sexta-feira, 25 de março de 2016

Sexta-feira Santa – Celebração da Paixão do Senhor



Enquanto o Esposo dorme, a esposa se cala. Assim, na Sexta-feira Santa e no Sábado Santo, a igreja não celebra os Sacramentos. Debruça-se totalmente sobre o sacrifício da Cruz por meio de uma Celebração da Palavra de Deus. Neste dia, a Liturgia deseja beber diretamente da fonte. Abre a celebração num gesto de humildade. Os ministros prostram-se em silêncio diante do altar e, em seguida, o Presidente, sem mais, diz a oração do dia.


Segue-se a Liturgia da Palavra, onde se destaca a proclamação da Paixão de Jesus Cristo segundo João (Jo 18,1-19,42). Nela aparece o Cristo Senhor, o Cristo Rei, o Cristo vitorioso que vai comandando os diversos passos da Paixão. Entrega-se livremente, faz os guardas caírem por terra e, depois de tudo consumado, entrega o espírito ao Pai. Na morte ele é glorificado. Submete-se à morte para deixar-nos o exemplo de reconhecimento de nossa condição humana de criaturas mortais. Na Liturgia da Palavra, a Igreja curva-se sobre o mistério da Cruz.

A resposta é dada em três momentos. Temos, primeiramente, a Oração universal, realmente ecumênica. A Igreja pede que a fonte de graças que jorra da Cruz atinja a todos, Vai, então, alargando suas intenções. Reza pelo Papa, os bispos e todo o clero, os leigos e os catecúmenos; pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos que não crêem em Cristo, pelos que não crêem em Deus, mas manifestam boa vontade, pelos poderes públicos, por todos que sofrem provações.

Tendo acolhido a todos no amor reconciliador de Cristo, a Igreja enaltece a árvore da vida, que floriu e deu fruto, restituindo o paraíso à humanidade. É o ritoo da glorificação e adoração da Cruz, seguido do ósculo.

Finalmente, ela se atreve a comer do fruto da árvore, o Pão vivo descido do céu, a sagrada Comunhão como prolongamento da Missa da Ceia do Senhor.

Neste dia não há rito de bênção e envio. Cada participante é convidado a permanecer com Maria junto ao sepulcro, meditando a Paixão e Morte do Senhor até que, após a solene Vigília em que espera a ressurreição, se entregue às alegrias da Páscoa, que transbordarão por cinqüenta dias.
Na Liturgia das Horas e na piedade popular tem início a comemoração da Sepultura do Senhor. Temos o Descendimento da Cruz, seguido da Procissão do Senhor morto, na esperança da ressurreição. Na Liturgia das Horas, merece especial atenção a leitura patrística, em que se narra o enternecedor diálogo entre Cristo, que desceu à mansão dos mortos, e Adão.

Clima de silêncio

Já ao amanhecer da Sexta-feira Santa, sentimos um clima de silêncio, ajudando-nos ao recolhimento. Não são necessárias muitas palavras, pois as Sagradas Escrituras vão nos revelando o sentido da Paixão de nosso Senhor: O Cristo crucificado é, pois, o verdadeiro Cordeiro pascal; "ele é a nossa Páscoa Imolada" (1Cor 5,7). “... Levado à perfeição, tornou-se para todos os que lhe obedecem princípio de salvação eterna” (Hb 5,5-9). O Senhor, portanto, fazendo-se em tudo solidário com os irmãos... passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos, pois, confiantemente do trono da graça para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio oportuno (Hb 2,17; 4,15-16).

“Na Celebração da paixão de Cristo celebramos também a paixão da humanidade, na certeza de que em Cristo renascemos para a vida”.

Leituras (para meditar): 
1ªlt.:Is 52, 13-53, 12; Sl 30; 2ª lt.:Hb 4, 14-16; 5, 7-9; Ev: Jo 18, 1-19, 42

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