segunda-feira, 24 de agosto de 2015

São Luís IX, Rei da França - Padroeiro da Ordem Franciscana Secular


São Luís IX e os Franciscanos - (Parte II)

Frei Sandro Roberto da Costa, ofm


O ano do nascimento de Luís não nos é conhecido. Sabe-se que o dia 25 de abril de 1214 pode ter sido tanto a data de seu nascimento, como de seu batismo. O fato é que, com apenas doze anos, por causa da morte de Luís VIII, seu pai, o menino tem que assumir um dos tronos mais importantes do Ocidente. No dia 30 de novembro de 1226, menos de dois meses após a morte de Francisco de Assis, o pequeno Luís era sagrado rei, na cidade de Reims, na França, com o título de Luís IX. Até Luís atingir a maioridade, a rainha Branca de Castela, sua mãe, será a tutora do rei e regente do reino [5].

Na “geografia” espiritual do Ocidente medieval, a França destaca-se, por ser a “filha primogênita da Igreja”[6]. Os monarcas franceses, por sua vez, em função da unção que recebem na cerimônia de consagração, com o óleo da “santa âmbula”, gozam de uma exclusividade sobre os demais reis europeus: são os reis mais cristãos da Europa, o rei da França é o “Rex Christianissimus”, o “Rei Cristianíssimo”.

Seguindo a tradição, o jovem príncipe foi educado, desde a mais tenra idade, dentro dos princípios cristãos, que também norteavam a vida de seus pais. Luís VIII era cognominado “Leão”, por sua bravura nos campos de batalha, mas também por sua firmeza no combate aos inimigos da fé, testemunhada principalmente no empenho para eliminar a heresia cátara no sul da França. Preocupados em dar uma boa formação religiosa e intelectual ao futuro rei, seus pais confiaram sua educação a preceptores de comprovado saber e fidelidade religiosa[7].

Sua mãe teve que enfrentar sérios desafios durante a minoridade do filho, até consolidar o poder. Nobres e opositores do reino argumentavam com a menoridade de Luís, e pelo fato de a regente ser uma mulher. A  Inglaterra aproveitou da ocasião para fazer valer seus direitos sobre territórios perdidos nos anos anteriores. Branca, todavia, soube mostrar seu valor, fazendo frente de modo corajoso e firme a todas as ameaças ao trono. Luís atingiu a maioridade aos dezenove ou vinte anos, em 25 de abril de 1234, e logo a seguir casou-se com Margarida de Provença. Sua mãe, no entanto, continuou ocupando uma posição de proeminência nas decisões mais importantes do reino.

Continua...

[5] Quando da morte de São Francisco, os frades de Assis enviaram de presente à mãe do rei o travesseiro que o santo costumava usar durante sua doença. Tomás de Celano faz referência aos milagres realizados na França através desta relíquia: “Quantas maravilhas Francisco realiza somente na França, aonde acorrem o rei e a rainha dos franceses e todos os grandes para beijar e venerar o travesseiro que São Francisco usava na enfermidade?”. Fontes Franciscanas e Clarianas, Tradução de Celso Márcio Teixeira, Vozes/FFB, Petrópolis 2004, Primeira Vida de Celano 120, p. 283.
[6] A França tem este título pelo fato de que Clóvis, o rei dos Francos (tribo bárbara que vai dar origem à França), ter sido batizado em 499, pelo bispo católico Remígio, sem ter antes passado pela heresia ariana, como os demais povos bárbaros.
[7] Frase famosa na Idade Média: “Um rei iletrado não passa de um asno coroado”.

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