significar para nós? É o que nos perguntávamos, enquanto, dia após dia, a intensidade peculiar do Monte Alverne nos convidava a questionar mais seriamente quem era Deus e quem éramos nós. Lembrávamos o que Francisco viu na grande claridade de sua experiência incandescente: que o conhecimento de Deus e o conhecimento de si mesmo são inseparáveis e que, uma vez que se fundem, somos transformados para sempre. Indagávamos o que seria “a bola dourada” em nosso estilo de vida, com a qual faríamos a dádiva de nós mesmos a Deus.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Vimos que se Francisco podia sentir simultaneamente as emoções conflitantes de medo, alegria, admiração e sofrimento, nós também deveríamos estar dispostos a parar de nos agarrar a um único estado mental dominante, com o qual ficamos habitualmente obcecados – não deveríamos nos identificar com nossa ira, medo ou desejo, por exemplo. E que precisamos aprender a nos desapegar de todos os nossos sentimentos para estarmos abertos ao mistério de Deus em toda a extensão da nossa humanidade.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Vimos como, em sua simplicidade, Francisco ilustrou a dimensão trágica da vida em que alegria e sofrimento são parceiros inseparáveis. Questionamos a fixação da nossa cultura na busca da felicidade, que nega a nossa inescapável condição de mortalidade e nossas imperfeições essenciais. No sinal misterioso da união de Francisco com Cristo, pudemos sentir como o desejo de união, que é a mais profunda de todas as nossas aspirações, só pode acontecer com pureza de coração e intensa entrega. A união acontece quando ela é o nosso único desejo: quando o drama habitual de desejos conflitantes, que nos fazem repetir padrões antigos de fracassos, tiver sido radicalmente simplificado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Quando lemos que Francisco, ao deixar o Monte Alverne montado em uma mula, por causa da dor que sentia em seus ferimentos, começou – na última fase de sua vida – a curar os sofrimentos dos outros, compreendemos que nenhuma experiência identificável como tal pode ser considerada definitiva. Estamos sempre seguindo adiante. “Os anjos ficam parados – diz um ditado judeu – o Santo está sempre em movimento”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Finalmente, indagando quem seria realmente Francisco, vimos como ele se tornou um amigo da humanidade, um dos grandes boddhisatvas cristãos. A escolha de Assis pelo Papa João Paulo II como local para o encontro histórico da oração ecumênica em 1988, reunindo dirigentes religiosos de todas as crenças, foi inspirada pela amizade universal a que se dedicou Francisco. Os santos, assim nos parece, não são somente para ser venerados como paradigmas de excelência, mas devemos nos aproximar deles como amigos para a jornada espiritual, com a humildade de Cristo, superando o paradoxo de uma intimidade universal que parece impossível sem eles.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>FERIDAS QUE CURAM</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Depois de receber os estigmas de Cristo, Francisco ficou marcado como a expressão viva do arquétipo de santo, sábio ou xamã. Mas no sentido cristão, e de forma ainda mais expressiva, ele personifica o ferido que cura. Numa ocasião em que Frei Rufino tocou Francisco e colocou com curiosidade sua mão na chaga aberta do lado, Francisco se encolheu de dor.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Como ele, nós também às vezes invadimos as feridas íntimas de outros – a mídia atual ganha muito com isto. Nós sabemos como os nossos ferimentos mais profundos podem gritar de dor quando um pensamento, uma palavra ou ação desatenciosa toca neles.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O toque é um tema dominante na vida espiritual de Francisco. Ele tem um contato alegre com o mundo material e suas múltiplas e esplendorosas belezas. Ele é constantemente mostrado tocando ou sendo tocado por criaturas, humanas e outras. Muitos dos que o tocaram no fim da vida sentiram-se curados simplesmente por fazê-lo. Sua grande singularidade demonstra a espécie superior de sanidade que nos advém quando somos (mesmo que só um pouco) tocados por Deus. As chagas de Francisco foram toques de Deus que o mudaram de forma irreversível.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Somos feridos mais profunda e dolorosamente, não por acidentes que acontecem – não importa quão trágicos sejam – mas pelo amor. Como todos aqueles que sofreram sabem, todo sofrimento é suportável – ou não suportável – proporcionalmente ao grau de amor que conseguimos manter vivo. Entretanto, o próprio amor é o maior ferimento que a humanidade é capaz de infligir. Existe o doce ferimento do amor, que pode transformar a personalidade e nossos poderes de percepção. Pode elevar-nos de um mundo preto-e-branco, unidimensionado, para um universo multicolorido não sonhado e de perspectivas cambiantes.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">E existe o ferimento amargo, quando o amor é retirado, quando sua expressão emocional murcha, quando é inexistente ou traído. Ou quando morre a pessoa que amamos. Como nos estava ensinando o tema emergente do Retiro, abrir-se ao doce ferimento (do amor) como Francisco se abriu às “alegrias da contemplação”, também nos expõe ao lado cortante da espada, à realidade do amor, ao ferimento amargo e à dor da perda irremediável.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O ferimento é uma experiência rara de permanência. A maioria das coisas que acontece não dura. Necessitamos, portanto, distinguir entre ferimentos e golpes, as frustrações e os desapontamentos que acontecem na vida e que podem ser amargamente dolorosas, mas que, com o tempo, podem até desaparecer da memória: o fracasso de um exame, perdas financeiras, desencontros. De tudo isso nós nos recuperamos. Entretanto, os ferimentos nos marcam para sempre e alteram a química mais profunda de nossa percepção e o próprio funcionamento de nossa identidade. Um ferimento significa que nada será mais como antes. O tempo conserta os golpes, mas não cura ferimentos profundos. Somente a eternidade, a imersão do momento presente nas águas da presença de Deus, pode curar um ferimento. Assim como o ferimento da morte de Cristo só pode ser curado pela Ressurreição, quando Ele mergulhou nas escuras profundezas de sua divindade.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>OS FERIMENTOS AO PASSAR DO TEMPO</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Claro que os sentimentos e os significados associados aos ferimentos vão mudando com o tempo. Todo significado surge, dentro do seu contexto, na leitura do que estamos analisando. Não podemos ver o significado da experiência de Francisco no Monte Alverne fora do contexto da sua própria vida e da sua cultura histórica. O significado dos nossos próprios ferimentos – que, com freqüência, no princípio nos parecem horrorosamente sem significado – começa a surgir à medida que os vamos vivendo em relação com outros eventos e esquemas de nossa vida.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Isto quando o sofrimento nos permite continuar conscientes o suficiente para proceder assim. Mas ferimentos nunca podem ser eliminados, assim como um fim ou um princípio jamais podem ser repetidos. São parte da nossa história e, nesta história, não obstante pareça um átomo insignificante no universo, é uma partícula única e indispensável na constituição do cosmos. Nossos ferimentos estão, portanto, entre as forças mais sagradas que dão forma à nossa existência e fazem o próprio mundo ser como é.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">É importante evitar o sentimentalismo ou o excesso de otimismo com referência ao nosso sofrimento, porque ambos podem inibir a esperança. Ser ferido é perigoso. Pode aleijar ou até destruir a personalidade. Pode nos empurrar da borda para dentro do desespero ou nos entrincheirar em um isolamento medroso e cínico, além de amargurar involuntariamente o nosso espírito. Até pior – e as histórias de famílias e nações estão repletas de exemplos: os ferimentos podem nos transformar em inimigos da humanidade, demônios cheios de ódio contra Deus, cruéis e selvagens para com os outros.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“O ferimento aceito dentro da maneira de ser do mundo” – como nos diz São Paulo – leva-nos à morte. Nesse estado de morte somos esvaziados de toda a compaixão, coma os campos nazistas de extermínio – dirigidos por pessoas comuns não tão diferentes de nós mesmos – não nos deixam esquecer. E podemos nos tornar especialmente vingativos com os que são mais fracos do que nós e estão mais feridos. Podemos nos transformar em feridos que ferem. Ou feridos que curam. Como Francisco e seu modelo, Cristo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Como aconteceu com Queirão no mito grego. Filho do deus Cronos e da ninfa terrestre Fílira, Queirão teve a infelicidade de nascer como um centauro, meio humano – a parte superior do seu corpo – e meio cavalo. Quando sua mãe o viu, ao nascer, ficou tão revoltada que conseguiu ser transformada em um limoeiro para que não pudesse amamentá-lo. Assim, seu primeiro ferimento foi a rejeição. Mas Apolo o adotou – pelo menos em sua parte superior – e lhe deu treinamento para aperfeiçoar-se em todas as artes e no conhecimento. Queirão transformou-se em um grande mestre e mentor para muitos dos maiores heróis gregos, incluindo o próprio Héracles. Um dia, em uma festa com centauros que se desgovernaram, Héracles teve que lançar uma flecha envenenada para acabar com a desordem. Acidentalmente, a flecha atingiu Queirão. Sendo filho de um deus – logo, imortal – a flecha não poderia matá-lo, mas deixou-o em agonia permanente e amargurada.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Sua vida mudou. Viu-se forçado a retirar-se para uma montanha para cuidar de sua chaga incurável. Desta maneira, Queirão transformou-se em perito nas artes da cura e dos poderes medicinais da natureza. Com a aproximação dos que sofriam e vinham procurá-lo, nele também cresceu a compaixão por eles. Não eram mais os famosos e poderosos que vinham até ele, mas os pobres e esquecidos. A todos, Queirão curava com o poder do seu recém-desenvolvido conhecimento, e eles partiam agradecidos, mas se perguntavam por que ele, que curava os outros, não podia curar a si próprio.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Héracles (o que feriu curando), durante outra de suas aventuras, encontrou uma saída para Queirão. Conseguiu que Zeus concordasse em libertar Prometeu do seu tormento se fosse encontrado um imortal que se dispusesse a dispensar sua imortalidade e a morrer. Queirão aceitou a proposta e, ao aceitar a mortalidade e morrer, disse sim para o que realmente era. Ele assim iniciou um novo tipo de heroísmo, deixando de lado suas tentativas inúteis de curar seus próprios ferimentos, de ser o seu próprio redentor. A morte não tinha grande atração ou glória, mas continha uma verdade sombria e profunda que não poderia ser expressa nem por todos os poderes de Apolo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Ele morreu e, como todos os mortais, desceu ao mundo interior. Atravessou o Estige, fronteira entre a consciência dos vivos e dos mortos; pagou a sua moeda ao barqueiro sem rosto, atravessou os campos cinzentos de Asfodel – onde os mortos à espera do julgamento piavam como morcegos – e, diante dos que reinavam no Hades, aguardou o seu julgamento. O mito nos conta que ele permaneceu ali por nove dias obscuros. Zeus então o salvou do Hades e o alçou acima da terra para fazê-lo para sempre uma constelação no céu: um ensinamento escrito no céu para todos lerem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i><br /></i></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>E onde fordes, proclamai que o Reino dos Céus</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios.</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>De graça recebestes, de graça dai (Mt 10, 7-8)</i></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Jesus, sempre consciente da sua morte iminente, e ferido pela rejeição e pelos mal-entendidos, ficou conhecido entre os seus contemporâneos, sobretudo, como aquele que curava. O convite que faz aos seus seguidores, para imitarem o que fazia quando curava o sofrimento humano, confere dignidade aos que estão feridos. Enquanto pensarmos que são os sadios que curam, estaremos subscrevendo o culto do poder. Nossa percepção da realidade ficará distorcida pela busca obsessiva da felicidade e pela fuga do sofrimento, empreendidas pelo ego.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O segredo do Monte Alverne não é, afinal, tão esotérico. Ele abre uma visão de suprema felicidade humana – a ventura de conhecermos a nós mesmos e a Deus, no amor de Cristo. Nele podemos também acreditar, porque não foge da realidade do sofrimento – do qual não há como escapar. A sabedoria de Francisco, assim como a sabedoria de Jesus, nos ensinam que a nossa vulnerabilidade ao sofrimento não é um impedimento para a prestação de serviços amorosos aos outros. E mesmo condição para que possamos aliviar o sofrimento do próximo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Enquanto perseguirmos a nossa própria felicidade como a primeira das prioridades, nós faremos isso, de forma consciente ou não, à custa do bem-estar de outrem. Mas, se aliviarmos a dor do outro, encontraremos a plenitude do ser para a qual fomos criados. Curar – enquanto nós mesmos estamos feridos – não está, no entanto, no campo da experiência do ego.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>Aquele que não toma a sua cruz e me segue</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>não é digno de mim. Aquele que procura a si mesmo</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>acabará por se perder e quem se esquecer de si mesmo,</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>por amor de mim, acabará por encontrar-se</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>(Mt 10,38-39).</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Pode-se compreender melhor o significado da experiência de Francisco, no Monte Alverne, no contexto da sua oração, assim como nossa vivência consciente, a partir desses paradoxos do espírito, dependerá da profundidade da nossa oração. Na oração de Francisco, a ênfase não está essencialmente nas visões, revelações e milagres que enchem sua biografia. A meditação logo nos ensina que não precisamos dessas coisas e não devemos procurar tais experiências.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Até para Francisco elas não foram a substância do seu relacionamento com Deus, como o mostra a sua vida em comunidade e a sua insistência no valor supremo da pobreza e da humildade. Mais significativa é a sua contínua perseverança no aprofundamento da oração. Ele retornava freqüentemente a períodos de solidão e aprofundava a sua aceitação de todo o espectro da realidade, o que o tornou tão profundamente sensível à presença e à atividade de Deus em tudo, em toda manifestação da natureza, como o mostra o seu Cântico das Criaturas. “Despertado por todas as coisas para o amor de Deus… nas coisas belas ele encontrava a própria beleza”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Vistos através deste prisma, o amor de Francisco pela criação e a ênfase de São João da Cruz sobre o desapego a todas as criaturas parecem complementares, em vez de opostos inconciliáveis, como poderia parecer. Vemos desapego também em Francisco, e celebração e louvor em João da Cruz. Onde se vive a plena verdade, os opostos coexistem. Não apenas alegria e sofrimento. Mas também a vida e a morte. Quando o percebemos, sabemos o que a vulnerabilidade de Cristo ao sofrimento proclama: a vida não é negada pela morte, mas consiste no ciclo de morte e renascimento. Este ciclo vai levar, na plenitude dos tempos, ao estado sem morte que Francisco suplicou lhe fosse dado experimentar antes da sua união com Cristo no Monte Alverne:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>E como continuasse neste propósito, um anjo</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>lhe apareceu em grande glória, trazendo</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>um cálice na mão esquerda e uma flecha</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>na mão direita. Enquanto Francisco se admirava</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>com esta visão, o anjo atravessou o cálice</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>uma vez com sua flecha, e imediatamente Francisco</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>ouviu uma melodia tão doce que sua alma se encheu</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>de encantamento – o que fez que ele ficasse</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>insensível a toda sensação do corpo. Como</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>posteriormente contou a seus companheiros,</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>caso o anjo passasse novamente a flecha pelo cálice, tinha dúvidas</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>se a sua alma não teria deixado seu corpo por causa da doçura intolerável</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>(Segunda Consideração dos Sagrados Estigmas).</i></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A meditação não procura – nem rejeita – tal experiência. Ela nos leva a profundezas para além do ego em que a experiência de Deus é possível e transcende todo desejo do ser consciente. Não estamos buscando a plenitude mística, mas a união no mistério do amor. O/a meditante precisa tornar-se um ferido que cura ao penetrar fielmente neste mistério de alegria e sofrimento, rejeitando todo escapismo e falsa consolação.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Esta fidelidade remove gradualmente a montanha do egotismo. É um partilhar a vida do Cristo, que é seu contínuo morrer e ressuscitar em nós.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Incessantemente e em toda a parte trazemos em nosso corpo a agonia de Jesus, a fim de que a vida de Jesus seja também manifestada em nosso corpo (2Cor 4,10).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Quando deixamos também o Monte Alverne – para o próximo passo da nossa peregrinação individual – nós o fizemos alimentados pela comunidade que havíamos partilhado e as verdades que experimentamos na companhia uns dos outros. Este me pareceu ser o poder da comunidade que vem à tona com a meditação, e que tantos, hoje, estão ansiosos por sentir, muitas vezes sem o saber. Que a nossa prática diária contínua permita a cada um de nós participar na cura do nosso mundo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>COM MUITO AMOR, DOM LAURENCE</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>(*) Exte texto foi publicado na revista “Grande Sinal”, de propriedade da Província Franciscana da Imaculada Conceição e editada pelo Instituto Teológico Franciscano (ITF). O texto desta meditação, tirado de Meditação Cristã – Boletim Internacional (23 Kensington Square – London W8 5HN – UK, fascículo de junho de 1998), foi gentilmente cedido a “Grande Sinal” pelo Núcleo de Meditação Cristã do Rio de Janeiro. Tradução a cargo de Maria Antonieta Garcia de Souza; revisão, Sérgio de Azevedo Morais.</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i><br /></i></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>Nota da Redação da Grande Sinal</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i><br /></i></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>Dom Laurence Freeman, OSB, mostra uma faceta fundamental da mística do Seráfico Pai, Francisco de Assis, portador dos estigmas de Jesus cristo, Trata-se de um tema que interessa, não só aos membros da Familia Franciscana, mas a todos/as aqueles/as que desejam atingir a plena identificação com Jesus cristo, nosso Redentor, em sua dura paixão, morte infamante e ressurreição gloriosa. Até que um dia todos possam dizer, como Paulo: ‘Já não sou eu que vivo, mas é o cristo quem vive em mim”</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Fonte:</b> <a href="http://www.franciscanos.org.br/">http://www.franciscanos.org.br/</a></span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-49952656290622178192018-09-15T12:20:00.000-03:002018-09-15T12:20:11.387-03:00Impressão das Chagas de São Francisco - O testemunho das fontes franciscanas - Que milagre é este?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz6VIPGrgjryYxK6n8d4Sro390EHzqevtGkXBjN1pftomHyEbu_aaPBoUSS-WtCCieYnlXRC3h-87OqPSBislZi7MYII4pfDGf5KjmamR_-Rc5ywUIJJzIEv_Q7cRQTsWHOcFLSsFs7S8/s1600/chagas1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz6VIPGrgjryYxK6n8d4Sro390EHzqevtGkXBjN1pftomHyEbu_aaPBoUSS-WtCCieYnlXRC3h-87OqPSBislZi7MYII4pfDGf5KjmamR_-Rc5ywUIJJzIEv_Q7cRQTsWHOcFLSsFs7S8/s400/chagas1.jpg" width="218" /></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Dos “Fioretti” – Terceira consideração dos Sacrossantos Estigmas</span></b><br />
<br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>“Um dia, no princípio de sua conversão, ele rezava na solidão e, arrebatado por seu fervor, estava totalmente absorto em Deus e lhe apareceu o Cristo Crucificado. Com esta visão, sua alma se comoveu e a lembrança da Paixão de Cristo penetrou nele tão profundamente que, a partir deste momento, era-lhe quase impossível reprimir o pranto e suspiros quando começava a pensar no Crucificado”</i>. E rezava:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>“Ó Senhor, meu Jesus Cristo, duas graças eu te peço que me faças, antes de eu morrer: a primeira é que, em vida, eu sinta na alma e no corpo, tanto quanto possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua dolorosa Paixão. A segunda, é que eu sinta, no meu coração, tanto quanto for possível, aquele excessivo amor, do qual tu, filho de Deus, estavas inflamado, para voluntariamente suportar uma tal Paixão por nós pecadores”.</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Da Legenda Menor de São Boaventura, Capítulo 6</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“Francisco era um fiel servidor de Cristo. Dois anos antes de sua morte, havendo iniciado um retiro de Quaresma em honra de São Miguel num monte muito alto chamado Alverne, sentiu com maior abundância do que nunca a suavidade da contemplação celeste. Transportado até Deus num fogo de amor seráfico, e transformado por uma profunda compaixão n’Aquele que, em seus extremos de amor, quis ser crucificado, orava certa manhã numa das partes do monte.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Aproximava-se a festa da Exaltação da Santa Cruz, quando ele viu descer do alto do céu, um serafim de seis asas flamejantes, o qual, num rápido vôo, chegou perto do lugar onde estava o homem de Deus. O personagem apareceu-lhe não apenas munido de asas, mas também crucificado, mãos e pés estendidos e atados a uma cruz. Duas asas elevaram-se por cima de sua cabeça, duas outras estavam abertas para o vôo, e as duas últimas cobriam-lhe o corpo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Tal aparição deixou Francisco mergulhado num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclavam a tristeza e a alegria: uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que se lhe manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor imensa, pois a visão da cruz transpassava sua alma como uma espada de dor e de compaixão.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Aquele que assim externamente aparecia o iluminava também internamente. Francisco compreendeu então que os sofrimentos da paixão de modo algum podem atingir um serafim que é um espírito imortal. Mas essa visão lhe fora concedida para lhe ensinar que não era o martírio do corpo, mas o amor a incendiar sua alma que deveria transformá-lo, tornando-o semelhante a Jesus crucificado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Após uma conversação familiar, que nunca foi revelada aos outros, desapareceu aquela visão, deixando-lhe o coração inflamado de um ardor seráfico e imprimindo-lhe na carne a semelhança externa com o Crucificado, como a marca de um sinete deixado na cera que o calor do fogo faz derreter.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Logo começaram a aparecer em suas mãos e pés as marcas dos cravos. Via-se a cabeça desses cravos na palma da mão e no dorso dos pés; a ponta saía do outro lado. O lado direito estava marcado com uma chaga vermelha, feita por lança; da ferida corria abundante sangue. Frequentemente, molhando as roupas internas e a túnica. Fui informado disso por pessoas que viram os estigmas com os próprios olhos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Os irmãos encarregados de lavar suas roupas, constataram com toda segurança que o servo de Deus trazia, em seu lado bem como nas mãos e pés, a marca real de sua semelhança com o Crucificado”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Tomás de Celano – Vida II, 211</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><i>“Francisco já tinha morrido para o mundo, mas Cristo estava vivo nele. As delícias do mundo eram uma cruz para ele, porque levava a cruz enraizada em seu coração. Por isso fulgiam exteriormente em sua carne os estigmas, cuja raiz tinha penetrado profundamente em seu coração”.</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Outros textos: 1Cel, 94; Legenda Maior, 13,35,69.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>Que milagre é este?</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Frei Hipólito Martendal</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Há vários santos entre os católicos que apareceram portando estigmas, semelhantes às chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ultimamente parece que tivemos até um caso raro de um homem de Deus trazer por certo tempo as chagas e depois elas virem a desaparecer. Dizem que isto teria acontecido com o capuchinho de nossos dias, o Pe. Pio, agora São Pio.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Por outro lado, estamos por demais acostumados com a idéia de milagres como eventos extraordinários, operados instantaneamente, ou pelo menos, em tempo relativamente breve, onde as coisas acontecem de tal maneira que só podem ser atribuídas a alguma intervenção divina.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">De minha parte, acredito que verdadeiros milagres podem ocorrer sem todos estes atributos considerados seus sinais inconfundíveis. Posso imaginar verdadeiros milagres sendo gerados aos poucos, lentamente, com recurso às forças naturais, mas que nunca poderiam acontecer somente apela atuação destas forças.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No caso de São Francisco, por exemplo, as descrições de seus biógrafos são espetaculares. O Santo, durante uma quaresma que celebrou em honra de São Miguel Arcanjo, na véspera, ou no dia da festa da Exaltação da Santa Cruz (14 de setembro), mergulhado em profunda meditação sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, tem uma visão deveras impressionante. Cristo lhe aparece como um homem crucificado, mas portando três pares de asas de Serafim. Francisco é arrebatado por um êxtase total. Aos poucos, sem ele sentir, as chagas de Jesus criam forma e implantam-se em seus membros e lado. Tomás de Celano, São Boaventura e o autor dos Fioretti descrevem-nas, bem como seu formato, a cor e a aparência dos cravos, em tudo de maneira muito semelhante.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>O primeiro santo das chagas</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Há algumas particularidades muito interessantes no caso de São Francisco. Ele é o primeiro homem na História a aparecer chagado. As descrições são concordes ao destacar o tamanho das feridas (eram grandes), estruturas semelhantes a cravos, com sangramentos intermitentes, principalmente na ferida do lado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Outra característica muito forte em São Francisco era o destaque que dava à humanidade de Jesus. O último Natal, antes das Chagas, ele o celebrara em Greccio, quando pedira a um amigo que montasse a cena de Belém o mais semelhante possível ao que ele concebera, em sua imaginação poética, pois, dizia: “Quero lembrar a criança que nasceu em Belém e ver com meus olhos carnais as dificuldades de sua infância pobre, como ele dormiu na manjedoura e como, entre o boi e o burro, deitaram-no sobre o feno”. (São Francisco de Assis de Jacques Lê Goff, p.88).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na quaresma em que foi agraciado com os sagrados estigmas, o assunto de meditações e contemplações fora a Paixão do Senhor. Por outro lado, quando se tratava de virtudes relacionadas à renúncia, à minoridade, à pobreza, ao servir, Francisco fazia questão de ser sempre o primeiro em tudo. O mesmo acontecia no desejo de imitar Nosso Senhor, no que se refere à pobreza e ao sofrimento. Queria ser o primeiro entre todos que desejasse viver como o Divino Mestre vivera. Além do mais, São Francisco era do tipo sensitivo, muito intuitivo, dado a sonhos e visões freqüentes, coisas que ele interpretava realisticamente como repostas divinas à sua incessante procura de Deus e da perfeição.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Agora vamos ao essencial que desejo oferecer à meditação do leitor. Em nossos dias, os estudos que procuram as conexões entre o que é mental e o que é corporal, entre o espiritual e o material, progrediram muito e têm descoberto coisas realmente interessantes. Os estudiosos afirmam que cerca de 80% dos transtornos físicos que incomodam o ser humano são de origem psíquica. Um desejo muito forte, uma emoção avassaladora, uma necessidade premente podem converter-se em sintomas físicos e doenças.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Dias atrás lia o caso de uma mulher que sofria de dores de cabeça lancinantes e contínuas e para a qual um batalhão dos melhores médicos não encontrava qualquer causa orgânica que explicasse. Só sabiam que depois de muitos anos de sofrimentos na companhia de um marido alcoólico e muito violento, conseguira a separação. Ele ameaçara suicidar-se, caso ela não voltasse. Ela não voltara e ele dera um tiro na própria cabeça!</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Cópia perfeita de Cristo</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Ora, fomos condicionados a ver somatizações só em doenças. E por que o fenômeno não poderia ocorrer como resposta sadia a desejos e emoções elevados e santos? Eu imagino que no caso de São Francisco tenha ocorrido exatamente tal fenômeno. Ele tinha uma capacidade rara de exprimir fisicamente seus estados de alma. Declamava, cantava, dançava, e encenava as alegrias mais espirituais. Vertia abundantes lágrimas de tristeza ao contemplar os sofrimentos de nosso Divino Mestre, ou simplesmente por pensar que “o Amor não é amado”. Estava firmemente disposto a não sofrer menos que sofrera seu Mestre e Senhor. Nos últimos anos de vida tivera ainda que contatar a realidade decepcionante de ver seus frades envolvidos em graves divisões e querelas por causa de seus próprios ideais de pobreza e minoridade, coisas que ele considerava revelações divinas e inquestionáveis. Isto constituía seu calvário que o aproximava ainda mais de Cristo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Então, o milagre se deu, não por uma intervenção direta e violenta do sobrenatural em seu corpo, mas por um mimetismo divino, por uma somatização de seus desejos santos de ser como o Divino Mestre a quem ele queria copiar. E a cópia foi tão perfeita, que seus contemporâneos registraram para as gerações futuras que “São Francisco é outro Cristo”.</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-76349273292609088402018-09-14T08:23:00.000-03:002018-09-14T08:23:08.950-03:00Especial - Impressão das Chagas de São Francisco. <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtVSz6eh8BRzQnqwH4OD6ATSV-q_eijbIpDU1jjgtKNXrmb73yLt9EjsqJDBnlka0iLn_y3xoV2JQp1_w3s6wKvo8HlCrcNDxrbrxH4nq9BIyj_Y1NeTSNvkiOCy03VeSaQdFWx_WRNog/s1600/chagas1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="918" data-original-width="505" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtVSz6eh8BRzQnqwH4OD6ATSV-q_eijbIpDU1jjgtKNXrmb73yLt9EjsqJDBnlka0iLn_y3xoV2JQp1_w3s6wKvo8HlCrcNDxrbrxH4nq9BIyj_Y1NeTSNvkiOCy03VeSaQdFWx_WRNog/s320/chagas1.jpg" width="175" /></a><br />
<br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Uma relíquia viva descia da montanha.</span></b><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Desde a infância muitos de nós fomos aprendendo a gostar desse Francisco. Francisco das coisas pequenas, simples, irmão do sol, das estrelas, da água, do leproso e de frei Leão, Francisco, cheio de carinho para com o Menino das Palhas e o Jesus bondoso e pobre que morre na cruz, esse Jesus que é o amor que precisa ser amado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">São Boaventura escreve: “Francisco, servo verdadeiramente fiel e ministro de Cristo, dois anos antes de devolver o espírito ao céu, como tivesse começado num lugar alto, à parte que se chama Monte Alverne e, um jejum quaresmal em honra do Arcanjo São Miguel, inundado mais profusamente pela suavidade da contemplação do alto e abrasado pela chama mais ardente dos desejos celestes, começou a sentir mais copiosamente os dons da ação do alto. Então, enquanto se elevava a Deus pelos seráficos ardores e o afeto se transformava em compassiva ternura para com aquele que por caridade excessiva quis ser crucificado, numa manhã, pela festa da Exaltação da Santa Cruz, rezando na parte lateral do monte, ele viu como que a figura de um Serafim que tinha seis asas tão fúlgidas, tão inflamadas a descer da sublimidade dos céus, o qual chegando com um vôo rapidíssimo num lugar próximo ao homem de Deus, apareceu não somente alado, mas também crucificado, tendo as mãos e os pés estendidos, e pregados à cruz e as asas de modo tão maravilhoso dispostas de uma e outra parte que elevava duas sobre a cabeça, estendia duas para voar e com as outras duas velava o corpo, envolvendo-o todo (…). Depois de um certo colóquio secreto e familiar, ao desaparecer, a visão inflamou-lhe interiormente o espírito com ardor seráfico e marcou-lhe exteriormente a carne com a imagem do Crucificado, como se ao poder prévio de derreter o fogo seguisse uma impressão do selo” ( Legenda Menor – Os sagrados estigmas, n.1).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Dois anos antes de morrer, Francisco vai ao Monte Alverne. O santo vinha do Oriente, cansado, doente, vendo que, talvez seus irmãos, numerosos, estavam perdendo o ardor dos começos. Francisco, sem amargura, sente vontade de tomar certa distância dos fatos e dos acontecimentos. O Santo se dava conta que estava no final de sua caminhada. Tinha dores em todo o corpo. Estava tomado por estas febres loucas e enxergava mal. Não podia mais suportar a luminosidade do Irmão Sol. Era o tempo da festa da Exaltação da Santa Cruz. Quer fazer a quaresma de São Miguel no silêncio, na meditação, ao lado de seu Frei Leão. Quer estar mais perto de seu Senhor.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Toda sua vida fora busca de Cristo. Um dia ele teria formulado uma oração no seguinte teor: “Senhor, gostaria de ser digno de receber duas graças de vossa parte: experimentar em meu coração o amor que tiveste para com os homens e sentir a dor de tua acerbíssima paixão”. Esta súplica foi sento atendida pelo Senhor ao longo do tempo da vida de seu servo Francisco. Durante anos e anos, depois de sua conversão, ele sempre buscar entrar na intimidade do Senhor Jesus na grutas, nos caminhos, contemplando o rosto dos leprosos. Aos poucos esse Francesco foi “tendo os mesmos sentimentos de Cristo Jesus”. Foi se abrasando no amor de Cristo. Cristo é o Vivo que queima e arde. Estamos diante da mística. Do amado que seduz a amada. Francisco e Cristo se tornam uma unidade. Há uma identificação mística. Francisco continua Francisco e Cristo continua Cristo. Nasce no coração do assisiense o desejo de viver também as dores e os sofrimentos de Cristo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Eloi Leclerc tenta descrever esse momento: “… a alma de Francisco se rasgava e sentimentos contraditórios se debatiam dentro dele. A inefável beleza do serafim e seu olhar benevolente e cheio de graça o fascinavam e o enchiam de alegria. Ao mesmo tempo, no entanto, o sofrimento do crucificado o aterrorizava. Perguntava-se, então: Como um espírito glorioso, imortal e tão belo podia sofrer a mais cruel agonia? Não sabia o que pensar. A agonia estava junto com o êxtase. A Paixão e a Glória, associadas de maneira estranha, pareciam cair sobre ele como um pássaro de rapina” ( in Francisco de Assis. O retorno ao Evangelho, p. 108).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco não é mais dono de si. Aos poucos, ao longo dos anos da vida, ele foi se despedindo de si, se despojando, esvaziando-se de si mesmo e no espaço do vazio veio o êxtase. O amado ganha a força do amor do Amante. Quem puder compreender, que compreenda. Talvez esse Francisco pudesse dizer com Paulo: Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Paul Claudel, tentando penetrar no Francisco que desce do monte, escreve: “Francisco tinha dado sua alma de tal forma que nem mesmo seu corpo conserva mais. Quando se lhe pede uma explicação, nada tem a nos dizer. Ele é propriedade de alguém que não explica, mas plenifica. É todo inteiro doação, como um esposo ou um recém-nascido. Caminha ao olhar de todos os homens como alguém que está inebriado, como um esposo que geme e que sorri, cambaleante e ferido de uma glória da qual ele é o inexplicável consorte. Quem desce trôpego do Alverne e mostra chaga e cicatriz secretamente a Clara é Jesus Cristo com Francisco, fazendo uma única realidade viva, sofredora e redentora” (cf. E.Leclerc, op. cit. p. 109).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A partir desse momento Francisco tem o selo do Amado gravado em seu coração e em sua carne. Agora era uma relíquia viva descendo a montanha. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nós, filhos de Francisco das chagas e das transfigurações, nos recolhemos no silêncio e tentamos pedir a Deus que pela intercessão do Francisco das Chagas nos leva ao Cristo iluminado, transfigurado e ressuscitado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco da minha vida</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">pequeno e grande Francisco,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">tu continuas vivo entre nós.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Tu és o meu irmão, meu irmão mais velho,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">meu irmão modelo,meu irmão da roupa marrom,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">das chagas douradas na mão</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">nos pés e no coração,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">apaixonado pelo Senhor Jesus.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Gosto de te contemplar</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">erguendo os braços ébrio de amor,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">cantando os louvores do Altíssimo, Onipotente</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">e grande Senhor!</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Acompanho-te pelas ruas de Assis</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">com o irmão sol que te aquece o rosto,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">pegando nas mãos a irmãzinha água</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">tão casta e tão transparente,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">pisando na terra mãe</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que produz variedade de flores e frutos.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Gosto de ver teu olhar acompanhar os irmãos,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">os irmãos leprosos que chamavas de irmãos cristãos,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">olhando os irmãos que te seguem,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">todos eles que são filhos do Altíssimo.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Espreito-te ao jogares tuas roupas</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">nas mãos de teu pai e a proclamares solenemente</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que o teu Pai está nos céus.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Aplaudo-te quando dizes</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que os teus seguidores serão menores</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">e nunca hão de se alegrar, a não ser com</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">o último de todos os lugares.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Vejo-te percorrendo as ruas e ruelas</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">da meiga Assis dizendo a todos que o Amor</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">não é amado.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Aprecio a tua coragem de partir sem segurança,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">sem sacola e sem dinheiro</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">para dizer a todos os homens</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que chegou o Reino novo</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">do Filho de Virgem Maria.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Recolho-me num cantinho</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">e vejo que sais da contemplação</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">com as chagas de Cristo Jesus</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">nas mãos, nos pés e no coração.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Morro e renasço contigo</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">quando cantas o salmo que fala que é preciso</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">que Deus nos tire desta prisão.</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco de ontem e de sempre,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco da roupa marrom,</span></i><br />
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco da minha vida!</span></i>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-83000032153698474062018-09-13T07:05:00.000-03:002018-09-13T07:05:01.133-03:00Artigo - O perfeito amor de São Francisco ao crucificado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT1JIcibkPRpfEkuTXxGVy9B6xDKhaoToWA3aEHgZehsbwxVFmFRMQ794zRlJyu4aGklq7Sct5ga-bbbTBK4u8GgZV_hCi1BFVSMHEGmPofFi4KzM_cMkTvgtUlJJVVcEI8BZL7ptk7ps/s1600/429501_1851635227462_1738226544_865393_2127903551_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT1JIcibkPRpfEkuTXxGVy9B6xDKhaoToWA3aEHgZehsbwxVFmFRMQ794zRlJyu4aGklq7Sct5ga-bbbTBK4u8GgZV_hCi1BFVSMHEGmPofFi4KzM_cMkTvgtUlJJVVcEI8BZL7ptk7ps/s320/429501_1851635227462_1738226544_865393_2127903551_n.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Frei João Mannes, OFM</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No dia 17 de setembro celebra-se a festa da impressão das chagas de São Francisco de Assis. Os estigmas que Francisco recebeu em 1224, no Monte Alverne, após uma visão do Cristo crucificado em forma de Serafim alado, são sinais visíveis de sua semelhança à humanidade de Cristo, nos seus três modos: na vida, na paixão e na ressurreição.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco encontrou-se pela primeira vez com o Crucificado na pequena Igreja de São Damião. Num certo dia, conduzido pelo Espírito, entrou nessa Igreja e prostrou-se diante da imagem do Cristo crucificado que, movendo de forma inaudita os seus lábios, disse: “Francisco, vai e restaura minha casa que, como vês, está toda destruída” (2Cel 10,5). E, conta-nos Celano, que Francisco sentiu desde então uma inefável mudança em si mesmo, pois são impressos mais profundamente no seu coração, embora ainda não na carne, os estigmas da venerável paixão.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No entanto, foi ao ouvir o Evangelho acerca da missão dos apóstolos (Mt 10, 7-13), que Francisco compreendeu o real significado da voz do Crucificado, e imediatamente exclamou: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do coração” (1Cel 8,22). Assim, sob o toque ou o apelo de uma afeição, começou devotadamente a colocar em prática o que ouvira, isto é, distribuiu aos pobres todos os seus bens materiais, bem como renegou-se a si mesmo para que, exterior e interiormente livre, pudesse ir pelo mundo e anunciar aos homens a paz, a penitência e, enfim, o amor não amado de Deus.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O amor que é Deus realizou-se na sua profundeza, largura e altitude na pessoa de Jesus Cristo. A encarnação, o estábulo, o lava-pés e a Eucaristia são expressões concretas do modo de amar como só o Deus de Jesus Cristo pode e sabe amar. Porém, foi especialmente ao entregar incondicional e gratuitamente a sua vida na Cruz, que o Filho de Deus revelou à humanidade que Deus é essencialmente caridade perfeita.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco, por inspiração divina, abraçou pobre e humildemente a cruz de Jesus e deixou-se impregnar, arrebatar e transformar totalmente pelo espírito de abnegação divina. Isso quer dizer que a imitação de Cristo, por parte de Francisco, não é mera repetição mecânica dos gestos exteriores de Jesus, mas é manifestação de sua profunda sintonia com a experiência originária de Jesus Cristo: o Reino de Deus. Somente quem possui o Espírito do Senhor pode observar “com simplicidade e pureza” a Regra e o Testamento de São Francisco e realizar em si mesmo as santas operações do Senhor.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na Terceira consideração dos sacrossantos estigmas considera-se que, aproximando-se a festa da Santa Cruz no mês de setembro, o pai Francisco, na hora do alvorecer, se pôs em oração, diante da saída de sua cela, e entre lágrimas orava desta forma: “Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que me faças antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão; a segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores”(I Fioretti)).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> E, relata Boaventura que, enquanto Francisco rezava, “viu um Serafim que tinha seis asas (cf. Is 6,2) tão inflamadas quão esplêndidas a descer da sublimidade dos céus. E […] apareceu entre as asas a imagem de um homem crucificado que tinha as mãos em forma de cruz e os pés estendidos e pregados na cruz. […] Imediatamente começaram a aparecer nas mãos e nos pés dele os sinais dos cravos” (LM 13,3). </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Assim, Francisco transformara-se todo na semelhança de Cristo crucificado (cf LM 13,5). Pois, de fato, trazia Jesus no coração, na boca, nos ouvidos, nos olhos, nas mãos, nos sentimentos e em todos os demais membros (cf. I Cel 9,115), e conseqüentemente podia exclamar com o apóstolo Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O Pobre de Assis, no seguimento de Jesus Cristo, perdeu a sua própria vida, mas recuperou-a inteiramente em Deus, de acordo com a palavra do Evangelho: “Quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 12,25). Todavia, Francisco não somente reencontrou a si mesmo em Deus, como filho de Deus, mas a todos os seres do universo. O Cânticodas Criaturas, que compôs pouco antes de sua morte corporal, é expressão jubilosa dessa intensa experiência eco-espiritual: “Louvado sejas meu Senhor, com todas as tuas criaturas”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O pai Francisco tornou-se assim um mestre na sequella Iesu. De imediato despertou o fascínio de muitas pessoas e atraiu muitos discípulos e discípulas, entre as quais, Santa Clara. Clara e suas Irmãs, a exemplo de Francisco, também querem chegar ao cimo da montanha da perfeição do amor. A propósito subscrevemos parte do VII capítulo (Do perfeito amor de Deus) de um interessantíssimo opúsculo que Boaventura escreveu à abadessa das Irmãs, do convento de Assis, sobre A perfeição da vida:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“Não é possível excogitar um meio mais apto e mais fácil para mortificar os vícios, para progredir na graça, para atingir o auge de todas as virtudes do que a caridade. Por isso diz Próspero, no seu livro Sobre a vida Contemplativa: “A caridade é a vida das virtudes e a morte dos vícios”. Como a cera se derrete diante do fogo, assim os vícios perecem diante da caridade. Porque a caridade possui tanto poder que só ela fecha o inferno, só ela abre o céu, só ela dá a esperança da salvação, só ela nos torna dignos do amor de Deus. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Tal poder possui a caridade que entre todas as virtudes só ela é chamada propriamente virtude. Quem a possui é rico, tem abundância, é feliz. […] E diz Santo Agostinho: “Se a virtude conduz a uma vida bem-aventurada, eu quisera afirmar em absoluto que nada é propriamente virtude senão o sumo amor de Deus”. Sendo, por conseguinte, o amor de Deus uma virtude tão elevada, cumpre insistir em alcançá-lo acima de todas as demais virtudes; porém, não um amor qualquer, mas só aquele com que Deus é amado sobre todas as coisas e o próximo por amor de Deus.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O modo de amar a teu Criador ensina-o o teu esposo no evangelho: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Repara bem, caríssima serva de Jesus Cristo, que amor o teu dileto esposo exige de ti. Quer o teu amado que ao seu amor dediques todo o teu coração, toda a tua alma, todo o teu espírito, de sorte que absolutamente ninguém em todo o teu coração, em toda a tua alma, em todo o teu espírito, tenha parte com ele. Que, pois, fará para amares o Senhor teu Deus realmente de todo o coração? Que quer dizer: de todo o coração? Vê como São João Crisóstomo ensina: “Amar a Deus de todo o coração significa não estar o teu coração inclinado a nenhuma outra coisa mais do que ao amor de Deus; não te comprazeres nas coisas desse mundo mais do que em Deus, nem nas honras, nem mesmo nos pais. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Se, todavia, o teu coração se ocupar em alguma destas coisas, já não o amas de todo o coração”. Peço-te, serva de Cristo, não te iludas. Fica sabendo que, se amas alguma coisa, e não a amas em Deus e por Deus, já não o amas de todo o coração. Por isso diz Santo Agostinho: “Senhor, menos te ama quem ama alguma coisa contigo”. Se amas alguma coisa que não te faz progredir no amor de Deus, não o amas de todo coração. E se, por amor de alguma coisa, negligencias aquilo que deves a Cristo, já não o amas de todo o coração. Ama, pois, o Senhor teu Deus de todo o coração.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Não somente de todo o coração, mas também de toda a alma devemos amar a Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor. Que significa: de toda a alma? Vai dizê-lo Santo Agostinho: “Amar a Deus de toda a alma é amá-lo com toda a vontade, sem restrições”. Amarás, certamente, de toda a alma, se sem contradição e de boa vontade fizeres não o que tu queres, nem o que aconselha o mundo, nem o que te inspira a carne, mas aquilo que reconheceres como sendo a vontade de Deus. Amarás, de fato, a Deus de toda a tua alma quando por amor de Jesus Cristo entregares de boa vontade tua vida à morte, sendo necessário. Se nisto, porém, faltares, já não amas de toda a alma. Ama, pois, ao Senhor teu Deus de toda a tua alma, isto é, faze a tua vontade sempre em conformidade com a vontade divina.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Entretanto, não só de todo o coração, não só de toda a alma, deves amar o teu esposo, Jesus Cristo. Ama-o também de todo o teu espírito. Que quer dizer: de todo o teu espírito? Di-lo novamente Santo Agostinho: “Amar a Deus de todo o espírito, é amá-lo com toda a memória, sem esquecimento”. (in: Obras Escolhidas. Porto Alegre: EST, 1983, p. 433-435).</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-47493524481091467942018-09-11T07:20:00.000-03:002018-09-11T07:20:03.484-03:00Especial - A mística franciscana no Mês da Bíblia.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeaiKDbkcCJgLo_SoPkt9jLb1-WhY1bUK5bRLnsoR_deZIxTgQsYvfH2Dzo1EdHBk1zQ4DJZTxVyh2-PQ4HMYfGe-l7CrWVNA0mbTVOKMOcnRdQD8nfHtOzzfXq3WoK-KLajXvD6ACBwE/s1600/mes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="214" data-original-width="350" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeaiKDbkcCJgLo_SoPkt9jLb1-WhY1bUK5bRLnsoR_deZIxTgQsYvfH2Dzo1EdHBk1zQ4DJZTxVyh2-PQ4HMYfGe-l7CrWVNA0mbTVOKMOcnRdQD8nfHtOzzfXq3WoK-KLajXvD6ACBwE/s320/mes.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Mês da Bíblia - A mensagem central da Bíblia</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Qual é, em poucas palavras, a mensagem central da Bíblia? A resposta não é fácil, pois depende da vivência. Se você gosta de uma pessoa e alguém lhe pergunta: “Qual é, em poucas palavras, a mensagem desta pessoa para você?”, aí não é fácil responder. O resumo da pessoa amada é o seu nome! Basta você ouvir, lembrar ou pronunciar o nome, e este lhe traz à memória tudo o que a pessoa amada significa para você. Não é assim?</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Pois bem, o resumo da Bíblia, a sua mensagem central, é o Nome de Deus! O Nome de Deus é Javé, cujo sentido Ele mesmo revelou e explicou ao povo (cf. Ex 3,14). Javé significa Emanuel, isto é, Deus conosco. Deus presente no meio do seu povo para libertá-lo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Deus quer ser Javé para nós, quer ser presença libertadora no meio de nós! E Ele deu provas bem concretas de que esta é a sua vontade. A primeira prova foi a libertação do Egito.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A última prova está sendo, até hoje, a ressurreição de Jesus, chamado Emanuel (cf. Mt 1,23). Pela ressurreição de Jesus, Deus venceu as forças da morte e abriu para nós o caminho da vida. Por tudo isso é difícil resumir em poucas palavras aquilo que o Nome de Deus evocava na mente, no coração e na memória do povo por Ele libertado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Só mesmo o povo que vive e celebra a presença libertadora de Deus no seu meio, pode avaliá-lo. Na nossa Bíblia, o Nome Javé foi traduzido por Senhor. É a palavra que mais ocorre na Bíblia. Milhares de vezes! Pois o próprio Deus falou: “Este é o meu Nome para sempre! Sob este Nome quero ser invocado, de geração em geração!” (Ex 3,15).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Faz um bem tão grande você ouvir, lembrar ou pronunciar o nome da pessoa amada. Aquilo ajuda tanto na vida! Dá força e coragem, consola e orienta, corrige e confirma. Um Nome assim não pode ser usado em vão! Seria uma blasfêmia usar o Nome de Deus para justificar a opressão do povo, pois Javé significa Deus libertador!</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O Nome Javé é o centro de tudo. Tantas vezes Deus o afirma: “Eu quero ser Javé para vocês, e vocês devem ser o meu povo!” Ser o povo de Javé significa: ser um povo onde não há opressão como no Egito; onde o irmão não explora o irmão; onde reinam a justiça, o direito, a verdade e a lei dos dez mandamentos; onde o amor a Deus é igual ao amor ao próximo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Esta é a mensagem central da Bíblia; é o apelo que o Nome de Deus faz a todos aqueles que querem pertencer ao seu povo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Texto da “Bíblia Sagrada”, da Editora Vozes</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-23137427040228097942018-09-10T07:11:00.000-03:002018-09-10T07:42:15.636-03:00Especial - A mística franciscana no Mês da Bíblia. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB0r5fLtnfYhHWpbKYzjdWoDc4bhKFP62bC08ZrZWAinGWjieXqDZwklDDN8_JxqlO1g3z4opC9QZakuBf-O04GMYXJECz93U6Vl9YD8_vTVByt6dtpOkJReT3KwTws9889V5vYsCZVJU/s1600/mes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><img border="0" data-original-height="214" data-original-width="350" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB0r5fLtnfYhHWpbKYzjdWoDc4bhKFP62bC08ZrZWAinGWjieXqDZwklDDN8_JxqlO1g3z4opC9QZakuBf-O04GMYXJECz93U6Vl9YD8_vTVByt6dtpOkJReT3KwTws9889V5vYsCZVJU/s320/mes.jpg" width="320" /></span></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">São Francisco, o “repetitor Christi”</span></b><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Por Leonardo Boff</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O fascínio e o mistério da figura de São Francisco reside em sua semelhança com o mistério e o fascínio de Jesus Cristo. Há tanto num quanto noutro algo de profundamente simples, transparente, nascivo, originário e convincente. Ambos constituem uma grande interrogação para todo homem verdadeiramente religioso. Ninguém pode subtrair-se ao Numinoso e Divino que se desprende de suas vidas. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Evidentemente, para um cristão por maiores que sejam as semelhanças entre São Francisco e Jesus Cristo nunca chegarão a esconder as infinitas diferenças que vigoram entre eles. Um é o Filho Unigênito e Eterno do Pai e o outro é, na expressão de São Boaventura, um humilde repetidor de Jesus. ‘</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Um constitui a realidade-fonte, outro a realidade-reflexo. São Francisco jamais quis seguir um caminho pessoal. Nunca buscou uma experiência nova. Propôs-se com todo empenho a imitar e a “seguir a doutrina e as pegadas de Cristo” ‘, o “totus Christus crucifixus et configuratus”.’ </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nele há “uma deliberada renúncia a toda originalidade”. * Jamais antes e depois de São Francisco assistimos no Ocidente a um tão apaixonado amor a Cristo a ponto de tentar imitá-lo nos mínimos pormenores, na letra e no espírito. Queria venerar e reproduzir todos os aspectos da vida e do mistério de Cristo, não apenas os humanos, como se sói repetir.’ </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Jamais alguém dentro do Cristianismo logrou assimilar Jesus Cristo em sua vida como São Francisco a ponto de trazer no corpo os sinais da Paixão e na alma as arras do Reino de Deus. Com acerto resume São Boaventura o sentido do impulso de São Francisco: “saciava toda a alma no seu Cristo e se entregava todo, de corpo e de alma, somente a ele”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Extraído do livro “Nosso Irmão Francisco de Assis”, da Editora Vozes</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-6932965901614888672018-09-07T08:47:00.002-03:002018-09-07T08:51:10.132-03:00Um franciscano na luta pela Independência.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw3RFS_YU6B2FcHBqhyphenhyphenQAzmLyg6Ef4H9cnuJgmA0BswneqAi1IpKicWzVOlNDjwScUIZDB4oSXEAkKL2j-L1GTESjXZ8QMwPnb-DozKDyuXSjXVXTfHR8Cv7qzWcHtMmFmmX6XkKBXC6k/s1600/independencia_060918-830.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="830" height="154" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw3RFS_YU6B2FcHBqhyphenhyphenQAzmLyg6Ef4H9cnuJgmA0BswneqAi1IpKicWzVOlNDjwScUIZDB4oSXEAkKL2j-L1GTESjXZ8QMwPnb-DozKDyuXSjXVXTfHR8Cv7qzWcHtMmFmmX6XkKBXC6k/s320/independencia_060918-830.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Frei Sandro Roberto da Costa*</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na data comemorativa da Independência do Brasil, é oportuno resgatar, mesmo que rapidamente, a memória de um frade franciscano que teve um papel de destaque em todo o processo que resultou na separação do Brasil de Portugal. Falamos aqui de frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, frade da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, mais conhecido como frei Sampaio.[1]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Filho de pai português e mãe brasileira, Francisco de Sampaio nasceu no Rio de Janeiro em 1778. Em 1793, aos 15 anos, recebeu o hábito franciscano, no convento Santo Antônio. Ordenado sacerdote em 1802, desde 1800 exercia o ofício de Pregador, sinal de uma precoce capacidade oratória, uma vez que os Pregadores eram escolhidos apenas entre os sacerdotes, e apenas depois de alguns anos de ordenados. Foi professor de Eloquência Sagrada e Teologia, nos Conventos de São Paulo e do Rio de Janeiro, entre 1802 e 1808. Com a chegada da família imperial ao Rio de Janeiro, em 1808, o jovem frade iniciou uma carreira que se revelaria brilhante: Pregador da Capela Imperial e Examinador da Mesa de Consciência e Ordens a partir de 1808; Teólogo da Nunciatura em 1812; Capelão-Mor de Sua Alteza Real e Censor Episcopal em 1813; Deputado da Bula de Cruzada em 1824. Também assumiu serviços importantes na administração interna da Província.</span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRSDD7SWc90TqX6PRVf1Jye_BqNkzmxQzejOdA57YiyypsJ7tuK8_GtnfoSnzvsVPHX-hDtSxJMWNwWk-i7fgq0L1pwrKMzG4ERk_derW3FWSPGkeurqaPWaQrrOIymQDeVIh6bCZmJQE/s1600/235_060911.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="280" data-original-width="233" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRSDD7SWc90TqX6PRVf1Jye_BqNkzmxQzejOdA57YiyypsJ7tuK8_GtnfoSnzvsVPHX-hDtSxJMWNwWk-i7fgq0L1pwrKMzG4ERk_derW3FWSPGkeurqaPWaQrrOIymQDeVIh6bCZmJQE/s1600/235_060911.jpg" /></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Sampaio não frequentou nenhuma universidade ou curso de especialização, além dos cursos mantidos pela Província nos Conventos de São Paulo e Rio de Janeiro. Seus anos de magistério o obrigaram a profundar seus conhecimentos, aliados à sua natural capacidade intelectual. Além do bom nível dos estudos mantidos pela Província, a biblioteca do Convento Santo Antônio era então “uma das mais ricas da América“.[2]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O pensamento de frei Sampaio encontra-se expresso, sobretudo, nos seus sermões e artigos de jornais. O púlpito era, tanto quanto a imprensa, uma tribuna de debate político na época. Frei Sampaio manuseou com maestria os dois instrumentos. Orador sacro de renome, Sampaio exerceu destacada atividade política, principalmente a partir de 1820, no fervilhar das discussões acerca da independência do Brasil. Residindo no Convento de Santo Antônio, no centro dos acontecimentos políticos da colônia, o frade criou uma rede de relações, utilizando-se de suas influências em defesa da causa que abraçara. Em defesa dos interesses do país, frei Sampaio também militou na Maçonaria, como a maior parte do clero “ilustrado” da época.[3] Sua cela tornou-se lugar seguro para as reuniões dos patriotas, onde foram tomadas decisões importantes para a emancipação política. Também o futuro imperador D. Pedro tomava parte nessas reuniões.[4]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na cela do culto frade foi redigido aquele que passaria à história como um dos mais importantes documentos no processo de independência. Instado a retornar a Portugal, o Príncipe Regente D. Pedro hesitava em tomar uma decisão. Os articuladores da independência resolveram redigir um manifesto, recolhendo o maior número possível de assinaturas, e o apresentaram ao príncipe, no dia 09 de janeiro de 1822, como apoio popular à sua permanência. Este “Manifesto do Povo do Rio de Janeiro”, também conhecido como Manifesto do Fico, foi redigido por frei Sampaio, como foi provado historicamente, e desembocou naquele que passou à história como “O Dia do Fico”[5]. A este libelo em defesa da soberania da nação frente a Portugal, somam-se os vários sermões e pregações, proferidos em várias ocasiões solenes, em celebrações, antes e depois da independência, na presença de autoridades, da corte, do próprio príncipe e de milhares de pessoas. O excepcional orador franciscano empregava seus dotes para defender a causa nacional, como neste breve trecho pronunciado antes da independência:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“Ó Deus, tu conheces que o meu interesse sobre a glória do Brasil não nasce de pretensões nem de vistas particulares, e por isso é merecedor de tua aprovação. Dirige portanto as minhas ideias; que elas, saindo dos pórticos do templo, se espalhem por todas as províncias deste continente, e que vão ao longe mostrar os sentimentos do Brasil na época atual, em que se fazem esforços para que ele retroceda da mocidade ao estado de infância: vejam os legisladores o que somos, para que mudando de planos concordem no que de justiça e de necessidade devemos ser. Senão… Óh Deus!”[6]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Frei Sampaio exerceu ainda profícua atividade de jornalista, sempre em defesa da causa nacional. Consolidada a independência, o frade continuou militando ao lado do Imperador, defendendo o sistema de Monarquia Constitucional, o que lhe granjeou a dura oposição dos Republicanos. Escrevendo regularmente no jornal “Revérbero Constitucional Fluminense“, foi convidado pelo imperador a dirigir o “Regulador Luso-Brasílico“, depois “Regulador Brasílico“. Em 1823, tendo fundado o “Diário do Governo“, órgão oficial do Império, D. Pedro I chamou Sampaio para ser o diretor. Neste órgão, na polêmica que antecedeu a elaboração da primeira Constituição do país, frei Sampaio travou duras batalhas jornalísticas, não sendo poupado dos ataques e críticas dos opositores e adversários políticos. É de sua lavra o “Projeto de uma Constituição Monárquica”, de 1823, que teria grande influência na redação da Constituição de 1824.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Durante sua viagem a Santos e São Paulo, em 1822, D. Pedro conheceu Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, que foi tendo cada vez mais influência sobre o Príncipe, inclusive sobre assuntos de administração política. José Bonifácio, seu Conselheiro, acabou degredado em 1823. Frei Sampaio, amigo pessoal da Princesa Leopoldina, esposa do Imperador, também foi perdendo prestígio. O Imperador passou a dar cada vez mais espaço ao Padre Januário da Cunha Barbosa, um dos mais ferrenhos adversários políticos de frei Sampaio [7]. O ano de 1825 marca a retirada de frei Sampaio das atividades públicas. No dia 11 de dezembro de 1827 ele proferia seu último sermão público, justamente nas exéquias daquela que havia sido sua companheira nas lutas pela independência: a Princesa Leopoldina. No dia 13 de setembro de 1830, era frei Sampaio que falecia no Convento de Santo Antônio. Partia, certamente levando na alma a certeza de que lutara bravas e belas batalhas, e que deixaria marcas profundas na história do País que ajudara a criar.</span><br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">[1] Sobre frei Sampaio existe ingente bibliografia. Dada a importância de sua participação no processo de independência do Brasil, praticamente todos os historiadores o citam. Temos, além disso, seus Sermões e artigos de jornais da época. Mas falta uma obra de peso, que aprofunde as raízes e inspirações de seus pensamentos e sermões, que faça jus à importância desse personagem. Limitamo-nos a citar aqui alguns estudos: G. A. Titon, Um Prócer da Independência: Frei Sampaio, Revista Eclesiástica Brasileira 32 (127) setembro 1972, 590-611; J. H. Rodrigues, O Clero e a Independência, in Revista Eclesiástica Brasileira, 32 (126) junho 1972, 315-316; B. Rower, O Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro, Vozes, Petrópolis 1937; I. Silveira, Partidarismo Nacionalista nos Claustros Franciscanos, Vida Franciscana 32 (1964) 23-45.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;">[2] G. A. Titon, Um Prócer da Independência: Frei Sampaio, o.c., 592.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;">[3] Na relação clero e maçonaria no Brasil-colônia os historiadores são concordes em acentuar o aspecto mais político que anticlerical da associação, e por isso a grande participação do clero. Afirma Thales de Azevedo: “Seria ingênuo e injusto reduzir a atuação da maçonaria durante a Colônia e o Império a uma oposição ao catolicismo. Ao mesmo tempo que operava em função de planos de âmbito internacional, de que o trabalho no Brasil era mero acessório, as lojas teriam tido uma função coordenadora, da qual clérigos e outros católicos se teriam utilizado para maior eficácia de sua atividade política, explicando-se dessa maneira a aparente incoerência ou infidelidade daqueles à doutrina da Igreja” Cfr. Thales de Azevedo, Igreja e Estado em Tensão e Crise, Ática, SP, 1978, 131.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;">[4] “Também o príncipe Dom Pedro, depois de ganho para a causa do Brasil, passou a frequentar a cela de frei Sampaio, chegando os dois a tornar-se amigos íntimos e colaboradores”. G. Titon, Um Prócer da Independência, o.c., 598.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;">[5] No Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, encontra-se a “Sala do Fico”, antiga cela de frei Sampaio, onde conserva-se também a mesa onde foi lavrado e assinado o documento.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;">[6] Sermão em ação de graças pela prosperidade do Brasil, pregado na Capela Real a 7 de março de 1822. Cfr. J. H. Rodrigues, O Clero e a Independência, o. c., 315.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;">[7] D. Pedro teria prometido a frei Sampaio o bispado de São Paulo, promessa que não cumpriu, por oposição da Marquesa de Santos.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;">* Frei Sandro Roberto da Costa possui doutorado em História da Igreja pela Pontifícia Universitas Gregoriana – Roma, Itália (2000). Foi diretor do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis por dois mandatos (2007-2009/2010-2012). Atualmente leciona as disciplinas História da Igreja Antiga e Medieval. É pároco da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, Rio de Janeiro.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;">Fonte: Instituto Teológico Franciscano (ITF)</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-67266952114573760472018-09-06T07:51:00.000-03:002018-09-06T07:51:11.593-03:00Especial - A mística franciscana no Mês da Bíblia.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMO6fs95_70M-OvzQ4m4U0v7rLcMmzNZ8k50_XLZU_IsHE3vidBNJ1nx7a6v2hDjKVi9RDKZWjSadDdw6BcIh99ASBYJIzJgXYBuxTGdOWWayfBrRGYsMv3S_zHFMXisNDtkQlg_fC3i8/s1600/mes+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="214" data-original-width="350" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMO6fs95_70M-OvzQ4m4U0v7rLcMmzNZ8k50_XLZU_IsHE3vidBNJ1nx7a6v2hDjKVi9RDKZWjSadDdw6BcIh99ASBYJIzJgXYBuxTGdOWWayfBrRGYsMv3S_zHFMXisNDtkQlg_fC3i8/s320/mes+%25281%2529.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O profeta e o seu Evangelho</span></b><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Por N.G. Van Doornik</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco teve com o Evangelho uma intimidade difícil de se compreender. Amava o Evangelho, mas ele não teria sido Francisco, se seu amor não tivesse desejado possuir o próprio livro.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A magnífica Bíblia da Idade Média, com os maravilhosos textos desenhados em elegantes letras, tinha para ele algo de sagrado. Já foi, de per si, um rito religioso, quando ele, com seus dois companheiros, entrou na pequena igreja de São Nicolau e lá abriu o livro sobre o altar. Manifesta-se aqui uma forma de respeito que, em nosso tempo, impregnado de obras tipográficas, se tomou impossível: o respeito pela palavra manuscrita.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Com isso, adquirem um sentido mais profundo certas ações aparentemente mágicas. Nas cartas que ditava, não permitia Francisco que se riscasse uma letra, mesmo que fosse um erro de ortografia. Recolhia com o mesmo respeito qualquer pedacinho de pergaminho que encontrava no chão.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Perguntaram-lhe, certa vez, por que tinha tanto cuidado até mesmo com obras de autores pagãos. A resposta tem um quê de surpreendente: “Porque nelas se encontram as letras que compõem o glorioso nome do Senhor”. Por umas cinco vezes insiste ele, em suas cartas, em que se devem guardar respeitosamente as palavras do Evangelho, onde quer que sejam encontradas.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco sentia o alcance psicológico desse simbolismo. “Devemos cuidar de tudo que encerra Sua Palavra sagrada. Assim ficamos profundamente compenetrados da sublimidade do nosso Criador e de nossa dependência em relação a Ele”, escreverá mais tarde ao Capítulo de seus irmãos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A verdadeira dificuldade de se compreender como Francisco lia a Bíblia, não se encontra na cultura medieval. O que é difícil compreender é o fato raro de a Bíblia ser lida aqui por um homem que era como ela o desejava. Ele não tinha necessidade dum comentário que a suavizasse. Com heróica abertura, Francisco aceitava o texto ao pé da letra, pois este já de há muito o havia empolgado. Talvez tenha ele, alguma vez, explicado a Bíblia de uma maneira por demais rigorosa – nunca, porém, branda demais.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Devemos perguntar se a concepção de Francisco a respeito da Bíblia ainda vale para nós. Em cada mudança religiosa na história, encontra-se o homem diante da pergunta: que é propriamente autêntico na Bíblia e que é que se conseguiu descobrir com o correr do tempo?</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">E em cada período são sempre os grandes cristãos que, da forma mais pura, reconhecem a autenticidade. Não se requer uma visão genial para se descobrir o que corrigir num texto ou apontar alguns cantos carcomidos numa estrutura eclesiástica antiquada.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Quando se trata, porém, de valores eternos, é absolutamente necessária uma visão de fé. Não é tão estranho que um homem como Francisco, que se afastara, por assim dizer, da própria cultura para viver o Evangelho até às últimas consequências – que este Francisco tenha descoberto algo que sobrepuja qualquer cultura.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">As grandes personalidades não estão à frente de seu tempo, estão acima dele.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Extraído do livro “Francisco de Assis, Profeta de Nosso Tempo”, Editora Vozes</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-40876389483513220422018-09-05T08:44:00.000-03:002018-09-05T08:44:00.184-03:00Especial - A mística franciscana no Mês da Bíblia.<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7tIbkKSabKN4YGheQ7x8sieRLOquH5xPjhZbgnji22i2CrLlrhbu989FyaROL733XIjJlH0z37hkp9QDNq4IFkVs3tMaAjSoyNH_aZZXUknmZMpKkZ92P9HofjviPA6-vM7q11t_o-lw/s1600/mes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="356" data-original-width="582" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7tIbkKSabKN4YGheQ7x8sieRLOquH5xPjhZbgnji22i2CrLlrhbu989FyaROL733XIjJlH0z37hkp9QDNq4IFkVs3tMaAjSoyNH_aZZXUknmZMpKkZ92P9HofjviPA6-vM7q11t_o-lw/s320/mes.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco, Homo totus Evangelicus</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco entrou na intimidade do Evangelho e percebeu-o puro e sem retoques. Por isso, a Igreja o chamará de Homo totus Evangelicus, quer dizer, que “se evangelizou” na totalidade do ser e na radicalidade das exigências. E mostrou, ao mesmo tempo, que o Evangelho, no seu todo, é algo possível de ser traduzido em vida.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O próprio Papa, Inocêndo III, observara que a norma de vida da primitiva comunidade era por demais árdua para compor um programa de vida, mas a tempo foi advertido que não poderia declará-la impossível, pois declararia impossível o Evangelho de Cristo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Para Francisco a afirmação do Papa significava a impossibilidade de seguir os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois vinham eles retraçados, concretamente, nas páginas do Evangelho. Esta com certeza, com que percebia o Evangelho fazia com que Francisco a ele recorresse com a simplicidade e a confiança de quem recorre a um “diretor espiritual”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Com naturalidade, colocava os livros dos Evangelhos à sua frente e os abria, a esmo, encontrando exatamente a Palavra que lhe servia de resposta. Não argumentava, não discutia, não duvidava. Deus acabara de lhe falar. E feliz partia para executar as ordens que acabara de ler.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Assim fala Celano, na vida I (n° 92-93): que abrindo o Evangelho, pôs-se de joelhos e pediu a Deus que lhe revelasse qual a sua vontade. “Levantando-se, fez o sinal da cruz, tomou o livro do altar e o abriu com reverência e temor. A primeira coisa que deparou, ao abrir o livro, foi a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, no ponto em que anunciava as tribulações por que haveria de passar. Mas, para que ninguém pudesse suspeitar de que isso tivesse acontecido por acaso, abriu o livro mais duas vezes e o resultado foi o mesmo.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Compreendeu, então, aquele homem cheio do espírito de Deus, que deveria entrar no reino de Deus depois de passar por muitas tribulações, muitas angústias e muitas lutas…”</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Texto de Frei Hugo Baggio (extraído do livro “São Francisco Vida e Ideal, da Editora Vozes)</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-3393943524688589522018-08-25T06:34:00.000-03:002018-08-25T06:34:03.127-03:00Santo Franciscano do dia - 25/08 - São Luís IX, Rei da França - Padroeiro da OFS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2z854R6k_Eo1ERklb7sTyPvpuAzYur8B5quL57EqD8wqK3Qm8cfB8wUMjzO1gtWSkoWZt7lsot3HdLKZorjctVcwvYE9Eii3By-Dfuw6ZWRhJ7gUxC0oFt-KncBU3qtI4A_qFG0ZTBxg/s1600/251.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="434" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2z854R6k_Eo1ERklb7sTyPvpuAzYur8B5quL57EqD8wqK3Qm8cfB8wUMjzO1gtWSkoWZt7lsot3HdLKZorjctVcwvYE9Eii3By-Dfuw6ZWRhJ7gUxC0oFt-KncBU3qtI4A_qFG0ZTBxg/s320/251.jpg" width="217" /></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Rei da França. Protetor da Ordem Terceira (1215-1270). Canonizado por Bonifácio VIII no dia 11 de agosto de 1297. </b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Luís IX, rei da França nasceu aos 25 de abril de 1215. Foi educado rigidamente por sua mãe Branca de Castela e por ela encaminhado à santidade. Começou a ser rei da França em 1226. Casado com Margarida de Provença, ele impôs-se por toda vida exercício diário de piedade e penitência em meio de uma corte elegante e pomposa. Viveu na corte como o mais rígido monastério e tomou a todo o país como campo de sua inesgotável caridade. Quando o qualificavam de demasiado liberal com os pobres, respondia: “prefiro que meus gastos excessivos estejam constituídos por luminoso amor de Deus, e não por luxos para a vã glória do mundo”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Sensível e justo, concedia audiência a todos debaixo do célebre bosque de Vincennes. Admirava-lhes sua serena justiça, objetiva supremo de seu reinado. A seu primogênito e herdeiro lhe disse uma vez: “preferiria que um escocês viesse da Escócia e governasse o reino bem e com lealdade, e não que tu meu filho, o governasse mal”. Toda sua vida sonhou em poder liberar a Terra Santa das mãos dos turcos. Por uma primeira cruzada promovida por ele terminou em fracasso. O exército cristão foi derrotado e dizimado pela peste. O rei caiu prisioneiro, precisamente a prisão de Luís IX foi o único resultado da expedição. As virtudes do rei impressionaram profundamente os muçulmanos, que o apontaram “o sultão justo”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em uma segunda expedição ao oriente, ele mesmo morreu de tifo em 1270. Antes de expirar mandou dizer ao Sultão de Túnez: “Estou resoluto a passar toda minha vida de prisioneiro dos sarracenos sem voltar a ver a luz, contanto que tu e teu povo possais fazer-se cristãos”.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Os terceiros franciscanos festejam neste dia 25 de agosto a seu patrono, São Luís, rei da França, ilustre coirmão na terceira Ordem da penitência. Foi sua mãe Branca de Castela que o encaminhou à santidade.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Foi um terceiro franciscano que teve de Deus o encargo de exercitar a caridade em terras da França. Na história da França se recorda como um soberano sapientíssimo e também enérgico. O vemos praticar todas as obras de misericórdia convencional, traduz sua fé em ação e buscou no solo viver, e também governar segundo os preceitos da religião. São Luís IX, rei da França, morreu em 25 de agosto com a idade de 55 anos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Os cruzados voltaram para a França trazendo o corpo do rei Luís IX, que já tinha fama e odor de santidade. O seu túmulo tornou-se um local de intensa peregrinação, onde vários milagres foram observados. Assim, em 1297 o papa Bonifácio VIII declarou santo Luís IX, rei da França, mantendo o culto já existente no dia de sua morte.</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-42703153656127428142018-08-24T12:15:00.000-03:002018-08-24T12:15:17.594-03:00Especial - São Luís IX, Rei da França - Padroeiro da Ordem Franciscana Secular<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsaYCwXC1zwK2FDysMkYZsx3x7mYQjCZk3yLO6U0xo99KC4d3GCQdo5ILU3Iln3gjnhi2QIVVXTTR5Nu5n7VyakzasKAUm7F_kw9VGUb6aXfs_fpR0DAw1I8AWwLU9Qd_hisUZwwaJEeE/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="144" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsaYCwXC1zwK2FDysMkYZsx3x7mYQjCZk3yLO6U0xo99KC4d3GCQdo5ILU3Iln3gjnhi2QIVVXTTR5Nu5n7VyakzasKAUm7F_kw9VGUb6aXfs_fpR0DAw1I8AWwLU9Qd_hisUZwwaJEeE/s320/download.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">São Luís IX e os Franciscanos - (Final)</span></b><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Frei Sandro Roberto da Costa, ofm</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Estamos muito bem informados sobre a vida de Luís, através das várias biografias, escritas por contemporâneos seus, ou pessoas próximas a seus familiares. As principais informações nos foram transmitidas por seu amigo, confidente, e mais importante biógrafo, o leigo Jean de Joinville, que escreveu “A Vida de São Luís”. Outra biografia foi escrita por Godofredo de Beaulieu, frade dominicano e confessor do rei, que lhe esteve muito próximo nos últimos vinte anos de sua vida. O capelão do rei, Guilherme de Chartres, Grão-Mestre da Ordem dos Templários também escreveu uma “Vida de São Luís”. Outra fonte importante é a vida escrita pelo franciscano Guilherme de Saint-Pathus, confessor da rainha Margarida de Provença, que se utilizou do inquérito papal para a canonização de Luís, para escrever a sua “Vida”. Finalmente, outra obra sobre a vida de Luís foi escrita por Guilherme de Nangis, também confessor da rainha Margarida. As biografias de Luís, para além das intenções políticas que as permeiam, nos fornecem importantes informações sobre a vida, as opções, o modo de agir de um homem que, colocado à frente da administração política de um reino, buscou pautar sua vida segundo os valores do Evangelho e dos padrões propostos pela Igreja de seu tempo. E o fez de modo tão perfeito, que chegou à honra dos altares.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">1.</span> Um santo leigo!</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Diferentemente dos santos de seu tempo, Luís é um santo leigo, e é casado. Isto não deixa de ser notado pela maioria de seus biógrafos: santo, apesar de ser leigo e casado! Humilde, piedoso, virtuoso, Luís, no entanto, continua um leigo, não é um sacerdote. É, sobretudo, casado, pai de família, que não renuncia às obrigações e prazeres conjugais e à sexualidade, submetidos aos ditames da lei da Igreja, como os “dias de resguardo”. Luís vai ser pai de onze filhos, três dos quais nascem durante sua permanência no Egito. Sua mulher o acompanha na peregrinação. Sua biografia, a primeira vida de um santo escrita por um leigo, vai priorizar elementos que normalmente não se destacavam nas biografias, quase todas escritas por eclesiásticos e sobre clérigos: Jean de Joinville vai pôr em relevo, na vida de Luís, sua relação com a sexualidade, com a guerra e a política. É um rei que vai à guerra, que combate valorosamente, inclusive nas cruzadas, mas é, ao mesmo tempo, um rei de paz, que tudo faz para mantê-la, através dos tratados e negociações.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Isso não o impede de exercer bem suas funções em favor do povo. Coadjuvado em grande parte pela astúcia política de sua mãe, Branca de Castela, Luís conseguiu estabelecer a paz e a harmonia no reino. Isso foi conseguido após árduas batalhas, mas também através de hábeis negociações e uma série de tratados, onde não faltaram os matrimônios arranjados entre os irmãos do rei e as filhas da nobreza de reinos circunstantes, em função da pacificação e do fortalecimento dos laços do reino com outras potências. Outra frente de atuação de Luís foi a organização das finanças. Em política, Luís tentou instaurar um código de conduta especificamente cristão.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Gravemente doente: o voto da cruzada</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Uma vez organizado e pacificado o reino, Luís organizou a sétima cruzada. Na origem desta expedição está a grave doença que o acometeu, em dezembro de 1244, e que o deixou praticamente à beira da morte. Num esforço extremo para recuperar a saúde, o rei fez a promessa de que, se ficasse curado, iria organizar uma cruzada. Depois de quatro anos de preparação, em junho de 1248, com sua mulher Margarida, e seus irmãos Carlos de Anjou, Afonso e Roberto de Artois, após receberem a bênção do papa Inocêncio IV, partiram para libertar o Santo Sepulcro. O reino ficou a cargo de sua mãe, Branca de Castela, que já dera provas suficientes de que teria condições de conduzi-lo na ausência do filho. Devido a uma série de reveses, incluindo tempestades que desviaram a frota, além de epidemias, os cruzados tomaram, em 08 de junho de 1249, a cidade de Damieta, no Egito. No caminho para o Cairo, deu-se a famosa batalha de Mansurá, onde perdeu a vida o irmão de Luís, Roberto de Artois. A disenteria e o escorbuto ajudaram a enfraquecer ainda mais a tropa. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Luís e seus soldados foram feitos prisioneiros pelos muçulmanos. Sua mulher, Margarida, passou a comandar os cruzados. Após o pagamento de um vultuosa soma, Luís e seus soldados foram libertados depois de um mês de cativeiro, em maio de 1250. O rei e suas tropas passaram ainda quatro anos na Terra Santa, consolidando as fortalezas cristãs, conduzindo negociações entre cristãos e muçulmanos. Tendo recebido a notícia da morte da mãe, retornou à França, entrando em Paris em setembro de 1254.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A volta da cruzada, a saudade do Oriente: a morte às portas de Túnis</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">De volta da cruzada, entre 1254 a 1270, Luís continua desempenhando sua missão de monarca cristão. Se antes já exercia suas funções como rei exemplar, praticando a justiça e defendendo o direito, principalmente dos pobres, após o retorno do Oriente estas práticas se acentuam. Os estudiosos sublinham a mudança de comportamento após a volta da cruzada. A experiência frustrada deixou marcas profundas na alma de Luís. O rei justo, ético, modelo de cristão piedoso, passa a ser ainda mais cioso da prática da justiça, além de acentuar suas práticas de devoção e de piedade, e suas obras de caridade para com os pobres e os religiosos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Desde que retornara da cruzada, o horizonte de vida de Luís passou a ser a Terra Santa. Em meio às funções que exigiam a administração do reino, o monarca deixava claro que não sossegaria enquanto não organizasse uma nova expedição à Terra Santa. A decisão foi anunciada a 25 de março de 1267. Em 04 de junho de 1270, Luís, seus filhos João Tristão e o herdeiro Filipe, além de vários nobres, partiram em direção a Túnis. Desembarcados às portas da cidade, uma forte epidemia de disenteria e febre ataca os cruzados. João Tristão morre a 03 de agosto. Depois de muito sofrimento, estendido sobre um leito de cinza em forma de cruz, Luís inicia sua definitiva viagem ao encontro daquele que tão ardentemente buscara nesta vida. Um longo processo iniciado logo após sua morte vai culminar com a canonização solene, sob o pontificado de Bonifácio VIII, em 1297. Sua festa foi fixada em 25 de agosto, dia de sua morte.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A espiritualidade que moveu São Luís de França</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“Os contemporâneos do rei… praticamente não tinham como deixar de classificar esse soberano a não ser com a palavra santo – mas um santo excepcional, do mesmo modo que São Francisco o tinha sido como religioso, no início do mesmo século XIII”. Esta afirmação do ilustre medievalista francês nos fornece elementos para uma análise da espiritualidade que inspirou os gestos e decisões do monarca, a ponto de ter sido declarado santo pela Igreja. Um dado importante é o fato de que Luís já era considerado santo por seus contemporâneos. Mas era um santo com um endereço definido: um santo franciscano. Ora, de onde vem esta percepção? Para dar uma resposta, temos que nos debruçar brevemente sobre a espiritualidade cristã que dominava então o Ocidente à época de Luís.</span><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">2. Espiritualidade medieval: movimentos de contestação, franciscanos e dominicanos</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nos séculos XII e XIII, um dos principais motes dos movimentos de contestação, liderados por leigos, mas também por clérigos, era a dura crítica que faziam à Igreja e seus membros, principalmente da hierarquia, por sua ligação com o “século”, o apego às riquezas, a luta pelo poder, seu distanciamento dos fiéis a quem deviam pastorear, a incapacidade de pregar, seja pelo mal preparo intelectual, ou pela acomodação em que viviam, ao mesmo tempo em que mantinham os fiéis distantes da Palavra de Deus[16]. A resposta a esta incapacidade dos membros da Igreja de proferir uma palavra evangélica de esperança e de coragem à imensa massa dos fiéis, foram os movimentos alternativos, protagonizados por leigos e clérigos. Nem sempre ortodoxos, propunham meios para o retorno ao Evangelho, através principalmente da pregação e de um exemplo de vida pobre e humilde, calcado na vivência do Evangelho “sine glosa” (ao pé da letra). Alguns destes movimentos descambaram para a heresia. Consolida-se, aos poucos, a certeza de que o caminho de santificação não é exclusivo de clérigos, monges e membros da hierarquia, mas que todos, inclusive homens e mulheres casados, sem renunciar ao seu estado, também podem encetar a “Sequela Christi”: seguir nu o Cristo nu.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Domingos de Gusmão, com os dominicanos, e Francisco de Assis, com os franciscanos, constituem, de um certo modo, o ponto de chegada de todo esse movimento de contestação. “Esses religiosos de um novo gênero, cujo rápido sucesso é extraordinário em toda a cristandade, vivem, diferentemente dos monges, entre os homens nas cidades, misturam-se estreitamente aos leigos e são os grandes difusores das práticas religiosas que renovam profundamente: a confissão, a crença no Purgatório, a pregação. Penetram nas consciências e nas casas, entram na intimidade das famílias e dos indivíduos. Praticam as virtudes fundamentais do cristianismo primitivo em uma sociedade nova: a pobreza, a humildade, a caridade”[17]. Diferentemente das instituições monásticas tradicionais, que vivem no isolamento de seus mosteiros, distante do “mundo”, o espaço urbano, com todas as suas contradições e perigos, é o lugar privilegiado de atuação dos frades. Não moram em “conventos”, mas em “locus”, casas simples, em meio às pessoas, que deveriam converter pelo exemplo de vida.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Tendo suas origens como movimento misto, onde não havia a distinção entre clérigos e leigos, logo são assimilados pela Igreja e passam a fazer parte da hierarquia e a servir aos seus projetos de poder. Mas a origem laica e o protagonismo dos leigos sempre esteve no horizonte do movimento, ao menos como ideal. O melhor exemplo disto é o próprio Francisco de Assis, que era leigo, sem provas conclusivas de que teria sido ordenado diácono. Além de criar uma instituição para receber mulheres (as Damas Pobres ou Clarissas), Francisco também iniciou a Ordem Terceira, para leigos, homens e mulheres, casados ou não, que não precisavam “abandonar o mundo”, mas poderiam se santificar permanecendo no seu estado de vida laica, em família. São Luís é leigo, e seu principal biógrafo também é leigo. A espiritualidade leiga que começa a avançar no século XIII, e a santidade, até então apanágio de clérigos e monges, passa a ser possível também aos leigos. Santificar-se vivendo o Evangelho em fraternidade, pobreza e penitência, praticado a caridade, anunciando, principalmente pelo exemplo de vida, a paz e o bem, eram os principais motes dos seguidores de Francisco de Assis. Luís se insere neste contexto.</span><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">2. </span>São Luís e a espiritualidade mendicante</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na vida de São Luís, homem religioso e piedoso, os religiosos em geral ocupam um lugar de destaque. Mas entre estes, gozam de maior simpatia e familiaridade do rei aqueles que têm sua vida pautada por uma regra de mais estrita observância e radicalidade evangélica. A amizade que unia o rei e os beneditinos cistercienses era conhecida de todos. O rei construiu para os monges uma belíssima abadia, a de Royaumont, e para lá se dirigia com prazer, com toda sua família, onde se entretinha com os monges, como se fosse um deles, nas orações, ofícios, práticas devocionais e de caridade. Outro grupo religioso que ocupa um lugar central na vida de Luís são os mendicantes, especificamente dominicanos e franciscanos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Quando Luís nasceu, o movimento franciscano estava nos seus inícios, dando os primeiros passos fora da Úmbria. Francisco de Assis tinha uma ligação sentimental com a França: sua paixão pela língua francesa provavelmente estava na origem de seu nome. Há indícios de que sua mãe fosse de origem francesa, e por isso era também chamada de “Provençal”. Nos inícios da Ordem, Francisco havia tentado viajar à França, mas foi impedido pelo cardeal Hugolino, que o aconselhou a ficar na Itália. Francisco enviou assim alguns frades. Frei Pacífico chega a Vézelay em 1217, e aí estabelece o primeiro convento franciscano em terras francesas, denominado “la Cordelle” (por causa da “corda” com os três nós que os frades usam). Em 1219, estão em Paris e em Saint Denis, onde serão conhecidos como “cordeliers”. Em 1223, estão em Lens, no Norte da França.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Luís é muito próximo dos franciscanos e dominicanos, e é a espiritualidade preconizada pelos mendicantes que vai inspirá-lo no exercício de seu governo enquanto leigo cristão. Os franciscanos, nas suas pregações nas cidades, são os maiores divulgadores desta espiritualidade nova, do Cristo vivo, encarnado, humano, humilde e sofredor, crucificado pelos pecados da humanidade. Uma espiritualidade cristológica, de um Cristo que se revela nos pobres, nos leprosos, nos abandonados. É, ao mesmo tempo, uma espiritualidade penitencial, de conversão pessoal e de reforma, de combate aos abusos da Igreja, uma espiritualidade da “sequela christi” (seguimento de Cristo), do seguimento da “Vita Apostolica” (da vida dos Apóstolos), que encontra eco nas almas mais sérias e sedentas de uma prática cristã original, propugnada e popularizada pelos pregadores dos movimentos heréticos.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Luís pratica todos os atos de devoção, então comuns e esperados dos reis cristãos piedosos: os ofícios litúrgicos, a frequência aos sacramentos (confissão, comunhão), o culto às relíquias, o respeito à Igreja e a sua hierarquia, as práticas penitenciais e ascéticas, e a prática da caridade, principalmente para com os pobres. Sua mãe foi a grande responsável por discipliná-lo, desde a mais tenra idade, no caminho da devoção e da piedade. <i>“No centro de sua vida está a oração, como um sol que ilumina todas as horas do dia. À meia noite o rei se veste para dizer as matinas na capela; depois ele torna a se deitar, mas semi-vestido, para estar pronto para se levantar assim que soe a hora da prima… Após a prima, a cada manhã, ao menos duas missas; uma breve, para os mortos, a outra cantada, que é a missa do dia. Durante a Quaresma, ele assiste uma terceira… Durante a jornada, algumas horas canônicas não podem faltar. Mesmo quando o rei cavalga, ele é acompanhado de seu capelão, e as horas são ditas a cavalo”.</i></span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Mas para além desses gestos de devoção e piedade esperados de um rei, aos seus contemporâneos Luís aparece como um homem que foi além: ele foi um rei que imitou Cristo. A bula de canonização vai se referir a isso. Luís imita Cristo no sofrimento. No século XIII as ordens mendicantes popularizam a prática da piedade através das obras de misericórdia. Para Luís, fé e devoção conjugam-se com obras. Uma prática comprovada por vários de seus biógrafos é o gesto de lavar os pés aos pobres e aos monges. Em várias ocasiões Luís realiza este gesto, imitando a humildade de Cristo. Quando pode, aos sábados, lava os pés de alguns anciãos, às escondidas, para evitar críticas. Depois os beija, dá-lhes dinheiro e os serve, ele mesmo, à mesa. “Quando São Luís está com os pobres, os seus gestos parecem pôr-se ao seu nível e apresentam-se como mais verdadeiros”. O cuidado e o carinho com que Luís cuida dos pobres beira ao extremo: “E se entre esses pobres havia um cego ou alguém que via mal, o rei bendito colocava-lhe o pedaço de pão diretamente na mão com as suas próprias mãos, ou então guiava a mão do pobre até a tigela e ensinava-lhe como devia pôr a mão na tigela; e ainda mais, quando havia um que via mal ou estava impedido, e havia peixe diante dele, o rei bendito pegava no pedaço de peixe, tirava-lhe cuidadosamente as espinhas com as suas mãos, depois molhava-o no molho e punha-o na boca do doente”.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Vítima de vários males físicos, Luís se solidariza com os mais fracos. O rei se preocupa com os cegos, e para eles manda construir um hospital em Paris. Dá muitas esmolas aos pobres, principalmente aos leprosos, a quem cuidava carinhosamente, dava de comer, beijava-lhes a mão. Seus biógrafos destacam o fato de que ele se levantava muito cedo, sem fazer ruído, para ir à Igreja, para rezar, o que obrigava seus guardas a também se levantarem cedo, alguns tendo que se vestir correndo pelo caminho, para alcançar o rei. Quando os monges vão construir a abadia de Royaumont, Luís os ajuda a carregar pedras, e obriga seus irmãos a fazerem o mesmo, embora estes não o façam de bom grado.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Luís também obriga aqueles que o servem, sejam marinheiros ou soldados, a ouvirem longos sermões, e a participarem de ofícios religiosos. Para impedir que seus soldados almoçassem nas tavernas da cidade, lugares mal afamados, de jogos, bebida e mulheres, oferece-lhes o almoço no próprio local de serviço, no refeitório do palácio, sem cobrar por isso. Ao contrário, continuando dando aos soldados a ajuda de custo a que tinham direito para comer fora. Alguns o fazem a contragosto, pois comendo no palácio, seriam obrigados a ouvir sermões durante a refeição. Para Luís as tavernas eram tão perigosas quanto os bordéis.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Algumas destas práticas causavam transtornos no meio em que vivia o rei. Luís era consciente de que seu comportamento piedoso não agradava a todos, e suscitavam inúmeras críticas. Uma das mais comuns era o fato de gastar muito com esmolas e com a construção de edifícios religiosos. Era claro, para os medievais, burgueses e nobres que o cercavam, que Luís não podia ultrapassar o limite do rei para o de sacerdote.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Uma forte crítica vinha daqueles que consideravam Luís como um refém dos colaboradores e conselheiros religiosos, principalmente dos franciscanos e dominicanos. Um episódio contado por seu biógrafo franciscano Guillerme de Saint-Pathus, demonstra bem a sua proximidade com o clero. Diz-se que uma mulher o abordou na saída do parlamento, e teria exclamado: “Só és rei dos frades menores e dos pregadores, dos padres e dos clérigos!”. A reação de Luís, segundo seu biógrafo, foi de calma. Concordou com a mulher, e disse que ela tinha razão, e que outro governaria melhor o reino. E pediu a seus soldados que dessem dinheiro a ela. O fato em si demonstra o quanto Luís prezava a companhia do clero, e como isso não era bem visto por alguns setores da sociedade.</span><br />
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<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Sua devoção à Paixão</span></b><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A posse de relíquias era prática comum na Idade Média. Devoção, prestígio, necessidade de proteção eram elementos que se misturavam na procura por relíquias cada vez mais preciosas. Luís tinha um apreço especial pelas relíquias da paixão de Jesus. Prova disso é um acontecimento envolvendo a relíquia do cravo de Jesus. Em 1232, quando a relíquia foi exposta para veneração dos fiéis na catedral de Saint Denis, acabou caindo do relicário e desapareceu. Seguiu-se uma comoção em todo o reino. Guilherme de Nagis relata o sentimento do rei e sua mãe: “O santo rei Luís e a rainha sua mãe, quando souberam da perda desse altíssimo tesouro e o que tinha acontecido ao santo cravo sob seu reinado, sentiram grande dor e disseram que notícia mais cruel não podia ter sido levada a eles nem lhes fizesse sofrer mais cruelmente”. Esta devoção era testemunhada publicamente na Sexta-Feira Santa<i>: “A sua devoção à Cruz, especialmente na Sexta-Feira Santa, tem como momento forte a visita das igrejas ‘próximas do lugar onde se encontrava’: ia lá ‘descalço’, e depois, para a adoração da cruz, tirava o chapéu e a touca e avançava, de cabeça descoberta de joelhos, até à cruz, ‘beijava-a’, e por fim ‘punha-se inclinado para o chão com os braços abertos, como na cruz, durante todo o tempo em que a beijava, e diz-se que enquanto fazia isto chorava’”.</i></span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nada, porém, supera o esforço para conseguir duas das relíquias mais preciosas para a cristandade: a coroa de espinhos de Jesus e o lenho da Santa Cruz. Luís adquire a coroa do Imperador de Constantinopla, Balduíno. Quando a coroa entra em território francês, em 1239, depois de uma longa viagem desde Constantinopla, o rei e seus irmãos vão ao seu encontro. Carregam o relicário às costas, em procissão, vestidos de túnica branca e descalços, em sinal de humildade e penitência. Os nobres também se associam aos príncipes, participando descalços da procissão. Seguem-se a aquisição do lenho da Cruz e de outras relíquias da Paixão, como a esponja e o ferro da santa lança. Para guardar as relíquias, Luís construiu um dos maiores tesouros da arte gótica: a Saint-Chapelle, capela privada do rei. A estas relíquias preciosas soma-se o travesseiro de São Francisco, enviado ao rei pelos frades de Assis, quando de sua coroação, em 1226.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O movimento cruzado tem sua legitimação nesta devoção às relíquias: as terras onde Cristo nasceu, viveu e morreu, estão em mãos infiéis, de pecadores. Jerusalém, a maior relíquia da cristandade, precisa ser libertada.</span><br />
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<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Um rei paciente no sofrimento</span></b><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Luís é um rei que, como cristão exemplar, suporta pacientemente os sofrimentos. E não são poucos. Ainda jovem, aos 28 anos, após a guerra contra os ingleses, começa a sofrer de febre terçã (uma espécie de malária). Em 1244, sofre com uma diarreia tão grave, que chegam a considerá-lo morto. Nesta ocasião faz o voto de partir em cruzada. As doenças o perseguem, sejam as crônicas, como a febre ocasionada pelo paludismo, sejam outras que surgem em várias ocasiões: erisipela, diarreia, escorbuto. Mas todos testemunham a paciência do rei frente aos sofrimentos. Joinville testemunhou os sofrimentos do rei durante a sétima cruzada. Segundo ele, o rei, quando prisioneiro dos muçulmanos, sofria de grave infecção intestinal. Estava muito pálido, “com os ossos da coluna todos tão pontudos e tão fraco que era preciso que um homem de sua criadagem o levasse para todas as suas necessidades… À noite desmaiou por várias vezes; e, por causa da forte disenteria que tinha, foi preciso cortar o fundilho de suas ceroulas, tantas vezes ele descia para ir ao banheiro”. Na partida para a oitava cruzada, o rei estava tão fraco que provocou a indignação de seu amigo Joinville, com aqueles que o deixaram partir naquele estado. O rei mal podia caminhar, pela fraqueza:<i> “ele não podia aguentar ir nem de carroça nem a cavalo. Sua fraqueza era tão grande que ele se resignou que eu o carregasse…”</i>. Sua morte será causada pelo tifo. Mas Luís não é um rei triste. Le Goff afirma: <i>“Talvez nisso também haja um traço de espiritualidade franciscana”.</i></span><br />
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<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Luís e o combate aos inimigos da Igreja</span></b><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Uma das mais sérias ameaças à fé cristã na passagem do século XII para o século XIII foi a heresia cátara. Por ter seu centro principalmente na região de Albi, no sul da França, eram também chamados de Albigenses. No auge do reinado de Luís, após o duro combate da Igreja, inclusive com a pregação de Santo Antônio e outros grandes nomes das Ordens mendicantes, a heresia cátara havia se enfraquecido, mas permanecia como uma ameaça. Luís, fiel aos ditames do IV Concílio do Latrão (1215), que determinava que os soberanos cristãos dessem combate à heresia, recomenda ao filho nos seus ensinamentos: <i>“Persiga os hereges e as pessoas ruins de tua terra tanto quanto possas, pedindo como é necessário o sábio conselho das pessoas boas a fim de purgar assim a terra”. Na concepção medieval de colaboração entre Igreja e Estado, o soberano é o defensor da fé e a realeza é o braço secular da Igreja, que deve “caçar”</i> e combater os hereges.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em relação aos muçulmanos, o fato de se empenhar na realização de duas cruzadas exemplifica bem o quanto esta atividade era importante para Luís. Os muçulmanos eram, sobretudo, os infiéis, e deveriam ser convertidos. De um rei piedoso cristão, o mínimo que se esperava é que se empenhasse na defesa da fé frente ao islã. No entanto, em que pese a violência das cruzadas, em vários momentos, especificamente da primeira, Luís entra em diálogo com os muçulmanos. Algumas fontes afirmam que, durante sua prisão, surgiu um afeto e respeito mútuo entre o rei e o sultão que o mantinha prisioneiro. Outros autores relatam que os muçulmanos teriam pedido a Luís que se tornasse seu chefe. O biógrafo Godofredo de Beualieu, testemunha ocular da morte do rei, revela que, no momento extremo de sua agonia, umas das últimas palavras balbuciadas pelo rei foram de preocupação com a conversão dos muçulmanos: “tentemos, pelo amor de Deus, pregar e implantar a fé católica em Tunis. Òh como poderíamos enviar um pregador capaz a Tunis”, e teria citado um pregador que já havia pregado em Tunis, e se tornara conhecido do sultão.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A relação de Luís com os judeus é mais complexa. Antes de mais nada, não podemos julgar as relações entre cristãos e judeus na Idade Média a partir dos parâmetros contemporâneos de ecumenismo e tolerância, que são conquistas modernas. Luís age como os soberanos cristãos de seu tempo. Os judeus, embora sejam uma verdadeira religião, são considerados os “assassinos de Cristo”. Luís tomou medidas severas contra os mesmos, visando a “purificação do reino”, mas ao mesmo tempo os protegeu do abuso de extremistas. Também promoveu a conversão de vários deles, e foi padrinho de alguns judeus convertidos.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Outro perigo que rondava o Ocidente medieval era a ameaça tártara, representada pelos mongóis. Luís acalentava o sonho de aliar-se a eles para combater os muçulmanos. Depois de algumas expedições fracassadas, enviadas pelo papa, Luís enviou o dominicano André de Longjumeau, que também não obteve sucesso. Por fim, em 1253, foi enviado o franciscano Guilherme de Roubroek, que se aventurou até a Mongólia, ao Grande Khan, em Karakorum, no coração do reino mongol. Apesar da valiosa relação que o franciscano fez da vida e dos costumes mongóis, o resultado desta missão também foi efêmero. Finalmente, em 1264, uma embaixada de 24 mongóis, tendo à frente dois frades dominicanos como intérpretes, se apresentou em Paris, propondo ao rei uma aliança contra os muçulmanos da Síria. Também esta tentativa de aliança não frutificou.</span><br />
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<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O franciscanismo reformador de Luís de França</span></b><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A proximidade de Luís com os franciscanos e dominicanos é-nos atestada por uma anedota, transmitida por seus biógrafos: “Godofredo de Beaulieu e Saint-Pathus afirmam que Luís quisera fazer-se dominicano ou franciscano, mas não soube decidir-se sobre as duas ordens, e a rainha Margarida (sua esposa) à qual teria manifestado a sua intenção de deixá-la para entrar no convento na altura em que fosse possível transmitir a coroa ao filho maior, tê-lo-ia dissuadido de tal propósito”. Embora contestado pelos historiadores modernos, este fato, relatado pelos biógrafos contemporâneos ao santo testemunham a proximidade de Luís, senão a simpatia de que gozavam diante dele os franciscanos e dominicanos. Mais séria é, no entanto, a afirmação de que ele teria desejado que seu segundo e terceiro filhos se tornassem frades, um dominicano, outro franciscano. Por outro lado, como já acenamos, os biógrafos são concordes sobre a crítica que se fazia no reino, à imagem de um rei manipulado pelos mendicantes, sendo ele mesmo, quase um frade sobre o trono.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O pesquisador Jean-Philippe Genet afirma que os dominicanos exerceram uma influência fundamental sobre o pensamento político de São Luís. A ideia de um rei como padrão de comportamento moral, um rei com a virtude da sabedoria, teria sido construída e seguida por Luís, seguindo os ditames dos sábios teólogos e filósofos dominicanos que dominavam a universidade de Paris, nos anos 1250-1280. Apesar de Le Goff afirmar que as elocubrações filosófico-teológicas que fervilhavam na universidade de Paris não interessavam a Luís, o fato é que Luís se cercou de grandes nomes da intelectualidade de seu tempo, pensadores, filósofos e teólogos, principalmente franciscanos e dominicanos, que colaboraram na administração e ajudaram a dar uma determinada direção política ao reino. Le Goff afirma que havia em Paris “uma ‘academia política’ de São Luís cujo coração era o convento dos jacobinos, o célebre convento de Saint-Jacques dos dominicanos parisienses”. Vicente de Beauvais, dominicano, autor do Speculum Maius, a principal enciclopédia utilizada na Idade Média, era um de seus mais próximos colaboradores.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Podemos afirmar que dominicanos e franciscanos rivalizavam no papel de conselheiros do rei. Da parte dos franciscanos, porém, graças às pesquisas dos últimos anos, sabemos que Luís tinha um apreço particular pelos frades empenhados numa vivência mais radical dos ditames do Evangelho, que chegavam quase a se constituir uma “seita” dentro da Ordem franciscana. Referimo-nos, aqui, à proximidade de Luís com o movimento dos “Espirituais”. E nesse particular, um encontro vai causar profunda impressão no rei da França.</span><br />
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<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">3. </span>O encontro com frei Hugo de Digne</span></b><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em 1254, voltando do Oriente derrotado, após a morte da mãe, Luís ouve falar de frei Hugo de Digne, um frade franciscano da corrente dos espirituais, defensor das ideias de Joaquim de Fiore. Frei Hugo era um grande pregador, que arrebatava multidões. Em Hyères, Luís pediu para trazerem o frade à sua presença, pois queria ouvi-lo pregar. Ficou tão maravilhado que queria, a todo custo, que o frade se juntasse a seu séquito que retornava para Paris. Hugo se negou peremptoriamente. Acabou ficando apenas dois dias com Luís, mas este encontro marcou, a partir de então, a vida e o governo do rei. Hugo, segundo as palavras do biógrafo de Luís, Joinville, exortou ao rei que este “deveria se conduzir de acordo com seu povo”. No fim do sermão o frade afirmou que nunca tinha lido que um reino ou domínio se tivesse perdido ou passado a um outro senhor, “a não ser por vício de justiça”. E terminou: <i>“Ora, que atente o rei, continuou, uma vez que vai para a França, que faça tanta justiça a seu povo que o povo assim conserve o amor de Deus, de tal maneira que Deus não lhe tire o reino de França com a vida”.</i></span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Depois de 1254, Luís assumiu um comportamento sempre mais austero. No dizer de seus biógrafos, passou “da simplicidade, à austeridade”. E este espírito passou à atuação política. Um sinal claro desta orientação foi a chamada “Grande Ordenação”, de dezembro de 1254. Trata-se de uma série de determinações legais que objetivavam reformar profundamente o governo do reino. Entre elas, destacam-se aquelas visando uma moralização da administração pública, para um governo justo (ético e não corrupto, diríamos hoje). Os oficiais do reino deveriam fazer justiça sem fazer distinção de pessoas. Não deveriam aceitar presentes, nem para suas mulheres ou filhos. Também em relação aos costumes e à moral eram promulgadas medidas severas: contra a blasfêmia, contra os jogos, contra a prostituição, contra a usura. No espírito da época, são emanadas também leis contra os judeus.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> <b>Outros franciscanos influentes no “entourage” de Luís</b></span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O encontro e as palavras proféticas de Hugo de Digne certamente impressionaram profundamente o espírito de Luís, educado desde criança num ambiente de piedade, que favorecia uma mística religiosa e devocional, de busca de realizar, na terra, o reino de Deus. Mas já antes deste encontro o rei mantinha, em sua “entourage”, além dos dominicanos, religiosos franciscanos empenhados com a seriedade da reforma dos costumes. Um dos franciscanos mais próximos de Luís é o mestre da Universidade de Paris, Eudes de Rigaud.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Eudes era mestre regente do convento de Paris e mestre de teologia na universidade daquela cidade. Foi o sucessor de Jean de la Rochelle e de Alexandre de Hales, e foi mestre de São Boaventura. Eudes é um dos “Quatro Mestres”, que redigiram o comentário oficial da Regra franciscana, em 1242. Em 1248 foi nomeado arcebispo da diocese de Rouen, a mais importante da França, mas continuou fazendo parte do círculo dos amigos do rei, sendo um dos frades franciscanos mais íntimos de Luís: “Seu mais próximo conselheiro e amigo”, nas palavras de Le Goff.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em 1255 ele celebrou o casamento da filha de Luís, Isabel. A partir de 1258 Eudes se encontra frequentemente na corte. Em novembro de 1258 presidiu a missa no aniversário de morte de Luís VIII, pai do rei. Os documentos testemunham vários encontros do rei com o arcebispo franciscano, em 1259 e 1260, quando da morte de seu herdeiro, o primogênito Luís. Em 1261 ele foi convidado a pregar na Saint-Chapelle. Sabe-se que, quando o rei estava na abadia de Royalmont, pedia que Eudes presidisse a celebração, como na festa de Pentecostes de 1262. A presença de Eudes na corte se justifica também pelas missões diplomáticas que o rei lhe confiara, como o tratado entre a França e a Inglaterra, em 1259. Em 1264 Eudes tornou-se membro do Parlamento de Paris.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Destaque-se, no comportamento do arcebispo franciscano, seu espírito reformador e de combate aos abusos no clero regular e secular. Visitando incansavelmente todos os mosteiros, abadias e conventos masculinos e femininos de sua arquidiocese, Eudes conseguiu dar uma nova imagem à Igreja. Seus escritos somam mais de mil páginas, consistindo hoje num documento de valor inestimável para conhecermos a realidade da Igreja em uma região da França, no século XIII. Antes de morrer, Luís o designou um de seus executores testamentários. Eudes também tornou-se membro do Conselho de Regência encarregado de governar a França, sendo o primeiro membro nomeado pelo rei Felipe III, sucessor de Luís, quando ainda se encontrava em Cartago, em outubro de 1270.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Ainda no campo intelectual, outro mestre franciscano de Paris muito próximo do rei é Gilberto de Tournai. Das poucas informações que nos chegaram sobre ele, sabemos que era mestre de teologia em Paris, amigo de São Boaventura e de Luís, e pregador de cruzadas. Escreveu várias obras de cunho pedagógico. Algumas dessas obras nasceram da amizade com o rei, como a Eruditio Regum et Principum (Educação dos reis e dos príncipes), uma coleção de três cartas escritas em 1259, endereçadas a Luís, versando sobre os princípios necessários ao bom governo dos príncipes. Depois de 1261, Gilberto abandonou a cátedra para viver uma vida de oração e contemplação. A pedido de Boaventura, participou do 2º. Concílio de Lião, em 1274, onde teria apresentado sua obra De Scandalis Ecclesiae.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Boaventura de Bagnoregio era um dos maiores pregadores da época, mestre da universidade de Paris até 1257, quando foi eleito Ministro Geral dos Franciscanos, também era admirado por Luís, que o convidava para pregar em sua presença. Boaventura pregou pelo menos dezenove vezes diante do rei.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A proximidade e intimidade entre Luís e os franciscanos mostra-se numa querela séria, que estourou na Universidade de Paris. Entre 1254 e 1257, alguns mestres seculares colocaram em questão o estilo de vida dos mendicantes, uma novidade que, segundo eles, ia contra o Direito Canônico, especificamente por causa do princípio mendicante e do ensino universitário e da pregação. O chefe dos seculares era Guilherme de Saint-Amour. Depois de uma acirrada polêmica, com a intervenção dos maiores mestres da época, Boaventura e Tomás de Aquino, entre outros, a Santa Sé reconheceu, por duas vezes, o direito dos frades. O rei Luís executou imediatamente as ordens em favor dos frades. Obrigou Saint-Amour a entregar seus cargos e benefícios, proibiu-o de pregar e ensinar, e o exilou da França.</span><br />
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<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Um encontro de Luís com os frades</span></b><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Frei Salimbene de Parma, cronista medieval, é o responsável pela descrição de um dos mais belos quadros de convivência do rei Luís com os franciscanos. Salimbene viajou a Sens, na França, para participar do Capítulo Geral. Além das autoridades da Ordem, como o Ministro Geral João de Parma, chega ao local o rei da França, dirigindo-se em peregrinação para a cruzada. Salimbene descreve a cena da chegada do rei. Povo e religiosos se aglomeram à espera da chegada do rei. Em meio à multidão, perdido, porque se atrasara e os outros frades já tinham ido ao encontro do rei, encontra-se o franciscano Eudes de Rigaud, arcebispo de Rouen, que, mitra na cabeça e cajado à mão, gritava: “Onde está o rei? Onde está o rei?”. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Salimbene passa a descrever o rei: “<i>O rei era esbelto e delicado, magro e alto, tendo um rosto angelical e face simpática. E vinha à igreja dos Frades menores não na pompa régia, mas no hábito de peregrino, tendo uma sacola e bordão de peregrinação ao pescoço que decoravam muito bem as espáduas do rei. E vinha não a cavalo, mas a pé; e os seus irmãos de sangue, que eram três condes, […] seguiam-no em semelhante humildade e hábito. […] Na verdade, parecia mais um monge, quanto à devoção do coração, do que um cavaleiro, quanto às armas de guerra. E assim, entrando na igreja dos irmãos, tendo feito a genuflexão mui devotamente diante do altar, rezou. […] Em seguida, o rei disse, com voz bem clara que ninguém entrasse na sala do Capítulo, a não ser os cavaleiros, exceto os irmãos, aos quais ele queria falar. E quando estávamos reunidos no Capítulo, o rei começou a relatar seus atos, recomendando-se a si mesmo, aos irmãos e a rainha sua mãe, e toda sua comitiva; e, fazendo genuflexão com muita devoção, pediu as orações e os sufrágios dos irmãos”.</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Frei João de Parma tomou a palavra e prometeu as orações da Ordem, devendo cada padre celebrar quatro missas pelo rei. Após o encontro, seguiu-se um lauto banquete, tudo às expensas do rei. Frei João de Parma, embora tendo lugar reservado ao lado do rei, preferiu sentar-se com os mais pobres.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No dia seguinte o rei retomou seu caminho em direção ao porto que o levaria para a Terra Santa. Mas ainda faria vários desvios, para visitar os eremitérios franciscanos pelo caminho, onde se punha em oração. De novo é frei Salimbene quem nos descreve uma destas visitas. Em Vézelay, no dia 21 de junho de 1248, o rei e seus três irmãos dirigiram-se ao convento dos frades, modesto e recém-construído. Entraram na igreja e, embora os frades lhes oferecessem bancos e cadeiras, o rei se senta no chão, na poeira, já que o piso da igreja ainda não estava pavimentado. Sentados todos no chão, em círculo em volta do rei, este lhes dirige a palavra e se recomenda às suas orações.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Conclusão</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A infância do príncipe Luís foi marcada pela presença dos primeiros franciscanos que chegaram à França. Religiosos austeros, piedosos, penitentes, mas ao mesmo tempo plenamente inseridos nos centros urbanos que surgiam, cientes de suas labutas e ambiguidades cotidianas, seja na política, seja no mundo acadêmico ou eclesiástico-religioso.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Franciscanos e dominicanos influenciaram o modo de Luís impostar a política na França. Ambas as Ordens contavam com homens preparados, intelectuais e pensadores que dominavam as cátedras na universidade de Paris. Da parte especificamente franciscana, é interessante notar que Luís se cerca daqueles frades imbuídos de uma nova visão do modo de ser religioso e de impostar as relações com o mundo. O empenho nas reformas, a radicalidade de vida, o combate aos abusos, a visão alegórica, apocalíptica e milenarista, prospectando um mundo diferente, transformado pela radicalidade evangélica, marcam a vida destes homens. Mas não são monges, isolados nos eremitérios e mosteiros, distantes e alheios aos problemas humanos. Ao contrário, são religiosos empenhados em buscar respostas às grandes questões e desafios que aquele momento e aquela sociedade lhes propõem, vivenciando-as e conhecendo-as a partir de dentro.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Le Goff afirma que <i>“São Luís… entre os franciscanos estava inclinado a seguir os joaquimitas: mas ele se cerca daqueles que se impõem por sua influência na sociedade da segunda metade do século XIII, quer dizer, pessoas da Igreja que buscam antes de tudo achar um modus vivendi entre as novas seduções da vida, o desenvolvimento de uma economia de troca e empréstimo, e as necessidades da salvação. Pessoas partidárias tanto do compromisso religioso como do compromisso social, de uma evangelização da sociedade nova equilibrando o admissível e o inaceitável”.</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Os franciscanos correspondem muito bem a esse novo modus vivendi: são homens de uma piedade e seriedade religiosa a toda prova, fautores da pobreza e da simplicidade, vivem nas cidades, e estão nos grandes centros de estudos, discutindo em pé de igualdade com os maiores pensadores de seu tempo, dando respostas pertinentes e eficazes aos desafios dos novos tempos. São homens que entendem as necessidades, a linguagem e os desafios das cidades. Encontram-se, com a mesma desenvoltura, nos mais simples e humildes tugúrios ou nos palácios e parlamentos dos reis. Homens preparados e capazes de corresponder às exigências dos espíritos mais sérios e preocupados em impostar uma política de governo que correspondesse aos desígnios de Deus. Mas, ao mesmo tempo, capazes de guiar os espíritos humanos nas árduas batalhas espirituais travadas dia a dia na busca da salvação da própria alma. Com os discípulos de Francisco de Assis, Luís de França aprendeu a cuidar bem da cidade dos homens, sem perder de vista a Cidade de Deus.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na peregrinação em busca da salvação, a exemplo de Francisco de Assis, Luís seguiu os passos do Cristo da Paixão. Através da penitência, do sacrifício e da caridade para com o próximo, os pequenos e pobres, conseguiu atingir a meta. Na decisão de partir para a segunda cruzada, doente e enfraquecido, estava a certeza de que a derrota da primeira fora causada por sua culpa, por causa de seus pecados. Assim, a cruzada revela-se como uma via purgativa, de salvação e de conformação com o Cristo pobre e sofredor. A morte na cruzada é a conclusão ideal de sua vida.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">As palavras dirigidas ao filho no seu Testamento Espiritual representam o ponto de chegada de uma vida pautada pela busca do bem comum, e pelo empenho pela própria salvação, seguindo as pegadas de Cristo: <i>“Filho dileto, começo por querer ensinar-te a amar ao Senhor, teu Deus, com todo coração, com todas as forças, pois sem isto não há salvação… Guarda, meu filho, um coração compassivo para com os pobres, infelizes e aflitos e, quanto puderes, auxilia-os e consola-os. Por todos os benefícios que te foram dados por Deus, rende-lhe graças para te tornares digno de receber maiores. Em relação a teus súbditos, sê justo até o extremo da justiça, sem te desviares; e põe-te sempre de preferência da parte do pobre mais do que do rico, até estares bem certo da verdade. Procura com empenho que todos os teus súditos sejam protegidos pela justiça e pela paz, principalmente as pessoas eclesiásticas e religiosas. Sê dedicado e obediente a nossa mãe, a Igreja Romana, ao Sumo Pontífice, como pai espiritual. Esforça-te por remover de teu país todo pecado, sobretudo o de blasfêmia e heresia. Ó filho muito amado, dou-te, enfim toda bênção que um pai pode dar ao filho e toda Trindade e todos os santos te guardem do mal. Que o Senhor te conceda a graça de fazer sua vontade de forma a ser servido e honrado por ti. E assim, depois desta vida, iremos juntos vê-lo, amá-lo e louvá-lo sem fim. Amém”.</i></span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-68808645496411331192018-08-23T12:24:00.000-03:002018-08-23T12:24:08.532-03:00Especial - São Luís IX, Rei da França - Padroeiro da Ordem Franciscana Secular<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicosAH5z0UQdKolI4KKKMPpikriw9zCx29IfHpGu7dapluMgHC0tw_YfaJhP3zSKiMtWEZBnzDaHg41DRd48vTCT3s_QQyhZVozn_mIL_m7IYmDpV82jGELEQnlrX8RGhzwgwf59-PlJo/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="144" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicosAH5z0UQdKolI4KKKMPpikriw9zCx29IfHpGu7dapluMgHC0tw_YfaJhP3zSKiMtWEZBnzDaHg41DRd48vTCT3s_QQyhZVozn_mIL_m7IYmDpV82jGELEQnlrX8RGhzwgwf59-PlJo/s320/download.jpg" width="320" /></a></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">São Luís IX e os Franciscanos - (Parte II)</span></b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Frei Sandro Roberto da Costa, ofm</span></b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O ano do nascimento de Luís não nos é conhecido. Sabe-se que o dia 25 de abril de 1214 pode ter sido tanto a data de seu nascimento, como de seu batismo. O fato é que, com apenas doze anos, por causa da morte de Luís VIII, seu pai, o menino tem que assumir um dos tronos mais importantes do Ocidente. No dia 30 de novembro de 1226, menos de dois meses após a morte de Francisco de Assis, o pequeno Luís era sagrado rei, na cidade de Reims, na França, com o título de Luís IX. Até Luís atingir a maioridade, a rainha Branca de Castela, sua mãe, será a tutora do rei e regente do reino .</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Na “geografia” espiritual do Ocidente medieval, a França destaca-se, por ser a “filha primogênita da Igreja”. Os monarcas franceses, por sua vez, em função da unção que recebem na cerimônia de consagração, com o óleo da “santa âmbula”, gozam de uma exclusividade sobre os demais reis europeus: são os reis mais cristãos da Europa, o rei da França é o “Rex Christianissimus”, o “Rei Cristianíssimo”.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Seguindo a tradição, o jovem príncipe foi educado, desde a mais tenra idade, dentro dos princípios cristãos, que também norteavam a vida de seus pais. Luís VIII era cognominado “Leão”, por sua bravura nos campos de batalha, mas também por sua firmeza no combate aos inimigos da fé, testemunhada principalmente no empenho para eliminar a heresia cátara no sul da França. Preocupados em dar uma boa formação religiosa e intelectual ao futuro rei, seus pais confiaram sua educação a preceptores de comprovado saber e fidelidade religiosa.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Sua mãe teve que enfrentar sérios desafios durante a minoridade do filho, até consolidar o poder. Nobres e opositores do reino argumentavam com a menoridade de Luís, e pelo fato de a regente ser uma mulher. A Inglaterra aproveitou da ocasião para fazer valer seus direitos sobre territórios perdidos nos anos anteriores. Branca, todavia, soube mostrar seu valor, fazendo frente de modo corajoso e firme a todas as ameaças ao trono. Luís atingiu a maioridade aos dezenove ou vinte anos, em 25 de abril de 1234, e logo a seguir casou-se com Margarida de Provença. Sua mãe, no entanto, continuou ocupando uma posição de proeminência nas decisões mais importantes do reino.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Continua...</span></span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-61155322033608993622018-08-22T08:34:00.000-03:002018-08-22T08:34:08.288-03:00Especial - São Luís IX, Rei da França - Padroeiro da Ordem Franciscana Secular<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT8L3PtHhUdzUiVcfUGRaivwXVCv2pmbJeWn0X8TBC8M7X-FPTvjijfomTdBs8bUxjLBeDJiiOsUACBeDcTUwpju_Mg37x3xzvI3YUTFMlt2ISq0FEjc8ErrMPLV0IXeJZyyrH37ikUbg/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><img border="0" data-original-height="215" data-original-width="476" height="144" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT8L3PtHhUdzUiVcfUGRaivwXVCv2pmbJeWn0X8TBC8M7X-FPTvjijfomTdBs8bUxjLBeDJiiOsUACBeDcTUwpju_Mg37x3xzvI3YUTFMlt2ISq0FEjc8ErrMPLV0IXeJZyyrH37ikUbg/s320/download.jpg" width="320" /></span></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> São Luís IX e os Franciscanos - I</span></b><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Frei Sandro Roberto da Costa, ofm</span></b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O século XIII é um dos mais fecundos na história da Idade Média. O surgimento das universidades testemunha a sede de saber e a efervescência do pensamento filosófico e teológico. A ebulição religiosa se traduz na construção das magníficas catedrais, onde a fé transforma pedras em arte, beleza, e luz. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No século XIII são fundadas também algumas das mais importantes Ordens religiosas da Igreja, os dominicanos e os franciscanos em particular, com seus respectivos santos: Francisco de Assis, Domingos de Gusmão, Antônio de Pádua, Clara de Assis, Boaventura, Tomás de Aquino, entre outros. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Por outro lado, é um século marcado pela inquietude religiosa, pelo espocar das heresias, marcadamente em território francês, pela luta entre papado e império, pelo recrudescimento da inquisição, pela ameaça constante do islã, pelas cruzadas, e pelas lutas internas entre os reinos, que aos poucos vão configurando o espaço geográfico que mais tarde seria conhecido como Europa. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A França ocupa um lugar de destaque neste cenário. Na passagem do século XII para o século XIII, seus monarcas estão entre os mais célebres e respeitados do Ocidente.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Um dos pressupostos da história é a capacidade de fazer “memória”, de tornar vivo e presente fatos, personagens e acontecimentos que, de outro modo, seriam relegados ao baú do eterno esquecimento. No presente artigo, nosso objetivo é fazer memória da vida de Luís de França. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Queremos conhecer um pouco mais sobre este personagem medieval, leigo, homem de governo, pai de família, cristão fiel. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Queremos fazer isso nos questionando sobre o papel desempenhado pelos frades franciscanos em sua vida, suas mútuas relações e interações, que o fizeram ser alçado ao posto de Patrono da Ordem Franciscana Secular.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Apresentar um texto a respeito de um personagem que viveu há oitocentos anos atrás, sobre o qual, aparentemente tudo já foi dito, pode parecer uma temeridade. Temeroso também é se aventurar a retratar a vida de um sujeito histórico envolto em polêmicas, fruto, em alguns casos, de uma compreensão descontextualizada de sua vida, de seu tempo e da própria história. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Mesmo assim, dados os múltiplos contextos e as múltiplas relações nas quais esteve envolvido este soberano medieval, acreditamos que seja possível apresentar alguns enfoques particulares, que lancem luzes sobre alguns aspectos de sua vida, e que podem, ao mesmo tempo, iluminar a história que estamos vivendo, escrevendo e construindo. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Por isso, não vamos nos ocupar exaustivamente da vida de São Luís. Embora façamos um breve sobrevoo sobre sua biografia, seus feitos em geral, nosso foco é específico: a influência do movimento franciscano na vida de Luís IX. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Continua...</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-44449051079053563272018-08-21T08:05:00.002-03:002018-08-21T08:05:24.180-03:00Artigo - Clara e Francisco, os dois se encontram num mesmo caminho de Amor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4ZmllXox85HCdR7rDNVIhGbSh4XlGRz_zC97KmMnP8ODj86aWWXhR11vD4OoX_8eL5YqEgPj20GwO8kUFmdugOvdL3o1Ne5WkDkV0CfBdDNggbTiiwQDGo-XHxCEKPlNgY5OuV3q0NCo/s1600/552745_459020220797676_1671703369_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="404" data-original-width="480" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4ZmllXox85HCdR7rDNVIhGbSh4XlGRz_zC97KmMnP8ODj86aWWXhR11vD4OoX_8eL5YqEgPj20GwO8kUFmdugOvdL3o1Ne5WkDkV0CfBdDNggbTiiwQDGo-XHxCEKPlNgY5OuV3q0NCo/s320/552745_459020220797676_1671703369_n.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>POR FREI VITORIO MAZZUCO.</b></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Clara de Assis deu uma resposta pessoal ao Senhor de um modo muito livre. Teve a ajuda primeira de sua mãe, Hortolana, que a iniciou nos caminhos da oração e das obras. O processo de Canonização, a partir dos testemunhos de Pedro de Damião, diz que ela “cultivava a vida espiritual” (PC 19,2); e João Ventura depões dizendo que Clara “jejuava e permanecia em oração e praticava outras obras piedosas, como ele próprio pôde observar. E todos estavam persuadidos de que era o Espírito Santo que a inspirava” (PC 20,5). A Irmã Pacífica confirma: "Por todos era conhecida como pessoa de grande honestidade, de vida exemplar e se ocupava muito em obras de caridade” (PC 1,1).</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Clara de Assis fez os caminhos costumeiros de exercícios de conversão, isto é, oração, jejum, obras de misericórdia, retidão moral e o deixar-se conduzir pelo Espírito do Senhor. Isso faz de Clara de Assis uma pessoa que é percebida pelas suas virtudes. A Irmã Benvinda de Perúsia afirma “que a consideravam virgem de corpo e alma e que, mesmo antes de entrar na religião, era tida em muita estima por todos os que a conheciam” (PC 2,2). Ver em Clara a bondade, honra, humildade e virgindade não são apenas dados morais e físico, mas sim as marcas de uma força interior de uma mulher que desposa Jesus Cristo, no máximo de sua Pobreza. Viver a Pobreza é um ato de extrema confiança, entrega e abandono ao tudo do Amor e a não precisar de nada por causa deste Amor.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Clara de Assis pertence ao seu Senhor de um modo total e, por isso, faz de si um dom para todos. Sua fama em Assis está no fato de ser uma mulher exemplar para todos. “A fama pública na cidade considera-a por isso uma jovem irrepreensível e digna de estima. O eco destas considerações terá chegado, sem dúvida, até à interessada, sem porém influenciar o seu modo de ser, continuando sempre benigna e humilde para com todos. O seu caráter pessoal, que a fazia centrar em Deus a própria vida, dá-lhe forças para Lhe consagrar a sua vontade e deixa-a, ao mesmo tempo, interiormente aberta para descobrir onde e como realizar em si o desígnio do Pai”. (Cremaschi, "Chiara Giovanna, Clara de Assis, Um silêncio que grita", Editorial Franciscana, Braga, p.37).</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Em Assis a notícia corrente é a impactante conversão de Francisco, filho de Pedro Bernardone, que rompe com tudo e inicia um original caminho de vivência radical do Evangelho. Clara de Assis se une ao momento social, eclesial e espiritual de Assis. Não há como sentir que Francisco instaura um novo sentido de fraternidade, pobreza extrema e vivência junto aos marginalizados de então. O jovem Rufino, primo de Clara, já está com Francisco pelas ruas e estradas de Assis anunciando a paz. Os dois pregam na catedral de Assis. Ao ouvir Francisco, Clara está em plena sintonia de coração e palavra. Clara e Francisco já não estão mais presos ao mundo das convenções sociais. Francisco ainda é visto com desconfiança pelos habitantes de Assis que o considera uma pessoa fora do juízo. Mas o que questionar em Clara?</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A silenciosa e discreta moça nem aos seus parentes revela seus planos de seguir o Esposo. Mas vai até Francisco contar seus segredos. Acompanhada de sua amiga e governanta Bona Gelfuccio, vai encontrar-se com ele. Francisco a recebe acompanhado de um de seus irmãos, Filipe Longo. A conversa gira em torno da contagiante alegria espiritual do seguimento apaixonado do Senhor, de pertencer ao caminho da Pobreza total, de trocar as experiências do mesmo desejo que fazem vibrar a interioridade.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Irmã Beatriz diz no processo: “Conhecendo São Francisco a fama da sua santidade, encontrou-se com ela várias vezes para lhe falar do Evangelho” (PC 12,2). Quem procurou quem? Não sabemos com certeza. Almas profundas de humanidade, amor e divindade se acham naturalmente. Um encontrou o outro. Francisco encontrou São Damião e reconstruiu o lugar da inspiração; mas lá não deixou os seus irmãos. Porém, após reconstruir São Damião ali deixou Clara. Ele sabia que Clara daria o brilho definitivo ao lugar. Clara é tão segura que se inspira numa experiência concreta. Diz a obra acima citada: “Enfim, a jovem faz-se discípula deste jovem convertido, para viver o santo Evangelho numa forma de vida semelhante à sua. O que a palavra e o testemunho de Francisco fazem penetrar no seu íntimo está em admirável sintonia com quando o Espírito lhe sugeria interiormente” (Cremaschi, p. 39).</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Clara tem uma opção própria, mas se apoia numa experiência concreta já iniciada por Francisco. O Amado é o Amor amado por ambos. Os dois se encontram num mesmo caminho de Amor.</span><br />
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<br />Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824686463677003052.post-33057592561798298262018-08-21T07:22:00.000-03:002018-08-21T07:37:48.976-03:00Santo Franciscano do dia - 21/08 - São Pio X<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiseuixHAeuTzFs7_qYai21NMVhyzSRB2YMXxLvEvW0nwYbxCdVyUdZWLNP8aoAyG4KSggterR9ISOydoOdj2jzNUwBWIY_o2h5Qflcf4vCZsQoy04wcO3pbOfcrkrRxaOqKnLDxNA3Dlg/s1600/S%25C3%25A3o+Pio+X.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiseuixHAeuTzFs7_qYai21NMVhyzSRB2YMXxLvEvW0nwYbxCdVyUdZWLNP8aoAyG4KSggterR9ISOydoOdj2jzNUwBWIY_o2h5Qflcf4vCZsQoy04wcO3pbOfcrkrRxaOqKnLDxNA3Dlg/s320/S%25C3%25A3o+Pio+X.jpg" width="240" /></span></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Papa da Terceira Ordem (1835-1914). Canonizado por Pio XII no dia 29 de maio de 1954. </b></span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Giuseppe Sarto, assim era o seu nome, nasceu em Riese (Treviso), em 1835, em uma família de camponeses. Depois de estudar no Seminário de Pádua, foi ordenado sacerdote aos 23 anos. No começo, foi vigário em Tombolo, após pároco em Salzano, depois cônego da catedral de Treviso, com o encargo de chanceler episcopal e diretor espiritual do Seminário Diocesano. Nestes anos de rica e generosa experiência pastoral, o futuro Pontífice mostrou aquele profundo amor a Cristo e à Igreja, aquela humildade e simplicidade e aquela grande caridade com relação aos mais necessitados, que foram características de toda a sua vida. Inscreveu-se na Ordem Terceira de São Francisco e do humilde e pobre Santo de Assis quis aprender mais profundamente as virtudes que sempre queria em seu coração.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em 1884, foi nomeado Bispo de Mântua e, em 1893, Patriarca de Veneza. Em 4 de agosto de 1903, foi eleito Papa, ministério que aceitou com hesitação, porque não se considerava digno de uma tarefa assim tão alta.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O pontificado de São Pio X deixou um sinal indelével na história da Igreja e foi caracterizado por um notável esforço de reforma, sintetizado no seu lema Instaurare omnia in Christo (Renovar todas as coisas em Cristo). Suas intervenções, de fato, envolveram os diversos ambientes eclesiais. Desde o início, dedicou-se à reorganização da Cúria Romana; após, deu início aos trabalhos para a redação do Código de Direito Canônico, promulgado pelo seu Sucessor, Bento XV. Promoveu, em seguida, a revisão dos estudos e do “iter” (processo) de formação dos futuros sacerdotes, fundando também vários Seminários regionais, equipados com boas bibliotecas e professores preparados.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Outro setor importante foi aquele da formação doutrinal do Povo de Deus. Desde os anos em que era pároco, havia escrito ele próprio um catecismo e, durante o episcopado em Mântua, trabalhou a fim de se chegasse a um catecismo único, se não universal, pelo menos italiano. Como autêntico pastor, havia entendido que a situação da época, também devido ao fenômeno da emigração, tornava necessário um catecismo a que todos os fiéis pudessem recorrer independentemente do local e das circunstâncias da vida. Como Pontífice, preparou um texto de doutrina cristã para a Diocese de Roma, que se difundiu depois por toda a Itália e no mundo. Esse Catecismo é chamado “de Pio X” e foi, para muitos, um guia seguro no aprender as verdades da fé através de uma linguagem simples, clara e precisa, com eficácia positiva.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Notável atenção dedicou à reforma da Liturgia, em particular da música sacra, para conduzir os fiéis a uma mais profunda vida de oração e a uma mais plena participação nos Sacramentos. No Motu Proprio Tra le sollecitudini (1903, primeiro ano de seu pontificado), ele afirma que o verdadeiro espírito cristão tem a sua primeira e indispensável fonte na participação ativa nos sacrossantos mistérios e na oração pública e solene da Igreja (cf. ASS 36 [1903], 531).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Por isso, recomendou a recorrência frequente aos sacramentos, favorecendo a frequência cotidiana à Santa Comunhão, bem preparados, e antecipando oportunamente a Primeira Comunhão das crianças para em torno de sete anos de idade, “quando a criança começa a raciocinar” (cf. Sagrada Congregação De Sacramentis, Decretum Quam singulari: AAS 2 [1910], 582).</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Fiel à missão de confirmar os irmãos na fé, São Pio X, frente a algumas tendências que se manifestaram no contexto teológico no final do século XIX e início do século XX, interveio decisivamente, condenando o “Modernismo”, para defender os fiéis das concepções errôneas e promover um aprofundamento científico da Revelação em consonância com a Tradição da Igreja. Em 7 de maio de 1909, com a Carta Apostólica Vinea electa, fundou o Pontifício Instituto Bíblico. Os últimos meses de sua vida foram marcados pelos clarões da guerra. O apelo aos católicos do mundo, lançado em 2 de agosto de 1914 para expressar “a amargura” do momento presente, foi o grito sofredor do pai que vê os filhos se colocarem uns contra os outros. Morreu pouco tempo depois, em 20 de agosto, e a sua fama de santidade começou a se espalhar rapidamente entre o povo cristão.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Queridos irmãos e irmãs, São Pio X ensina a nós todos que a base da nossa ação apostólica, nos vários campos em que atuamos, sempre deve ser uma íntima união pessoal com Cristo, a se cultivar e crescer dia após dia. Esse é o núcleo de todo o seu ensinamento, de todo o seu compromisso pastoral. Somente se estamos enamorados pelo Senhor seremos capazes de levar os homens a Deus e apresentá-los a Seu amor misericordioso, e, assim, apresentar o mundo à misericórdia de Deus.</span><br />
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No dia 20 de agosto de 1914, aos setenta e nove anos, Pio X morreu. O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um santo. Mas só em 1954 ele foi oficialmente canonizado.</span>Clay Regazoni das Chagashttp://www.blogger.com/profile/05217905495976954918noreply@blogger.com0