terça-feira, 8 de março de 2016
O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 4
Reflexão de Frei Vitório Mazzuco Filho
Continuemos lendo os relatos de Tomás de Celano e de São Boaventura: “Ama os pobres de maneira especial, os sagrados inícios já davam indicações daquilo que ele haveria de ser de maneira perfeita. Despindo-se frequentemente a si mesmo, vestia os pobres, aos quais procurava assemelhar-se, conquanto ainda não pela prática, mas já de todo coração”.
Numa ocasião, ao fazer uma peregrinação a Roma, Francisco depôs as vestes delicadas por amor da pobreza e, coberto com as vestes de um pobre, no átrio diante da igreja de São Pedro, que é um lugar cheio de pobres, sentou-se alegremente entre os pobres e, considerando-se como um deles, come avidamente com eles. Muitas vezes, ele teria feito semelhante coisa, se não tivesse sido impedido pela vergonha dos conhecidos. Quando se aproximou do altar do príncipe dos apóstolos, admirando-se de que aí os visitantes faziam tão módicas ofertas, lança dinheiro com a mão cheia no lugar, indicando que deve ser mais especialmente honrado por todos aquele que Deus honrou mais do que os outros” (2Cel 8). “Também a suavidade da compaixão brotara para o servo do Senhor com tanta profusão e plenitude da fonte da misericórdia que ele parecia ter vísceras maternas para aliviar a miséria das pessoas miseráveis, visto que tinha também uma clemência congênita que a compaixão de Cristo, infundida copiosamente sobre ele, duplicava. E assim seu espírito se liquefazia para com os enfermos e pobres, e aos que não podia oferecer a mão, oferecia o afeto; pelo fato de que referia a Cristo, com doçura de piedosa compaixão, tudo o que via de penúria, tudo o que via de necessidade em alguém. E ao ver em todos os pobres a imagem de Cristo, dava generosamente aos que vinham ao seu encontro não só as coisas necessárias à vida, que por acaso também lhe haviam sido dadas, mas também julgava que deviam ser-lhes restituídas, como se fossem próprias deles. Não poupava coisa alguma, nem capas nem túnicas, nem livros nem mesmo paramentos do altar sem dar, enquanto podia, tudo isto aos necessitados, desejando, para cumprir o ofício da perfeita compaixão, desgastar-se até a si próprio” (Lm 7).
Leiamos o belo relato de I Fioretti: “O maravilhoso servo e seguidor de Cristo, isto é, São Francisco, para se conformar perfeitamente com Cristo em todas as coisas, o qual, segundo diz o Evangelho, mandou os discípulos dois a dois a todas aquelas cidades e regiões aonde devia ir; depois que, a exemplo de Cristo, reunira doze companheiros, os enviou pelo mundo a pregar dois a dois. E, para lhes dar o exemplo da verdadeira obediência, começou ele primeiramente a fazer do que a ensinar (...) Tomando Frei Masseu por seu companheiro, seguiu para a província da França. E chegando um dia, com muita fome, a uma cidade, andaram, segundo a Regra, mendigando pão pelo amor de Deus; e São Francisco foi por uma parte, e Frei Masseu por outra. Mas, por ser São Francisco um homem muito desprezível e pequeno de corpo e por isso reputado um vil pobrezinho por quem não o conhecia, só recolheu algumas côdeas e pedacinhos de pão seco. Mas Frei Masseu, pelo fato de ser um homem alto e cheio de corpo, deram muitos e bons pedaços grandes de pães inteiros. Acabada a mendigação, reuniram-se fora da cidade para comer em um lugar onde havia uma bela fonte e junto uma bela pedra larga, sobre a qual cada um colocou as esmolas recebidas. E vendo São Francisco que os pedaços de Frei Masseu eram em maior número e mais belos e maiores que os dele, mostrou grande alegria e disse assim: “Ó Frei Masseu, não somos dignos deste grande tesouro”. E, repetindo estas palavras várias vezes, respondeu-lhe Frei Masseu: “Pai, como se pode chamar de tesouro, onde há tanta pobreza e falta de coisas que necessitamos? Aqui não há toalha, nem faca, nem garfo, nem prato, nem casa, nem mesa, nem criada, nem criado”. Então, disse São Francisco: "Isto é o que considero grande tesouro, porque não há coisa nenhuma feita por indústria humana, mas o que aqui existe é feito pela Providência divina, como se vê manifestadamente pelo pão mendigado, pela mesa de pedra tão bela e pela fonte tão clara: por isso quero que peçamos a Deus que o tesouro da santa pobreza tão nobre, o qual tem Deus para servir, seja amado de todo coração”. E ditas estas palavras e rezada a oração e tomada a refeição corporal com aqueles pedaços de pão e aquela água, levantaram-se para ir à França (...). E feito isso disse São Francisco: “Companheiro caríssimo, vamos a São Pedro e São Paulo, e roguemos-lhe que nos ensinem e nos ajudem a possuir o desmesurado tesouro da santíssima pobreza” (I Fioretti 13).
"Francisco e Masseu na fonte", ilustração do livro de J.M. Dent & Sons Ltd, publicado em 1919, em Londres.
Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/frequentemente a si mesmo, vestia os pobres, aos quais procurava assemelhar-se, conquanto ainda não pela prática, mas já de todo coração”.
Numa ocasião, ao fazer uma peregrinação a Roma, Francisco depôs as vestes delicadas por amor da pobreza e, coberto com as vestes de um pobre, no átrio diante da igreja de São Pedro, que é um lugar cheio de pobres, sentou-se alegremente entre os pobres e, considerando-se como um deles, come avidamente com eles. Muitas vezes, ele teria feito semelhante coisa, se não tivesse sido impedido pela vergonha dos conhecidos. Quando se aproximou do altar do príncipe dos apóstolos, admirando-se de que aí os visitantes faziam tão módicas ofertas, lança dinheiro com a mão cheia no lugar, indicando que deve ser mais especialmente honrado por todos aquele que Deus honrou mais do que os outros” (2Cel 8). “Também a suavidade da compaixão brotara para o servo do Senhor com tanta profusão e plenitude da fonte da misericórdia que ele parecia ter vísceras maternas para aliviar a miséria das pessoas miseráveis, visto que tinha também uma clemência congênita que a compaixão de Cristo, infundida copiosamente sobre ele, duplicava. E assim seu espírito se liquefazia para com os enfermos e pobres, e aos que não podia oferecer a mão, oferecia o afeto; pelo fato de que referia a Cristo, com doçura de piedosa compaixão, tudo o que via de penúria, tudo o que via de necessidade em alguém. E ao ver em todos os pobres a imagem de Cristo, dava generosamente aos que vinham ao seu encontro não só as coisas necessárias à vida, que por acaso também lhe haviam sido dadas, mas também julgava que deviam ser-lhes restituídas, como se fossem próprias deles. Não poupava coisa alguma, nem capas nem túnicas, nem livros nem mesmo paramentos do altar sem dar, enquanto podia, tudo isto aos necessitados, desejando, para cumprir o ofício da perfeita compaixão, desgastar-se até a si próprio” (Lm 7).
Leiamos o belo relato de I Fioretti: “O maravilhoso servo e seguidor de Cristo, isto é, São Francisco, para se conformar perfeitamente com Cristo em todas as coisas, o qual, segundo diz o Evangelho, mandou os discípulos dois a dois a todas aquelas cidades e regiões aonde devia ir; depois que, a exemplo de Cristo, reunira doze companheiros, os enviou pelo mundo a pregar dois a dois. E, para lhes dar o exemplo da verdadeira obediência, começou ele primeiramente a fazer do que a ensinar (...) Tomando Frei Masseu por seu companheiro, seguiu para a província da França. E chegando um dia, com muita fome, a uma cidade, andaram, segundo a Regra, mendigando pão pelo amor de Deus; e São Francisco foi por uma parte, e Frei Masseu por outra. Mas, por ser São Francisco um homem muito desprezível e pequeno de corpo e por isso reputado um vil pobrezinho por quem não o conhecia, só recolheu algumas côdeas e pedacinhos de pão seco. Mas Frei Masseu, pelo fato de ser um homem alto e cheio de corpo, deram muitos e bons pedaços grandes de pães inteiros. Acabada a mendigação, reuniram-se fora da cidade para comer em um lugar onde havia uma bela fonte e junto uma bela pedra larga, sobre a qual cada um colocou as esmolas recebidas. E vendo São Francisco que os pedaços de Frei Masseu eram em maior número e mais belos e maiores que os dele, mostrou grande alegria e disse assim: “Ó Frei Masseu, não somos dignos deste grande tesouro”. E, repetindo estas palavras várias vezes, respondeu-lhe Frei Masseu: “Pai, como se pode chamar de tesouro, onde há tanta pobreza e falta de coisas que necessitamos? Aqui não há toalha, nem faca, nem garfo, nem prato, nem casa, nem mesa, nem criada, nem criado”. Então, disse São Francisco: "Isto é o que considero grande tesouro, porque não há coisa nenhuma feita por indústria humana, mas o que aqui existe é feito pela Providência divina, como se vê manifestadamente pelo pão mendigado, pela mesa de pedra tão bela e pela fonte tão clara: por isso quero que peçamos a Deus que o tesouro da santa pobreza tão nobre, o qual tem Deus para servir, seja amado de todo coração”. E ditas estas palavras e rezada a oração e tomada a refeição corporal com aqueles pedaços de pão e aquela água, levantaram-se para ir à França (...). E feito isso disse São Francisco: “Companheiro caríssimo, vamos a São Pedro e São Paulo, e roguemos-lhe que nos ensinem e nos ajudem a possuir o desmesurado tesouro da santíssima pobreza” (I Fioretti 13).
"Francisco e Masseu na fonte", ilustração do livro de J.M. Dent & Sons Ltd, publicado em 1919, em Londres.
Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/
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