quinta-feira, 30 de março de 2017

Quaresma, tempo de conversão



Frei Almir Guimarães, OFM

Converter-se é acolher na fé a iniciativa gratuita, imprevisível de Deus que decidiu em Jesus  visitar-nos em pessoa para nos salvar, ou seja,  fazer-nos entrar numa felicidade sem fim.

Converter-se é mudar a direção da vida , é ter força e fé para deixar de ser o centro absoluto de tudo e alguém autossuficiente.  Converter-se é aceitar, de fato, seguir a Jesus. Converter-se é tornar-se discípulo de Jesus e não mestre de si mesmo.

Converter-se não é, antes de tudo, passar do vício para a virtude, mas antes viver interior e exteriormente uma mudança radical. É tomar a decisão de empreender a aventura da vida com outros e com o Outro. Não querer fazer “suas coisas” a ferro e fogo.  Não consiste numa ginástica espiritual. É, antes de tudo, acolhida da iniciativa de Deus.

Conversão e fé caminham juntas. Por isso a conversão é difícil. Demanda morte a si, Páscoa do eu humano. A conversão é combate à semelhança da luta de Jacó com o anjo.

Converter é aceitar que nossos projetos sejam desarrumados por Alguém. É fazer morrer ideias-feitas que temos a respeito de Deus, morrer às nossas ilusões. Não é o homem que busca a Deus, mas Deus que busca o homem. “Adão, onde estás?”

Assim escreve Michel Hubaut a respeito da fé-conversão de São Francisco de Assis:  “Ao longo de sua vida, Francisco cultivará  uma  fé acesa, vigilante, disponível ao chamado do Senhor e ao seu Espírito.  Ter fé significa liberar  nossas fontes interiores: escutar a Deus, buscar o Senhor, deixar-se amar e modelar por  Deus;  mesmo na noite deixar-se  conduzir pela esperança que teve  seu rosto em Jesus;  despertar-nos de nosso torpor espiritual. Francisco tem esse projeto evangélico. Descobre que  Deus é  dinamismo de amor , que não ameaça nossa liberdade, mas nos estrutura e nos constrói, levando-nos à plena realização”.

Inspirado em Michel Hubaut
Chemins d’intériorité avec saint  François
Éditions Franciscaines, Paris, p. 24-26

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