sábado, 27 de fevereiro de 2016

Santo franciscano do dia - 27/02 - São Paulo Suzuki


Mártir japonês, da Terceira Ordem (+1597). Canonizado por Pio IX no dia 8 de junho de 1862


Nasceu no reino japonês de Ovari, convertido ao cristianismo por São Leão Karasuma.

Ingressou na Ordem Terceira Franciscana e desenvolveu grande parte de sua atividade apostólica na região de Meaco, colaborando ativamente com os frades menores na difusão do cristianismo e na assistência aos enfermos na qualidade de enfermeiro. Submetia seu corpo a severíssimas penitências.

Tinha por hábito severas penitências e demonstrando muita força e Fé quando da sua prisão. Em Meaco teve a sua orelha esquerda decepada, como os demais irmãos de Fé. Após este primeiro martírio são conduzidos em cortejo de forma humilhante até Nagasaki.

Faleceram, crucificados, no dia 05 de fevereiro de 1597, em Nagasaki, Japão.
Canonizado pelo Papa Pio IX, em 08 de junho de 1862

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Francisco de Assis, um mistério a ser descoberto.



Por Frei Almir Guimarães, OFM

Esse Francisco, esse homem de Assis é um mistério. Não podemos permanecer eternamente presos ao Francisco das pombinhas e dos animais, da poesia e do sentimentalismo, ao Francisco meio etéreo, nem homem, nem anjo, nem tampouco ao Francisco das Ordens ditas franciscanas. Francisco não cabe em nossas estruturas acanhadas e míopes. É maior que o franciscanismo, que a Igreja. Francisco é do mundo todo.

Aliás, cada pessoa é um mistério. O mistério de cada um não pode ser resumido a meia dúzia de aspectos mais ou menos secundários e exteriores, a qualidades meio estereotipadas. O homem tem um poço interior e é para lá que precisamos nos dirigir quando desejamos vislumbrar reverberações do mistério de seu ser.

Francisco é alguém apaixonado pelo humano, por tudo aquilo que vibra em nosso ser gente, ser homem, ser mulher. Sabe mimar o presépio, beijar o leproso, quebrar o jejum e comer uvas com um irmão que não consegue realizá-lo. Pede que Fra Jacoba lhe traga de Roma aqueles doces que ele tanto apreciava. Quer ainda saboreá-los antes de morrer. Francisco é protótipo do humanismo. Não cabe em modelos pré-traçados.

Francisco é único. É um ser de desejos. Não se contenta com o mínimo, mas busca sempre o máximo, o grande, o completo. Não aceita arranjos existenciais acomodatícios. Tudo tem que ser sine glosa. Seu radicalismo encanta porque parte do fundo de seu ser. Nada tem de exibicionismo, nem de radicalismo legalista. Tudo nele brota do desejo interior de seguir até o fim o Evangelho do seu Amado.

Tomás de Celano, de maneira bela e profunda, tira um pouco o véu do mistério ao descrever a oração de Francisco: “Quando rezava no mato e em lugares desertos, enchia o bosque de gemidos, derramava lágrimas por toda a parte, batia no peito, e achando-se mais escondido do que num esconderijo, conversava muitas vezes em voz alta com o seu Deus. Respondia ao juiz, fazia pedidos ao pai, conversava com amigo, brincava com o esposo” (2Cel 95).

Joseph Lortz assim se exprime: “Francisco é um mistério. Já o era para seus contemporâneos. Continua sendo um mistério para nós hoje. Um mistério não deve ser desnudado levianamente. Do contrário se destrói o enigma e, com ele, a própria realidade. O mistério há de ser respeitado na sua insondável profundidade e tensão. Ante o mistério é preciso calar, entrar em contato com ele. Quando se contempla o mistério com olhar perseverante e desejo humilde e, em repetidas aproximações, se procura penetrar em sua profundidade, é possível que se revele algo de seu conteúdo, que vem enriquecer a alma meditante, enchendo-a de felicidade. Naturalmente sempre à maneira de um mistério: levantando-se o véu para se entrever segredos ainda mais profundos” (Lortz, p.11).

Francisco é uma obra de arte. Uma obra de arte, uma peça musical não podem ser entendidas a partir de descrições. Quem não as viu, não as tocou, não as ouviu não formará dela uma ideia adequada. Será preciso conviver com o Francisco das Regras, das Admoestações, do Testamento, das páginas de Frei Tomás da cidade de Celano e de São Boaventura. Será ter no coração sede de plenitude e saudades do Evangelho. Do contrário seremos meros “faladores” de coisas de Francisco.

Referência: Francisco de Assis, O santo incomparável, Joseph Lortz, Vozes/Cefepal 1982, p. 11-12

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Santo Franciscano do dia - 24/02 - São Matias de Meaco



Mártir japonês da Terceira Ordem Franciscana (+1597). Canonizado por Pio IX no dia 8 de junho de 1862. 


Matias nasceu no Japão, em data ignorada. Sabe-se que ele foi um grande colaborador dos padres Franciscanos que trabalhavam na pregação, evangelização e nos cuidados quanto à saúde da população mais carente.

Quando foram presos estavam em oração. Um dos guardas que os prenderam para conferir se todos estavam presentes faz uma chamada individualizada e deram por falta de uma pessoa chamada Matias, naquele mesmo momento Matias de Meaco se apresentou como Cristão e que ele substituiria seu irmão de Fé. Foi uma atitude espontânea, mas o soldado lhe responde que ele não era o condenado e que não poderia ser preso. Matias insistiu e garantiu ser amigo e irmão de Fé dos Franciscanos. Neste momento o guarda aceita sua argumentação e o integra ao grupo de presos.

Como todos os prisioneiros teve sua orelha esquerda decepada. Conduzidos em cortejo para Nagasaki para cumprimento da condenação.

Faleceram crucificados no dia 5 de fevereiro de 1597, em Nagasaki, Japão.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Santo franciscano do dia - 22/02 - São Boaventura de Meaco



Mártir japonês, terceiro franciscano (+1597). Canonizado no dia 8 de junho de 1862 por Pio IX.

Nasceu no Japão em data ignorada. filho de pai cristão e de mãe pagã. Foi batizado ainda criança, mas, por influência de sua mãe, foi obrigado a freqüentar cultos budistas. Esta dualidade seguiu toda a sua fase de crescimento e educação. Por essa razão levou, por vinte e seis anos, uma vida dissoluta, sem rumo e de descaminhos.

Com a chegada dos religiosos vindos das Filipinas, Boaventura é apresentado novamente ao cristianismo e os franciscanos revelam os seus pecados. Este, arrependido, atira-se ao chão e pede perdão a Deus e aos irmãos que o fizeram ver a verdade.

No primeiro domingo após o retorno à fé cristã, Boaventura vai à Missa vestindo um saco, com a cabeça coberta com cinza e uma corda no pescoço para pedir perdão por tantos anos afastado da fé. Todos que frequentavam a Igreja de Santa Maria dos Anjos ficaram admirados e ao mesmo tempo compadecidos pela grandeza do ato daquele cristão.

Como prova de seu arrependimento pediu para ser admitido e vestir o hábito da Terceira Ordem Franciscana. Como sinal de sua conversão, quis se chamar Boaventura. Assim como o Doutor São Boaventura foi para a Ordem Seráfica e para a Igreja uma “boa ventura”, assim o novo Boaventura devia ser para nascente Igreja e para todo o Japão.
Daquele momento em diante não mais se separou das missões e dos religiosos franciscanos. Foi um grande catequista.

Foi preso e teve a sua orelha esquerda cortada e, em seguida colocado em cortejo até a chegada a Nagasaki, local onde foi crucificado, no dia 05 de fevereiro de 1597.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Especial Quaresma - A observância Quaresmal



Poderíamos falar também de exercícios da Quaresma ou exercícios de conversão. Trata-se de três exercícios de culto a Deus, já conhecidos no Antigo Testamento e abordados por Jesus no Evangelho de São Mateus (6,1-18): a oração, o jejum e a esmola.

Jesus não condenou estas práticas de culto. Quis, sim, purificá-las da hipocrisia. Muito cedo, a Igreja acolheu esses exercícios como prática de conversão, sobretudo na Quaresma. São Leão Magno, o grande papa do século V, mostra como essas três práticas atingem de modo profundo os três principais relacionamentos do homem:
com Deus, pela oração; com a natureza criada, pelo jejum e com o próximo, pela esmola. Por isso, esse evangelho é proclamado na Quarta-feira de Cinzas, abertura da Quaresma, como um verdadeiro programa de exercício de conversão para os cristãos.

Na virtude da fé, o homem volta-se diretamente a Deus pela oração. Louva-o e o adora. Reconhece-o como Criador, Senhor e Pai e a si mesmo como criatura e filho. Realiza-se uma conversão, pois pela oração o homem se situa no seu lugar, na sua vocação em relação a Deus.

E temos mais: quando, na Quaresma, a Igreja intensifica a oração, ela celebra o Cristo orante em profunda comunhão com o Pai.

Na virtude da esperança, o homem já participa do Bem Supremo que é Deus. Então, os bens deste mundo não o escravizam.

Faz uso deles para o bem próprio e do próximo e neles degusta o Bem, que é Deus. Mas muitas vezes acaba escravizando-se aos bens materiais. Aparece, então, o sentido do jejum religioso. Jejuar significa abster-se de alimento, tomar uma atitude de respeito e de liberdade diante das coisas, fazer espaço para os outros e para Deus, confiar na providência de Deus. Por este gesto, que é um rito, a Igreja comemora o Cristo, Senhor da criação e a vocação do homem como senhor da criação. Constitui um ato de conversão a Deus através das coisas. Importa, então, viver em atitude de jejum. De quantas coisas podemos jejuar!

Na virtude da caridade, o homem é chamado a ser profeta, revelando Deus, que é amor e apontando para ele. E chamado a viver como irmão. Num gesto ou rito de generosidade, a esmola, ele celebra sua capacidade de doar, de amar, de partilhar, segundo Deus. Celebra a generosidade do Deus Criador e do Deus Salvador.

 É o sentido mais profundo da esmola: dar de graça, dar sem querer retribuição, dar em solidariedade, partilhar com o próximo. Importa, então, viver em atitude de esmola: ser esmola, ser generoso, ser dom para o próximo, partilhar com os irmãos os seus bens, a exemplo do Deus Criador e de Jesus Cristo, dando sua vida por todos.

Texto de “Viver o Ano Litúrgico – Reflexões para os domingos e solenidades”, de Frei Alberto Beckhauser, Editora Vozes.

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Santo franciscano do dia - 18/02 - São Joaquim Sakakibara



 Martir japonês da Terceira Ordem Franciscana (+1597). Canonizado por Pio IX no dia 8 de junho de 1862. 


A evangelização no Japão teve a sua etapa inaugural entre os anos de 1549 e 1561, por obra de São Francisco Xavier, e desenvolveu-se nos decênios seguintes com notáveis resultados. Em 1587 a comunidade católica japonesa já contava uns 205.000 fiéis, com o centro principal em Nagasaki. 

Nesse ano começou a perseguição, com um decreto de expulsão dos jesuítas que, no entanto, permaneceram em grande parte clandestinos no país, continuando silenciosamente a sua atividade apostólica. Em 1593, vindos das Filipinas, desembarcaram no Japão alguns franciscanos, que encetaram nova fase de ação missionária: pregação da Palavra, coroada com numerosas conversões, construção de igrejas, conventos, hospitais e escolas para crianças. Estas dinâmicas iniciativas provocaram a reação do governo, que ordenou a prisão dos religiosos franciscanos e seus colaboradores mais próximos. As detenções foram levadas a cabo em datas diversas: em 9 de dezembro de 1596 foram presos seis franciscanos em Osaka; em 31 de dezembro foram capturados em Meaco quinze leigos japoneses; e no ano seguinte foram incluídos no grupo dos condenados outros cristãos japoneses.

Entre estes últimos contava-se Joaquim Sakakibara, natural de Osaka, que estivera ao serviço dos franciscanos, como ecônomo de hospitais e de outras obras de assistência da missão. Era ainda catecúmeno quando adoeceu. A esposa, que já era cristã, pediu aos padres que antecipassem o batismo do marido. Eles, porém, preferiram adiá-lo, a fim de ter mais tempo de se preparar bem para tão importante sacramento. E o batismo transformou-o noutro homem, aumentando-lhe o entusiasmo na prática do bem. Fez-se Terceiro Franciscano e dedicou toda a vida, como ecônomo e enfermeiro, a trabalhar em hospitais e noutras obras de assistência.

Também ele teve a sorte de ser contado entre os confessores da fé. Ao subirem para a Santa Colina, esses heróis são seguidos por numerosos cristãos que deploram a sua morte. Eles vão consolando os fiéis e pregando aos pagãos. Ao verem as cruzes onde iriam consumar o holocausto, ajoelham-se e cantam o “Bendictus”. Depois, cada um procura a sua cruz, à qual se abraça, apertando-a amorosamente ao coração. 

Os soldados atam cada um ao seu madeiro. Do alto desse trono, cada um continua a pregar, de rosto sereno e iluminado. Às dez da manhã os soldados esperam ordem do governador para trespassarem as vítimas. Quando chega o veredicto, os mártires são horrivelmente destroçados e expiram a pronunciar os nomes de Jesus e Maria, ou a exclamar “Senhor, nos Vossas mãos encomendo o meu espírito”, ou a cantar “Louvai ao Senhor todas as nações!”. A última vítima a ser sacrificada foi São Pedro Baptista, que animou os cristãos à perseverança, convidou os pagãos à conversão e implorou perdão para os verdugos. Assim se completou a imolação dos 26 mártires, que seria sementeira fecunda de novos cristãos. Era uma quarta-feira, 5 de fevereiro de 1597.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 2



Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

Nos tempos mais recentes, o Ano Santo representa momentos de unidade e renovação da Igreja e um apelo para que toda a humanidade se reconheça irmanada e percorra caminhos de justiça e paz. Componentes históricos, virtudes teológicas, princípios cristãos, força espiritual se fazem presentes para trazer o júbilo de uma mudança interior e exterior, sobretudo nas estruturas. 

Passado e presente se unem para um futuro de esperança, para uma autêntica renovação e reconciliação, que a misericórdia de Deus propõe e inspira. A renovação espiritual concreta da pessoa nas suas diversas abrangências. No pensamento que pensa e pensando assuma a verdade. No trabalho que realiza para que trabalhando possa progredir e abastar-se, que possa realizar-se e equilibrar a alegria e o lazer. Dos bens pessoais aos bens sociais e comuns. Da conversão como uma metanoia, como uma nova escolha de vida e mudança de lugar.

Que os valores eclesiais sejam mais expostos para que se transformem numa grande orientação em meio aos desafios do mundo. Que haja uma polivalência de endereço nestes valores para que atinjam não somente cristãos católicos, mas toda a cristandade, e todos aqueles que em nome de Cristo e em nome da fé defendem a fraternidade, o ecumenismo, a acolhida para os que estão mais próximos e os mais distantes. Misericórdia para dentro da estrutura eclesiológica que precisa muito de conversão e do coração do Evangelho para atravessar seu deserto interno. Tempo de reflexão e de reformas. Convite real a um ato de fé e mudança de lugar, o modo franciscano da conversão. Que a evangelização seja realmente o retorno à força apostólica primitiva para propor ao mundo contemporâneo uma ação de Palavra, Fé, Obras e Convivência. 

Que a força celebrativa do Ano Santo reencante a qualidade vocacional de todos os estados de vida, porque o mundo tem necessidade de autênticas testemunhas do Evangelho e do Reino, com misericórdia, penitência e santidade. Que o Ano Santo da Misericórdia instaure a paz em todas as situações de conflitos, sobretudo nos massacres fratricidas das guerras.

Continua...

Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

Franciscano do dia - 17/02 - Bem-aventurado Lucas Bellúdi



Sacerdote, discípulo de Santo Antônio, da Primeira Ordem (1195-1285). Aprovou seu culto Pio XI em 18 de maio de 1927. 


Nasceu em Pádua, por volta de 1195. São Francisco, de regresso do Oriente, no verão de 1220, atravessou a região de Véneto, detendo-se em Pádua. Junto à igreja de Santa Maria de Arcella mandou construir um pequeno convento para alguns dos seus seguidores. Em Arcella deu o hábito das Senhoras Pobres de Santa Clara à Bem-aventurada Helena Enselmini, e o hábito dos Frades Menores a um jovem sacerdote chamado Lucas Bellúdi.

Ali viveu esse religioso durante sete anos, entregue ao apostolado e à mortificação. Foi, então, que escreveu os seus Sermões, conservados em preciosos códices. Em 1227, encontrou-se com Santo Antônio e, desde então, os dois amigos, como duas almas gêmeas, andaram juntos. No Pentecostes de 1227, Santo Antônio tomou parte do Capítulo Geral na Porciúncula, onde foi eleito Ministro Provincial duma extensa província, que abrangia toda a Itália Setentrional e tomou Lucas como seu acompanhante. 

Estava com ele quando o Santo, em Roma, pregou a quaresma perante o Papa Gregório IX. Em 1230 também os dois participaram do Capítulo Geral de Assis e presenciaram a trasladação dos restos mortais do Santo fundador da Igreja de São Jorge para a nova Basílica, construída na colina do Paraíso. No regresso de Assis detiveram-se em Camposampietro, onde o Conde Tiso deu atenciosa hospedagem ao Santo taumaturgo, cuja saúde estava muito abalada. Notando que a doença ia agravando, Lucas quis transportar o Santo para Pádua, mas em Arcella, a 13 de junho de 1231, teve de assistir à agonia e à morte daquele a quem tanto tinha amado e venerado.

O resto da vida do Bem-aventurado Lucas teve momentos muito alegres. O seu santo mestre foi canonizado pelo Papa Gregório IX apenas 11 meses após a morte e, em Pádua, lançavam-se os alicerces da grande basílica que, através dos séculos, cantaria as glórias do taumaturgo. Na glorificação do mestre desempenhou o discípulo um relevante papel.

Ezelino II de Roma, verdugo e tirano, a quem Dante imortalizou como condenado entre os criminosos sanguinários mergulhados em seu próprio sangue, continuava a sacrificar vítimas inocentes. Imitando o gesto desassombrado do mestre, o Bem-aventurado Lucas também teve a coragem de se apresentar diante dele em Ansedísio, censurando-o pelas injustiças e os delitos. Ezelino sentenciou: “Frei Lucas seja perdoado, mas a sua família seja condenada ao desterro”. E a sentença teve de ser cumprida.

O Bem-aventurado Lucas adormeceu santamente no Senhor por volta de 1285, para se encontrar em definitivo com seu mestre. Contava 90 anos, 65 dos quais passara no serviço de Deus e dos irmãos, com admirável espírito de devoção e dedicação.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Santos Franciscanos do dia - 15/02 - São Cosme e São Máximo Takeya



Pai e filho. Mártires japoneses da Terceira Ordem Franciscana (+ 1597). Foram canonizados por Pio IX a 8 de junho de 1862.

Cosme nasceu na província de Ovari, no Japão, de família nobre e abastada. Mas os pais vieram a cair na miséria, e Cosme teve de se sujeitar a pesados e pouco nobres trabalhos manuais, como o de forjar armas. Tinha sido batizado pelos padres jesuítas. Quando foi viver em Meaco, relacionou-se com os padres franciscanos que havia pouco tempo tinham chegado das Filipinas e já estavam atarefados em construir igrejas e hospitais e a trabalharem na conversão dos japoneses ao cristianismo.

Cosme ofereceu-lhes logo a colaboração e afeiçoou-se tanto a eles que não tardou a servir-lhes de intérprete. Era também assíduo nas visitas e assistência aos doentes, na catequese de crianças e adultos, e na pregação do Evangelho, coroada com frequentes conversões. Juntamente com a família, foi recebido na Terceira Ordem. Entregou aos religiosos o filho Máximo, para eles o formarem como catequista, e, se o Senhor viesse a chamá-lo, para ser também religioso e sacerdote.

Cosme não se separou dos missionários e de seus colaboradores quando se desencadeou a perseguição contra a Igreja Católica. A primeira prisão foi o convento, que foi fechado e rodeado por guardas armados. Mas os missionários continuaram a exercer o ministério na Igreja, administrando os sacramentos aos fiéis. No dia 30 de dezembro foram transferidos para prisões da cidade, e a 1º de janeiro de 1597 virem juntar-se a eles outro franciscano, três jesuítas e três leigos.

Na manhã de 3 de fevereiro, depois de lhes terem amputado o lóbulo da orelha esquerda, as 24 vítimas foram transportadas em carros até Nagasaki. Durante o percurso, o número subiu para 26. Máximo, o filho de Cosme, no momento em que o pai foi preso, estava em casa doente. Quando se restabeleceu correu para se juntar ao pelotão dos condenados. Ao avistá-los, começou a gritar: “Papai! Padres! Porque é que não me avisaram? Eu quero morrer convosco!”, e ao ver no último carro o seu amigo Luís, continuou a gritar: “Luís, meu amigo, como é que partiste sem mim?”. Ao chegar perto do carro do pai, disse-lhe: “Paizinho, deixa-me subir para o teu carro, porque eu também sou cristão e teu filho!”. Dirigiu-se logo aos soldados, pedindo-lhes que o subissem para o carro do pai. Um soldado agarrou-o e feriu-o violentamente na cabeça com o sabre. Caiu sem sentidos, sendo socorrido por uma mulher que o recolheu: era sua própria mãe! E quando em Nagasaki expiravam, crucificados, os seus companheiros, ele falecia em casa, em consequência do golpe sofrido, e assim encontrou-se com eles no céu.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola. 

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Papa Francisco no México - “As lágrimas dos que sofrem não são estéreis”




Cidade do México – O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, especialmente dos jovens sem futuro e dos idosos sem reconhecimento: disse o Papa na missa celebrada este sábado no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, num dos momentos mais aguardados desta sua 12ª viagem apostólica internacional, qual peregrino da misericórdia e da paz em terras mexicanas.

Uma visita à casa da Mãe expressamente desejada pelo Pontífice. De fato, o motivo principal da visita de Francisco ao México: venerar o ícone de Nossa Senhora de Guadalupe, diante do qual deteve-se longamente em oração após a santa missa.

“O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho”, afirmou o Pontífice.

Partindo do Evangelho da liturgia própria da Santíssima Virgem de Guadalupe, Francisco havia iniciado a homilia recordando o episódio da visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel para traçar em seguida a figura de Maria como a mulher do sim, um sim de entrega a Deus e aos irmãos.

“Escutar esta passagem do Evangelho nesta casa tem um sabor especial. Maria, a mulher do sim, também quis visitar os habitantes desta terra da América na pessoa do índio São Juan Diego. Assim como se moveu pelas estradas da Judeia e da Galileia, da mesma forma alcançou Tepeyac, com as suas roupas, usando a sua língua, para servir esta grande nação. Assim como acompanhou a gravidez de Isabel, acompanhou e acompanha a gestação desta abençoada terra mexicana”.

Francisco acrescentou que também hoje Maria continua a fazer-se presente junto de todos nós, especialmente daqueles que sentem que «não valem nada».

Referindo-se à apresentação de Maria ao humilde Juanito, o Papa disse que “naquela madrugada de dezembro de 1531, tinha lugar o primeiro milagre que se tornará depois a memória viva de tudo o que guarda este Santuário. Naquele amanhecer, naquele encontro, Deus despertou a esperança de seu filho Juan, a esperança do seu povo”.

“Naquele amanhecer, Deus aproximou-Se e aproxima-Se do coração atribulado mas resistente de tantas mães, pais, avós que viram os seus filhos partir, viram-nos perdidos ou mesmo arrebatados pela criminalidade”.

Na construção do outro santuário – o santuário da vida, o das nossas comunidades, sociedade e culturas –, ninguém pode ser deixado de fora. “Todos somos necessários – observou o Papa –, sobretudo aqueles que normalmente não contam porque não estão à «altura das circunstâncias» ou não «contribuem com o capital necessário» para a sua construção”.

“O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, de todos e em todas as condições, especialmente dos jovens sem futuro, expostos a uma infinidade de situações dolorosas e arriscadas, e dos idosos sem reconhecimento, esquecidos em tantos cantos. O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho…”

Após citar um Hino Litúrgico dedicado a Maria, que expressa a proteção consoladora da Virgem, Francisco lembrou as palavras asseguradoras da Mãe, que nos dão a certeza de que “as lágrimas daqueles que sofrem, não são estéreis. São uma oração silenciosa que sobe até ao céu e que, em Maria, encontra sempre lugar sob o seu manto”.

N’Ela e com Ela, Deus faz-Se irmão e companheiro de estrada, carrega conosco as cruzes para não deixar as nossas dores esmagar-nos.

Francisco concluiu ressaltando que também hoje Maria volta a enviar-nos; hoje repete para nós: “Sê o meu mensageiro, sê o meu enviado para construir muitos santuários novos acompanhar tantas vidas, consolar tantas lágrimas”: “Sê o meu mensageiro – diz-nos – dando de comer aos famintos, de beber aos sedentos; oferece um lugar aos necessitados, veste os nus e visita os doentes. Socorre os prisioneiros, perdoa a quem te fez mal, consola quem está triste, tem paciência com os outros e sobretudo implora e invoca o nosso Deus”.

Os milhares de fiéis e peregrinos presentes, mais de 40 mil ao todo, viveram com grande emoção e participação a visita do Papa Francisco ao maior santuário mariano do mundo, todos os anos visitado por vinte milhões de peregrinos. A celebração marcou o ponto alto e último compromisso deste primeiro dia de atividades do Santo Padre em terras mexicanas.

 O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, especialmente dos jovens sem futuro e dos idosos sem reconhecimento: disse o Papa na missa celebrada este sábado no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, num dos momentos mais aguardados desta sua 12ª viagem apostólica internacional, qual peregrino da misericórdia e da paz em terras mexicanas.

Uma visita à casa da Mãe expressamente desejada pelo Pontífice. De fato, o motivo principal da visita de Francisco ao México: venerar o ícone de Nossa Senhora de Guadalupe, diante do qual deteve-se longamente em oração após a santa missa.
“O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho”, afirmou o Pontífice.

Partindo do Evangelho da liturgia própria da Santíssima Virgem de Guadalupe, Francisco havia iniciado a homilia recordando o episódio da visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel para traçar em seguida a figura de Maria como a mulher do sim, um sim de entrega a Deus e aos irmãos.

“Escutar esta passagem do Evangelho nesta casa tem um sabor especial. Maria, a mulher do sim, também quis visitar os habitantes desta terra da América na pessoa do índio São Juan Diego. Assim como se moveu pelas estradas da Judeia e da Galileia, da mesma forma alcançou Tepeyac, com as suas roupas, usando a sua língua, para servir esta grande nação. Assim como acompanhou a gravidez de Isabel, acompanhou e acompanha a gestação desta abençoada terra mexicana”.

Francisco acrescentou que também hoje Maria continua a fazer-se presente junto de todos nós, especialmente daqueles que sentem que «não valem nada».

Referindo-se à apresentação de Maria ao humilde Juanito, o Papa disse que “naquela madrugada de dezembro de 1531, tinha lugar o primeiro milagre que se tornará depois a memória viva de tudo o que guarda este Santuário. Naquele amanhecer, naquele encontro, Deus despertou a esperança de seu filho Juan, a esperança do seu povo”.

“Naquele amanhecer, Deus aproximou-Se e aproxima-Se do coração atribulado mas resistente de tantas mães, pais, avós que viram os seus filhos partir, viram-nos perdidos ou mesmo arrebatados pela criminalidade”.

Na construção do outro santuário – o santuário da vida, o das nossas comunidades, sociedade e culturas –, ninguém pode ser deixado de fora. “Todos somos necessários – observou o Papa –, sobretudo aqueles que normalmente não contam porque não estão à «altura das circunstâncias» ou não «contribuem com o capital necessário» para a sua construção”.

“O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, de todos e em todas as condições, especialmente dos jovens sem futuro, expostos a uma infinidade de situações dolorosas e arriscadas, e dos idosos sem reconhecimento, esquecidos em tantos cantos. O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho…”
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Após citar um Hino Litúrgico dedicado a Maria, que expressa a proteção consoladora da Virgem, Francisco lembrou as palavras asseguradoras da Mãe, que nos dão a certeza de que “as lágrimas daqueles que sofrem, não são estéreis. São uma oração silenciosa que sobe até ao céu e que, em Maria, encontra sempre lugar sob o seu manto”.

N’Ela e com Ela, Deus faz-Se irmão e companheiro de estrada, carrega conosco as cruzes para não deixar as nossas dores esmagar-nos.

Francisco concluiu ressaltando que também hoje Maria volta a enviar-nos; hoje repete para nós: “Sê o meu mensageiro, sê o meu enviado para construir muitos santuários novos acompanhar tantas vidas, consolar tantas lágrimas”: “Sê o meu mensageiro – diz-nos – dando de comer aos famintos, de beber aos sedentos; oferece um lugar aos necessitados, veste os nus e visita os doentes. Socorre os prisioneiros, perdoa a quem te fez mal, consola quem está triste, tem paciência com os outros e sobretudo implora e invoca o nosso Deus”.

Os milhares de fiéis e peregrinos presentes, mais de 40 mil ao todo, viveram com grande emoção e participação a visita do Papa Francisco ao maior santuário mariano do mundo, todos os anos visitado por vinte milhões de peregrinos. A celebração marcou o ponto alto e último compromisso deste primeiro dia de atividades do Santo Padre em terras mexicanas.

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Especial Quaresma - As linhas-força da Quaresma



A Quaresma recebe toda a sua força de inspiração da Vigília pascal, desdobrada no Tríduo Pascal da Paixão-Morte, Sepultura e Ressurreição de Jesus Cristo.

Trata-se da preparação para a Festa da Páscoa do Cristo total, isto é, de Jesus Cristo e dos cristãos. Esta vida nova em Cristo é que chamamos de mistério pascal.

A páscoa-fato, celebrada pela Igreja, movimenta-se em três níveis: a páscoa-fonte, a Paixão-Morte, Sepultura e Ressurreição de Jesus Cristo; a páscoa participada pelos cristãos, acontecida no batismo; e a renovação da páscoa dos cristãos em Cristo no hoje pela renovação de vida, na conversão ou penitência e no compromisso renovado.

Tudo isso torna-se sacramental na páscoa-rito, na celebração da Vigília maior, desdobrada no Tríduo Pascal.

Compreendemos que a celebração da Páscoa é essencialmente uma festa batismal. Dela brotam duas linhas-força:
A primeira: A dimensão batismal. Nesta dimensão podemos realçar dois aspectos. A Páscoa é a festa da celebração do batismo daqueles e daquelas que se prepararam durante a Quaresma. Hoje, esta realidade está tornando-se sempre mais presente.

Os catecúmenos caminharam com a Igreja; a comunidade tornou-se catecúmena com os que se preparam para o batismo.

A Igreja gera novos filhos na fé. Mas enquanto ela se toma catecúmena, os cristãos se preparam para renovar os compromissos do próprio batismo.

Assim, estamos na segunda linha-força da Quaresma: a penitência ou a prática da conversão para viver o batismo ou para renovar as promessas do batismo.

Os cristãos já batizados têm consciência de que ainda não estão na plenitude do ideal cristão, que é o próprio Cristo Jesus. Todo cristão, mesmo batizado, sabe que o processo de sua conversão não chegou ao fim. Ele é um caminhante, consciente do já presente do ainda não. Embora justificado e santificado pelo batismo e pela fé, encontra-se ainda a caminho.

Além disso, ele tem consciência de que muitas vezes se torna infiel à aliança batismal, à morte libertadora de Jesus Cristo, afastando-se ou negando totalmente sua vocação e missão de batizado. Ou, então, torna-se infiel aos compromissos batismais, não correspondendo devidamente à proposta do amor de Deus em Jesus Cristo.

Daí o sentido da penitência quaresmal para todos. Será preparação para retomar os compromissos do batismo ou para fortificá-los. Esta experiência de reconciliação oferecida pela misericórdia de Deus em Cristo Jesus constitui, por sua vez, outra experiência pascal celebrada sacramentalmente na Páscoa.

Texto de “Viver o Ano Litúrgico – Reflexões para os domingos e solenidades”, de Frei Alberto Beckhauser, Editora Vozes.

- Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Mensagem do Papa aos brasileiros por ocasião da Campanha da Fraternidade 2016.



Cidade do Vaticano (RV) “O acesso à água potável e ao saneamento básico é condição necessária para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome”: palavras do Papa Francisco que estão contidas na mensagem aos brasileiros por ocasião da Campanha da Fraternidade 2016. O tema este ano é “Casa comum: nossa responsabilidade”.

No texto, o Pontífice recorda que se trata da quarta edição ecumênica da Campanha e que, desta vez, cruza as fronteiras para uma parceria com os católicos alemães, através da Misereor (instituição da Conferência Episcopal Alemã para a cooperação para o desenvolvimento).

Comentando o tema escolhido sobre saneamento básico, Francisco convida todos a se empenharem com políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de Casa Comum.
Superação da injustiça social

“O acesso à água potável e ao saneamento básico é condição necessária para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome, para a superação dos altos índices de mortalidade infantil e de doenças evitáveis, e para a sustentabilidade ambiental”, escreve o Papa.

Citando sua Encíclica Laudato si, Franscisco recorda que a grave dívida social para com os pobres é parcialmente saldada quando se desenvolvem programas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres, evidenciando o nexo que há entre a degradação ambiental e a degradação humana e social.

“Aprofundemos a cultura ecológica”, pede o Pontífice. “Ela não pode se limitar a respostas parciais, como se os problemas estivessem isolados. Insisto que o rico patrimônio da espiritualidade cristã pode dar uma magnífica contribuição para o esforço de renovar a humanidade. Eu os convido a redescobrir como nossa espiritualidade se aprofunda quando descobrimos que Jesus quer «que toquemos a carne sofredora dos outros» (Evangelii gaudium, 270), dedicando-nos ao «cuidado generoso e cheio de ternura» (Laudato si’, 220) de nossos irmãos e irmãs e de toda a criação.

Eis a íntegra da mensagem de Francisco.

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Em sua grande misericórdia, Deus não se cansa de nos oferecer sua bênção e sua graça e de nos chamar à conversão e ao crescimento na fé. No Brasil, desde 1963, se realiza durante a Quaresma a Campanha da Fraternidade. Ela propõe cada ano uma motivação comunitária para a conversão e a mudança de vida. Em 2016, a Campanha da Fraternidade trata do saneamento básico. Ela tem como tema: «Casa comum, nossa responsabilidade». Seu lema bíblico é tomado do Profeta Amós: «Quero ver o direito brotar como fonte e a justiça qual riacho que não seca» (Am 5,24).

É a quarta vez que a Campanha da Fraternidade se realiza com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). Mas, desta vez, ela cruza fronteiras: é feita em conjunto com a Misereor, iniciativa dos católicos alemães que realiza a Campanha da Quaresma desde 1958. O objetivo principal deste ano é o de contribuir para que seja assegurado o direito essencial de todos ao saneamento básico. Para tanto, apela a todas as pessoas convidando-as a se empenharem com políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum.

Todos nós temos responsabilidade por nossa Casa Comum, ela envolve os governantes e toda a sociedade. Por meio desta Campanha da Fraternidade, as pessoas e comunidades são convidadas a se mobilizar, a partir dos locais em que vivem. São chamadas a tomar iniciativas em que se unam as Igrejas e as diversas expressões religiosas e todas as pessoas de boa vontade na promoção da justiça e do direito ao saneamento básico. O acesso à água potável e ao esgotamento sanitário é condição necessária para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome, para a superação dos altos índices de mortalidade infantil e de doenças evitáveis, e para a sustentabilidade ambiental.

Na encíclica Laudato si’, recordei que «o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos» (n. 30) e que a grave dívida social para com os pobres é parcialmente saldada quando se desenvolvem programas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres (cf. ibid.). E, numa perspectiva de ecologia integral, procurei evidenciar o nexo que há entre a degradação ambiental e a degradação humana e social, alertando que «a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta» (n. 48).

Aprofundemos a cultura ecológica. Ela não pode se limitar a respostas parciais, como se os problemas estivessem isolados. Ela «deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático» (Laudato si’, 111). Queridos irmãos e irmãs, insisto que o rico patrimônio da espiritualidade cristã pode dar uma magnífica contribuição para o esforço de renovar a humanidade. Eu os convido, principalmente durante esta Quaresma, motivados pela Campanha da Fraternidade Ecumênica, a redescobrir como nossa espiritualidade se aprofunda quando superamos «a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor» e descobrimos que Jesus quer «que toquemos a carne sofredora dos outros» (Evangelii gaudium, 270), dedicando-nos ao «cuidado generoso e cheio de ternura» (Laudato si’, 220) de nossos irmãos e irmãs e de toda a criação.

Eu me uno a todos os cristãos do Brasil e aos que, na Alemanha, se envolvem nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, pedindo a Deus: «ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita. Obrigado porque estais conosco todos os dias. 

Sustentai-nos, por favor, na nossa luta pela justiça, o amor e a paz» (Laudato si’, 246). Aproveito a ocasião para enviar a todos minhas cordiais saudações com votos de todo bem em Jesus Cristo, único Salvador da humanidade e pedindo que, por favor, não deixem de rezar por mim!

Vaticano, 22 de janeiro de 2016.

- Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Campanha da Fraternidade em sintonia com a Encíclica do Papa



1. As Igrejas que integram o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) assumem como missão expressar em gestos e ações o mandato evangélico da unidade, que diz: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).

2. O testemunho ecumênico coloca-se na contramão de todo tipo de competição e de proselitismo, tão frequentes no nosso contexto religioso. É uma clara manifestação de que a paz é possível. É um apelo dirigido a todas as pessoas religiosas e de boa vontade para que contribuam com as suas capacidades para a promoção do diálogo, da justiça, da paz e do cuidado com a criação. É, também, uma comprovação de que Igrejas irmãs são capazes de repartir dons e recursos na sua missão.

3. A caminhada ecumênica realizada pelo CONIC tem mais de três décadas. É uma trajetória marcada por fraternidade, confiança, parceria e protagonismo. Dessa trajetória, podem ser destacados como expressões concretas de comunhão fraterna as três Campanhas da Fraternidade Ecumênicas, realizadas nos anos 2000, 2005 e 2010. Todas elas marcaram profundamente a vida das Igrejas que nelas se envolveram.

4. A motivação para essas Campanhas fundamentou-se na compreensão de que, no centro da vivência ecumênica está a fé em Jesus Cristo. Isso se deu porque o movimento ecumênico está marcado pela ação e pelo desafio de construir uma Casa Comum (oikoumene) justa, sustentável e habitável para todos os seres vivos. Essa luta é profética, pois questiona as estruturas que causam e legitimam vários tipos de exclusão: econômica, ambiental, social, racial, étnica. São discriminações que fragilizam a dignidade de mulheres e homens.

5. É exatamente isso que acontece quando, neste ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) coloca outra vez à disposição do CONIC a Campanha da Fraternidade, seu mais conhecido projeto de evangelização.

6. Com esse espírito, no ano 2000, na virada do milênio e no contexto do Grande Jubileu, foi realizada a primeira Campanha da Fraternidade Ecumênica com o tema “Dignidade Humana e Paz” e com o lema “Novo Milênio sem Exclusões”. No ano de 2005, foi realizada a segunda Campanha da Fraternidade Ecumênica. O tema foi “Solidariedade e Paz” e o lema: “Felizes os que promovem a paz”. A Campanha Ecumênica de 2010 provocou o debate sobre o papel da economia na sociedade. O tema foi “Economia e vida” e foi aprofundado com o lema bíblico “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24c).

7. A Campanha da Fraternidade de 2016 apresenta o tema “Casa Comum, nossa responsabilidade” e tem como lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). O objetivo principal é assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum.

8. Nesse tema e nesse lema, duas dimensões básicas para a subsistência da vida são abarcadas a um só tempo: o cuidado com a criação e a luta pela justiça, sobretudo dos país pobres e vulneráveis. Nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, queremos instaurar processos de diálogo que contribuam para a reflexão crítica dos modelos de desenvolvimento que têm orientado a política e a economia. Faremos essa reflexão a partir de um problema específico que afeta o meio ambiente e a vida de todos os seres vivos, que é a fragilidade e, em alguns lugares, a ausência dos serviços de saneamento básico em nosso país.

9. Perguntamos: como estão estruturadas as nossas cidades? Quem realmente tem acesso ao saneamento básico? No ano de 2014, o sudeste do Brasil viveu uma das maiores crises hídricas já registradas na história recente do país. Quem foi responsabilizado por isso? Por que os serviços de saneamento básico, considerados como direito humano básico pela Organização das Nações Unidas estão em disputa?

10. Com essa CFE colocamo-nos em sintonia com o Conselho Mundial de Igrejas e também com o Papa Francisco. Ambos têm chamado a atenção para o fato de que o atual modelo de desenvolvimento está ameaçando a vida e o sustento de muitas pessoas, em especial as mais pobres. É um modelo que destrói a biodiversidade. A perspectiva ecumênica aponta para a necessidade de união das Igrejas diante dessa questão. Nossa Casa Comum está sendo ameaçada. Não podemos, portanto, ficar calados. Deus nos convoca para cuidar da sua criação. Promover a justiça climática, assumir nossas responsabilidades pelo cuidado com a Casa Comum e denunciar os pecados que ameaçam a vida no planeta é a missão confiada por Deus a cada um e cada uma de nós.

11. É uma alegria compartilhar que nessa CFE, além das cinco Igrejas que integram o CONIC, somaram forças também: a Aliança de Batistas do Brasil, o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP) e a Visão Mundial. Outra novidade é que a IV Campanha da Fraternidade Ecumênica será internacional, porque a Misereor, organização dos bispos católicos alemães para a cooperação e o desenvolvimento, integrou-se nesse mutirão. Nossa oração e desejo é que mais Igrejas e religiões entrem nessa caminhada.


Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Quarta-feira de Cinzas no tempo da Quaresma



A Quarta-feira de Cinzas abre este tempo de conversão e de penitência, fazendo a proposta da observância quaresmal da oração, do jejum e da esmola.

Seguem todos os anos os dois domingos com temática fixa, variando apenas conforme os Evangelistas do ano. 
No 1º  Domingo da Quaresma: As tentações de Jesus no deserto; 
2º  Domingo: a transfiguração do Senhor.

Jesus é o modelo da vida de penitência dos cristãos. O Jesus que jejua, o Jesus que se dedica à oração, deve ser visto à luz do Cristo transfigurado. Toda a caminhada da conversão dos cristãos só tem sentido à luz da ressurreição pregustada no Tabor.

A partir do 3º Domingo temos uma diversificação, conforme os ciclos do Ano A, B e C.

O Ano A apresenta a temática batismal. O Batismo será revivido no Tríduo pascal e especialmente na Vigília.

Se isso é verdade todos os anos, vem tematizado no Ano A. Utilizam-se os Evangelhos de São João. No 3º  Domingo: o poço da samaritana; no 4º  Domingo: o cego de nascença junto à piscina de Siloé. No 5º  Domingo: a ressurreição de Lázaro. As leituras do Antigo Testamento, em harmonia com os evangelhos, apresentam os grandes lances da história da salvação. As leituras do Apóstolo realçam também a temática batismal.

No Ano B, de Marcos, sobressai o mistério da renovação da pessoa humana em Cristo e por Cristo, através da penitência. Seguindo o Cristo no mistério da cruz, o cristão participará de sua ressurreição. Os evangelhos são novamente de João: a restauração do Templo (o corpo de Cristo), Jo 21,13-25; o Cristo exaltado na cruz para a salvação do mundo, Jo 3,14-21; o grão de trigo que precisa morrer para produzir fruto, Jo 12, 20-33. As leituras apresentam tópicos da aliança de Deus com seu povo.

O Ano C, de Lucas, é perpassado pelo tema da necessidade da penitência e da misericórdia de Deus para com a humanidade em Cristo Jesus. A necessidade da conversão (Lc 13,1-9) no 3º  Domingo; o filho pródigo (Lc 15,1-3.11-32) no 4º  Domingo e a mulher adúltera (Jo 8,1-11) no 5º  Domingo. As leituras apresentam experiências pascais do Povo de Deus na história da salvação.

Tudo isso pode acontecer cada ano com o Povo de Deus, a Igreja, no Tríduo Pascal. As condições são a conversão, a renovação da aliança batismal em Cristo Jesus.

Texto de “Viver o Ano Litúrgico – Reflexões para os domingos e solenidades”, de Frei Alberto Beckhauser, Editora Vozes.

Fonte : http://www.franciscanos.org.br/

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Santo franciscano do dia - 06/02 - São Pedro Batista Blásquez



Mártir no Japão, Sacerdote da Primeira Ordem (1545-1597). Canonizado por Pio IX no dia 8 de junho de 1862

  
Filho de Pedro e Maria Blásquez, uma das mais nobres famílias de Castela, Pedro Baptista nasceu em 1545 no castelo de Santo Estevão, diocese de Ávila, na Espanha. Feitos os estudos prévios na sua cidade natal, frequentou com aproveitamento a Universidade de Salamanca. Contrariando os planos da família, ingressou na Ordem dos Frades Menores, onde três anos mais tarde professou no convento de Arenas. 

Após os estudos de filosofia e teologia, foi ordenado sacerdote. Passou então a lecionar filosofia e teologia, e não tardou a ser nomeado superior de algumas comunidades. Em 1580 pediu e obteve autorização para ir ao México, onde permaneceu três anos, dando um notável impulso à Ordem com a fundação de várias casas. Em 1583 zarpou para as Filipinas, e aí, na qualidade de Superior dos Frades Menores, exerceu um fecundo ministério apostólico, suscitando a admiração dos religiosos. Pôs um especial interesse em proteger os indígenas das ambições dos poderosos.

Em 1593 foi enviado ao Japão, com cinco confrades. Durante um ano inteiro viveu rodeado de sofrimentos e incompreensões, praticamente confinado numa choupana. Só depois lhe foi concedida a licença de pregar o Evangelho. Durante dois anos pôde então desenvolver com os confrades uma intensa atividade apostólica: fundou em Kyoto um convento para religiosos e dois hospitais para pobres e leprosos; erigiu outras casas franciscanas em Osaka e Nagasaki, e conseguiu que muita gente se convertesse. Parecia abrir-se para a cristandade japonesa uma era de prosperidade. Mas os espanhóis suscitaram muitos receios ao imperador Taikosama, e levaram-no a ordenar a execução dos missionários e dos mais zelosos colaboradores japoneses. Daí o édito de proscrição dos cristãos, publicado em 24 de julho de 1587. No entanto, a atividade missionária continuou, e Taikosama pareceu esquecer-se do seu decreto. Mas ia seguindo com atenção os movimentos dos missionários por meio de espionagem.

A ordem de prisão de São Pedro Baptista e outros religiosos e cristãos foi executada a 8 de dezembro de 1596. Até o fim desse mês esteve na prisão de Meaco. Antes de ser transferido para Nagasaki, onde viria a sofrer o martírio, foi exposto à zombaria dos pagãos, através das ruas, com os demais condenados, depois de lhes terem amputado a orelha esquerda. Idêntica exposição insultuosa sofreram nas ruas de Osaka, Sakay e Facata. Uma vez chegado a Nagasaki, a 5 de fevereiro de 1597, foi levado com 25 companheiros a uma colina, onde presenciou o martírio de todos. Antes de ser, como os demais, crucificado, dirigiu aos cristãos presentes uma exortação paternal, e proferiu uma oração de perdão para os carrascos. Contava 52 anos.

O martírio heróico destes confessores de Cristo, entre orações e cânticos de alegria, representa um aprofundamento da mensagem e da vida cristã, e é oferecido a Deus pela perseverança dos Cristãos e por um novo reflorescimento da Igreja no Japão. Estes heróis da fé são os protomártires do Japão. Foram canonizados por Pio IX a 8 de junho de 1862.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Era uma vez um homem chamado Zaqueu



Mês após mês, na primeira Sexta-feira, muitos discípulos de Jesus gostam de deter-se no amor do Senhor manifestado em seu peito aberto, na prodigiosa bondade de seu coração. Ao longo deste ano vamos tentar fazer algumas meditações em torno de encontros de Jesus nos evangelhos. Neles manifesta-se o grande do amor do Coração do Senhor. Em janeiro, começamos com o episódio da mulher de Samaria. Nesta primeira sexta-feira de fevereiro, queremos refletir sobre as misericórdia do amor de Deus manifestada na vida de um homem chamado Zaqueu (Lc 19,1-10).

Zaqueu desceu depressa e recebeu Jesus com alegria  (Lc 19, 6). 

Discípulos de Jesus que somos, também filhos de São Francisco, comprazemo-nos em andar no seguimento de Cristo que dá sua vida pelos seus e por todos. Temos um cuidado todo especial de nos colocar perto da porta das misericórdias que é o peito aberto de Cristo pela lança do soldado quando o  Esposo da Igreja já tinha dado o último suspiro.  Queremos viver intensamente o Ano da Misericórdia. Nesta primeira sexta-feira queremos refletir sobre as misericórdia do amor de Deus manifestada na vida de um homem chamado  Zaqueu.

Jericó é cidade célebre devido às trombetas que ao soarem derrubaram suas muralhas, episódio que ficou marcado para sempre  na memória religiosa de Israel. A cidade estava situada não longe  do lugar onde o rio Jordão lança suas águas no Mar Morto, quatrocentos metros abaixo do nível do mar.  Dizem os conhecedores que, no tempo de Jesus, havia nela muitas bananeiras.  Cresciam nela sicômoros, árvores rústicas e robustas que propiciavam a seus habitantes e forasteiros uma sombra  repousante.

Nesta cidade, muito orgulhosa de seu passado, vivia um cobrador de impostos chamado Zaqueu.  Os coletores de impostos pertenceram (e pertencem) a uma categoria  profissional pouco estimada pela população.  Eram particularmente mal vistos na Palestina porque recolhiam os impostos para a potência estrangeira que era Roma, mas também e sobretudo porque eram eles que fixavam a soma a ser vertida por cada família. Tinham visão larga na hora de fixar a quantia de tal sorte que garantida a parte dos romanos,  uma outra destinava-se a  engrossar seu patrimônio pessoal.

Zaqueu era de baixa estatura.  Baixas, certamente, não eram suas ambições. Havia bem conduzido seus negócios  com persistência e astúcia de sorte que podia ser considerado um homem rico. Pode-se bem imaginar que muitas vezes deve ter agido com dureza,  pouco deixando se sensibilizar pelo sofrimento dos outros.  Seu coração está voltado para a riqueza.  Poder-se-ia pensar, à primeira vista, que o apego cego aos bens não lhe provocava inquietude ou inquietação, nem fazia nascer nele uma sensação de vazio interior que devesse ser  preenchida por alguma coisa diferente e superior.  A leitura do texto de Lucas, no entanto,  pode deixar entrever que ele não se sentia plenamente satisfeito  com sua vida pela sua disponibilidade mostrada em ouvir a palavra do profeta de Nazaré.

Chegando a Jericó Jesus havia curado um cego. “Senhor, faze com que eu veja”, gritava o mendigo cego que esmolava  à beira do caminho.    Poderíamos aqui refletir sobre a multiplicidade de cegueiras humanas. Alguns instantes depois,  quando  Jesus atravessava a cidade, Zaqueu  “tentava ver Jesus mas não conseguia devido à multidão e porque era de baixa estatura”. A parábola é clara: há pessoas cegas demais e  de estatura muito  baixa que estão impossibilitadas de ver  Jesus e por reconhecê-lo a passar.

Zaqueu, no entanto, não iria desistir  diante de um tão insignificante obstáculo. A vida o havia provado. Já havia superado tantos outros desafios para chegar à posição em que chegara!  Ele tomara a decisão de ver Jesus. E ele o veria, mesmo que fosse objeto de riso de seus concidadãos. Imaginem: um cobrador de impostos pendurado numa árvore.

Jesus entra em cena. Está cercado de seus discípulos e de uma multidão que sua fama – e também a cura que tinha realizado – se reuniram à sua volta. De repente, no meio daquela gente toda, pensa num só homem, Zaqueu, o conhecido publicano e notório transgressor da  moral, um pecador. “Zaqueu desce depressa, hoje eu devo ficar na tua casa”. Despenca de sua árvore, abre de par a par  as portas de sua  casa, e, na alegria,  acolhe  Jesus.

Um escândalo para as pessoas que se consideravam tão ‘corretinhas’.  Será  que não havia outra casa de gente certamente mais respeitável  para ele entrar?  O que se passa pela cabeça desse jovem profeta?

O mundo em que se movimenta Jesus é diferente.  Não veio para confirmar as certezas  dos ‘corretinhos’.  Não veio para os justos, mas para os pecadores.  Veio revelar-lhes que, apesar de tudo  Deus os ama, que são importantes a seus olhos. Que quem quer que seja que lhe abra a porta  saiba que ele entra  e enche a casa de alegria.

Acontecem, então, coisas extraordinárias: um cobrador de impostos  distribui seu dinheiro. “Senhor, eu dou a metade de meus bens aos pobres, e se defraudei alguém vou devolver quatro vezes mais. Depois que  Zaqueu encontra  Jesus que valor pode ter a riqueza acumulada ao longo de tanto tempo?  Zaqueu  encontrou um outro tesouro. Descobriu uma pérola preciosa. Tudo o mais não lhe interessa mais. Trata-se de um homem  com os pés no chão.  Sabe que as melhores resoluções de nada servem  se permanerecem vagas.  Ele então decide devolver o bens quatro vezes mais.  Para  uma pessoa boa nas contas de somar e multiplicar isso era muito.  E Zaqueu  sabia muito bem contar…

Jesus então declara: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque   também este homem é filho de Abraão”. Chefe dos cobradores,  colaborador dos romanos, desprezado, detestado pelos seus concidadãos,  Zaqueu pelo fato de ter acolhido o  Filho de Deus  é  reconhecido por este como filho de Abraão, filho da promessa,  amado de Deus. ( Revista  Fêtes et Saisons, fev. 1977 – Texto de autoria de François Monfort,  p.  6-8)

Frei Almir Guimarães

Fonte: http://www.franciscanos.org.br

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Santa franciscana do dia - 02/02 - Santa Veridiana de Castelfiorentino


Virgem da Terceira Ordem (1182-1242). Clemente VII concedeu seu ofício e missa em 20 de setembro de 1533. 


No primeiro dia de fevereiro de 1242, de repente, todos os sinos do Castelfiorentino em Florença, Itália, começaram a repicar simultaneamente. Quando os moradores constataram que tocavam sozinhos, sem que ninguém os manuseassem, tudo ficou claro, porque eles anunciavam a morte de Veridiana.

Nasceu em 1182, ali mesmo nos arredores da cidade que amou e onde viveu quase toda sua existência, só que enclausurada numa minúscula cela, de livre e espontânea vontade. Pertencente a uma família nobre e rica, os Attavanti, Veridiana levou uma vida santa, que ficou conhecida muito além das fronteiras de sua terra; e que lhe valeu inclusive a visita em pessoa, de seu contemporâneo Francisco de Assis, que a abençoou e admitiu na Ordem Terceira, em 1221.

A fortuna da família, embora em certa decadência, Veridiana sempre utilizou em favor dos pobres. Um dos prodígios atribuídos à ela, mostra bem o tamanho de sua caridade. Consta que certa vez um dos seus tios, muito rico, deixou à seus cuidados grande parte de seus bens, que eram as colheitas de suas terras.

A cidade atravessava uma época terrível de carestia e fome, seu tio nem pensou em auxiliar os necessitados, era um mercador e como tal aproveitando-se da miséria reinante. Durante algum tempo procurou vender grande parte desses víveres, o que conseguiu por um preço elevado, obtendo grande lucro. Mas, ao levar o comprador para retirar o material vendido, levou um susto, suas despensas estavam completamente vazias. Veridiana tinha distribuído tudo aos pobres.

O tio comerciante ficou furioso, pediu um prazo de 24 horas ao comprador e ordenou a Veridiana que solucionasse o problema, já que fora a causadora dele. No dia seguinte, na hora marcada, as despensas estavam novamente cheias, e o negócio pode se concretizar.

Veridiana após uma peregrinação ao túmulo de Tiago em Compostela, Espanha, diga-se um centro de peregrinação tão requisitado quanto Roma o é pelos túmulos de São Pedro e São Paulo, ao retornar se decidiu pela vida religiosa e reclusa. Para que não se afastasse da cidade, seus amigos e parentes construíram então uma pequena e desconfortável cela, próxima ao Oratório de Santo Antônio, onde ela viveu 34 anos de penitência e solidão. A cela possuía uma única e mínima janela, por onde ela assistia à missa e recebia suas raras visitas e refeições, também minúsculas, suficientes apenas para que não morresse de fome.

O culto de Santa Veridiana foi aprovado pelo papa Clemente VII no ano de 1533. Ela também se tornou protetora do presídio feminino de Florença e, sua devoção ainda é muito popular na região da Toscana, na Itália

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 1



Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho

Nosso olhar, gestos, leituras, práticas, celebrações e intensa comunhão eclesial voltam-se para a grande atração espiritual que ilumina nossas vivências: a Ano Santo da Misericórdia. Iniciamos no dia 08 de dezembro de 2015 este tempo importante para a Igreja, para os cristãos e para o mundo, e vamos seguindo dia a dia, em sinais concretos que apontam ações concretas de santidade, graça, reconciliação e atuação. A finalidade desta reflexão é propor a pergunta:  para a Família Franciscana, este Ano tem um significado próprio, personalizado, e com olhar específico para a o rosto da Misericórdia em nossas Fontes, e que isto tenha uma incidência em nosso modo de ser, fazer e estar no mundo?

Não quero apenas retomar a força movente da conversão franciscana ou os acenos desta espiritualidade, nem forçar nenhuma aproximação histórica do Ano Santo com os primeiros séculos da presença franciscana, mas pensar do nosso modo este momento tão forte para todos. São Francisco de Assis (1182-1226) viveu numa época anterior a proclamação dos Anos Santos que se seguiram através dos tempos e que de um modo oficial e solene iniciaram no dia 22 de Fevereiro de 1300, com o Papa Bonifácio VIII (cf. “Antiquorum habet fida relatio”). A pregação franciscana não ficou à parte do alcance evangelizador dos Anos Santos na tradição cristã, inserindo neles sua experiência vital.

Há valores muito evidentes que podemos elencar neste grande evento da Igreja. Valores históricos e valores espirituais bem ancorados no chamado bíblico para os Jubileus segundo a prescrição: “Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, isto é, o tempo de sete semanas de anos, quarenta e nove anos. No sétimo mês, do décimo dia do mês, farás ressoar o toque da trombeta. No dia das Expiações. Fareis soar a trombeta em todo país. Declararei santo o quinquagésimo e proclamareis a libertação de todos os moradores da terra. Será para vós um jubileu: cada um de vós retornará a seu patrimônio, e cada um de vós voltará ao seu clã. O quinquagésimo ano será para vós um ano jubilar: não semeareis, nem ceifareis as espigas que não forem reunidas em feixe”  (Lv 25, 8s). As prescrições, de caráter social e econômico para o povo hebreu, assumem valores espirituais na instituição eclesiástica inaugurada por Bonifácio VIII, como um caminho, como uma peregrinação penitencial e de ação de graças ao túmulo dos Apóstolos em Roma, como veneração e memória, como compromisso de unidade de fé e de indulgência. O Ano Santo absorve a forte peregrinação presente nos séculos XII e XIII com grande acento devocional, uma florescer da religiosidade popular que caminha por amor a Deus, tem ânsia de perdão e de paz.

Frei Vitório

Continua