quinta-feira, 26 de maio de 2016

Artigo - A contínua restauração da casa


Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho.

O Papa Inocêncio III (1198-1216) faleceu dez anos antes de São Francisco e é muito importante na história do Franciscanismo. Foi ele quem acolheu Francisco e seus primeiros companheiros quando, em 1209, foram a Roma pedir a aprovação para o seu Projeto de Vida: viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Francisco levou uma coletânea de textos do Evangelho que já estavam encarnados na vida, prática e pregação dele e de seus primeiros companheiros. O Papa não deu uma aprovação oficial, mas abençoou a iniciativa. Francisco entendeu a bênção como uma Bula de aprovação e levou adiante a Forma de Vida. Aliás, em nossa vida, quanta coisa não começou após uma forte bênção!

Antes de dar a bênção, o Papa Inocêncio III, sonhou que via a igreja desmoronando e um mendigo a escorando. Quando viu Francisco na sua frente o identificou como o maltrapilho do seu sonho (Cf. Legenda Maior 3,10). A bênção do Papa teve a força da revelação que trouxe o sonho. Podemos dizer que o Franciscanismo   nasce  de sonhos que se transformam em realidade. Seguir Francisco é restaurar a partir de sonhos. Ouvir a voz real da inspiração: “Francisco, vai! Restaura a minha casa!” ( Três Companheiros 5,13). Reconstrução é fazer surgir algo novo sobre antigos alicerces. Começar pelas ruínas de São Damião. É melhor recomeçar pelo lugar certo: reconstruir o lugar do espírito; depois reconstruir-se. Olhar para a Cruz de São Damião e deixar que um olhar sagrado penetre a alma. Ninguém muda sem a força do espírito.

Reconstruir as relações. Dar espaço as que vem, aos leprosos, aos amigos, aos que querem ajudar. Se existe uma prática concreta as pessoas vão chegando. Reconstruir a Fraternidade. O jeito fraterno é mais do que ajuntar gente, mas é colocar junto pessoas que sonham a mesma busca sem perder a própria singularidade. Reconstruir o mundo fazendo caminho. Francisco era um itinerante. Se não andamos pelas estradas da vida como conhecer o real. Ainda bem que no século XIII não havia esta opressão chamada televisão e seus manipuladores noticiários, pois Francisco seria forjado a não ter opinião própria. Hoje temos que reconstruir as palavras arruinadas por uma mídia decadente. Ter opinião própria e pública, não opinião publicada. Não deixem que tirem nossos sonhos! Reconstruam a convicção, a moral, a personalidade, própria, pessoal e insubornável!

Imagem: Francisco no sonho do Papa Inocêncio, by Giotto

Frei Vitório Mazzuco, OFM

Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

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