sábado, 14 de novembro de 2015

PROFECIA DA FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL V


Em Clara de Assis todos podemos ser de Deus.

Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

Conclusão do subtítulo:
1. A família franciscana do Brasil e a identidade como profecia. criar sujeitos fortes e não individualidades fracas. A liberdade de ser.

O indivíduo se identifica com o patrão, com o que vem dos domínios do poder e dos cargos, que tem muito tempo para decidir o tempo e a vida dos outros. O sujeito não acelera a vida, está na comunidade fraterna sem dissolver as diferenças. O indivíduo se esconde na casa e vive com seus hábitos mentais confundindo manias pessoas com carisma pessoal. O sujeito sai da casa para o mundo, reconstrói a casa e reconstrói o mundo, faz e relata eventos em que guarda a memória boa dos fatos. O indivíduo tem a identidade da máquina. O sujeito sabe que só é possível a identidade quando se guarda a memória das coisas grandiosas dentro do próprio coração. O indivíduo é programado para esquecer.  Quem não cultiva a memória não tem mais raízes. Nós vivemos hoje numa produção de esquecimento. O sujeito recorda. O indivíduo é tempo produtivo. O sujeito é tempo celebrativo. O indivíduo abraça o mercado que não dá nada de graça e paga caro para vestir-se de grife. O sujeito abraça o dom de existir na gratuidade. O indivíduo é medroso e inseguro e por isso precisa de sistemas autoritários. O sujeito é livre em meio às pesadas estruturas.

Aprendamos com Clara de Assis a profecia do Feminino! Clara não é importante somente como companheira de Francisco, mas é um forte exemplo do Movimento Religioso Feminino dos séculos XII e XIII. Exerceu uma influência muito grande entre as mulheres de seu tempo a tal ponto que Hortolana, sua mãe, Inês e Beatriz, suas irmãs de sangue, Inês da Boêmia, e tantas mulheres a seguiram.  Donato de Besançon foi o primeiro a escrever uma Regra de Vida para mulheres que viviam nos mosteiros; e a partir daí todas as Regras, por assim dizer, femininas, ou compilações de Regras, são feitas por homens. Clara foi a primeira mulher a escrever uma Regra do próprio punho e bem própria para mulheres. Não temos o original com a chancelaria pontifícia, mas nos restou o texto de Clara com sua limpidez original.

A firmeza de Clara causa certa perplexidade. Ela conduz vidas! Escreve um texto tendo como pano de fundo São Bento e a Regra não Bulada de Francisco; mas não deixa de ser original. Seu tempo é tempo litúrgico. Seu tema mais importante é a Pobreza. Clara causa impacto! Pode uma mulher e seu grupo de mulheres viverem sem nada? Podem sim! Se há um intenso amor, existe um desatrelamento do jurídico e a entrega a algo mais substancial: não preciso ter nada pois tenho uma riqueza essencial, a capacidade de amar o Amado!

Clara sempre falou e viveu  mais que Francisco a Pobreza. A sua fraternidade feminina de São Damião viveu radicalmente pobre e esta é sua original irradiação. Clara pede o direito de não ter nenhum direito; quer ser livre para amar. É como se voltasse às fontes do feudalismo: autogerir-se!
Clara viveu tão coerentemente a sua vida que o Mosteiro passa a ser lugar de irradiação: não é reclusão entre paredes, mas sim um ideal que voa para o mundo. Um ideal que sai pelas frestas de São Damião e ganha corações. Em Clara de Assis todos podemos ser de Deus; todos podemos ser nobres de alma através de seu Amor.

CONTINUA....

Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

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