quinta-feira, 10 de novembro de 2016

São Francisco de Assis a partir da Legenda dos Três Companheiros


Capítulo 1

Era o ano de 1246, quando Frei Ângelo, Frei Rufino e Frei Leão se reuniram para fazer alguns registros escritos sobre a vida e as virtudes de São Francisco de Assis. Tais registros ficaram conhecidos como Legenda dos Três Companheiros.

A Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus (AFESBJ) apresenta os capítulos que compõem a Legenda dos Três Companheiros, de forma sequencial.

CAPÍTULO 1
Oriundo da cidade de Assis, situada nos confins do vale de Espoleto, Francisco foi chamado primeiro de João, pela mãe; mas depois foi chamado de Francisco pelo pai, que estava voltando, então, da França, e em cuja ausência ele tinha nascido.

Depois de adulto, tendo demonstrado uma inteligência sutil, exerceu a arte do pai, isto é, o comércio, mas de maneira muito diferente porque era mais alegre e liberal, gostava de brincadeiras e cânticos, dando a volta pela cidade de Assis de dia e de noite. […] Os pais o amavam com ternura.

Francisco mostrava-se generoso, e até pródigo […]. Era, contudo, como que naturalmente cortês nos costumes e nas palavras, não dizia a ninguém palavras injuriosas ou torpes, por um propósito de acordo com o seu coração. Antes, sendo um jovem brincalhão e boêmio, propôs-se a não responder de jeito nenhum aos que lhe diziam coisas torpes. Espalhou-se, por isso, a sua fama por quase toda a província […].

A partir desses graus de virtudes naturais, chegou a tal graça que dizia a si mesmo, depois da conversão: “Se és generoso e cortês com os homens de quem não recebes nada, a não ser favores transitórios e vazios, é justo que, por amor de Deus, que é generosíssimo em retribuir, sejas generoso e cortês também com os pobres”. Por isso começou a olhar de boa vontade para os pobres, dando-lhes esmolas abundantes.

Certo dia, quando estava ocupado na loja em que vendia panos, veio um pobre e pediu uma esmola pelo amor de Deus. Como estava absorto na ganância das riquezas e ocupado pela atenção na venda, negou-lhe a esmola, mas, tocado pela graça divina, repreendeu-se por tanta rudeza, dizendo: “Se aquele pobre tivesse pedido algo em nome de algum conde ou barão, com certeza o terias atendido. Quanto mais não o deverias ter feito pelo Rei dos reis e Senhor de todos!” Por isso, daí em diante, propôs em seu coração nunca mais negar o que pedissem em nome de tão grande Senhor.

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