sexta-feira, 1 de abril de 2016

Encontros: Os discípulos que se dirigiam para Emaús



ENCONTROS DE JESUS

Ao longo deste ano vamos tentar fazer algumas meditações em torno de encontros de Jesus nos evangelhos. Neles manifesta-se o grande do amor do Coração do Senhor. No mês de janeiro refletimos sobre o episódio da mulher de Samaria; em fevereiro, misericórdia do amor de Deus manifestada na vida de um homem chamado Zaqueu; e em março o episódio da pecadora que estava para ser apedrejada.

Estamos vivendo o Ano da Misericórdia. Toda primeira sexta-feira é ocasião de comtemplar a misericórdia do Senhor Jesus manifestada no lado aberto em seu peito. Um coração que amou até o fim!

Neste belo tempo pascal, que vai até a solenidade de Pentecostes, atravessando abril e chegando a meados de maio, somos constantemente interpelados por textos que nos colocam diante do Senhor Jesus, deste que, depois da provação do Calvário, vive junto do Pai e perto de nós, o Senhor Jesus, o Ressuscitado. Um dos textos mais tocantes lidos nesse tempo é o do relato dos discípulos de Emaús. Este é, certamente, um dos mais belos encontros de Jesus. Abeiramo-nos novamente das maravilhas do Coração do Redentor. A bondade de Jesus se revela aos desalentados discípulos.


Texto evangélico
Jesus caminha com os homens -* 13 Nesse mesmo dia, dois discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14 Conversavam a respeito de tudo o que tinha acontecido. 15 Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e começou a caminhar com eles. 16 Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. 17 Então Jesus perguntou: «O que é que vocês andam conversando pelo caminho?» Eles pararam, com o rosto triste. 18 Um deles, chamado Cléofas, disse: «Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que aí aconteceu nesses últimos dias?» 19 Jesus perguntou: «O que foi?» Os discípulos responderam: «O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em ação e palavras, diante de Deus e de todo o povo. 20 Nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. 21 Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo isso aconteceu! 22 É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo, 23 e não encontraram o corpo de Jesus. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos, e estes afirmaram que Jesus está vivo. 24 Alguns dos nossos foram ao túmulo, e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas ninguém viu Jesus.»

25 Então Jesus disse a eles: «Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram! 26 Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua glória?» 27 Então, começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.

28 Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29 Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: «Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando.» Então Jesus entrou para ficar com eles. 30 Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a eles. 31 Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles.

32 Então um disse ao outro: «Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?» 33 Na mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os Onze, reunidos com os outros. 34 E estes confirmaram: «Realmente, o Senhor ressuscitou, e apareceu a Simão!» 35 Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão.



Jesus havia morrido, morrido de verdade. Seus discípulos sabiam que os encontros que haviam tido com o Mestre constituíam páginas viradas, encontros da vida partilhada, pelos caminhos, às margens do lago, perto de um poço, numa aldeia qualquer. Os dois discípulos, Cléofas e seu companheiro, sentiam que se lhes escapavam todas as certezas a respeito daquele homem que irradiava claridade quando lhes falava do Reino dos céus.

Eram dois desses homens que haviam lançado suas vidas na aventura do profeta de Nazaré. Agora, nessa tarde do primeiro dia da semana, davam as costas Jerusalém e se dirigiam a Emaús, nessa tarde de domingo. A distância não era grande. Os dois caminhavam lentamente, desanimados. Conversavam a respeito de todas as coisas que tinham acontecido.

De repente, um outro caminhante os alcança e caminha com eles. Não o conhecem. Não se lembram de ter visto aquele rosto. Nem prestam muita atenção. O novo viandante pergunta: O que ides conversando pelo caminho?

Meio surpresos eles param e um deles, Cléofas, disse: Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias? (…) O quê? (…) O que aconteceu com Jesus de Nazaré, que foi profeta poderoso, em obras e palavras diante de Deus e diante do povo e como nossos sumos sacerdotes o condenaram à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram. É verdade que algumas mulheres de nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu.

Ninguém havia visto Jesus. Não se encontrava mais no meio deles. E assim eles o perderam. Como também perderam a grande esperança, verdade um pouco confusa, que eles haviam depositado nele. Eles haveriam de libertar Israel do jugo romano e instauraria na Palestina, uma espécie de Reino das Bem-aventuranças e eles, seus fiéis, haveriam de ser as pilastras de novo edifício. E, no entanto, ele foi morto como tantos homens são condenados a morrer. Para os dois não havia nada mais a fazer, senão voltar para sua aldeia e retomar a vida de todos os dias, sem brilhantismo.

Decepção e desencanto são evidentes. Não esperam mais nada. Talvez um pouco de compaixão por parte desse peregrino que se interessa por eles. E este dirige-lhes palavras, quase duras: Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória? E começando por Moisés e passando pelos profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.

Os profetas não haviam anunciado a Paixão? Isaías não falara de um servo de Deus dando a vida em resgate do povo. Em tal perspectiva, a morte de Jesus na cruz não era uma irremediável catástrofe mas a realização definitiva da salvação dos homens e paradoxalmente o êxito da missão de Cristo. Não foi fracasso, mas vitória do amor.

Presos aos lábios de Jesus, eles escutam com paixão. A verdade vai fazendo caminho dentro do coração deles. Eles, no entanto, ainda não a descobrem. O que aconteceu foi que tiveram um grande desejo de continuar aquele encontro. E como o desconhecido dava sinal que ia continuar a sua viagem, os dois o convidam: Fica conosco pois já é tarde e a noite vem chegando!

Ele aceita, senta-se à mesa. Quando ele tomou o pão, abençoou… Nisso seus olhos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus porém desapareceu dos olhos deles.

Aos discípulos que não podem por si mesmos discernir a presença no Ressuscitado daquele com o qual haviam partilhado a vida humana, o Cristo dá um sinal. Os dois homens ficam encantados: Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?

Felizes, transformados, sem sinais de cansaço, é quase correndo que os dois fazem o caminho inverso na pressa de contar o acontecido aos apóstolos. Aqueles seres esmagados se tornaram testemunhas, com a pressa de anunciar aos outros esta boa nova: Jesus nos alimentou com o pão partilhado e assim ficamos sabendo que se tratava dele, que ele estava vivo.

Fonte: François Montfort, Fêtes et Saisons, n. 332, p. 15

Extraído de: http://www.franciscanos.org.br/

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